Pov. Luna:

Depois de sair correndo para não apanhar de minha prima, voltei para meu quarto e me joguei na cama, tentando dormir e esquecer aquele sonho com Misty de Lagarto. Rolei um pouco na cama, mas consegui dormir pouco tempo depois. No dia seguinte acordei cedo e fui me juntar a todos na mesa para tomar café da manhã. Conforme peguei uma fatia de torrada, Ikki se levantou da ponta extrema à de Saori, e chamou a atenção de todos.

Ikki: Fiquei sabendo sobre o ocorrido no quarto de Lexy; poderiam me explicar melhor?

Luna: Mestre, sonhamos com cavaleiros mais fortes e que se diziam da patente de Prata.

Ikki: Isso não é bom... Cavaleiros de prata tem a missão de proteger Atena, tal como todos nós, mas estes obedecem ao mestre do Santuário. Se eles atacaram, algo está muito errado. Quais os nomes e as constelações deles?

Luke: Shaina de Ofiúco, Orfeu de Lira, Marin de Águia, Kazuma de Cruzeiro do Sul, Yuzuriha de Grou e Misty de Lagarto.

Seiya: Isso é impossível, Marin foi minha mestra! Ela nunca atacaria algum outro cavaleiro que protegesse Atena, e Shaina treinou Cassius, aquele que eu precisei derrotar para conseguir minha armadura.

Ikki: Não é só isso, Seiya. A armadura de Cruzeiro do Sul não é utilizada há muito tempo, Yuzuriha lutou contra os espectros de Hades séculos atrás, mas nenhum desses cavaleiros tem habilidades para se infiltrar em sonhos ou atordoar mentes, a não ser... -Meu mestre fez uma pausa enquanto pensava em algo. Logo arregalou os olhos e se voltou para todos novamente- Não pode ser!

Shiryu: O que foi?

Ikki: Misty, Orfeu, Marin e Shaina vivem no santuário, isso pode significar que estão sob comando de Ares. Foi o novo grande mestre que invadiu seus sonhos, é ele que está controlando tudo.

Yamada: Era ele que mandava nos Cavaleiros negros quando disseram que “tinham recebido ordens para nos matar”?

Ikki: Não, nem Ares de Altar se atreveria a chegar perto deles, mas depois de enviar cavaleiros de Prata para atacarem, não duvido mais de nada...

Saori: Está insinuando um futuro combate?

Ikki: Senhorita, só nos resta esperar. Não sei se atacarão ou foi apenas um aviso enviado. E não será nada agradável um combate conosco nestas condições, ainda estamos muito machucados.

Continuamos nosso café enquanto pensávamos no que havia nos sido dito. Voltei para meu quarto e me troquei, na saída encontrei Ikki e o mesmo me abraçou apertado.

Ikki: Luna, eu tenho uma coisa importante para fazer, não treinaremos hoje. Preciso falar com meu irmão, por favor, fique com Lexy.

Passamos pela porta do quarto de Anna e meu mestre bateu à porta, sendo atendido por Shun. Uma expressão séria se fez no rosto de Fênix enquanto o sorriso de Andrômeda se desfazia. Shun passou por mim e entrei, me sentando aos pés da cama de Lexy.

Luna: Tudo bem?

Lexy: Tirando a dor que não passa de forma nenhuma, tudo.

Continuamos a conversar até que começamos a ouvir gritos do lado de fora.

Shun: VOCÊ É LOUCO?! COMO PODE FAZER ISSO?!

Ikki: Eu ainda não fiz nada! Só vim aqui pra te avisar, essa é a minha obrigação de irmão mais velho!

Shun: COMO PODE IR DESSE JEITO? Vai abandonar a mim? Vai abandonar Luna? Ela precisa de você mais que qualquer um!

Ikki: É isso que tem de ser feito.

Olhei catatônica para minha prima, o que estava acontecendo? Paramos de ouvir as vozes, me dirigi até a porta, mas mesmo assim, nada.

POV Shun:

Meu irmão é louco, com certeza. Que ideia foi essa de voltar lá? Por que ele precisa tanto voltar para a Ilha da Rainha da Morte e derrotar sei lá quem? Por quê?

Shun: Não grite comigo! Ikki, como pode ter uma ideia dessas? É muito arriscado, não posso deixar você ir.

Ikki: Esqueceu que sou maior de idade? Posso fazer o que bem entender e é isso que tem de ser feito.

Shun: Então eu vou com você.

