♥ Capítulo 09

Castiel fez questão de dizer que estava com pressa, para poder se livrar de uma vez por todas daquele cara.

“Nath”

“Estou com saudades”

E aquele sorriso nhenhenhem. Mas que porra...?

Hurp! Não sabia de onde o representante conhecia aquele cara, só sabia que ele estava enchendo seu saco!

E Castiel não soube o que era pior, se era encontrar com um amigo mané do representante babaca ou chegar em casa e ainda receber uma ordem da mãe de Nathaniel para ir lavar a louça.

Sério isso? Além de certinho irritante, aquele loiro de merda ainda pagava de Cinderela?

Ainda tentou justificar e dizer que não estava a fim, mas com o olhar sério e repreensor da mãe do loiro, além de saber que Nathaniel era acostumado a fazer essas coisas... Que droga! Acabou tendo que lavar um monte de pratos antes de jantar e poder se trancar no quarto do outro com a desculpa de “vou estudar”. Incrível é que isso sempre colava; talvez Nath realmente sempre fizesse isso.

Nerd idiota!

E foi pensando nisso que Castiel decidiu ir dormir cedo. Até porque amanhã (em pleno sábado!) tinha que ir assistir ás aulas extras.

Que droga. Odiava ter que pagar de nerd!

♡ ♥

Apesar de aquela manhã de sábado estar relativamente fria, estava sendo agradável fazer a caminhada até a escola. Nathaniel andava tranquilamente com as mãos nos bolsos do casaco preto, em direção á Sweet Amoris. Não queria chegar cedo demais, pois já seria estranho Castiel ir nessas aulas em pleno sábado.

Entretanto, era necessário para as provas que estavam por vir. Além do mais, após terminar as aulas do dia, poderiam ensaiar mais um pouco. Aprender á tocar guitarra não era nada fácil, a parte teórica ainda era simples de ser entendida, mas quando partia para o lado prático... Era complicado. Muito complicado! Sentia que talvez não fosse conseguir aprender á tempo do próximo sábado, para a apresentação, e isso o deixava levemente apreensivo.

Por mais que não devesse se preocupar tanto, estava receoso. Aquilo era um problema de Castiel, nada tinha a ver consigo. Mas estava se preocupando, mesmo que não devesse.

– Tsc, eu deveria estar mais preocupado com essas provas... – Murmurou para si mesmo, já chegando á escola, entrando no local e andando despreocupadamente pelo corredor semi-vazio. Por ser sábado a escola era bem mais tranquila, e Nath gostava daquela serenidade toda.

Todavia, sua tranquilidade durou até o momento de escutar alguém chamando por Castiel.

– Hey Castiel! – Peggy falou num tom mais alto, apressando os passos até chegar perto do garoto de madeixas vermelhas.

– Hm? – Perguntou ao parar e deixar a jornalista se aproximar, fitando-a com uma sobrancelha erguida, claramente não entendendo o porquê de ela querer falar consigo. Ou melhor, querer falar com Castiel.

– Quero conversar com você. – A garota foi direto ao ponto, não fazendo questão de enrolar.

– E o que você quer falar comigo? – Nath ainda não estava entendendo. Permaneceu com uma feição cheia de dúvida, não entendendo que tipo de assunto Castiel poderia ter com a jornalista.

– Ora Castiel... – Peggy começou falando com um risinho de canto nos lábios, apoiando uma mão na cintura e olhando para o ruivo como se ele fosse o maior bobão do planeta. – Tá na cara que você está bem diferente. Você anda meio... Sei lá, meio cdf! E ainda vindo para a escola em pleno sábado... O que anda rolando, heim?!

Aquela garota parecia não ter vergonha nenhuma em ser enxerida daquela forma. E perguntava tudo o que queria saber sem enrolar, Peggy realmente não tinha papas na língua.

– Eu não posso mais vir para á escola aos sábados?! – Perguntou sem querer entrar no assunto, sentindo-se desconfortável com aquela conversa. Não queria que alguém desconfiasse daquela “mudança de humor” entre ele e Castiel, muito menos Peggy.

