Oito Estações escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 6
Outono - Sonho




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Disclaimer: O único Naruto que eu, supostamente, sou dona é meu gato de estimação.

Essa fic se passa durante os dois anos entre o final do mangá e The Last. NaruHina e ships canon com menções de NejiHina e NaruSasu porque sim.

Aviso adicional: NejiHina é meio pesado nesse capítulo. Je regret nothing.

Aviso adicional 2: O time Oito é o ME-LHOR time e você não pode me convencer do contrário.

Viva Team Gr8!

Oito Estações

Outono - Sonho

“Só tenho dois tipos de sonhos: os ruins e os terríveis.
Com os ruins consigo lidar, são apenas pesadelos e logo acabam, eu acordo.
Os sonhos terríveis são os sonhos bons, nos sonhos terríveis tudo vai bem....
Tudo é maravilhoso e normal.
Tudo vai bem.
Aí ... eu acordo e ainda sou eu.
E continuo aqui.
E isso é realmente terrível.”

Neil Gaiman - Sandman

Era outono e haviam folhas caídas pelo pátio.

– Hinata-sama, uma palavra sua e eu recuso. Nós não temos que fazer isso.

Ela sorriu se virando para as portas fechadas, sem olhar para ele uma só vez, sem ter coragem de olhar nos olhos dele enquanto enterravam o relacionamento que haviam construído com tanto esforço. E aquilo era o que mais doía. Hinata já havia perdido Neji mais de uma vez, e parecia um milagre que ela estivesse tendo mais essa chance. Ela não conseguia se lembrar de como haviam voltado a se falar, de como o ódio dele havia morrido, mas toda vez que parava pra pensar nisso sentia um aperto no peito. Tudo o que importava era que nos últimos anos os dois haviam realinhados suas órbitas, haviam voltado a crescer juntos, a ponto que Neji havia se tornado seu amigo mais próximo e agora, mais uma vez por interferência de sua família, ela estava prestes a perdê-lo novamente. De uma forma suave, mas, ainda assim, cruel. Neji, seu irmão, seu igual, desapareceria na figura de seu marido. Logo, ela tinha certeza, ele a iria odiar outra vez. Logo, ela seria em definitivo, a gaiola que o aprisionaria para sempre. E a parte que a fazia se sentir mais patética é que o que ela mais lamentava era perder em Neji sua fonte de conforto. Ela não podia se permitir abusar mais dele e jamais o exporia a cena patética de vê-la desabar, por isso, para que seu rosto permanecesse seco na presença dele, ainda levaria muito para que tivesse coragem de o olhar nos olhos outra vez.

– Mas nós temos – finalmente respondeu, discordando. As portas de abriram, ela plantou no rosto um sorriso duro.

Ela sentiu uma sensação estranha nas costas da mão, como se Neji houvesse feito um gesto para tocá-la e desistido. Ele havia feito aquilo também da outra vez? Havia ela não notado? Mas a sensação que a invadiu brevemente foi de alívio e perda antes de ser tomada de novo pelo vazio em seu coração enquanto eles caminhavam pelos corredores do templo.

Ou pelo menos era assim que deveria acontecer, que tinha acontecido? Mas dessa vez ela fazia tudo diferente. Ela era corajosa o bastante, desesperada o bastante para o segurar pela mão. Dessa vez, ela não evitava as lágrimas ou o olhar dele e ela fazia questão de guardar na memória cada linha daquele rosto que, ela inexplicavelmente sabia, não veria mais.

Mas o toque em sua mão era suave, quente. Um tanto quente demais. Aquilo estava errado, ela sabia, como as folhas no chão do pátio de um clã que estimava tanto a austeridade. Eram para ser ásperas, as mãos. E um grau sempre mais frias que a superfície de sua pele. O dono delas também lhe dizia coisas onde antes só cabia o silêncio. Não era nem ao menos uma voz grave e calma. Ansiedade permeava cada palavra, todas as múltiplas entonações e variações de volume onde só deveria haver um discurso controlado, estoico, medido, ainda que conservasse igual sinceridade. A voz rouca lhe era agradável, e, ela pode notar, longe de ser desconhecida, mas, ao mesmo tempo, lhe soava tão errada... Fazendo seu coração ressoar de um jeito que nada tinha a ver com seu medo, seu remorso, seu luto. Ela queria se juntar ao dono daquela voz, uma parte sua, sabia que deveria, mas outra parte, a que apontava o quanto o toque daquela mão era inadequado, o quanto aquela voz não pertencia a aqueles lábios, rejeitava as discrepâncias e sucumbia ao oblívio.

