Intercâmbio no Ouran escrita por Lefisilva


Capítulo 22
Capítulo 22 - O remorso que sentimos pelo que não temos controle.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo depois de quase um mês O/
Foi proposital essa demora, sinto pelos que tiveram que esperar ^^" Sugiro que preparem um lencinho se for uma pessoa que facilmente chora, como é o meu caso :/
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615100/chapter/22

 

Domingo, 14/02/16

“Chamada para o voo 25468 com destino ao Brasil, embarque no portão 10”

Bom, então é isso. Nunca imaginei que teria que voltar tão cedo para o meu país de origem, mas aqui estou eu, uma covarde que não consegue encarar ninguém porque se sente culpada demais por tudo que aconteceu. Acho que até a pessoa mais forte do mundo, como é o caso da Yza, não ia aguentar alguma coisa do gênero, mas preferi nem perguntar com medo delas acabarem tentando me impedir do que estou prestes a fazer.

—Pois é Letícia.... –eu disse a mim mesma suspirando. –Em plena manhã do dia dos namorados, você está dando as costas ao seu sonho e oportunidade de crescimento por causa de dois idiotas... –me levantei da cadeira em que estava sentada e me dirigi ao portão de embarque internacional enquanto minha cabeça era novamente invadida por tudo que ocorreu nesses últimos dias.

Flashback on

Era uma segunda feira como todas as outras. O tempo ainda continuava um pouco frio, mas faltava apenas um pouco mais de um mês para que a primavera desse as caras novamente. Naquela manhã, eu e Jenny estávamos atrasadas porque nos distraímos com o Tamaki falando sobre o evento que teria sábado por conta do dia dos namorados que seria domingo.

—A gente devia ter escutado os gêmeos e ter ido junto com eles! –disse Jenny tentando me alcançar.

—Desculpa! Você sabe o quanto eu sou romântica e o quanto essa data me deixa maravilhada! –eu disse me virando rapidamente para ela enquanto corria.

—Principalmente agora que você e o Hikaru estão juntos! –disse Jenny e não precisei olhar para saber que ela estava sorrindo divertidamente para mim.

—Como se você não se sentisse do mesmo jeito! –eu disse um pouco corada e correndo mais rápido, o que deixou Jenny ainda mais para trás.

—Ei! Me espera! –ela gritou.

—Anda Jenny! Temos que aproveitar que a aula ainda não começou e o professor ainda não está aqui! –eu disse parando em frente a sala tentando recuperar o fôlego e a olhando, que estava a uns cinco metros de onde eu estava.

—Ok, estou quase.... AHHHHHH –gritou Jenny e de repente vi a cena dela caindo fortemente no chão.

—JENNY! –eu gritei desesperada e corri até onde ela estava, me agachando na altura dela. –Você está bem?

—A....acho que sim.... –ela disse tentando se levantar, mas caindo sentada o tempo todo. –Ok, não estou tão bem pelo visto. Meu pé está doendo um pouco....

—Deixa eu ver! –eu disse pegando os pés dela e tirando o sapato. –Caramba, seu pé esquerdo está um pouco roxo! Acho que você torceu!

—Era só o que faltava…estou com falta de sorte pelo visto... –ela disse tentando ainda se levantar, mas caindo na mesma hora e fazendo uma cara de dor.

—Não se mexe, vai piorar! –eu disse e me levantei. –Fica aqui!

—Como se eu pudesse mesmo me mexer sem sentir dor... –ela disse de brincadeira, mas eu a ignorei e fui até a sala.

—Kaoru! –eu gritei assim que cheguei na porta e ele me olhou surpreso. –Me ajuda, a Jenny caiu aqui no corredor e acho que torceu o pé! –na mesma hora ele se levantou desesperado e saiu correndo, onde eu acabei o seguindo.

—Jenny! –disse Kaoru e se abaixou na frente dela. –Como isso aconteceu?! –e a olhou preocupado.

—Olha, nem eu mesma sei. Eu estava corr....digo, andando rápido e de repente tropecei em algo, mas não tem nada aqui! Acho que tropecei nos meus próprios pés. –e coçou a cabeça sem graça.

