Sasuke não estava muito feliz com aquela nova amizade de Sakura com aquele pulguento. Não entendia quando e como eles tinham simplesmente virado os melhores amigos do mundo. O mais chato era que era com ele que ela simplesmente falava o tempo todo.

Sempre estavam mandado recados um para o outro nas redes sociais com imagens e piadinhas, a maioria cuja ele não via a menor graça. No fim ela parecia cada vez mais distante dele, naquela amizade meio bizarra. Porque até mesmo ele conseguia reconhecer como a amizade deles era estranha por culpa dele mesmo.

Suspirou olhando para a fruteira em seu apartamento.

A guerra tinha acabado e ele tinha viajado dois anos para tentar por a cabeça no lugar e também pagar de certa forma por seus pecados. E Sakura não tinha nada a ver com isso, ela não deveria ser punida por crimes dele, só que agora de volta ainda se sentia desconfortável de certa forma.

E não era por causa das pessoas que tinham medo dele e que falavam mal pelas costas todas as vezes que passava na rua, na verdade era esse tipo de reação que o fazia creer em realidade porque parecia irreal como recebeu tantos perdões tão facilmente. Não entendia como as pessoas conseguiam perdoar dessa maneira.

Principalmente se tratando do time sete.

O perdão deles era o mais difícil de receber. Não se sentia digno de toda aquela amizade sincera. Porque eles realmente acreditavam nele e realmente tinham fé naqueles tempo de gennin. Só que Sasuke não se sentia do mesmo modo, aquele tempo realmente foi um luz na escuridão de sua vida depois, mas nunca se sentiu tão próximo deles quanto eles sentiam em relação a ele. Com os anos foi desenvolvendo um respeito que depois viria a ser uma amizade, mas eles pareciam sempre contar todos aqueles anos antes.

E tinha Sakura... Ela só podia ser completamente surtada. Ninguém com juízo perfeito quer passar a vida com alguém que tentou matá-la. Tudo bem que ela tentou primeiro, mas se não fosse Naruto... Até hoje esse era um de seus pesadelos. Podiam não ter mais Sakura, ela estaria morta e as mãos dele sujas de sangue de novo.

Só que ela perdoou aquilo. A Haruno o amava de um jeito que conseguia entender todas as partes dele, mesmo as mais sombrias. E pensando bem a rosada sempre foi muito isso, ela era o único membro do time sem nenhum grande trauma na vida e passou todos aqueles anos os ensinando a amar. Todas as diferentes formas de amor. Foi ajudando cada um deles a curar suas feridas e se remendar.

Ouviu uma vez sem querer uma conversa de Tsunade com Kakashi e aquilo ficou muito em sua mente. Sakura era quase uma personificação dos diversos tipos de amor e o que ela sabia fazer sem nem notar era amar e ensinar a fazê-lo, e a única coisa que pudesse realmente quebrá-la sem concerto era não conseguir ensinar.

E sabia que estavam falando dele e de como talvez estivesse além de qualquer salvação emocional. Como uma anjo de asas quebradas que não pudesse alcançar o paraíso... Mas o pior era que ele talvez a pudesse levar junto, quebrar as asas daquele outro anjo. A Haruno amava e as pessoas a amavam de volta. Para cada dor que ajudava a curar, cada cicatriz que tinha naquele coração, foi uma troca e tudo o que ele fazia era tirar partes dela... Tirar sem nunca devolver. Podia ver como ela estava cansada da dificuldade que era estarem juntos e de todas as voltas no caminho.

Bateu o punho na mesa se sentindo impotente, porque estava claramente perdendo aquela luta. Não precisava ser Kiba, bastava alguém que conseguisse amar de volta e um dia ela se cansaria de dar pedaços de seu coração a quem não conseguia devolver nenhuma espécie de sentimento.

–----------------------------------------------

Estava esfriando, logo estariam no inverno e Sakura caminhava para casa com as compras da semana, ia tentar fazer uma sopa que não ficasse horrível demais, não podia depender da comida da mãe dela a vida toda. E quando tivesse a própria família? De repente começou a rir, ela era de fato a pessoa mais longe do mundo de ter sua própria família. Não conseguia nem namorar Sasuke e nem deixar de ser apaixonada por ele. Ninguém podia julgá-la por não estar tentando, mas ele sempre parecia tão longe das pontas dos dedos. Tinha medo dele nunca realmente conseguir se recuperar.

