Acordo no meio da noite com uma sirene estridente soando alto. Em menos de 5 segundos já estou de pé, pois sou acostumada a esse tipo de acontecimento de emergência noturno.

Rapidamente visto uma blusa de manga quente e jeans, e é claro minhas pulseiras de choque e uma faca.
No meio do corredor está uma loucura, pessoas correndo e ordens sendo berradas.
De repente vejo Steve e Wanda e corro em direção a eles. Devo ser o reflexo deles, uma mistura de sono e alerta.
– O que está acontecendo ? - pergunto mais que depressa, sem nem mesmo cumprimentá-los.
– Alguém entrou aqui essa noite. O alarme ativou quando a pessoa chegou à sala de controle - Steve diz apreensivo, e finalmente noto sua aparência mais meticulosamente.
Ele veste jeans também, botas pesadas e uma blusa de frio por cima da blusa de pijama. O cabelo está bagunçado, e tem pequenas olheiras embaixo de seus olhos, e ainda sim ele aparenta como o herói que aparece nas revistas.
– Me surrprende que quem querr que seja tenha chegado tão perrto - diz Wanda com seu forte sotaque, me tirando dos devaneios.
– Tem alertas em todo o prédio, como isso foi possível ?
– Pode haver um ponto cego na segurança...- Steve me responde sem muita convicção. Ambos sabemos que não existem falhas no sistema da SHIELD.
O silêncio se instala, só sendo interrompido por um Stark de pijamas correndo em nossa direção.
– Picolé, garotas, deixem as fofocas para mais tarde. Hill precisa de nós na sala de reuniões agora.
Ignoramos a primeira frase e seguimos atrás dele.

A sala de reuniões é basicamente uma longa mesa com umas 20 cadeiras e um telão num dos cantos. Papéis e canetas e diversos notebooks cercam a mesa, além de uma Hill muito irritada e alguns representantes da SHIELD.
Assim que entramos eles se calam e se voltam para nós. Hill é a primeira a falar, e é, como sempre educada e prática :
– Olá Steve, Wanda, Natasha. Como devem saber essa é uma situação esporádica, fomos atacados por alguém com grande capacidade...- ela frisa a palavra e percebo que provavelmente ela gostaria de se referir à ajuda de infiltrados-..suficiente para quase alcançar seu provável objetivo, a sala de controle.
– Qual é o relatório feito da invasão ? - pergunto depois que ninguém se manifesta.
– Aparentemente a pessoa estava sozinha, e possuía o código de acesso dos primeiros níveis pois nenhum arrombamento foi feito. O trabalho foi de no mínimo 3 pessoas, e acreditamos que uma delas conheça o perímetro bem - diz uma mulher que trabalha com Maria, acho que se chama Diane.
– O que exatamente seria "alguém que conheça bem o perímetro" ? - Stark pergunta e tem uma das sobrancelhas levantada, assim como eu, entendia o que aquilo queria dizer.
– Isso seria alguém de dentro. Um espião.
...
Após Hill insinuar que podemos estar lidando com infiltrados, um silêncio paira na sala, e assim como se instala é interrompido, pois rapidamente os agentes pulam para outros tópicos, e a conversa se torna inútil para mim, por isso me direciono ao outro canto da sala, a parede de vidro espelhado que cerca a sala.
De lá consigo ver o resto da propriedade e o matagal que se estende pela região. Alguns seguranças e algumas pessoas ainda permanecem do lado de fora, conversando energicamente.
Não percebo, mas de repente Steve está ao meu lado. Após um tempo ele diz:
– Eu vi sua expressão quando Hill falou de infiltração, e olha... - ele parecia desorientado -... er, não acho que você não deva se...precipitar.
– Eu não acho que tenha te entendido... - e repentinamente, tudo se conecta em minha cabeça e uma raiva se apodera de mim - Inacreditável. Eu esperaria isso de alguém como o Stark, mas nunca de você. Insinuar que eu.. - falo mais baixo dessa vez -.. que eu sou a infiltrada, só porque é isso que se espera da Viúva Negra não é ? Não achei que você também me visse com esse estereótipo.

Estou furiosa e Steve permanece em choque.

– Natasha, n-não foi isso-o que quis dizer - ele gagueja - é que você é muito... Expressiva.

Como se meu corpo estivesse esperando a deixa, eu realmente franzi a cara para ele.

– Então - ele continua - achei que estivesse pensando que estavam te acusando, pelo seu, hm, histórico.

– Meu histórico de máquina implacável ?? De cruel assassina ?

Ele fica cada vez mais desconfortável, e eu estava realmente atacando-o por maldade, porque no fundo, tinha realmente pensado tudo aquilo, e tinha ficado abalada.

– Esqueça isso, ta legal ? Foi idiota e acusador da minha parte, mas sério, não fiz por mal, é só que você pareceu incomodada depois se escondeu aqui, só achei que precisasse ouvir que alguém acredita em você, que eu acredito em você. Eu realmente acredito. E sei que não teve envolvimento algum seu nisso, e alguem tem que te dizer isso, porque você é...você é..

– Eu sou..?

– Incrível. Não esqueça disso nunca.

– Obrigada Steve.

– Sempre que precisar.

Ele sorriu e se despediu com um aceno, partindo energicamente para a discussão que corria do outro lado da sala e me deixou pensando em quão especial ele era. Talvez, só talvez, a Viúva Negra, não seja assim tão implacável...