Tom não falou com ela durante a viagem de volta e nem a procurara no dia seguinte, era como se estivesse evitando-a. Detestava aquilo nele, simplesmente odiava sua mania escrota de se afastar justamente quando ela o queria por perto. Estava sentada na escassa biblioteca do orfanato, lendo algum livro aleatório para matar o tempo até a hora de ir até a casa dos Gaunt.

 – Essa biblioteca decepciona bastante não é? – Ouviu a voz de Tom e notou ele se sentando ao seu lado – Principalmente depois de experimentar a de Hogwarts.

Ela o ignorou.

 – Está me ignorando? – Ele pareceu indignado – Depois do que fizemos ontem?

 – Você faz soar como se tivesse sido mais do que um beijo – Murmura irritadiça.

 – Você queria que fosse mais do que um beijo – A garota se arrepiou com a risada rouca ecoando tão perto dela – Você estava tão entretida fantasiando com as minhas mãos pelo seu corpo que não me percebeu em sua mente.

O rosto da garota ficou vermelho.

 – Você invadiu a minha cabeça? – Sussurrou em fúria – A vontade que eu tinha de abrir as pernas pra você morreu aqui – Bufou de raiva.

Um sorriso maldoso surgiu no rosto do moreno.

 – A culpa não é minha se seus pensamentos consistiam em frequentes gritos chamando meu nome – Sentiu a mão dele acariciando de leve seu braço coberto pelo casaco – E pelo entusiasmo da sua imaginação, não acho que essa sua vontade sumiria tão rápido.

 – Hm – Foi tudo que respondeu – Se estava tão ciente da minha boa vontade, porque não veio atrás de mim depois da excursão?

 – Eu lembro claramente de você ter dito que não me amava – Ele disse como se fosse nada – Aposto que o professor Dumbledore diria algo como: “Sem amor, sem valor”.

 – Você já ouviu falar em sexo casual? – Perguntou com sarcasmo.

 – Obvio que sei – Seu sorriso maldoso aumentou – É isso que as prostitutas fazem, afinal.

A garota o encarou com indignação, empurrando a mão dele para longe de sua perna.

 – Sinceramente, Riddle! – Irritou-se – Esse seu machismo é absurdamente irritante.

Se levantou, furiosa, e fez menção de sair, mas antes que pudesse chegar até a porta, ela se fechou sozinha, trancando-se.

 – Haha – Fingiu rir – Essa foi boa, agora me deixe sair...

E, subitamente, estava sendo imprensada contra a parede. Suas duas mãos estavam firmemente presas magicamente na parede, Riddle acariciou o rosto de Sabrina e ela sentiu-o pressionar o joelho contra sua virilha.

 – Você é tão... Complicada! – Ele rosnou contra seu pescoço, os lábios roçando-lhe a pele – Se você fosse como as outras garotas, em alguns dias eu já teria conseguido o que queria, mas você... – Fez uma pausa e se afastou um pouco para encara-la – Você é irritantemente fascinante.

 – Não sou como essas garotas estúpidas que lotam os corredores de Hogwarts! – Contorceu-se, mas isso só fez com que Riddle a pressionasse com mais força.

 – De fato – O rosto dele recostou-se na curva do pescoço da garota – Se fosse como elas, eu não teria me interessado em você e provavelmente a teria torturado na primeira semana.

Ela não pôde evitar estremecer com a possibilidade. Ser torturada pelo lorde das trevas parecia ser um dos piores destinos possíveis.

 – Mas o que vai fazer agora? – Sua voz falhou quando o sentiu beijando a pele macia de seu pescoço.

 – Ainda não sei... – Ele ponderou durante alguns segundos – Não tenho interesse em lhe matar – Uma das mãos dele foi até o seio coberto pela roupa e apertou-o levemente – Na minha mente, só aparecem coisas nada elegantes quando penso em você.

Ela não respondeu e ficou esperando que ele a soltasse.

 – Nada a dizer? – Surpreso – Isso seria um milagre, não é mesmo?

 – Me solte – Falou com firmeza – Não tenho tempo para essa merda, preciso ir até Little Hangleton começar a reformar minha casa!

O bastardo não a soltou.

— Hm – Ele a encarou – Me lembro de ter me oferecido para ajuda-la.

 – Não quer mais a sua ajuda – Deu um sorriso irônico – Posso reformar tudo sozinha.