Ele prometeu que voltaria e estava de volta, mas nunca estavam na mesma frequência. Ver todos os amigos felizes e construindo suas vidas enquanto ela parecia sempre parar trás estagnada no tempo. Isso a fazia ter momentos de real dúvida, não de seu amor por Sasuke, mas sobre como isso influenciava sua vida e até que ponto devia continuar tentando.

Já era uma garotinha grande o suficiente para saber que nem toda história de amor tem um final feliz, talvez Sasuke não fosse a pessoa certa para ela. Só que não queria isso assim, não depois de tanta luta. Ignorou o vento muito frio contra o rosto e seguiu até em casa, não podia ser tão difícil seguir aquela receita que a mãe deu.

–--------------------------------------------------------------------------

Não era tão gostosa quanto a que estava acostumada a comer vinda da cozinha de Haruno Mebuki, mas até que não estava ruim... Podia dizer que estava até gostosinha. Olhou para panela grande demais e pensou em ligar para Naruto ou qualquer outra pessoa, mas se lembrou que cada um deles devia estar curtindo aquele dia gelado a sua maneira e tinha um par para dividir.

Fitou o celular e nem podia ligar para Kiba ele estava num encontro com uma garota que cansou de ouvir sobre. Sorriu de leve e decidiu comer sozinha mesmo, ia guardar um pouco para depois e jogaria fora o excesso. Talvez com o tempo conseguisse fazer coisas não tão estranhas.

Se serviu de sopa e sentou para comer quando ouviu a campainha. Olhou para a sala e suspirou fundo, uma coisa que aprendeu foi que um médico tem que ter sempre uma expressão tranquila e neutra não importa quão ruim esteja a situação.

Levantou e ajeitou a tiara no cabelo indo abrir a porta e ficando realmente surpresa em ver Sasuke Uchiha ali parado com uma mão no bolso. Olhou em volta procurado Naruto ou Kakashi, mas ele estava sozinho.

– Sasuke. – sorriu de leve.

– Eu estava indo comer... e você sempre esquece de ir jantar...

– Oh... hum... O naruto marcou alguma coisa? Eu realmente não me lembro...

– Não. Nem vi o dobe hoje. – deu os ombros.

– Hum... Nossa, obrigada por ter lembrado de mim, mas eu já fiz comida. – colocou o cabelo atrás da orelha – E eu sei o que todo mundo acha da minha comida então nem vou te chamar para comer.

Sasuke ficou meio aflito, então ela sabia que não gostavam da comida dela? Bem, não gostar era algo meio forte, ela só não levava muito jeito com as panelas e mistura de sabores. Talvez com algum treino... Tinha que admitir que já tinha evoluído muito.

– Não precisa fazer essa cara, eu agradeço o seu esforço em comer sem reclamar, o Naruto come até pedra se estiver quentinho. – sorriu para ele – Bem, eu vou voltar ou vai esfriar... Tchau, Sasuke-kun...

Ia fechando a porta quando sentiu uma das mãos dele travando o movimento e levantou o rosto.

– Eu não posso comer com você?

– Hum... Não precisa. A comida de um restaurante certamente vai estar melhor e não tem nada que minha mãe tenha feito para eu te oferecer.

– Eu quero comer o que você fez.

Disse muito tranquilamente e era verdade.

Ele não comia da comida dela sem reclamar só porque podia apanhar se reclamasse. Fazia isso também porque foi a primeira pessoa depois da mãe dele que fazia comida especialmente para ele. Não que ela cozinhasse só para ele, mas comida caseira, feita por alguém que realmente queria cozinhar para agradar quem estava com ela.

E ele pessoalmente não achava tão ruim assim.

– Hum... – coçou a nuca e deu um passo para trás – Entre. É só uma sopa de legumes e tem torradinhas para acompanhar. Desculpe, não é nada parecido com as coisas que a minha mãe faz.

– Eu sei que está bom e sopa é bom no frio.

Seguiu para cozinha e serviu para ele colocando a cestinha de torradas perto dele. Estava encabulada por ele estar sendo gentil daquele jeito.

– A gente pode pedir alguma, Sasuke...

– Eu prefiro tomar sopa. – disse se sentando – Obrigado.

Continua..