Agora ela estava nos jardins de uma casa na qual não queria entrar, a casa que simbolizava sua nova vida, uma vida imposta. Uma vida de dever e muito, muito longe de tudo com o que ela havia ousado desejar.

A casa era feita de madeira, mas Hinata, mesmo sem seu byakugan, podia enxergar as barras de ferro mais presentes do que nunca. E também podia vê-las, a figura alta atrás de si, que de gaiolas entendia muito bem. Ele, que havia sido muito mais do que meramente sua sombra e agora estava prestes a se tornar muito mais, se mantinha silencioso como sempre, mas Hinata nunca havia precisado de uma palavra de seu primo para saber o quanto e quando ele sofria.

– Você não precisava estar aqui, nii-san.

Mas dessa vez ela não dizia essas palavras. Quando o havia feito, somente dois anos ou há milênios atrás – em outra vida? – havia se julgado gentil, hoje sabia o quanto havia sido estúpida. O quanto fora estúpida por tanto tempo. E a frase morria em sua garganta. Em troca, não recebia o olhar que, naquela época, ela não havia entendido porque parecia tão ferido. Agora ela temia aquele olhar, pois ele lhe era claro em significado e estava marcado em sua mente como fogo em brasa. O desespero corroendo sua alma quando fazia o que sequer havia passado por sua mente na primeira vez que estiveram ali. Ela se virou para ele, estudou seu rosto, se aproximou e o abraçou, ato absurdo e impróprio. Jamais antes perpetrado. Ela o abraçou como se o ato escandaloso de algo bastasse, como se os fios de cabelo em que afundava o rosto não fossem longe de ter o perfume masculino do qual ela se esquecia cada dia um pouco mais, mas o mesmo floral da casa de sua sensei. Ela o abraçava, forte, como abraçava aquilo que ela, no fundo, sabia não passar de uma ilusão.

Os anos passavam e o cheiro do alecrim que ela cultivava cuidadosamente em seu jardim entranhou nos cabelos dele, nas roupas de Hinata e na das crianças de olhos brancos que lhe chamavam haha-ue, mas nunca lhe trouxe lembrança alguma. Ela pensava se amor poderia ser cultivado assim, como as pequenas flores lilases ou se o amor em seu coração havia sido desviado como um rio e secado. Talvez ainda existisse sobre forma de lago numa floresta escondida sob milhares de estrelas, escondidos dos olhos dela. Talvez em outra vida.

O céu não era mais tão cinzento quando ela acordava e olhava pela janela, mas era outono e o céu de outono não devia ser azul. E havia algo sobre o azul, algo que não era triste, mas fazia seu coração apertar, algo tão importante e que ela não conseguia se lembrar. Havia algo sobre o outono também, algo que ela sempre se sentia estar a ponto de se lembrar.

Mas antes que ela pudesse, seu amante a chamava de volta a cama, por nome e título, mesmo que ela tenha descartado o dele há tempos. Ele jamais esqueceria seu lugar, mesmo que ela tentasse encaixá-lo em outros, no espaço vazio de seu coração. Pois eles eram quase felizes e ela quase o amava. O pavor que ela tinha de que ele desaparecesse era tão perene quanto as folhas no pátio, quanto o sentimento de que havia algo faltando em seu coração. E ela franzia o cenho antes de fechar os olhos para receber o beijo ofertado por alguém que não deveria ter olhos azuis. Mas ela não se lamentava e ela não o recusava, ela o trazia para mais perto, o medo em seu toque, os olhos bem fechados em pânico de que ele desaparecesse quando ela os abrissem.

Seu peito doía e, estranhamente, era uma dor antiga como se ela ainda tivesse doze anos Neji houvesse acabado de lhe acertar no coração.

Hinata tentou abrir os olhos, mas havia algo bloqueando sua visão. Ela tentou levar as mãos ao rosto, mas sentiu a picada da agulha em sua mão direita. Tateando com a mão esquerda, ela sentiu a superfície áspera do esparadrapo colado e o fio emborrachado da sonda. Uma parte de sua mente enevoada rezou para que seu movimento não tivesse desencaixado a agulha de sua veia. Não conseguia se lembrar de como havia chegado ali, mas podia muito bem estar internada por algum tipo de envenenamento e aquele intravenoso ser o que a estava salvando a vida. Ela se deixou afundar nos lençóis. Dado pela escuridão e as faixas que sentia estar presas em volta de sua cabeça, deve ter abusado do Byakugan outra vez.