– Não se você for o Castiel! – Ela resmungou, cruzando os braços, impaciente. – Fala logo de uma vez, estou curiosa!

– Eu não tenho nada para falar com você, Peggy. – O ruivo revirou os olhos e passou a andar novamente pelo corredor vazio. Ficar conversando com Peggy não era uma boa ideia. Não com essa jornalista fofoqueira.

– Castiel, você sabe que eu tenho uma arma contra você, não sabe? – A garota insistiu em sanar sua curiosidade, andando ao lado do ruivo com um sorrisinho vitorioso nos lábios carnudos.

– Arma...?

– Não se faça de idiota! – Ralhou. – Eu tenho aquela arma contra você, e nem adianta me mandar ir para algum lugar desagradável, porque eu vou continuar tendo essa foto!

Certo, isso pegou Nathaniel desprevenido. Completamente desprevenido. Foi quase um nocaute.

Que tipo de coisa Peggy saberia de Castiel?

– Que foto? – Não aguentou a curiosidade. Até por que... Bem, estava no corpo de Castiel, certo? Não é como se quisesse xeretar a vida do delinquente da Sweet Amoris, entretanto, precisava conhecer um pouquinho mais o ruivo para poder agir melhor como ele. Só isso.

E desta vez foi a jornalista quem revirou os olhos, entediada.

– Não se faça de lerdo, Castiel, porque isso não combina com você! – Peggy resmungou, tirando o celular do bolso do vestido verde e procurando por algo neste. Segundos depois virou a tela do celular em direção á Nathaniel, mostrando a foto do desastre capilar em Castiel. – Se não quiser que essa foto seja vazada no jornal e no meu blog, melhor sanar logo a minha curiosidade!

Nathaniel olhou bem para a foto, e... Espera. Como a Peggy conseguiu uma foto de Castiel com o cabelo rosa? Céus, aquele era realmente o Castiel! E aquilo... Jesus! Nath não conseguiu segurar a risada. Tentou disfarçar, morder o lábio inferior, mas não teve jeito.

O ruivo caiu na gargalhada.

Começou a rir como se tivesse visto a coisa mais engraçada do planeta. E talvez fosse mesmo, porque ver Castiel com aquela cara de “vai se foder”, com o cabelo daquela cor... Céus! Estava até sentindo dor na barriga de tanto rir, encolhendo-se um pouco. E Peggy ficou estática, não entendendo nada com nada. Castiel odiava aquela foto, jamais pensou que o próprio fosse rir da própria desgraça.

Ele realmente estava estranho.

– Você ta rindo da sua própria desgraça? – Perguntou a garota com uma careta no rosto enquanto mirava o outrem cair na gargalhada.

– D-Desculpe...hahaha! – Nath tentava de tudo. Tentava manter a pose, respirar fundo, morder o lábio inferior... Mas não tinha jeito! Aquilo havia sido a coisa mais ridiculamente engraçada que já tinha visto.

– Vai me contar ou não?! – Peggy insistiu, irritada.

– E-eu... – respirou fundo, conseguindo aos poucos acalmar as risadas. Seus olhos até estavam lacrimejando de tanto rir. – Eu não posso mais vir para a escola, ué? Estou me ferrando nas notas, só quero melhorar isso. – E deu de ombros com aquela resposta.

– Seeeei. – A garota respondeu sem acreditar.

– Só não quero escutar minha mãe enchendo meu saco. Apenas isso. Não é como se tivesse algo sobrenatural por trás disso tudo. – Respondeu com um semblante despreocupado e uma cara de tédio, tentando ao máximo agir como Castiel agiria nesses momentos. Até usou um pouco de sarcasmo na hora de falar “algo sobrenatural”, por mais que isso fosse uma verdade bem verdadeira.

Peggy o fitou por alguns segundos, pensativa. Acreditar ou não acreditar? Eis a questão!

