Oito Estações escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 5
Verão - Conforto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615134/chapter/5

Disclaimer: O único Naruto que eu, supostamente, sou dona é meu gato de estimação.

Essa fic se passa durante os dois anos entre o final do mangá e The Last. NaruHina e ships canon com menções de NejiHina e NaruSasu porque sim.

Obrigada Edição Ilustrada pela capa linda e hina2611, MaddieHimeChan, e Hime uzimaki pelos comentários.

Oito Estações

Verão - Conforto

“Se os muros desmoronarem, eu te confortarei
Se os anjos chorarem, eu vou estarei lá por você
Você salvou minha alma
Não me deixe agora, não me deixe agora”

Take That – Rule The World

Hinata se sentia estranha. Talvez fosse o ar quente daquela noite de verão que não combinava com suas vestimentas, mas ela não tiraria o casaco, se vestir como se todos vivessem em perpétuo inverno fazia parte de um contrato mudo entre os componentes mais novos do Time Oito. No começo, havia sido coincidência que todos andassem tão bem agasalhados, mas conforme os anos passaram, Kiba e Hinata haviam concordado em se Shino não podia mostrar muita pele – era costume entre os Aburame ocultar o próprio corpo para conforto de seu kikai e privacidade do usuário – eles dois também não iriam. O “pacto” perdurava até hoje e fazia parte da identidade do time.

Foi mais ou menos na época em que Kiba começou a notar que meninas não eram estranhas assim que o Inuzuka ganhou aquela jaqueta de couro de Hana, foi sucesso absoluto. E ainda parecia ser, pensou Hinata quase sorrindo para si mesma ao ver o Inuzuka conversando com Ino perto do lago, o namorico dos dois ia a voltava, uma vez que, nenhum dois gostava muito da ideia de monogamia, mas não era como se a vida ninja os desse muita opção de escolha, era mais fácil se apegar a uma pessoa que você conhece há anos que a alguém, de outra vila, por exemplo, com quem o contato poderia ser perdido facilmente ou até mesmo haver uma mudança política e esta pessoa se tornar um inimigo. Quanto a Hinata, ela havia simplesmente adicionou um pouco de cor as vestes claras de seu Clã numa tentativa sutil de autoafirmação, ainda podia se lembrar da primeira vez que fora treinar com o primo em suas novas vestes lavanda, ele apenas ergueu uma sobrancelha inquisidoramente, Hinata havia sorrido e sentido seu rosto esquentar um pouco antes de fazer a reverência respeitosa e desejar bom dia antes de entrar em posição de luta. Ele havia sido incomumente gentil em seus ensinamentos naquela manhã.

Pensar no primo lhe deu uma pontada dolorida no coração e o divertido em seu humor se tornou triste, mas era impossível não pensar nele quando a brisa quente daquela noite de verão lhe beijava a pele de modo tão cálido. Hinata respirou fundo. Fazia quase um ano, agora. Mas não queria se deixar por aqueles pensamentos, ninguém mais tinha tocado no assunto, nem mesmo Lee e Tenten, estavam todos tão felizes por terem conseguido que, pelo menos naquele dia, estivessem todos juntos. Ela não queria estragar tudo.

Tentou então balançar cabeça para espantar os pensamentos, mas a ideia foi péssima, se sentiu tonta automaticamente. Certo, talvez não fosse culpa de suas roupas que ela estivesse se sentindo tão estranha, mas da quantidade de vinho que tinha consumido naquela noite. Ela não era de beber muito – na verdade, se Neji estivesse ali, ela não seria de beber nada, no passado, toda vez que lhe ofertavam álcool na frente dele, o moreno simplesmente lhe lançara olhares de aviso em proibição muda, o que se fosse qualquer outro membro da Bouke seria absolutamente desrespeitoso, entre eles era visto como naturalidade – mas continuaram a oferecer para reencher o copo dela e, numa noite como aquela em que todos pareciam felizes, ela não queria ser a única a estar se sentindo pra baixo.

