Forgotten escrita por S Pisces


Capítulo 40
Epilogo


Notas iniciais do capítulo

Hahaha, agora sim o ultimo. Finalizando essa aventura do Hayden! Muito obrigada a todos, exatamente todos, por tudo. A B Carter por ser uma amiga e tanto e a Duds por sempre surtar e me fazer surtar, huahuahua amo demais vocês girls!
Enjoy!



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     Um som irritante adentra meus ouvidos e automaticamente estendo a mão, tateando em busca do despertador. Outro dia de treino... daqui a pouco a Maria vai estar batendo na porta me pedindo para treinar novatos em se lugar. Com um suspiro me arrasto para fora dos lençóis e me deparo com um teto branco. Onde...?

— Eu voltei! – murmuro quando sou atingido pela verdade. Pulo da cama e olho meu quarto, as paredes azuis safira, os pôsteres das minhas bandas preferidas, as prateleiras com meus livros, minha coleção de bonecos, desenhos e fotos dos meus pais... Meus pais!

  Sem pensar duas vezes saio correndo do quarto, direto para o lugar onde com toda certeza os encontrarei. Empurro a porta da cozinha que bate com estrondo na parede, mas para minha completa decepção ela está vazia.

  Um novo tipo de temor toma conta de mim e sinto minhas pernas fraquejarem. Será que aconteceu alguma? Voltei no momento errado? Pego uma frigideira e observo meu reflexo... realmente pareço ter 15 anos. Ainda tenho o cabelo loiro e os verdes, nenhuma ruga ou...

— Se você tá achando que preparar o café da manhã vai me convencer a te liberar do colégio. – me viro – tá muito enganado. – completa Natasha, parada na soleira da porta.

 Corro até ela a abraço, a tirando do chão.

— Hey! – arqueja surpresa.

— Eu te amo! – declaro ainda abraçando-a. Ela me dá um tapa no braço e eu a largo.

— Quem é você e o que você fez com meu filho mal humorado? – pergunta com os olhos semicerrados. Passo as mãos pelo cabelo desconcertado.

Eu devia estar agindo normalmente. E o meu “normal” é um adolescente mal humorado.

— É, eu... – ela continua me encarando enquanto tento pensar em algo convincente. 

— Bom dia! – meu pai fala entrando na cozinha e como não obtém resposta, pergunta – aconteceu alguma coisa?

— O seu filho está estranho. – minha mãe avisa – me abraçou e disse que me amava. – meu pai arregala os olhos. Vem até mim e põe a mão na minha testa.

— Com febre não está. – reviro os olhos.

— Que tipo de filho vocês acham que eu sou?! – questiono irritado, embora a pergunta e a irritação fossem dirigidas a mim mesmo. Eu não lembrava de ser tão... distante assim dos meus pais.

— Não estamos dizendo que você é um filho ruim, só um adolescente mal humorado e que se acha o dono da razão. – minha mãe esclarece me deixando boquiaberto. Acho que ela percebe que pegou pesado, pois vem até mim e acaricia meu rosto. – e eu te amo mesmo assim. – deposita um beijo na minha bochecha.

— Eu acho que também mereço alguma declaração, não? – olhamos para meu pai que nos encara com expectativa.

— Você é um cara legal pai. – falo e na hora sua expressão de desfaz.

— Steve, os meninos sempre são mais apegados a mãe. – Natasha se aproxima dele e lhe dá um beijo.

— Eu falei que devíamos ter tido mais um filho. E dessa vez uma menina, assim eu poderia ser o herói de alguém aqui! – retruca.

— Pai, você sempre foi meu herói. – admito me apoiando na mesa.

— Obrigado filho. – pisco pra ele. – o que vocês querem comer? – pergunta já com uma frigideira na mão. Dou de ombros.

— O que você quiser fazer pra mim vai estar ótimo. – falo.

— Pra mim também – minha mãe concorda.

— Okay então... – Steve começa a revirar a geladeira e armários.

— Porque você não vai se preparar para a escola? – minha mãe sugere.

— Mãe, quanto a isso... – ela franze o cenho – depois da aula eu posso ir ver o tio Tony? – eu iria pedir para matar aula, mas provavelmente isso resultaria em uma briga desnecessária.