– Ainda acho que isso está muito estranho. Sei lá... Eu pensava que você estava afim de alguma menina nerd, dessas tipo a Melody. Daí estava fazendo isso para agradar... Algo assim. – Deu de ombros, revelando-se.

– Não mesmo. – revirou os olhos. – Agora se me der licença, tenho mais o que fazer Peggy. – E ao dizer isto, o ruivo não esperou por outra resposta para voltar a andar, deixando Peggy com uma cara desconfiada para trás.

Nathaniel só sabia de duas coisas agora: Uma delas é que Peggy poderia ser bastante problemática a partir de agora, e tinha que contar isso para Castiel.

A outra é que ainda riria muito daquela foto.

♡ ♥

Castiel estava começando a achar complicada e estressante aquela vida do representante. Além de ter que lavar uns pratos em casa e fazer alguns outros serviços, tinha um pai chato pra caralho, e tinha que acordar cedo demais até nos sábados, além de ficar o dia todo “estudando no quarto” (claro que essa parte ele não estava fazendo).

O leonino estava com um mau humor do cão. Sábado era dia de dormir até tarde e não ter que acordar cedo e vir para a escola. E o pior de tudo: Apenas ele tinha que ir! Ambre ficou lá, na casa, dormindo, enquanto o loiro tinha que vir para essa aula chata em pleno final de semana.

Que maldição!

Havia chegado tão cedo que ficou boa parte do tempo entediado, andando pela escola, até ver que aos poucos a movimentação da Sweet Amoris aumentava. Quando notou que Melody havia chegado, resolveu desviar o caminho para qualquer outro lugar. Não estava a fim de ter que suportar aquela garota chata.

Até que o loiro chegou á biblioteca. Castiel certamente não acreditava que um dia precisasse ir até aquele lugar entediante, mas sinceramente, se fosse para “se esconder” em algum local onde ninguém suspeitasse de nada, o ideal seria ali, já que Nathaniel é um cdf babaca que adora ler.

E Castiel ficou um bom tempo por ali. O lugar era realmente maçante, o tempo parecia não passar. Tinha pouquíssimos alunos espalhados pelas vastas e grandes mesas da biblioteca, que ficavam á frente das enormes prateleiras de livros e mais livros. Era um ambiente bem iluminado e agradável para qualquer pessoa que gostasse de ler. Pena que Castiel não está entre essas pessoas.

Após alguns minutos de puro tédio e sono, Cas resolveu pegar o celular alheio e procurar algum jogo no mesmo, qualquer coisa que pudesse passar o tempo. Mas como esperado do representante, ele sequer tinha algum aplicativo de jogo no aparelho. Bufou irritado e descaradamente começou a fuçar o celular do loiro. Já que não tinha nada para fazer, então ia futricar o aparelho telefônico do outro. A culpa era dele que não tinha nada de interessante naquela porcaria de celular!

Não tinha muitas fotos na galeria, na verdade não tinha quase nada, então logo descartou ficar olhando aquilo, já que não havia nada que pudesse zoar o outro. Em seguida abriu as músicas, também eram poucas, mas ao passar os olhos na playlist viu que ele tinha algumas músicas realmente boas, o que chegou até a surpreendê-lo. Hm... Ok. O próximo passo foi xeretar as mensagens e whatts app.

Não é como se estivesse stalkeando Nathaniel, claro que não. Mas estava no tédio total ali. Se tivesse alguma coisa interessante para ler e zoar o representante... É, deu para entender. Não era bem stalkeando, era só... Xeretando. Ao abrir o aplicativo de mensagens instantâneas, deu uma rápida passada de olho por ali.

Droga, nem havia notado o quão curioso havia ficado com a possibilidade de ver as conversas privadas daquele loiro!

Desceu as conversas, vendo que a grande maioria se tratava de coisas relacionadas á escola e estudos. Melody enchia o saco de Nathaniel até mesmo no Whatts app, credo! Mas o loiro parece não usar muito o aplicativo, pois as conversas eram bem poucas mesmo. A morena só falava besteiras, ficava perguntando se ele estava bem, e coisa e tal, e ainda puxava bastante assunto nas mensagens... Ela realmente está a fim do babaca. Tsc.