Ela tirou seu marshmallow da fogueira e assoprou, voltando a tentar sorrir um pouco ao ver Tenten tirar, pelo que deveria a quinta vez, um copo de vinho da mão de Lee, ninguém queria lidar com um Lee sóbrio na maioria das noites, que dirá um Lee bêbado causando confusão. Não muito distante dos dois, Shikamaru e Chouji estavam deitados na grama macia, rostos virados para o bonito céu estrelado. Uma pessoa desatenta diria que o Nara havia deixado o amigo – devidamente equipado de um pacote de salgadinhos – falando sozinho, mas Hinata o via abrir um olho e concordar com a cabeça vez o outra.

— Hey, Hinata – ele se sentou ao lado dela, empurrando com o dele, seu quadril levemente. Kiba sempre fora inclinado a excessivo contato corporal e desrespeito ao espaço pessoal alheio. Hinata havia se acostumado com isso e, sinceramente, não achava ruim. Mas, no começo, achara estranho e incômodo, principalmente sendo ela de um clã onde todos se cobriam dos pés a cabeça com o único intuito de evitar contato pele a pele, afinal, para um Hyuuga, um leve roçar poderia ser um golpe disfarçado e terrivelmente inconveniente, uma carícia entre amantes, armadilha fatal, não era de se admirar que fossem sempre tão frios – ‘tá fazendo?

— Assando marshmallows – ela respondeu encostando os lábios na casquinha queimada, vendo se já estava bom o bastante para comer. Então, percebendo que havia sido rude, ela voltou-se para ele – você quer um?

— Nah, você sabe que eu não gosto muito de coisas que não dá pra mastigar.

Ela esboçou um sorriso.

— E como anda as coisas com a Ino-chan? – perguntou em tom casual, não era do feitio de Hinata bisbilhotar, mas Ino, que agora tinha sua sorte lida por Tenten, não tinha a melhor das feições.

Ele ergueu uma sobrancelha em direção a ela.

— Digamos apenas que hoje à noite nós não vamos voltar juntos pra casa.

— Oh, Kiba-kun eu sinto muito.

— Nah, não é nada demais. Não é como se nós tivéssemos namorando sério ou coisa o tipo.

— Ainda assim... – ela enfiou o doce na boca, colocou o copo vazio aos pés do tronco de árvore em que estavam sentados e deu a Kiba um abraço de lado.

Ele correspondeu ao carinho prontamente, prensando corpo dela contra ao seu e afundando o rosto no mar de cabelos azulados enquanto fazia um barulhinho gutural satisfeito. Hinata suspirou contra o ombro do amigo, ele queria parecer desapegado, mas ela sabia que Kiba estava longe de ter qualquer sentimento frio, seja ele qual for e voltado a quem quer que seja. Mas ela franziu o cenho, confusa, quando ele a apertou um pouco demais. Primeiro ela retribuiu em igual intensidade, mas, quando pode sentir o corpo dele tremendo um pouco no que pareciam risos, desconfiou.

— Kiba-kun?

— Os idiotas do Time Sete chegaram – disse ele em meio a sua risada canina – Uzumaki está me olhando tão feio que parece que alguém transplantou uma das expressões do Uchiha pra cara dele. Hinata, eu acho que suas orações foram atendidas.

Ele nem se preocupou em diminuir o tom de voz. Hinata torceu que o burburinho das conversas e o crepitar do fogo mantivessem a conversa privada, mas Kiba falava alto. Oh céus!

— Kiba-kun! – ela exclamou em tom de aviso, em dúvida se queria que ele a soltasse ou se queria esconder o rosto naquela maldita jaqueta de couro dele e desaparecer.

Mas Kiba escolheu por ela, soltando-a assim que Hinata ouviu a voz de Naruto gritar alguma coisa para Uchiha Sasuke, pelo tom dele, Kiba não havia mentido, Naruto realmente não parecia feliz. Ela sentiu novamente aquela sensação de felicidade contaminada por culpa e fez um gesto involuntário em direção a Kiba, ele a olhou descrente, um sorriso brincando em seus lábios.