O sonho que havia tido ainda estava fresco em sua memória, um toque suave em seu rosto, respiração quente em seu pescoço. Mas a realidade a atingia violentamente agora, com o som do apitar das máquinas que anunciavam impiedosamente o quão viva ela estava, com a presença suave de alguém que ela definitivamente não queria estar perto agora. A vontade de chorar era imensa, como ela não havia chorado há tempos. Pesadelos, por mais assustadores e terríveis estão longe da crueldade de alguns sonhos bons.

Ela só percebeu que estava ativamente chorando quando começou a ouvir seus próprios soluços.

– Hinata? – obviamente ela conhecia aquela voz, lhe parecia inacreditável que ela houvesse esquecido, mas o mundo onírico raramente respeita a lógica. – Hinata, você está com dor em algum lugar’ttebayo? – o tom de pânico claro na voz que era tão rouca quanto deveria ser, mas mãos exatamente macias como ela sabia que seriam começaram a tatear por seu corpo em confusão tentando acalmá-la e procurar algo errado ao mesmo tempo – Hinata fala comigo! – ela até tentou, mas não conseguia se fazer parar de chorar. Ela o ouviu soltar um xingamento ao bater em algo – Sakura-chan! Enfermeira! Alguém?

A sala se encheu de outros sons e ela ainda ouviu Naruto protestar ao ser afastado da cama antes de sentir outra picada de agulha e o mundo desaparecer em escuridão.

Quando ela acordou novamente, não havia nada em seus olhos e quando ela os abriu, até mesmo a pouca claridade de seu quarto de hospital fez com que eles ardessem.

– Shino, eu acho que ela acordou! – ela se virou em direção a voz de Kiba. – Hey! Finalmente!

– K-kiba-kun?

O rapaz alto se juntou ao colega de time a beirada da cama de Hinata. Hinata notou que ambos também eram pacientes do hospital. Kiba tinha arranhões em seu rosto e Shino um braço quebrado.

– É bom que você tenha acordado, por quê? Porque a convivência com Kiba sem a sua ajuda tem sido complicada.

Ela se permitiu um sorriso meio grogue.

– Hey! – Kiba protestou.

– Vocês estão bem? – perguntou ela tentando se sentar. – E a missão? Onde está Akamaru-kun?

Kiba soltou ria risada que soava como latidos e até a expressão de Shino suavizou.

– Calma! – ele disse tentando ajuda-la a ficar mais confortável. – Está todo mundo bem, já entregamos o relatório e tudo. Você que deu um susto em todo mundo.

– D-desculpe – ela corou.

Ele estalou a língua.

– Olha isso! Ela nunca muda. Desculpa pelo que? Se não fosse você com aquele jutsu eu não teria saído da missão só com uns arranhões, né Shino?

– Você também tem as costelas quebradas.

– Detalhes, detalhes. Ah o Akamaru tá lá fora – Kiba revirou os olhos. – A velhota não deixou ele entrar e a Hana disse que ele não quer ir pra casa, ele está ficando velho e teimoso.

Ela fez uma expressão compassiva para o amigo lhe dando tapinhas no ombro.

– Mas Hinata – ele continuou – que diabos foi o que aconteceu? Disseram que você acordou tendo uma crise histérica. Naruto fez alguma coisa pra você? Olha que eu quebro aquilo que ele chama de cara...

– N-naruto-kun esteve aqui? – ela se lembrava vagamente da situação narrada por Kiba.

– Sim, mas foi expulso – respondeu Shino enquanto Kiba ainda listava as múltiplas formas de como ele castigaria Naruto.

– E-expulso?

– Por atacar um paciente – respondeu Kiba.

– O-o que?! – ela arregalou os olhos, alarmada e descrente.

– Por paciente – explicou Shino – Kiba quer dizer ele mesmo e se eu bem me lembro, quem o atacou foi você – ele fez um gesto em direção ao colega de time que soltou um muxoxo e virou o rosto.

– Kiba-kun! – Hinata repreendeu o amigo.

– O que? Dava pra ouvir você chorando do meu quarto! Eu achei que ele tinha feito alguma coisa, oras!

Ela balançou a cabeça de modo reprovador.

– Ele também está machucado aqui no hospital? – perguntou, preocupada.