“Não sei por que esse idiota não pega logo essa garota!” Pensou consigo mesmo, para seguir adiante nas demais conversas.

Logo desceu para as próximas mensagens, vendo que eram as de Lynn. “Vai ter aula nesse sábado?” “Próxima semana tem provas né?” “Qual foi mesmo o livro de literatura que nos mandaram ler?” Caralho! Que garota irritante, aquela taboa era realmente uma burra lesada. Quase todas as mensagens dela com o representante era com ela perguntando alguma coisa desse naipe e Nathaniel dando apenas respostas rápidas.

Tsc... Taboa retardada!

Quando voltou para as demais conversas, notou pela foto que uma delas era com o tal mané que tinha visto ontem á noite. Davi. Era esse o nome do contato.

Consumido por uma curiosidade visceral, Castiel praticamente pulou dentro da conversa com o tal Davi. Entretanto, quando já estava preparado para ler o que Nathaniel e aquele cara andavam conversando, escutou alguém chamando Nath em um baixo tom, em seguida sentiu uma mão em seu ombro, o que o fez apertar no botão ‘home’ do celular rapidamente, para logo em seguida olhar para cima e ver que estava o chamando.

– Desculpe incomodá-lo, é que eu estava precisando conversar com você, Nathaniel. – Era o professor de álgebra, que falava suavemente com o loiro, num tom baixo por estarem na biblioteca.

– Ah... Hm, oi professor. – O loiro respondeu sem saber realmente o que falar. Nathaniel deveria ser mesmo um babão dos professores, então nem deveria se surpreender com algum deles vindo falar consigo. Guardou o celular no bolso e levantou-se, para poder conversar melhor com o professor de álgebra.

– Eu apenas queria ter uma palavrinha com você. – O homem de meia idade sorriu discreto, tentando ser o mais simpático possível. – Eu sei que você veio me procurar após a entrega daquela avaliação passada de álgebra, você estava até um tanto nervoso. Mas não precisa se preocupar com isso, menino. Você é um ótimo aluno Nathaniel, se não for o melhor da turma. Certamente vai se sair melhor nesta avaliação de agora. Enfim... Eu apenas vim falar que, se tiver alguma dúvida por hoje, pode vir com aqueles exercícios que eu o ajudarei lá na sala dos professores.

– Ah, claro. – Disse sem jeito e sem saber como continuar o diálogo.

Por sorte o professor não ficou falando muito, logo lhe desejou boa sorte nos estudos e saiu dali. Castiel ainda ficou por alguns segundos tentando entender a situação.

Nathaniel havia ido procurar o professor por causa de um oito e meio? Isso estava começando a ser exagerado demais. Ele não devia se preocupar com tão pouco, com apenas uma prova dessas, que nem ao menos foi uma nota baixa.

Será que... Era por causa do pai dele?

Quer dizer... Aquele cara era um babaca intolerante e chato, pelo o pouco que viu já deu para sacar isso. Será que esse cara o pressionava tanto á ponto disso? De deixar o loiro tão angustiado assim?

Movido á mais uma curiosidade, Castiel pegou a mochila do representante que estava sobre a mesa, abrindo-a e tirando da mesma o livro de álgebra. Ao folhear rapidamente o livro, notou que praticamente todos os exercícios da matéria atual estavam feitos, até mesmo os que o professor não tinha passado. Havia algumas folhas e rascunhos dobrados dentro do mesmo, com mais cálculos e outros exercícios, todos eles resolvidos.

Por um momento, Castiel até conseguiu imaginar o loiro sentado naquela escrivaninha do quarto, estudando tudo aquilo por horas e horas.

Mordeu o lábio inferior e fechou o livro, pensativo. Mas seus pensamentos foram cessados pelo toque da sirene do colégio, indicando que a aula estava para começar.

Fechou o livro e seguiu com a mochila nas costas para a sala de aula, evitando pensar naquilo. Até porque aquilo não era da sua conta.

Não era...

Continua...