— Eu e o Akamaru vamos vou ali falar com o Shino, antes que ele comece a reclamar outra vez de ter sido esquecido.

— M-mas!

— Coma outro marshmallow, Hinata. Vamos, Akamaru!

O cachorro latiu feliz e não deu atenção a Hinata quando ela implorou baixinho para ele ficar, não queria ficar sozinha. Pior amigo, ela pensou desgostosa, o pior. E ela que se deu ao trabalho de consolá-lo pelo fim do namoro de mentira dele com Ino... Hinata pegou outro marshmallow e enfiou cru na boca enquanto espetava uma salsicha em seu galho e enfiava no fogo, sua boca amarga cansada de comer doces. Mas, apesar do olhar irritado lançado a Kiba, Naruto não procurou Hinata em seguida, pois notando a chegada do time sete, os outros começaram a se aproximar da fogueira, entre eles Shikamaru. O Nara e Naruto começaram a conversar, provavelmente sobre trabalho, como eles costumavam a fazer muito ultimamente e Chouji começou a preparar salsichas com ajuda de Sai. Para a surpresa de todos, Uchiha Sasuke não fugiu da reunião, mas se sentou na ponta oposta ao tronco onde Hinata estava. Ela o observou de soslaio encarar com uma expressão mais constipada do que costume em direção ao rio. Sua curiosidade a venceu e ela descobriu que Ino havia terminado sua consulta com Tenten e agora ela e Sakura estavam sentadas as margens do rio sem as sandálias, molhando os pés, muito próximas, a cabeça de Ino deitada em um dos ombros de Sakura. Hinata se perguntou como seria ter uma amiga tão próxima assim, do tipo com quem se pode falar sobre tudo, ela tinha os meninos, é claro, e Kurenai-sensei, mas não era a mesma coisa. Os anos de diferença pesavam entre ela e Hanabi e, por mais que as irmãs se amassem profundamente, as relações problemáticas de seu clã sempre imporiam limites entre o relacionamento das duas. Provavelmente a relação recíproca mais próxima com alguém que tivera na vida foi com...

Ela suspirou, literalmente cansada de estar triste. Olhou para os lados procurando algo que a distraísse, seus olhos cruzaram com os de Tenten que lhe sorriu, se aproximando, Kiba e Shino atrás dela, provavelmente atraídos pelo cheiro da comida.

— Hinata-chan você quer que eu leia a sua sorte?

— Obrigada, Tenten-san, mas duvido que eu vá me lembrar de qualquer coisa que você me diga amanhã...

— Como?

Hinata simplesmente ergueu o copo de vinho para Tenten, a kunoichi mais velha riu gostosamente.

— Hinata-chan! Quem te viu e quem te vê! Imagina se o Ne... – ela parou abruptamente. – Desculpe.

— Não tem pelo que se desculpar, Tenten-san – Hinata a assegurou, tomando mais um gole de sua bebida para empurrar o nó em sua garganta antes de continuar – você também sente a falta dele, é normal.

— Já faz um ano, né? O tempo é tão estranho, às vezes eu esqueço que ele se foi, às vezes parece que ele nunca esteve aqui – ela riu fracamente. – Eu fico imaginando quantas besteiras eu fiz desde então que poderiam ter ido evitadas pelos comentários pessimistas dele. Yeah, eu morro de saudades dele.

Hinata não sabia o que responder, ela somente sorriu triste para a outra kunoichi que retribuiu o gesto e lhe apertou o ombro afetuosamente.

— Bem – Tenten suspirou – vou perguntar a Sai-san – ela disse meio sem graça antes de virar as costas para Hinata. A Hyuuga se sentiu aliviada, falar com os membros do time Gai era tão fácil antigamente, agora era sempre uma tortura. Afinal, eles haviam se tornado uma dupla por causa dela.

Seus pensamentos lúgubres foram interrompidos quando Shino e Kiba se sentaram cada um ao lado dela. Kiba lhe roubando a salsicha e dando para Akamaru que balançou o rabo feliz.