—Se segura em mim. –disse Kaoru e Jenny fez o que ele pediu, onde ele acabou a levantando nos braços. –Vou te levar até a enfermaria para ver esse pé.

—Ka...Kaoru! Me põe no chão! –disse Jenny totalmente surpresa e corada.

—Nada disso, você não deve nem estar conseguindo colocar o pé no chão, que dirá ficar de pé e andar! –disse Kaoru num tom meio bravo, mas depois sorriu para ela. –Além disso, eu meio que estou gostando de ter você nos meus braços...

—A....apenas me leva logo para enfermaria... –disse Jenny escondendo o rosto com as mãos.

—Não se preocupe Lety, ela vai ficar bem. –disse Kaoru me olhando e depois indo pelo corredor em direção aonde a enfermaria ficava.

—A Jenny não é de ser desastrada assim... –eu disse para mim mesma. –Geralmente é comigo que acontece essas coisas, não a ponto de me machucar, mas... –assim que me virei dei de cara com alguém me olhando com um sorriso de lado encostado na parede a alguns metros de mim. Na mesma hora fechei um pouco a cara e fui na direção dele, já que era a mesma em que a minha sala ficava, mas sem realmente o olhar.

—Uma pena o que aconteceu com a sua amiga, não? –assim que a pessoa falou, eu a olhei e esperei para ver se iria falar algo mais. –Vocês não deviam correr pelo corredor, pode ser perigoso... –e se desencostou da parede ficando frente a frente comigo. -Ainda mais quando alguém coloca o pé na frente, não?

—O....o que?! –eu perguntei incrédula. –Vo....você fez ela tropeçar de propósito?! Você é maluco?! Ela podia ter se machucado ainda mais seriamente, sabia?

—E a culpa, ainda sim, seria inteiramente sua, não? Vamos e convenhamos, você a convenceu a correr para poder chegar mais rápido, não? Apenas servi como freio... –a pessoa disse e deu de ombros.

—Sinceramente, você não presta Takuya-san! –eu disse virando de costas para ele e indo até a minha sala, mas ele me segurou pelo pulso e me puxou fortemente, me colocando com as costas coladas na parede e me olhou com maldade.

—Você ainda não viu nada Letícia, ou é melhor eu te chamar de Lety? –ele disse e deu um sorriso cruel. –Mas se você fizer o que eu falar, posso pensar em te deixar em paz e as suas amigas, o que acha? Tudo que você tem que fazer é sair desse colégio e acabar o seu namoro com o Hikaru-kun. O que acha? Não é grande coisa, não?

—Me solta! –eu disse o empurrando para trás e me desencostando da parede. –Você deve estar com um parafuso fora dessa cabeça problemática, isso sim! Nunca que eu faria isso!

—Então prefere ver suas amigas sofrendo do que fazer essas duas simples coisas? Como você é uma boa amiga... –ele disse com sarcasmo. –Mas você quem sabe. –e começou a andar para longe de mim.

—Garoto doido.... –eu disse indo até a minha sala e entrando rapidamente pois a aula já tinha começado a um tempo. Assim que deu a hora do almoço, eu, Yza, Damon, Haruhi e Hikaru fomos até a enfermaria ver como Jenny estava.

—Pessoal! –disse Jenny alegremente sentada numa cama e com uma tornozeleira no pé torcido. –Não precisavam ter vindo aqui, eu ia para sala assim que a aula recomeçasse.

—Foi grave? –Yza perguntou preocupada.

—Nem tanto. É uma torção leve, ainda bem. –disse Jenny sorrindo. –No fim de semana já vou poder andar normalmente.

—Mas ela não pode nem pensar em colocar o pé no chão durante esse tempo. –disse Kaoru.

—Sério? –eu perguntei a olhando totalmente preocupada e me sentindo culpada.

—Não precisa me olhar assim, eu vou ficar usando muletas por enquanto. Foi apenas uma torção. –disse Jenny.

—Consegue se levantar agora? –Yza perguntou e Jenny apenas assentiu, se apoiando nas muletas e levantando na mesma hora sem encostar o pé torcido.

—Vamos comer algo antes que o tempo de almoço acabe! –disse Jenny se dirigindo a porta com Kaoru indo atrás dela a olhando o tempo todo.