— Por mim tudo bem. – ela dá de ombros. – mas você terá que ir de ônibus ou metro. Não posso te buscar no colégio e levar lá.

— Tudo bem! – seria bom ganhar um pouco de tempo antes de contar tudo o que aconteceu.

— Agora vai se arrumar, não quero que você chegue atrasado no seu primeiro dia. – concordo e subo as escadas pulando de dois em dois degraus.

 Tomo banho e me visto. Calça jeans, camisa de manga, casaco e all star. Penteio o cabelo e pego a mochila, assim como os fones de ouvido que dessa vez irão dentro da mochila. Respiro fundo e desço as escadas direto para a cozinha.

— Panquecas! – anuncia meu pai. Ele já trocou de roupa e também está pronto pra sair.

— Adoro panquecas. – comento e começo a comer. Estava até fácil fingir que não havia acontecido nada. Passei messes no passado e mesmo assim, parece que nada mudou. Realmente ninguém lembrava do que aconteceu.

— Então, o que você vai fazer lá na Torre? – meu pai pergunta e desvio a atenção do prato a minha frente.

— Eu preciso conversar com o tio Tony. – respondo naturalmente.

— Hum... você está com algum problema? – por mais que ele tente disfarçar, entendo onde quer chegar.

— Pai, eu só preciso tirar algumas dúvidas sobre um projeto que eu ajudei o Tony a fazer. Não é nada... pessoal. – minto – não se preocupe, eu não sou mais obcecado pelo homem de ferro. – informo e ele parece mais aliviado.

— Mas se você precisar conversar... eu estou sempre aqui.

— Eu sei pai. – ele se levanta e prepara mais dois pratos. Assim que ele os coloca sobre a mesa minha mãe entra na cozinha e se senta.

— Está ótimo Steve. – ela elogia enquanto come rapidamente suas panquecas.

  Observo discretamente a relação dos dois e comparo com a relação deles no começo. Ambos sempre foram amigos e não tinham problemas em expor suas opiniões, agora isso parece ainda mais forte. Eles comem e discutem sobre algumas notícias do jornal, embora estejam claramente se atendo em algumas partes por causa da minha presença. Também é perceptível o carinho que ambos nutrem um pelo outro, carinho esse que eles já demonstravam, mas não tão explicitamente.

— Tem alguém ai? – minha mãe estala os dedos na minha frente – você está tão estranho.... Está tudo bem mesmo? – pergunta preocupada.

— Claro. Vou escovar os dentes. Estava ótimo pai. – elogio e volto ao meu quarto.

  Alguns minutos depois já estou no carro com minha mãe ao volante, encaro a estrada a minha frente e por algum motivo sinto que nada de mau vai acontecer.

— Mãe, me desculpe. – peço e ela me olha de soslaio, estranhando.

— Pelo quê? – sua voz soa preocupada – você aprontou alguma coisa?

— Não, não aprontei nada. – engulo seco – eu sei o quão difícil é pra você abrir mão da sua vida profissional para que eu tenha uma vida “normal” e acho que tenho sido muito injusto com você.

— Eu não sei o que aconteceu com você pra estar agindo assim, mas de qualquer forma, fico feliz que você entenda o meu lado também, não de abrir mão de alguma coisa, pois acredite, eu e seu pai sempre conseguimos conciliar vida pessoal e profissional muito bem. – ela não desvia os olhos da estrada – mas queremos que você viva um pouco do que não podemos viver. Você sabe nossa história.

  E eu realmente sabia.

— Prometo que vou tentar ser mais compreensivo. – falo e ela sorri.

— Eu não prometo nada. – afirma com um sorriso. O resto do caminho é feito tranquilamente, conversamos sobre a escola e sobre o meu comportamento na mesma.

— Boa sorte Hayden. – deseja enquanto eu saio do carro – seja simpático e faça amigos.

— Eu prometi ser compreensivo não simpático. – falo pela janela aberta. – não dá pra ser os dois.

— Só... não se meta em encrencas. – ela pede e vai embora me deixando sozinho. Respiro fundo e caminho para dentro do enorme prédio.