— Ele ainda não veio falar com você?

— Ele quem? – ela se fez de desentendida, amava Kiba profundamente, mas ele conseguia ser realmente impróprio.

O Inuzuka revirou os olhos e lhe deu uma cotovelada nas costelas.

— Ai, Kiba-kun! – ela reclamou massageando o local agredido. – Naruto-kun está ocupado!

— Kiba – a voz grave de Shino se fez presente – não é apropriado incomodar as pessoas sobre suas vidas amorosas.

— Shino-kun! Não tem nenhuma vida amorosa...

— Feh! Como se eu me importasse! – disse ele a Shino, completamente ignorando o tom de desespero de Hinata. – Não bastasse aquela esnobada épica depois da primeira vez que ela se jogou na frente dele, agora, depois de todo aquele papo que quer se aproximar dela, ele está fazendo a mesma coisa!

Shino abriu a boca para revidar, Hinata se aproximou em cobrir os lábios dele com a mão. Sabia que ele não gostava de ser tocado, mas ela podia ouvir risadinhas ao fundo, o que significava que todo mundo estava prestando atenção na conversa, a situação pedia medidas desesperadas. Mas, não deveria ter sido com Shino que ela deveria ter se preocupado, ela percebeu isso quando Kiba se levantou e disse ainda mais alto:

— Neji não morreu pra isso.

— Oh meu deus, Kiba, cale a boca – a voz de Ino se fez presente e ela nunca foi mais grata pela loira na vida.

Hinata viu pelo canto do olho – oh ela não tinha a menor coragem de encarar o resto de seus amigos naquele momento, talvez nunca tivesse outra vez – Ino e Sakura se aproximarem, ainda descalças, carregando as sandálias nas mãos. A loira se sentou perto do time sete, entre Sai e Sakura, que deixou a cabeça cair sobre o ombro de Sasuke, ela parecia exausta, mas feliz. Ainda era um pouco estranho vê-los daquela forma, mesmo sabendo que, em breve, a médica mudaria de sobrenomes. Ainda mais como Sakura havia confessado que havia sido o pedido. “Ele nem se ajoelhou, nem me levou a um lugar diferente nem nada. Sinceramente, eu não tinha ideia de que ele iria querer alguma coisa comigo. Até que, um dia, depois do treino, quando Naruto já tinha ido ele me jogou um kimono cerimonial com o símbolo do clã dele atrás e disse que iria se casar comigo em alguns meses. Eu fiquei chocada e sinceramente, de coração partido, mas é o Sasuke-kun... É o jeito dele. E o que eu poderia fazer? Dizer que não queria? Ele iria dizer que é mentira. E estaria certo, eu amo o Sasuke-kun há tanto tempo. Tempo demais pra eu achar que alguma coisa vai mudar.” Hinata são soube o que dizer, Tenten apenas completou que se Tsunade ou Shizune perguntassem, Sakura deveria inventar uma história diferente, quanto a Ino, esta ficou furiosa e havia brigado com Sakura naquela noite, xingando Sasuke de todos os nomes possíveis e, conhecendo Ino, eram muitos. Mas depois de umas doses de sake as duas estavam chorando abraçadas.

Shino afastou a mão de Hinata delicadamente, ela pediu desculpas silenciosamente, apenas movendo os lábios e ele meneou a cabeça em resposta. Passado o choque inicial, provavelmente ele não esperava ouvir a voz de Ino se dirigir a ele nem tão cedo ou, que sabe, achasse realmente que não estava fazendo a conversa tão pública assim, Kiba estava pronto para começar a discutir com Ino, mas Hinata o puxou pela jaqueta o fazendo voltar a olhar para ele.

— Por favor, Kiba-kun.

Seu rosto deveria estar com uma expressão realmente miserável, pois Kiba engoliu seco e se sentou duro, ainda irritado, mas visivelmente envergonhado.

— Foi mal, Hinata.

