Sexta, 24/07/15

–Calor... –disse Jenny deitada no sofá com um leque se abanando.

–Tédio... –respondeu de volta Yza esparramada no chão em frente a um ventilador portátil.

–Gente, eu sei que está quente, mas vocês ficarem falando que tá calor e que estão com tédio não vai adiantar nada. –eu disse sentada no chão em cima do ventilador de teto.

–Nunca imaginei que o Japão seria um país tão quente assim no verão. –disse Jenny.

–E além disso, estamos a duas semanas de férias e não arranjamos nada pra fazer! –disse Yza.

–Achei que ficaríamos juntos do pessoal do clube algumas vezes, mas parece que todo mundo sumiu de vista. –disse Jenny.

–Devem ter viajado para o exterior, eles tem dinheiro pra isso. –eu disse. –Mas mesmo que estejamos quase derretendo todos os dias, estou feliz de estarmos de férias e que ficamos entre os dez melhores da sala, só perdendo pra Haruhi e pros gêmeos.

–E você se sente aliviada de não ter que mais fazer bolos pro Honey-sempai, né? –disse Jenny sorrindo.

–Fora que os bolos ficaram bons. –disse Yza e eu sorri.

–Não tanto quanto os que você faz, é claro. –eu disse e ela apenas olhou pra mim ainda deitada e sorriu um pouco sem graça.

–Bom, cada uma tem um jeito de fazer bolos, mas obrigada pelo elogio. –disse Yza. –Caramba, bem que podia ter um ar condicionado aqui na sala, não?

–Poderia mesmo, mas acho que por conta da casa ser de madeira, não daria certo. Temos sorte de haver um em cada quarto pelo menos. –disse Jenny.

–Pois é, de noite refresca mas ainda fica muito quente. –eu disse me levantando. –Bom, acho que já ficamos paradas demais. Que tal irmos até o mercado aqui perto e comprarmos uns picolés pra gente?

–Tá doida? Sair nesse calor? Desculpa, mas dispenso. –disse Yza.

–Desculpa Lety, mas eu também não consigo sair nesse sol forte. –disse Jenny.

–Parece que esse apelido do clube realmente pegou. Ta bem, eu vou sozinha. –eu disse colocando meu celular e minha carteira no bolso do short. –Já volto molengas. –e fechei a porta antes que uma delas começasse a falar alguma coisa.

Enquanto caminhava, fiquei me perguntando como em poucos meses tudo mudou de repente na minha vida. Antes, eu era apenas uma garota que não era notada por ninguém e só era chamada para fazer algo quando precisavam que eu assumisse minhas responsabilidades como representando de turma e agora tinha viajado para o Japão com minhas amigas e virado uma anfitriã de um dos colégios mais prestigiados do país. Realmente, foi uma mudança muito radical.

–Finalmente cheguei. –disse entrando no supermercado e sendo recebida por um jato de ar gelado que vinha do ar condicionado do estabelecimento. –Agora vamos ver... –disse indo para o local onde os picolés estavam. –Limão pra mim, coco pra Jenny e chocolate pra Yza. –comecei a ir em direção aos caixas, mas parei e voltei para os picolés. –Vou levar um de morango também. Honey-sempai disse que a Haruhi adora morangos, então vai que ela está em casa. –e fui para o caixa pagar.

–Nossa, parece até que o sol ficou mais forte agora. –eu disse saindo do mercado. –Melhor voltar rápido, senão vai derreter tudo. –e comecei a correr. –Ta bem....agora qual é o apartamento dela? –eu disse parada na frente do prédio da Haruhi enquanto tentava recuperar o fôlego.

–Você está procurando alguém? –me perguntou uma pessoa e eu a olhei.

–Bem...na verdade estou tentando descobrir em qual desses apartamentos ela mora. –eu disse para pessoa. –Mas eu nem ao menos sei se está em casa, então deixa pra lá. Obrigada por ter parado pra tentar me ajudar moça. –e sorri sem graça.

–Pelo menos me diga quem você está procurando. Eu moro nesse prédio e conheço todo mundo. –ela me disse sorrindo.

–Mesmo? É pela Haruhi, Fugioka Haruhi. –eu disse e a mulher me olhou surpresa.

–Não é sempre que alguém procura pela minha filha. Fico feliz que ela tenha feito uma amiga. –disse ela mais para si mesma.

–Você é mãe dela?! –eu perguntei surpresa. -Não, não pode ser porque ela tinha dito que a mãe dela faleceu a alguns anos atrás, então você é...

–Sim, sou o pai dela. Pode me chamar de Ranka-san! –ele disse sorrindo. –A Haruhi está em casa agora, então por que você não nos faz uma visita? Vamos, vamos. –e começou a me empurrar em direção as escadas do prédio.

–Só...só um momento! Pelo menos me deixa falar com as pessoas que vivem comigo. –eu disse o impedindo de me empurrar. –Só vai levar um minuto. –disse andando rápido pra casa e abrindo a porta. –Gente, estou indo na casa da Haruhi pra dar o picolé que comprei pra ela, querem vir?