—Lety, será que eu posso falar contigo? –Damon perguntou baixinho para mim e eu apenas assenti de leve. Deixamos os outros irem um pouco mais na frente e ficamos afastados para que ninguém nos ouvisse. –Geralmente quem repara nisso é a Yza ou a Jenny, mas como elas não falaram nada, vou perguntar. –disse pegando meu braço direito levemente e o trazendo para a altura dos meus olhos. –Pode me explicar por que você está com essas marcas de dedos no seu pulso? Se não quiser, tudo bem, mas estou preocupado, porque não estava isso aí hoje de manhã.

—Bem... –eu disse olhando para frente rapidamente, me certificando de que ninguém estava nos ouvindo e o olhei. –Acontece que depois que o Kaoru levou a Jenny até a enfermaria, eu tive que enfrentar uma complicação. É uma longa história, mas resumidamente, tem um garoto que não gosta de mim por conta de uma coisa que aconteceu na primeira vez que eu e as meninas viramos anfitriãs.

—Não seria melhor você contar para elas que ele fez isso? –Damon me perguntou e eu neguei com a cabeça.

—Você mais do que ninguém sabe que a Yza ficaria furiosa e iria atrás da pessoa tirar satisfações. –eu disse e ele apenas concordou com a cabeça, como se afirmando que era verdade. –E a Jenny acabou de torcer o pé, prefiro não falar sobre isso nesse momento para não irrita-la, entende?

—E se você contar para o Hikaru? –ele perguntou me olhando.

—Acho que consegue imaginar o que aconteceria se ele soubesse, né? Se coloque no lugar dele e imagina que a Yza está no meu lugar. O que VOCÊ faria? –eu perguntei o olhando e ele fez uma careta.

—Realmente eu não ficaria nem um pouco feliz... –Damon disse fechando as mãos em punhos, mas relaxando um pouco e me olhando. –Mas ainda acho que devia falar com ele.

—Eu sei…-eu disse suspirando.

—Ei! Do que é que vocês estão conversando tanto ai?! –Yza perguntou num tom bravo e com uma pontada de ciúme.

—Nada de mais Yza. –eu disse. –Apenas relembrando ao Damon que o dia dos namorados está chegando, só isso.

—E por que está relembrando isso a ele? Esqueceu que no dia dos namorados daqui somente as garotas é que presenteiam as pessoas? –Yza perguntou.

—Caramba, é mesmo! Esqueci completamente disso! –eu disse batendo de leve na testa.

—Tem que relembra-lo do White Day. –disse Jenny sorrindo.

—Vai ser o primeiro White Day que teremos! –Yza disse sorrindo radiante e olhando para Damon. –Espero que goste do que estou preparando para você, Damon!

—Se for algo feito por você, vou amar com certeza! –disse Damon sorrindo e assim o dia se seguiu sem mais grandes problemas. Bom, exceto o escândalo que o Tono fez ao ver a Jenny machucada e quase chamando uma equipe de médicos particulares para ficar cuidando dela até ela melhorar. Os gêmeos ficaram implorando para que nós deixássemos eles nos levarem para casa de carro e, como o pé da Jenny estava a incomodando um pouco ainda, acabamos aceitando na mesma hora.

Três dias se passaram e chegou quinta feira. Acabamos convencendo a Haruhi a fazer chocolates caseiros junto com nós três para que pudéssemos dar para os rapazes no sábado.

—Vocês só vão dar isso? –Haruhi nos perguntou enquanto decorava um coração de chocolate.

—Claro que não! Cada uma já fez ontem à noite alguma coisa para dar ao respectivo namorado. –disse Yza sorrindo.

—Sério? –Haruhi perguntou surpresa. –Será que eu deveria fazer algo também? –e se colocou a pensar.

—Se você tiver disposta a fazer alguma coisa, por que não? –disse Jenny dando de ombros e sentada num banco. –Acho que se você até comprar qualquer coisa, o Tono vai ficar totalmente feliz só por estar ganhando algo seu.

—Faz um coração mais decorado e dá para ele domingo! –disse Yza olhando Haruhi.