Ela deu dois tapinhas afetuosos no antebraço dele. Sabia que Kiba não tinha feito por mal. Os meninos de seu time eram muito zelosos para com ela, mas às vezes, em especial Kiba, exageravam.

Ainda sem coragem de erguer o rosto totalmente, ela procurou Naruto entre seus amigos. Ele, para infinito alívio de Hinata, parecia alheio à discussão que se encerrava. Na verdade, ela encontrou um compenetrado Naruto encarar com o cenho franzido a mestre de armas avaliar, com cuidado, as muitas linhas na palma de sua mão. Naruto nunca havia pensado muito sobre as linhas em suas mãos, nunca havia dado nenhuma importância a elas, então, quando Tenten se ofereceu para ler sua sorte, o shinobi não ficou apenas surpreso com o com a ideia de que aquelas partes de se seu corpo, sempre por ele ignoradas, poderiam guardar segredos sobre o seu destino, mas também entusiasmado com a ideia. Sakura, é claro, vendo-o se sentar com Tenten, disse que as linhas em sua mão eram apenas cicatrizes de sua vida intra-uterina. Ela deu uma longa e chata explicação sobre como toda a tradição de quiromancia era absurda que foi respondido apenas com um olhar feio de Tenten.

— Suas mãos são macias – ela comentou com um certo tom de surpresa, os olhos ainda baixos, a franja cor de lama lhe cobrindo a maior parte da face.

Naruto quis responder que as dela, de fato, não eram, mas o prospecto de levar uma shuriken do meio das fuças não lhe pareceu muito atraente.

— Kurama nunca me deixa criar cicatrizes e calos, eu também não lido muito com armas’ttebayo.

Ela levantou o rosto por um instante, suas sobrancelhas se juntando inquisidoramente.

— Kurama?

Naruto bateu com a mão livre no próprio umbigo.

— Ah – ela fez com um sorriso – é claro.

— E então, quando vou me tornar Hokage?

— Sabia que quando pedem pra eu ler a sorte delas as pessoas geralmente perguntar sobre com quem vão se casar.

Ele corou, mas fez de tudo para fingir que não tinha se envergonhado do comentário dela.

— Eu sou muito novo pra me casar dattebayo!

— Também é muito jovem pra ser Hokage, não acha? As pessoas não vão querer alguém tão imaturo pra ser o líder delas, mas sabe quem são consideradas pessoas maduras? Pessoas casadas.

— I-isso é verdade, Sakura-chan?

Sasuke revirou os olhos, as bochechas de Sakura doeram, mas ela fez força para não rir e franziu o cenho numa expressão bem séria.

— Claro – disse ela com uma voz solene – não é verdade, Sasuke-kun?

Se recusando a olhar para estúpida cara de desespero do colega de time Sasuke simplesmente concordou com um “ah ah”. Ele não queria estar ali, mas Sakura disse que fazia bem pra reputação dele se ele fosse visto em ambientes de socialização. A maioria das pessoas ainda viam o último Uchiha com desconfiança, o que poderia causar problemas não só para ele, mas para seu time e até mesmo o Hokage, visto sua estreita relação com estes. Além disso, ele tinha se esquecido de deixar janta congelada para quando voltasse de missão, cozinhar de noite não era uma boa ideia com aqueles olhos, ainda mais quando estava tão cansado e encarar a comida de Sakura não era uma opção, ele preferiria até mesmo os ramens de Naruto.

— Então me diz com quem eu vou me casar’ttebayo.

— Hmm – fez Tenten notando a piscadela de Sakura para ela, não gosta de fazer leituras falsas, mas oportunidade de se divertir às custar do shinobi era boa demais para ignorar – a pessoa com que você vai casar vem de família antiga.

A mente do loiro se encheu com a imagem de pessoas de pele e olhos pálidos e ele sentiu seu rosto esquentar.

— Parabéns, Naruto! – disse Sakura animadamente. – Vai dar o golpe do baú!