– Nah – Kiba respondeu – ele veio ver você mesmo. Te trouxe flores e tudo – Hinata olhou de esgrelha o vaso de girassóis ao lado de sua cama e sentiu suas bochechas esquentarem – veja só! Eu e Shino também somos pacientes, mas nenhum de nós recebeu flores, o que isso quer dizer, ein? – ele mexeu as sobrancelhas de modo significativo.

Kiba-kun! – ela guinchou escondendo o rosto no travesseiro.

– Sua irmã pestinha, aquele cara esquisito, Go-

– Ko-kun.

– Esse aí. Vieram também.

– Oh.

– Kurenai-sensei e Mirai também visitaram – completou Shino.

– Yeah, ela até aprendeu o nome do Akamaru.

– Mesmo?

– Bem, eu não acho, por quê? Porque “agk” não é uma palavra ou sequer o nome do Akamaru.

– Argh, Shino. Aposto que você já nasceu grande o bastante pra usar óculos escuros e por isso não sabe nada de filhotes.

– O que você disse não faz o menor sentido.

Hinata sorriu, acostumada com as discussões bobas dos dois enquanto avaliava as informações recebidas. Naruto havia vindo vê-la. O pensamento fazia seu estômago encher de borboletas, mas só de pensar que ela havia chorado na frente dele de novo... Urgh, como se aquela vez no luau já não tivesse sido embaraçoso o suficiente, ainda mais com as coisas que ela havia dito pra ele... Com a dor de cabeça e a lembrança das coisas ditas na manhã seguinte, ela havia prometido a si mesma nunca mais tocar numa sequer gota de álcool. E agora aquele sonho...

“Oh nii-san, quando eu vou te deixar descansar em paz?”

Eles ficaram com Hinata – inclusive ganhando uma discussão com uma enfermeira que queria que os dois jantassem em seus devidos quartos – até que o pedacinho de céu que dava para ver da janela de Hinata se coloriu de tons dourados e róseos e Kiba e Shino foram embora com promessas de voltar no dia seguinte. Hinata se surpreendeu ao se sentir cansada, mesmo não tendo feito basicamente nada além de dormir nos últimos dias, ela caiu no sono e não teve sonhos.

Na manhã seguinte, ela foi acordada por som de risadas infantis e, por um momento de terror misturado com esperança, ela julgou ter voltado a aquela realidade alternativa do sonho, mas quando Hinata abriu os olhos, ela deu de cara com olhos vermelhos em vez de brancos.

– Bom dia, Hinata.

– Bom ahh – ela cobriu um bocejo com a mão – bom dia, sensei. Bom ia, Mirai-chan.

A menina soltou um gritinho e estendeu os braços para ser pega por Hinata que se apressou em sentar para acomodar a criança em seu colo.

– Eu soube pelos meninos que você salvou o dia na missão.

Ela corou.

– Não fiz mais do que minha obrigação, sensei – respondeu ela com um meio sorriso enquanto brincava com as mãos de Mirai.

Kurenai a encarou por alguns momentos, seu cenho franzido.

– Não é somente porque é sua obrigação que você não deveria se orgulhar dos seus feitos, Hinata. Às vezes, fazer a nossa obrigação é algo muito difícil.

Hinata não soube o que responder, continuou apenas brincando com a menina.

– Você está com fome? Como você só acordou ontem na hora do almoço, Kiba tem comido seu café da manhã – Hinata riu, típico Kiba – mas eu posso chamar a enfermeira para trazer outro.

– Não precisa, sensei. Eu não estou com fome, meio enjoada na verdade...

– Você quer que eu chame u médico?

– Não precisa, obrigada. Eu estou bem.

– Não foi essa a história que eu ouvi.

Hinata fechou os olhos com força e parou momentaneamente a brincadeira. Sabia que eles tinham contado para Kurenai sobre ontem. Fofoqueiros.

Ela suspirou. Bem, poderia ser pior, poderia ser Hanabi. Graças aos céus que Kiba tinha medo demais da prodígio Hyuuga para dizer coisas a ela.

– Sensei... – Hinata voltou a brincar quando Mirai começou a bater em suas mãos com muita força exigindo atenção, para um bebê, ela era bem forte.

– Hinata, o que aconteceu?

Ela, que sentia que aquele sonho era um tipo de segredo sujo, se viu contando absolutamente tudo para Kurenai que não disse uma só palavra até o final.

– Não chora ‘nata! – exclamou Mirari desajeitadamente secando o rosto de Hinata com as mãos.

Hinata riu e beijou as mãozinhas sujas de lágrimas da pequena.

– Não vou mais, prometo – e então, pela primeira vez desde que começou a contar sua estória, Hinata voltou seu olhar para a kunoichi mais velha. – Bobo, não é? Me deixar afetar por um sonho...