—Não, não. Acho que farei uns biscoitos com gotas de chocolate para ele... –disse Haruhi ainda pensativa.

—É uma boa ideia. –eu disse sorrindo de leve.

—Pronto! Terminei o do Honey-sempai, agora vou fazer para o papai! –disse Yza indo pegar outro coração de chocolate no fundo da cozinha.

—Sinto muito não poder ajudar vocês... –disse Jenny num tom triste.

—Não se preocupe, estamos quase acabando. –disse Haruhi a olhando e sorrindo.

—Se não fosse pelo Takuya-san, você não estaria assim... –eu disse sussurrando, mas assim que ouvi o barulho de uma bandeja caindo, eu sabia que não tinha sido tão baixo assim. Quando me virei, dei de cara com uma Yza totalmente chocada e com a bandeja aos seus pés.

—Co...como?! –Yza perguntou me olhando surpresa, mas já com indícios de raiva.

—Eu não devia ter falado nada.... –eu disse apoiando os cotovelos na bancada em que estava e pressionando minha cabeça com as mãos em desespero.

—Pode começar a me contar essa história agora! –disse Yza me virando de frente para ela e me olhando com raiva.

—Calma Yza, respira fundo, por favor. Não perca a cabeça. –eu disse colocando as mãos nos ombros dela.

—Então não me dê motivos para... –começou a dizer ela quando de repente olhou para a minha mão direita, precisamente para o meu pulso. Ela na mesma hora pegou o meu braço e puxou a manga do vestido para baixo. –O que significa essa vermelhidão no seu pulso?!

—Não é nada demais! Eu...eu me queimei! –eu disse a primeira coisa que veio na minha cabeça desesperada.

—Você acha que me engana?! Eu sei muito bem a diferença de uma queimadura para um apertão! Letícia, fale a verdade! –Yza disse num tom bravo e me olhando com mais raiva.

—Bem.... –eu abaixei minha cabeça e contei a história toda para ela, desde o momento que o Takuya causou o “acidente” da Jenny até a parte dele ameaçar fazer algo com elas se eu não obedecesse ele.

—Aquele… –disse Yza simplesmente e começou a sair da cozinha praticamente correndo.

—Yza, o que você vai fazer?! –eu perguntei surpresa e tentando alcança-la.

—O que você acha?! Dar um jeito naquele moleque, é claro! Já não bastou o que ele te fez no Natal, agora resolve machucar a Jenny e você no mesmo dia?! Ah, mas se ele acha que vai sair ileso disso, está muito enganado! –disse Yza correndo cada vez mais rápido até que a perdi de vista.

—Essa não, por que eu tinha que abrir a minha boca? –eu perguntei a mim mesma e corri para o clube a procura do Damon. –Damon, ainda bem que você está aqui! Preciso da sua ajuda!

—O que aconteceu Lety? –ele me perguntou preocupado.

—A Yza descobriu o que houve segunda e foi tirar satisfação com a pessoa! Precisamos impedi-la! –eu disse e na mesma hora Damon se levantou. –Kyoya, onde fica a sala do Takuya-san? –perguntei o olhando.

—Sala 2-D. –disse Kyoya sem tirar os olhos do seu caderno.

—Como ele sabe?! –Damon perguntou surpreso.

—Esse daí sabe de quase tudo, vamos! –disse correndo até o local com Damon ao meu lado.

—QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA FAZER ISSO COM AS MINHAS AMIGAS?!—ouvi Yza gritando enquanto nos aproximávamos na sala. Tentei entrar, mas Damon me impediu e abriu uma fresta da porta para que pudéssemos ver o que acontecia, mas sem interferirmos.

—Primeiro, abaixe o tom de voz que isso aqui não é um daqueles seus lugares de plebeu, é uma sala de aula. E segundo, é muito bom rever você tão mais bonita do que já é normalmente. Tenho que dizer que você com raiva tem um certo charme... –disse Takuya a olhando de cima a baixo e percebi Damon formando punhos com as mãos.