Naruto se virou pare ela pra replicar um “olha só quem fala” quando deu de cara com Sasuke e se lembrou que a maioria dos bens do Uchiha foram confiscados como pagamento por seus crimes, se contentou então em estirar a língua para a amiga.

Tenten fez um barulho gutural chamando a atenção de Naruto de volta para o assunto que eles tinham, literalmente, em mãos.

Mas a sua atenção foi roubada por um dos comentários de Sai.

— Nos livros que eu li, quando uma vidente lê sorte de alguém e prediz sua vida amorosa, sempre fala sobre como um homem moreno alto e misterioso vai mudar a vida do cliente – risinhos se espalharam pela roda de amigos e Naruto sentiu seu rosto fumejar.

— Bem que eu sabia que esse seu noivado com a Haruno era balela, ein Uchiha? – ouviu-se a voz de Kiba e os risos aumentaram. Sasuke se remexeu, mas Sakura o segurou no lugar abraçando seu braço e enfiando o rosto na manga da jaqueta do moreno para esconder seu rosto risonho.

— Olha – disse Tenten alto, puxando o loiro pela mão antes que Naruto pudesse retrucar, mas seu tom era claramente risonho – eu não sei quando a um homem, mas decididamente a pessoa a quem você está destinado tem cabelos escuros, Naruto.

Os risos se tornaram insuportáveis e o calor em seu rosto também, ele se pegou rezando com força para que a Hyuuga não tivesse ouvido nada daquilo e puxou a mão com força.

— Já chega’ttebayo. Isso é tudo um monte de besteiras! Até parece que uns riscos idiotas na minha mão sabem de alguma coisa sobre o meu futuro’ttebayo!

— Hey! Não tenho culpa se você não consegue aceitar as verdades do seu destino.

— Tsc! Esse negócio de destino é balela’ttebayo – e se levantou batendo o pé ao som de uivos e risinhos de seus amigos que continuam fazendo comentários engraçadinhos.

E foi com um misto de horror e prazer que ele se viu sentado ao lado de Hinata. Ela estava sozinha, Shino havia saído mais cedo, tinha uma reunião com o concelho de seu clã no dia seguinte.

— Espero que você nunca deixe a Tenten ler sua sorte, Hinata – ele disse ainda amuando – ela é uma charlatã.

De cabeça baixa, ela limpou o rosto com as pontas dos dedos e sorriu para seu próprio copo.

— Não seja tão cruel com a Tenten-san e os outros, Naruto-kun – ela ergueu o rosto rapidamente para olhá-lo, mas ele continuava lançando olhares irritados para o grupinho que ainda ria as suas custas – eles s-só querem mexer com você.

— Eles são uns péssimos amigos isso sim’ttebayo – ele finalmente se virou para olhá-la de seu coração gelou. – Hinata? Você está chorando?

Ela virou o rosto para o outro lado, tentando se esconder, mas com ele tão perto, não tinha pra onde ela correr. Hinata sentiu o peso da mão de Naruto em seu ombro.

— Hinata, olha pra mim – pediu ele quase num sussurro – por favor’ttebayo?

Ela fungou e se virou levemente em direção a ele, ainda usando a franja para ocultar o rosto.

— D-desculpe, Naruto-kun, eu... – ela respirou fundo. – Eu não deveria ter bebido tanto vinho.

— Hinata, o que aconteceu? Alguém fez algo pra você?

Ela balançou cabeça e riu fracamente. Seu estômago queimava e, pela primeira vez, não tinha muito a ver com a presença de Naruto.

— Eu não deveria mesmo ter bebido vinho, olha cena que estou fazendo... E na frente de Naruto-kun! S-se ele estivesse aqui n-nunca teria acontecido isso. Neji-ni-san nunca bebia nem me d-deixava... E-ele dizia que não entedia como as pessoas eram capazes de envenenar a si mesmas por l-livre e espontânea vontade.

— Hinata... – ele não sabia o que dizer.

— E-eu só... V-vendo todo mundo aqui rindo junto... Oh Naruto-kun.