   Levo algum tempo para encontrar a sala em meio aos corredores abarrotados de alunos. Sinceramente, eu nunca senti falta disso. Abro a porta e um homem, provavelmente o professor, me observa por alguns segundos, depois faz sinal para que eu entre.

— Esse ano teremos um novo aluno. Ele estudava em casa então espero que todos sejam compreensivos e amigáveis com ele. Esse é o Sr. Rogers. Hayden Rogers Romanoff.

  Todos me encaram, uns com simpatia outros com certa malicia. Obviamente tentando decidir se sou o tipo popular ou nerd, encrenqueiro ou barra pesada. De alguma forma, aquela inspeção começa a me irritar. Obrigada mãe.

— Pode ser sentar ali. – o professor aponta para uma mesa vazia no fundo da sala e eu vou imediatamente para lá, sendo seguido pelos olhares curiosos da turma.

  Passado isso, começa a aula de trigonometria na qual o professor constantemente pede para que os alunos prestem atenção no quadro, e ele só consegue quando pede que eu resolva uma questão no mesmo. Para minha alegria, o dia passou rápido e mesmo sendo alvo de olhares e comentários (até parece que nunca viram um aluno novo antes) ninguém mexe comigo.

— Você precisa dar uns tapas nele. – uma garota avisa quando a porta do meu armário se recusa a abrir. Faço o que ela diz e a porta abre com um rangido.

— Obrigado. – agradeço e começo a guardar os livros.

— Eu sou a Isabela. – ela estende a mão. Isabela? Será que é algum tipo de carma? Aperto sua mão.

— Eu sou o Hayden...

— Eu sei quem você é. O aluno novo que estudava em casa. – esclarece me interrompendo. Alguma coisa em minha expressão faz ela corar. – desculpe.

— Tudo bem. – dou de ombros. Ela tem os cabelos pretos presos num rabo de cavalo e os olhos azuis atrás de óculos grandes. Nerd. Ela termina de guardar suas coisas.

— A gente se vê Hayden. – acena e vai embora.

— Assim espero. – fecho o armário e vou direto para o ponto de ônibus mais próximo.

 O trajeto é um pouco demorado, mas pelo menos consigo listar todas as minhas dúvidas quanto a viagem temporal. Adentro a Torre rapidamente, onde sou recepcionado pela Pepper.

— Hayden querido! – ela me abraça. – como foi o primeiro dia de aula?

— Interessante. – respondo, embora não seja exatamente a descrição que eu gostaria de dar. Entediante, monótono ou cansativo se adequariam melhor.

Pepper me olha com certo cinismo, mas deixa passar.

— Eu preciso falar com o tio Tony.

— Abandonou a escola e decidiu voltar a ser meu pupilo jovem picolé? – Tony pergunta adentrando a sala.

— Na verdade, a escola não é uma opção e sim uma obrigação. – me repreendo mentalmente por ter dito isso. Eu havia prometido ser mais compreensivo – na verdade é uma obrigação até interessante. – completo. A Isabela me pareceu interessante, pelo menos.

— E o que traz você aqui? – pergunta pondo whisky em um copo.

— Informações importantes sobre um dos seus novos projetos. – respondo sério.

— Vamos para meu laboratório – fala depois de uma pausa.

  Assim que adentramos seu laboratório, ele sela a sala e então começo a contar a história. Por mais que houvesse repassado ela várias vezes na minha cabeça, em vários momentos sou tomado por um completo “branco” e esqueço alguns detalhes. Tony ouve atentamente cada palavra e não me interrompe, o que é um verdadeiro milagre.

— Você está afirmando que não só minha máquina funcionou como você conseguiu fazer a viagem? – Tony questiona incrédulo.

— Sei que pode parecer loucura, mas eu realmente estava lá com vocês. Antes mesmo dos meus pais ficarem juntos. Ajudei a pegar o Soldado Invernal – repito os fatos importantes.

— E eu pedi que você me contasse?

— Sim! Você concordou que a máquina é um perigo e que dá mesma forma que voltei para impedir a morte da minha mãe, alguém poderia voltar para alterar o rumo da história. – ele alisa o cavanhaque enquanto pensa nas minhas palavras.

— Uma viagem dessa magnitude deveria ter matado você... – ele divaga.