– Eu acostumo ter esse tipo de sonho o tempo todo – Hinata sentiu seu estômago congelar. Lá estava ela chorando por causa de um sonho quando Kurenai tinha que encarar a realidade de um futuro que não aconteceu todos os dias quando olhava para Mirai – ainda acontece de vez em quando. Eu sei o quão difícil é. Mas você tem que se lembrar, Hinata. É só um sonho e nada mais. É na realidade que você tem que se focar.

– Não é só isso – ela disse com um ar cansado – eu sinto que é culpa minha por ser tão teimosa. Porque eu não consigo deixar ele ir, sensei?

O tom desesperado dela deve ter amolecido Kurenai, pois suas feições duras se tornaram mais suaves.

– Porque é difícil aceitar a perda de algo que você quase teve.

As duas ficaram em silêncio outra vez. Hinata deixando sua mente trabalhar em torno das coisas que Kurenai havia lhe dito.

– Hinata, se Neji não tivesse morrido, como você acha que estaria agora?

Ela corou, o peso da criança em seu colo subitamente se tornando bastante presente.

– G-grávida, provavelmente.

– Hn, e você acha que estaria feliz? Sendo a fábrica dos bebês de Hyuuga Neji? Produzindo herdeiros para o Clã Hyuuga. Seu pai ficaria satisfeito, aposto.

– E-eu...

– E se Naruto estivesse te dando tanta atenção quanto está dando agora? Você seria uma mulher casada recebendo atenções de outro homem. Conhecendo você e os envolvidos, as chances são de que isso terminaria espetacularmente mal.

– S-sensei!

– Você entende o que eu quero dizer? Eu sinto muito, muito mesmo que um rapaz tão jovem tenha que ter morrido da forma que morreu. Sinto mais ainda que ele tenha tido sentimentos não correspondidos por você e que você se sinta culpada. Mas você está viva Hinata e eu dou graças todos os dias por isso. Me chame de egoísta, mas eu acho que perdi o suficiente e estou aliviada que não foi o meu time que voltou da guerra com um desfalque.

Hinata sentiu como se alguém lhe tivesse dado um bem merecido tapa na cara.

– Vem, Mirai – a menina fez um pouco de pirraça, mas acabou indo para o colo da mãe. – Eu tenho que ir agora. Você já parece bem, pra mim e os meninos também vão receber alta hoje. Quero os três no campo de treinamento cinco amanhã às sete horas. Já deixei vocês sozinhos por tempo demais.

– O-ok. Tchau, sensei. Até, Mirai-chan.

Kurenai virou as costas e saiu sem um segundo olhar para Hinata.

– Eu estou mandando subir café da manhã para você.

E então ela havia realmente partido.

Hinata sentiu uma estranha vontade de rir dos modos quase rudes de sua sensei, a maternidade tinha feito pouco por amolecê-la, aparentemente. Enquanto esperava seu café da manhã – e descobrindo que mal podia esperar por ele, quando sua barriga começou a roncar – se virou para seus girassóis, admirando o quanto seus amarelos e laranjas eram vívidos e bem reais.

N/A: Nossa, esse capítulo foi um parto. Foi ele quem atrasou tudo. Eu já escrevi o próximo capítulo há eras (e vou estar postando os dois ao mesmo tempo como pedido de desculpas pela demora), mas esse daqui não queria sair. Toda hora eu mudava de ideia, tinha que apagar tudo e começar de novo. No final virou uma grande homenagem às fics de Naruto que mais amo: Callendar Of Venus e Rosemary For Remembrance (ambas NejiHina, sim, eu sou trash, se bem que Rosemary tem NaruHina também), também foi uma ótima oportunidade para destilar meu amor pelo time oito e escrever uma cena Kurenai/Hinata que é um relacionamento muito importante e que se vê muito pouco tanto em fanfics quanto no canon (nunca que eu vou perdoar o Kishi por ter escrito interação Shinakmaru/Kurenai em vez de time 8/Kurenai quando a Kurenai estava grávida). Sem falar que achei justo um capítulo sem o Naruto quanto tivemos dois capítulos sem a Hinata.

E pra quem não entendeu o trocadilho, Rosmarinus officinalis, o alecrim, dá uma flor roxa de mesmo nome que na linguagem das flores significa lembrança.

Mas é isso. O próximo capítulo é beeeem NaruHina. Enjoy e não esqueçam de mandar feedback!


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