Ela cobriu o rosto com as mãos e começou a soluçar, Naruto sentiu um nó se formar em sua garganta e a puxou para um abraço. Para sua surpresa e intenso alívio, ela não fugiu como das outas vezes, mas retribuiu o gesto, as mãos pequenas agarrando o tecido das costas de sua jaqueta com força e enfiando o rosto em seu peito. Ele apoiou o queixo na cabeça dela e fechou os olhos a embalando levemente enquanto os ombros de Hinata sacudiam com a força de seu choro.

— Eu não queria estar fazendo essa cena, eu não queria estar triste, eu sei q-que ele não queria isso pra mim, mas... E-eu me sinto tão culpada. Não consigo fazer essa dor passar.

— Hinata, você ouviu o que ele disse naquele dia, não ouviu? Ele não fez aquilo por dever, ele fez aquilo por que...

— Porque Neji-ni-san me a-amava – a voz dela falhou na última palavra e ela enfiou o rosto com mais força no peito de Naruto, a ponto do zíper machucar sua pele, mas Hinata não se importou. – Oh Naruto-kun, você, mais do que qualquer um deveria saber que isso só torna tudo mais difícil. Eu entendo agora porque você f-ficou tão bravo quando eu interferi na luta com o Pain.

— Eu não deveria ter perdido o controle daquela forma’ttebayo... – ele disse engolindo em seco, mas a cena de Hinata jogada no chão como uma boneca de trapos ainda era recorrente em seus pesadelos.

— Mas o que me deixa com mais raiva de mim mesma – disse ela quebrando o abraço e secando o rosto com as mãos – era que eu devia ter percebido. Nós passávamos tanto tempo juntos, eu achava que conhecia Neji-ni-san tão bem e cheguei a sentir raiva, não entendi quando ele aceitou tão fácil, quando ele não se rebelou quando o concelho forçou aquele casamento.

— C-casamento’ttebayo?

Ela sentiu o rosto esquentar, não tinha ideia de porque estava contando aquilo a ele, talvez fosse o álcool, mas agora que havia começado, não conseguia fazer as palavras pararem de vir.

— O byakugan é fenótipo de um gene recessivo, no meu clã, para assegurar que a Souke preserve o sangue puro e o kekei genkai integro, nós nos casamos com outros membros do clã. Meu casamento com o Neji-ni-san foi planejado desde que eu nasci.

— Eu não entendi metade do que você disse’ttebayo, mas como que ninguém sabia disso? Quando foi esse casamento?

— É complicado... Foi uma coisa bem interna. Não me lembro de metade do que aconteceu, me parecia tudo tão irreal. Nunca achei que o noivado iria ser levado a frente, ainda mais depois do que aconteceu com Hizashi-oji-san. Neji-ni-san sempre foi considerado rebelde, aprendendo o kaiten sendo da Souke... – Ela sorriu levemente – fazendo amigos com gente como Naruto-kun... Eu nunca achei que ele fosse concordar.

— E porque você concordou’ttebayo?

— N-não fazia muito tempo que eles tinham me aceitado de volta e se... Se não fosse Neji-ni-san, seria outra pessoa, alguém que eu não conhecia. Alguém, talvez, muito mais velho que eu...

— Mas mesmo assim, eu não sabia que pessoas menores de idade poderiam se casar’ttebayo!

— Eles iam esperar eu chegar à idade certa, mas, depois do episódio com o Pain, ficou claro ao conselho que eu tinha s-sentimentos por alguém que não era meu n-noivo. Eles resolveram que era mais seguro que o laço estivesse formado antes de entrarmos em guerra. Eles nem queriam me deixar ir pro campo de batalha usando o argumento que eu já poderia estar grávida, mas Neji-ni-san sabia que eu não iria suportar ficar e que, bem, não tinha a mínima possibilidade de que eu estivesse, sabe, g-grávida – ela corou fortemente. – Ele me ajudou a conseguir contornar a decisão, me escalando para o esquadrão dele... Nunca me pressionou a anda, tentou manter as coisas mais próximas o possível do que sempre foram. Às vezes eu penso que se eu tivesse ficado, talvez ele não...