— Meu poder celular de regeneração. – falo e ele me encara, esperando por mais explicações. – enquanto vinha para cá eu pensei no porque só eu lembro e cheguei à conclusão que como minhas células se reproduzem mais rápido, meu cérebro foi capaz de aguentar tanto a viagem de ida quanto a de volta.

— Faz sentido. Mas você disse que estava morrendo lá, então porquê....  Eureca! – ele exclama me assustando – se você existisse naquele tempo, sua mente teria sido “transferida” para seu corpo daquela época, mas você não existia, e se você não existe não pode ser lembrado. 

— Não entendi.  – minha cabeça estava dando um nó.

— Eu lembro quando fomos atrás do Soldado Invernal, mas não lembro de ter uma outra pessoa lá que me lembre você. É como se quando você voltou, sua participação nos eventos houvesse disso apagada. As nossas motivações houvessem sido outras. – ele faz uma pausa pensando – eu não consigo lembrar com riqueza de detalhes o que aconteceu.

— Eu também não... – comento.

— Seu cérebro já estava se desintegrando, agora que voltou, as coisas podem ficar confusas para ele. Você pode ter dificuldade de lembrar acontecimentos da sua vida, uma vez que seu cérebro terá que separar esses dois momentos. A sua vida real e o seu “passeio” no passado.

  As coisas ao invés de ficarem mais claras, pareciam só ficar ainda mais confusas.

— E quanto ao Bucky? – a pergunta sai antes mesmo que eu pensasse a respeito.

— Ele foi encontrado inconsciente no Canada. Passou por um extenso tratamento psicológico que foi acompanhado de perto pelos seus pais e agora vive em algum lugar isolado na Europa. Ele é vigiado de perto pela SHIELD, pode ficar tranquilo.

— Eu estou. – afirmo. – temos que destruir a máquina. – Tony me encara por alguns instantes.

— Você tem razão. – ele concorda. – Jarvis, quero que apague todo e qualquer material referente ao projeto... “Hayden”. – pisca pra mim.

— Apagando imediatamente Sr. Stark. – a voz de Jarvis se faz ouvir.

— E a máquina? – pergunto. Vindo do Tony, não adiantava apagar só as informações.

— Vem comigo. – fala com um suspiro derrotado.

 A “geladeira” estava meio escondida no fundo do laboratório. Como eu consegui encontra-la e faze-la funcionar? Acho que essa seria uma das perguntas que ficaria sem resposta. Tony caminha até uma mesa e começa a digitar algumas coisas, várias telas holográficas surgem e novas teclas são apertadas.

— Melhor se afastar. – avisa e me aproximo dele. Um zumbido estranho é ouvido e então a máquina simplesmente treme e para.

— O que você fez? – questiono sem entender.

— Queimei todos os sistemas dela. – informa – apaguei as informações, processadores, hardwares. Tudo. Ela é só uma casca vazia e inofensiva agora.

— Obrigado tio. – agradeço.

— Agora que já acabamos com isso... eu tenho algumas dúvidas ainda. – fala e começamos a conversar sobre o passado e outras questões quânticas.

  O tempo passa depressa e meus pais acabam por aparecer na Torre também.

— Vamos? – meu pai pergunta.

— Sobre o projeto tio. – aviso a Tony – ninguém mais pode saber. – sussurro.

— Ninguém vai saber, pode deixar! – ele afirma. Já estamos saindo quando uma voz gutural nos faz parar.

— Amigo Hayden! – Thor me cumprimenta e por algum motivo sinto meu sangue gelar – que bom te encontrar aqui! estou ansioso para saber como foi sua viagem de volta ao presente! – meus pais se entreolham confusos.

— Tô ferrado! – penso alto.


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Notas finais do capítulo

Apesar de parecer que sou nerd e muito ligada a exatas, como física quântica e viagens pelo espaço-tempo, eu definitivamente não sou nada disso e tive muita ajuda pra conseguir fazer essa explicação ter algum sentido. Busquei inspiração em X- man dias de um futuro esquecido e viajei um pouco nisso. Espero que tenham entendido e quem não entendeu, pode dizer, não prometo explicar, porque quanto mais tentamos mais questionamentos aparecem, mas prometo tentar :)
Um imenso beijo para cada um de vocês!