–Lógico! Estou sem fazer nada. –disse Yza levantando do chão e desligando os ventiladores.

–Por que parece que você está toda esbaforida? –me perguntou Jenny e começou a me abanar com o leque.

–É porque eu estou mesmo. Voltei correndo pra cá pros picolés não derreterem... –eu disse.

–E acabou ficando com mais calor ainda por causa disso. –disse Jenny me dando o leque. –Usa ele um pouco e controla sua temperatura.

–Obrigada. Bem, vamos lá. –eu disse e saímos de casa, a fechamos e fomos de encontro a Ranka-san. –Gente, esse aqui é o Ranka-san, o pai da Haruhi.

–Sério?! Mas ele ta vestido de mulher! –disseram Jenny e Yza juntas.

–A delicadeza passou longe aqui... –eu disse baixinho e elas ficaram sem graça.

–Desculpa, é um prazer Ranka-san. Eu sou Jenny e ela é a Yza. –disse Jenny.

–Desculpa também, muito prazer em conhecê-lo. –disse Yza.

–Nossa, acho que sou mesmo avoada, nem me apresentei! Eu sou a Letícia, mas agora todos me chamam de Lety. –eu disse.

–Ah, então vocês são as novas anfitriãs do Host Club! –disse Ranka-san batendo as mãos entusiasmado.

–A Haruhi já falou da gente pra você? –Yza perguntou.

–Não, não... –disse ele começando a subir as escadas do prédio e nós o seguimos. –Kyoya-san que me disse.

–Kyoya?! Por que?! –eu e Jenny perguntamos chocadas.

–Ele sempre me mantem informado das coisas que acontecem no clube, coisa que o Tamaki-san nunca faz mesmo sendo o presidente do clube, aquele idiota... –disse Ranka-san enquanto abria a porta de casa. –Haruhi! Cheguei! E suas amigas estão aqui!

–Papai, do que é que.... –disse Haruhi vindo da cozinha e olhou para nós. –Ué, o que estão fazendo aqui? Vocês não iam voltar pro Brasil?

–Nós nunca dizemos que voltaríamos pra lá nas férias. –disse Yza olhando estranho pra Haruhi.

–Sim, mas achei que vocês aproveitariam as férias de verão para poder ver seus amigos e suas famílias. –disse Haruhi.

–E perder o que acontece de diferente aqui? De jeito nenhum. –disse Jenny.

–Se bem que até agora a gente não fez nada a não ser ficar em casa. –eu disse.

–Bom, se eu soubesse que vocês ainda estavam aí, teria chamado vocês pra fazer alguma coisa. –disse Haruhi. –Prefiro fazer algo com vocês à com aqueles riquinhos malditos que sempre querem ir a lugares exagerados. Principalmente o Tamaki-sempai.

–Já sei! –disse Ranka-san de repente. –Por que vocês não fazem uma noite das meninas?

–Noite das meninas? –nós quatro perguntamos juntas.

–Tipo uma festa do pijama ou algo assim? –Jenny perguntou.

–Sim, exatamente isso! –disse Ranka-san.

–Já não somos velhas demais pra essas coisas? –perguntou Haruhi.

–Ah, deve ser divertido. Pelo menos assim vamos fazer alguma coisa! –disse Yza.

–Por esse lado você tem razão... –disse Haruhi enquanto pensava. –Tudo bem, acho que vai ser interessante.

–Também estou de acordo. –eu e Jenny dissemos juntas.

–Nossa, vocês duas falaram juntas que nem os gêmeos! Realmente foi como o Kyoya-san disse! –disse Ranka-san sorrindo. –Haruhi, é tão bom que agora você tenha amigas do que só os rapazes....MINHA HARUHI ESTÁ CRESCENDO TÃO RÁPIDO! –e abraçou Haruhi.

–Ei, ele não parece bastante com o Tamaki nessa coisa de pai coruja? –perguntou Jenny.

–Totalmente, são iguaizinhos. –disse Yza.

–Ei que tal agora a gente... –eu ia dizendo quando vi o estado em que estavam os picolés. –De..derreteram....

–Ah, que pena Lety-san! –disse Ranka-san.

–Pois é…. –eu disse cabisbaixa. –E eu tinha comprado o sabor favorito de cada uma...

–Não fica assim Lety, era apenas picolé. –disse Jenny tentando me animar.

–Eu sei, mas eu queria mesmo ter tomado com vocês... –eu disse.

–Por que apenas não vão até o mercado e compram mais? –Ranka-san perguntou.

–E é isso mesmo que vamos fazer! –disse Yza pegando meu braço e me puxando. –Não adianta chorar pelo sorvete derretido, vamos conseguir outros!

–Podemos até comprar uns melhores. –disse Jenny sorrindo pra mim.

–Por isso, não precisa ficar triste. –disse Haruhi.

–Ta bem, vamos lá! –eu disse e nós quatro começamos a andar de volta para o mercado.