— E seu pai – ele a interrompeu, suspirando em alívio – não tentou impedir de alguma forma?

Hinata levantou o rosto e fez algo que se semelhava a um sorriso, mas se sorriso fosse, era o mais triste que Naruto já tinha visto na vida.

— Ele, mais do que ninguém, queria a realização do casamento. Chichi-ue... Ele ainda se sente em dívida com Hizashi-oji-san, dar a ele um neto da Souke seria um modo de sanar uma parcela dessa dívida, creio eu.

— Não me parece certo usar você pra isso – ele cruzou os braços, irritado, cada vez que ouvia sobre Hiashi Hyuuga menos gostava do sujeito.

— É meu dever dar aos Hyuuga um herdeiro, Naruto-kun, já que eu não sou forte o bastante para a liderança.

— Você é forte, Hinata!

Ela pestanejou.

— Você é muito gentil.

— Você não acredita em mim?

— Eu? Não acreditar em Naruto-kun? Jamais.

Então aconteceu a coisa mais fantástica daqueles últimos meses na opinião de Naruto, quando ele sorriu para a resposta dela, ela sorriu de volta. A fé inabalável que ela tinha nele tão óbvia em seus olhos claros que os únicos traços de tristeza nas lágrimas semi-secas que ainda borravam seu rosto iluminado pela fogueira.

Hinata piscou, suas pálpebras pesadas, ela cobriu um bocejo com a mão e tombou para o lado, com um “oh”. Naruto se apreçou em ampará-la, de modo que ela ficasse recostada em seu ombro.

— D-desculpe, Naruto-kun. De repente me senti tão – outro bocejo – cansada...

— Quantos copos de vinho você bebeu, Hinata? – perguntou ele com um tom divertido na voz rouca. Ele conseguia sentir o cheiro adocicado do vinho misturado ao suave perfume de lavanda que vinha dos cabelos dela.

— Alguns – ele a sentiu sorrir contra a manga de sua jaqueta e um calor reconfortante se espalhou por seu corpo.

Logo, ela parou de responder, sua respiração se tornou ritmada e Naruto, contra todos os seus impulsos mais naturais, tentou ficar o mais quieto o possível, nem ao menos se movendo para procurar comida quando seu estômago começou a roncar. A moça ao seu lado se remexeu, com cuidado, ele a abraçou pelos lados, ajustando seu corpo para deixa-la mais confortável. Hinata suspirou sem acordar, sua cabeça agora apoiada da curva do pescoço de Naruto, suas costas contra o peito do shinobi, ferrada no sono. Quando perceberam a situação dos dois, o resto dos amigos estavam prontos para assoviar e fazer barulho, mas com um olhar feio de Naruto que levou o indicado da mão livre aos lábios, todos fizeram silêncio pelo resto da noite.

N/A: Atrasei de novo, eu sei, mas dessa vez eu tenho um motivo muito especial: fui ver The Last no cinema! Ai gente, foi tão lindo! Pra não dizer o quão divertido também! Eu pensei que seria mais constrangedor do que daquela vez que eu fui ver Rei Leão no teatro da minha cidade natal e só tinha criancinha na plateia. Dessa vez a única criança que tinha era um menininho levado pela mãe, que obviamente não estava ali por pedido do menino hahaha. Fandom, estamos velhos. Tinha cosplayers e o cinema inteiro interagiu com o filme o tempo todo, foi tão divertido, eu não ria assim há séculos. E eu amei tudo, a OST e principalmente a caracterização da Sakura e a falta de protagonismo do Sasuke HAHAHA. Eu devo ter sido bem boazinha porque alguma divindade definitivamente ouviu minhas preces.

É isso, espero que vocês gostem dessas 4,7k palavras (mais do que o dobro do normal para esta fic) e me digam em comentários do que gostaram da fic e do filme!

Beijos e está semana que vem se tudo correr bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!