Futuro Infinito - Busca Pessoal escrita por Resgate


Capítulo 2
Invasão


Notas iniciais do capítulo

Como um USB invade o sistema de uma empresa, usando uma porta de acesso no 13° Andar? Descubra agora!



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Não havia sensação igual àquela.

Era quase um mantra que passava pela mente de Junho, no exato segundo em que suas cyber-pernas o impulsionavam, do local onde estava, para o primeiro passo de seu Percurso.

Seu corpo era inundado pela sensação de liberdade plena, como se nada mais existisse no mundo, como se ele pudesse voar de verdade, assim como vários dos heróis dos quais ele já havia visto nos holojornais.

Graças às solas de poliespuma antimpacto, seus pés tocaram o chão metálico da passarela sem que nenhum som fosse ouvido, evitando assim as patrulhas do Olho Público, mesmo que quase todas as unidades do Décimo Terceiro Andar estivessem ocupadas.

Ao longe era possível ver uma coluna de fumaça negra subindo na direção dos Andares Superiores, mas o rapaz sabia que os sistemas purificadores seriam acionados antes que qualquer partícula de sujeira chegasse perto da Cobertura.

Ele então correu, muito mais rápido que um humano sem aprimoramentos, saltando na direção de um poste de energia, comumente usado para abastecer carros nos demais andares, quicando na direção de uma das proteções laterais de uma passarela.

Um erro e ele teria de enfrentar uma queda de quase duzentos metros, até se espatifar num dos andares inferiores e ser literalmente raspado do chão por um dos robôs de limpeza.

Tal perigo parecia não importar, conforme ele avançava, quase nunca colocando os pés no chão e, quando o fazia, não ultrapassava a janela de três minutos, tempo necessário para localizá-lo, identificá-lo e destacar toda uma infantaria do Globo Ocular para prendê-lo.

Isso acabaria com seu planos.

Poucos metros o separavam da porta de acesso da Anticorpos S.A., empresa responsável pelo sistema de segurança do Globo Ocular, sendo essa a versão oficial a respeito dos serviços prestados.

A verdade era outra.

Mikaell deixou a cama que dividia com Junho em uma noite sem deixar sequer uma nota pela rede, fazendo com que seu companheiro passasse mais de uma semana correndo pelos locais que ambos costumavam frequentar.

A casa de Chapa era o último lugar onde ele queria encontrar alguém, um antro criado dentro dos restos de um antigo caminhão, abandonado no Porão, onde viciados nos piores e mais baratos tipos de droga se reuniam.

Foi uma verdadeira batalha tirar seu amor do poço de lama onde estava chafurdando, onde ficaria até morrer à míngua, como era costume entre a maioria dos clientes de Chapa.

Os mercadores de órgãos do mercado negro, assim como os já extintos urubus, sempre estavam por lá para recolher as carniças dos viciados, tentando aproveitar algum pulmão, coração ou algo que ainda funcionasse e que pudesse ser vendido a um preço exorbitante.

Junho mal conseguiu conter o horror quando, ao virar uma esquina tomada pelo lixo, viu o local todo ardendo em chamas, com corpos de vários clientes de Chapa espalhados, muitos em pedaços.

Com os olhos cheios d´água, ele começou a procurar por alguma identificação de se companheiro e foi com um alívio imensurável que não encontrou nada, mas ao menos uma pista ele conseguiu.

O próprio Chapa, com um rombo imenso na barriga e se afogando no próprio sangue, conseguiu dizer apenas um nome:

- Anticorpos S.A. - e após um suspiro agonizante ele morreu.

Foram semanas seguidas de profunda pesquisa e upgrade de seus cybermembros, como nunca fizera antes, em nenhum dos trabalhos de invasão que havia aceitado até então.

Aquele seria pessoal.

Junho subiu em uma parede de metal até alcançar seu topo e de lá pulou para o alto de um poste, segurando com as duas mãos, cujas palmas de borracha antiderrapante impediram que ele escorregasse, conseguindo assim impulso mais que suficiente para atingir seu objetivo.

Ele ampliou a aderência natural das mãos e pés, criando pequenos campos magnéticos que o mantiverem grudado na parede da face norte do prédio da empresa.

Logo em seguida andou como uma verdadeira aranha, chegando rapidamente na área que sua pesquisa indicou como sendo o acesso que precisava para invadir os sistemas da Anticorpos.

Um painel de plastimetal deslizou para o lado esquerdo, assim que Junho usara algumas de suas gazuas eletrônicas, finos palitos de dentes como seu pai adotivo chamava os aparelhos.

Sem hesitação ele se lançou para dentro do edifício, mergulhando numa Câmara de Infusão, a típica sala com formato oval, onde um usuário podia literalmente mergulhar num fluxo de informações.

Assim que seu pés tocaram o solo, imediatamente várias telas, comandos e interfaces holográficas surgiram ao redor do USB e sem perder tempo ele começou a manipulá-las.

Rapidamente informações inúteis, a gordura do sistema foi devidamente deixada de lado, conforme sua invasão ia cavando cada vez mais fundo e sua intuição pareceu ter ligados todos seus alarmes internos quando ele se deparou com um cubo de brilho avermelhado.

Criptografia nível Estige... ele se relembrava das lendas, contadas por Aldebaran, a respeito de sistemas de proteção tão avançados que receberam o nome do mítico rio dos mortos.

Ao focar totalmente na tarefa que surgia, Junho não reparou num outro brilho avermelhado que começava a piscar numa área mais afastada da câmara, na altura de seus pés e totalmente oculta por uma série de telas.

Longe dali, quando finalmente o cubo e seus segredos se desfraldavam diante de um embasbacado invasor, algo que lembrava os antigos sarcófagos abria suas portas.

O arauto da morte despertava.

Conclui a seguir.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem de mais esse capítulo. Essa mini já está finalizada e semana que vem o capítulo final será postado.
Espero que gostem e comentem! Façam um escritor feliz.



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