Ikki: Shun, as coisas não são tão fáceis assim, é difícil entender? EU tenho que fazer isso, não posso deixar nada acontecer com você, é meu irmão mais novo, é minha responsabilidade. Só vou fazer isso por que sei que irei sair de madrugada, mas lembro do quanto odiava quando fazia isso sem avisar, então agora está avisado. Minhas malas estão prontas e saio às três da manhã. Não diga nada a ninguém, só me despedirei de você.

Abracei-o fortemente e deixei algumas lágrimas em sua camiseta. Quando o soltei, ele afagou meus cabelos e seguiu seu caminho, logo desapareceu pelos corredores. Fui andando até o meu dormitório com passos largos e pesados. Subi até o terceiro andar e passei por todas as portas dos quartos dos outros cavaleiros, passei batido por qualquer ser vivo que poderia estar ali.

Depois de entrar, fechei com força a grande porta branca. Dirigi-me ao banheiro e encarei meu reflexo no espelho. Meu rosto extremamente branco de bochechas vermelhas e meus cabelos compridos refletem uma imagem fraca e ingênua de mim. Mas eu não sou assim. Eu não sou fraco. Eu NÃO sou assim. Eu sou melhor que isso. Eu sou melhor do que o que minha aparência mostra. Eu sou mais forte do que essa imagem de “garotinha” passa. Eu NÃO sou só isso. Me apoiei na bancada de mármore enquanto ainda encarava o espelho. Abri a torneira e deixei a água correr antes de molhar meu rosto e espalhar água pelo cabelo. Deve ser por isso que meu irmão não acredita em meu potencial. Perdi todo o meu controle. Todo o meu controle físico. Toda a minha sanidade. Tudo se foi naquele instante. Meu cosmo começa a se elevar a um nível sem igual, um nível extremo. Senti ódio de mim mesmo, ódio do reflexo no espelho, ódio de minha vida, ódio de todos aqueles que me julgaram fraco, ódio de tudo. Não me segurei e soquei o espelho. Milhares de cacos voaram em minha direção e caíram ao chão. Me acalmei e senti meu cosmo diminuir. O que acabou de acontecer aqui? Parei para tentar entender o que aconteceu comigo. Não odeio minha vida, nem aparência, nem nada. Algo muito estranho está acontecendo comigo...

Pov. Seiya:

Estava treinando com Yamada no jardim enquanto pensava naquilo que disseram no Café. Marin, minha mestra, atacando um de nós? Isso não está certo, é impossível...

Yamada: Mestre, o que foi?

Seiya: Não paro de pensar... E se a Marin, de fato, atacar? Ela foi minha mestra, me ensinou o que é certo ou errado, me ensinou a nunca trair a confiança de Atena.

Yamada: Ela deve estar sob comando de Ares, deve ser só isso, mas se ela for tão justa assim, vai perceber o que é certo ou não.

Seiya: Verdade, vamos voltar ao treino. Meteoros naquela árvore.

Jabu: Ah Seiya, vamos mostrar para eles uma verdadeira luta para verem se aprendem...

Seiya: Mas o Yamada já lutou, contra os cavaleiros negros. Se lembra ou o elmo está muito apertado?

Jabu: Muito engraçado, Pocotó Alado. Vamos lá... GALOPE DO UNICÓRNIO!

Seiya: METEORO DE PÉGASUS!

Fui acertado na barriga antes de chegar perto dele.

Jabu: Não me lembro da luta, estava em Orã, melhorando meus golpes. Acho que deu para perceber.

Seiya: Mas você não estava aqui para receber a Anna? –perguntei tentando chutar seu rosto, mas o mesmo desviou.

Jabu: Não, eu tinha ido para a Argélia e voltei às pressas quando recebi a notícia de que teria uma pupila. –fui atingido por um soco no rosto- Está meio enferrujado, não é?

Seiya: Não tanto assim... METEORO DE PÉGASUS! –consegui atingir Jabu, no peito.

Jabu: GALOPE DO UNICÓRNIO!-fui atingido mais uma vez, nas costelas. - Não quero fazer você perder na frente de seu pupilo, só queria que Anna visse um Galope perfeito.

Seiya: Ah, vamos... Eu sei que você só está com medo...

Tatsume: Andem suas pestes, o almoço está pronto!

Fomos andando, mas parei por um segundo. Senti algo estranho, algo estava me chamando, logo pude ouvir a voz de Marin em minha cabeça.

“Seiya tome cuidado. Nem tudo é o que parece, nem tudo é tão bom, estou tentando, mas Ares é mais forte. Seiya proteja Atena...”.