—Quero só ver se vai conseguir continuar falando quando eu der um jeito na sua cara! –disse Yza indo em direção a Takuya para soca-lo, mas assim que ele estalou os dedos, dois garotos que estavam ao seu lado seguraram os braços de Yza e os prenderam em suas costas. –Me soltem! –disse tentando se soltar, mas sem sucesso.

—É tão estranho, não acha? –disse Takuya indo até Yza e segurando o queixo dela. –Tudo teria sido diferente se você tivesse a meses atrás aceitado ser minha namorada, mas você preferiu um garoto que está a quilômetros de você, que pena. Sabe, eu até poderia ter deixado para lá depois de um tempo, mas a sua amiguinha acabou me irritando profundamente naquele dia. Mas nada que não possa ser resolvido agora. –e sorriu vitorioso. Na mesma hora eu senti uma pontada de culpa por tudo que estava acontecendo.

—Você é patético, sabia? –ela disse o olhando com desdém. –Sério mesmo que não consegue aceitar uma rejeição? Tudo que ela fez foi tentar deixar a conversa mais descontraída, porque você tinha criado maior clima ruim me cantando mesmo quando eu disse que já tinha namorado! Entenda isso de uma vez, eu NUNCA ficaria com você! Nem mesmo que você fosse o último animal da Terra! E sim, animal, porque homem com certeza você não é!

—Que gracinha, você presa, sem poder mexer um dedo, e ainda tem coragem de falar essas coisas para mim… –disse Takuya aproximando o seu rosto dela. –Você é exatamente o meu tipo de mulher... –e aproximou ainda mais o rosto. Na mesma hora o Damon saiu do meu lado, abriu a porta e deu um soco no rosto de Takuya antes que ele chegasse mais perto da Yza. Assim que os outros dois garotos viram o olhar de raiva do Damon, soltaram Yza e saíram correndo.

—Yza, você está bem? –Damon perguntou checando os braços dela para ver se os garotos não deixaram marcas vermelhas de apertão neles.

—Estou sim, não se preocupe. –disse Yza sorrindo para Damon e depois olhando para Takuya que ainda estava no chão segurando o local onde levou um soco e olhando surpreso para Damon. –Espero que tenha aprendido a nunca mais mexer com nenhuma de nós! –e saiu da sala junto com o Damon. Nós três fomos andando de volta para o clube e assim que chegamos, Yza desabou em uma das cadeiras e soltou algumas lágrimas.

—Yza! O que aconteceu?! –disse Jenny vindo se sentar ao lado dela.

—Nada, nada. Apenas dei um jeito no Takuya-san de uma vez por todas. –disse Yza secando as lágrimas.

—Ela foi confronta-lo cara a cara e falou várias verdades na cara dele. –Damon disse cruzando os braços ainda com um resto de raiva pelo que viu e ouviu.

—Meu deus! E você não ficou com medo? –Jenny perguntou preocupada a olhando.

—Mu…muito… –disse Yza fungando e ainda tentando parar as poucas lágrimas. –Uns garotos, a mando dele, me seguraram pelos braços e eu não podia me mexer. Se não fosse pelo Damon, nem sei o que teria acontecido.

—Ele teria te beijado e me deixado mais irritado ainda! –Damon disse segurando a ponte do nariz fortemente. –Acho que um soco não foi o suficiente...

—Damon, se acalme, que duvido que ele vá fazer alguma coisa depois de você ter dado um soco nele. –eu disse calmamente, mas ainda me sentindo culpada pelo que aconteceu.

—Assim espero! –disse Damon.

Depois de tudo respondido para todos e as milhares de desculpas que eu dei a Yza e a Jenny por ter escondido o que o Takuya fez, o dia passou, sexta também e o sábado chegou. O dia foi regado de várias garotas dando diversos chocolates para os rapazes e para a Haruhi.

—Vocês não ficam incomodadas de nos verem recebendo chocolates de outras garotas? –perguntaram os gêmeos para mim e Jenny enquanto íamos até o clube.

—Só nos perguntamos como vão comer todos eles, isso sim! –eu e ela dissemos juntas.

—Elas tão incomodadas, mas vocês são anfitriões e são populares com as garotas, então elas se seguram. –disse Yza.

—Como se você também não se segurasse quando vê o Damon ganhando chocolates... –eu disse e Yza suspirou, coçando a cabeça um pouco corada.