 – Seria uma pena se você estivesse sem varinha, não é? – Ele retribuiu o sorriso.

— Eu te odeio – Choramingou, sentindo-se derrotada.

 – Não – Ele a soltou – Você não me odeia – Tom abriu um sorriso – Faça as malas, vamos passar o resto do feriado reformando nossa casa.

Teve vontade de gritar com ele e dizer que a casa era só dela, mas isso não seria muito maduro de sua parte.

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Riddle não devolveu sua varinha até chegarem em frente a acabada casa dos Gaunt.

 – Está bastante acabada – Ele observou a construção em ruínas – Por onde quer começar?

 – Eu pensei em consertar todos esses buracos pelas paredes e pelo telhado – Apontou – Depois poderíamos consertar o muro de pedra, só pra manter trouxas curiosos afastados.

 – É uma boa ideia – Ele observou a casa por alguns segundos – E onde passaremos a noite?

 – Eu trouxe uma barraca mágica – Deu de ombros – Não é muito grande, mas dá para nos acomodarmos durante alguns dias – Olhou para ele de relance – Não podemos reformar a casa rapidamente, os trouxas notariam e isso traria problemas.

 – Sei disso – Ele olha para ela – Eu vou montar a barraca e colocar as malas dentro, pode começar a reformar tudo se quiser.

Estranhou a liberdade que ele estava lhe dando, mas nada disse, apenas pegou a varinha e começou a consertar os muitos buracos nas paredes de madeira da cabana; algumas tábuas estavam podres e Sabrina aproveitou para arranca-las. Passaram-se alguns minutos até Tom aparecer para ajuda-la, ele parecia feliz e isso era bastante suspeito.

Nenhum dos dois falou durante a meia hora que passaram procurando e tapando buracos nas paredes, apenas se olhavam as vezes, mas logo desviavam o olhar e voltava ao trabalho. Era perto da hora do almoço quando se convenceram de que não havia mais nenhum buraco e terminaram de consertar a mureta de pedra, ambos foram para a barraca e se sentaram afastados um do outro.

 – Terminamos a primeira parte – Sabrina finalmente quebrou o silêncio – Obrigada por ter vindo, teria demorado mais se não fosse sua ajuda.

 – É o mínimo que eu posso fazer – Foi a resposta – Pretendo cobrar o favor depois, afinal.

A sonserina bufou de raiva, mas tinha vontade de rir.

 – Eu devia ter imaginado – Olhou para ele – Está com fome?

 – Um pouco – Ele olhou para o relógio em cima da cômoda – Já passamos da hora do almoço.

Sabrina se levantou e pegou a bolsa em cima da mesa.

 – Vou até a cidade comprar alguma coisa para comermos – Olhou para ele e usou o tom de voz mais ameaçador que possuía – Você espera aqui, ouviu?

 – Sim senhora – Ele abriu um sorriso encantador.

A Gaunt sorriu e saiu da tenda, indo em direção ao pequeno povoado.

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Riddle esperou, observando a decoração simples da tenda em que passariam as noites até a casa estar pronta. Como a prima disse, ela não era muito grande, tinha apenas um quarto com uma modesta cama de casal, uma sala não muito grande, um banheiro e uma sala de jantar. O moreno se levantou e decidiu dar uma volta e vasculhar os pertences da prima, abriu o pequeno baú que ela mantinha embaixo da cama e encontrou vários livros, algumas fotos trouxas (elas não se mexiam) e também bruxas. Prestou atenção nessas fotos na intenção de saber mais sobre a vida passada da garota; em uma das fotos ela abraçava uma garota de volumosos e absurdamente desarrumados cabelos castanhos, em outra ela sorria alegremente ao lado de um menino loiro que lembrava muito Abraxas. Franziu o cenho, não gostou da última foto.

Era Sabrina ao lado de um garoto mais velho que ele, feições gentis e brilhantes olhos verdes. Eles estavam de mãos dadas e a imagem da prima lançava olhares apaixonados para o garoto que retribuía com o mesmo brilho de amor nos olhos. Aquele devia ser Cedrico. Sentiu uma estranha raiva se apossar dele, sentia nada além de ódio pelo antigo amante da sonserina.

Fechou o baú e o guardou com cuidado, estava farto de mexer no passado da prima. Agora se focaria em fazer parte do futuro dela. Não como primo, lorde ou simples “amigo”.

Seria seu marido e pai de seus filhos.