—Ah, que bom que todos chegaram! –disse Tamaki assim que abrimos a porta do clube e nos deparamos com centenas de roseiras, repletas de rosas vermelhas com caules longos.

—O que aconteceu com esse lugar?! –Jenny perguntou chocada. –Parece que fomos teletransportados para a mente do Tamaki!

—HAHAHAHAHAHA! –começamos a gargalhar eu e os gêmeos.

—Jenny, essa foi muito boa! –eu disse tentando respirar depois de tanto rir.

—Por que nós não pensamos nisso?! –perguntaram os gêmeos enxugando as lágrimas e tentando parar de rir.

—Eu gostei, parece um mar de rosas, é romântico. –disse Yza sorrindo.

—Olhando por esse lado, realmente é bonito... –eu disse sorrindo de leve.

—E este é o intuito do evento de hoje! Desfrutar um momento com nossos clientes ao cheiro de lindas flores e bons chás! Apreciar as delicadas pétalas das rosas e tentar achar a que é mais bela, mas não mais do que eu! –disse Tamaki pousando dramaticamente.

—Como você aguenta esse egocentrismo dele, Haruhi? –Jenny perguntou a olhando.

—Com o tempo eu acabei me acostumando, mas sabe... –disse Haruhi olhando Tamaki arrumando algumas roseiras e sorriu admirada. –Ele fica lindo assim tão feliz enquanto cuida das flores.

—Parece que cada dia mais você gosta dele.... –disse Yza sorrindo.

—Com o tempo, não tem como não gostar. –disse Haruhi dando de ombros e sorrindo um pouco corada. Depois disso nosso trabalho começou e todos ficaram bastante contentes com a presença das rosas. Recebemos alguns presentes de nossos clientes e acabamos comendo alguns dos doces que nos deram durante o expediente.

—Lety, acabou o café. –Jenny disse assim que ficamos com um tempo livre.

—Deixa que eu preparo mais. –eu disse me levantando.

—Não, deixa que eu faço! –disse Jenny começando a se levantar, mas eu a impedi.

—Você pode ter tirado a tornozeleira, mas isso não quer dizer que seu tornozelo já está cem por cento, então fica ai que eu já volto. –eu disse sorrindo e fui em direção a cozinha. –Café…ué, cadê? –disse e comecei a procurar.

—Está na bancada. –disse alguém atrás de mim e me virei sorrindo.

—Ah sim, tinha esquecido! Obrigada Hikaru. –disse pegando o pote de café e indo prepara-lo. Coloquei água para ferver e quando me virei novamente, ele ainda estava parado me olhando. –O que foi?

—Bo...bom.... –ele começou coçando a cabeça e parecendo sem graça. –Estava me perguntando se iria querer fazer algo amanhã, já que é a primeira vez que vamos comemorar o dia dos namorados e....

—Que tal irmos ao cinema? E depois podemos...ir em algum lugar com todo mundo, tipo um karaokê. O que acha? –eu perguntei sorrindo.

—Achei que iria querer passar o dia só comigo.... –ele disse num tom decepcionado.

—Vai aguentar um dia inteiro longe do Kaoru?! –eu perguntei fingindo espanto e ele me olhou um pouco bravo. Eu ri da sua reação e ele soltou o ar, rindo de leve. –É claro que quero passar o dia só com você! Me pegue amanhã no início da tarde, ok?

—Tudo bem. –ele disse se aproximando de mim e me dando um beijo na bochecha. –Mal posso esperar... –e saiu indo de volta para o clube.

—Ele está se tornando tão ingênuo as vezes... –eu disse para mim mesma sorrindo de leve. –Mas acho que é por isso que continuo me encantando por ele... -coloquei as coisas na bandeja e fui para o clube, mas assim que entrei, senti como se mil pedaços de vidro estivessem entrando dentro de mim.

“-O Hikaru e a Akemi estão…”—eu pensei, mas nem precisei terminar meu raciocínio, pois a cena já estava ali, totalmente visível e.…real. Não sei exatamente o que houve, mas num segundo estava ali olhando aquela cena, e no outro, ouvi a bandeja que eu segurava se espatifando no chão, derramando e quebrando tudo que estava nela, e eu correndo para fora do clube com lágrimas grossas caindo pelos meus olhos. Fui diretamente para o lado de fora da escola ainda correndo, onde acabei esbarrando em alguém e cai no chão, que só no momento percebi que estava molhado por conta da chuva que caia.

—De...desculpa... –disse num tom de choro e quando olho, percebo que tinha batido de frente com Takuya.

—Ora, ora, ora…o que aconteceu, “Lety”? –ele perguntou, falando meu apelido com um tom de nojo.

—Nã...não te interessa... –eu disse tentando enxugar o rosto.

—Eu avisei que você devia ter seguido o que eu mandei.... –ele disse se agachando para ficar na minha altura e eu o olhei. –O que? Acha que eu não sei o porquê desse choro? Provavelmente a Akemi-san fez o combinado direitinho......

—Você é um monstro! –eu gritei chorando mais.

—Se quer que tudo isso pare, basta apenas fazer o que eu mandei. –ele disse calmamente me olhando. –Você quer que suas amigas continuem sofrendo? Quer continuar você mesma sofrendo por um garoto que acabou de beijar outra?

—Pa....pare com isso... –eu disse sussurrando e tentando conter as lágrimas.

—A escolha é sua! Se quer realmente que pare, vá embora daqui de uma vez por todas, você decide –ele disse, se virou e foi embora calmamente. Olhei para as suas costas até desaparece numa curva e me ajoelhei no chão ainda chorando.

—Eu…eu não aguento mais…. –eu disse soluçando. –Eu preciso fazer isso para que ele deixe as meninas em paz.... –engatinhei até uma das paredes da entrada, encostei minhas costas nela e abracei meus joelhos, encostando a testa neles e ainda chorando. –Po…por que o Hikaru não afastou ela? Isso quer dizer que ele gosta dela e não de mim? Não, ele foi pego de surpresa, foi armado. Eu...não posso culpar ele por nada…mas porque…porque eu não consigo parar com essa dor no meu peito, se eu sei que a culpa não é dele?! –e chorei mais ainda de frustração e culpa por tudo que aconteceu essa semana. Assim que ouvi alguém se aproximando rapidamente, me levantei e me escondi atrás de uma árvore, porque não queria que ninguém me visse assim, muito menos a pessoa que passou pela porta da escola.

—Droga! –eu escutei a pessoa gritar e sair para o meio da chuva, a molhando inteira, olhando para os lados. –Eu...sou tão idiota… –disse e pegou o celular discando alguma coisa e colocando no ouvido. Na mesma hora meu celular no bolso do vestido vibrou, mas eu ignorei e continuei olhando a pessoa. –Olha... –ela começou a falar e percebi que devia ter caído na caixa postal. –Eu...sou um grande idiota, né? –disse rindo. –Eu devia saber que a Akemi-san era capaz de algo assim e devia ter a impedido, mas no momento que você apareceu, ela me agarrou e eu fiquei sem reação. –a pessoa segurou forte o telefone e respirou fundo. –Espero que me perdoe.... –e desligou o telefone voltando rapidamente para dentro do prédio.

—Hikaru.... –eu sussurrei surpresa porque vi algo que nunca achei que veria. Ele estava chorando, não na mesma intensidade que eu, mas estava. E foi por conta disso que eu senti o que precisava ser feito e o que me fez tomar uma decisão.

Flashback off

—Espero que todos fiquem bem e que as meninas não sofram mais.... –eu disse olhando para a janela do avião enquanto ele se preparava para levantar voo. Sorri de leve e neguei com a cabeça. –Elas não vão sofrer, são mais fortes do que eu para poder resolver tudo que precisa. E o quanto antes...todos eles virão atrás de mim, porque isso é muito a cara deles. –ri de leve deixando uma lágrima rolar solta e segurando o bem mais precioso para mim naquele momento, um pingente azulado em forma de lua crescente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo meio grandinho, não?
O próximo deve demorar um pouquinho também, mas virá o quanto antes, não se preocupem ^^
Até a próxima :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Intercâmbio no Ouran" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.