Futuro Infinito - Busca Pessoal escrita por Resgate


Capítulo 1
Tiro de Largada


Notas iniciais do capítulo

Conheçam Junho, um dos melhores USBs de 2.089.
Mas o que diabos é um USB?
Descubra das próximas linhas



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O ano é 2.089.

As megalópoles erguem-se cerca de quinhentos metros acima do solo, com aparelhos de limpeza e controle de esgoto servindo de teto para as antigas cidades, uma lembrança contínua da miséria destinada a quem ficou para trás.

Quem ficou no Porão.

Seguindo uma complexa pirâmide social, numa espiral crescente, a cada duzentos metros uma área populacional recebe o nome de Andar, numa escalada de dinheiro e influência até alcançar o topo da cadeia, a Cobertura.

Existe um Andar diferente de todos os demais, onde o acesso ao público é vetado, tanto para transeuntes quanto para veículos de qualquer tipo, exceto os do Globo Ocular, a polícia privatizada.

O Décimo Terceiro Andar.

Uma superstição antiga, iniciada séculos atrás, ligava esse número a desgraças e sinais de mau agouro, por isso arquitetos antigos evitavam, sempre que possível, incluir tal andar nos prédios que eles construíam.

Conforme a megalópole de Goya, erguida sobre a região ocupada por Goiás e arredores, foi sendo construída acabou seguindo o padrão usado no restante do país, deixando o Décimo Terceiro Andar totalmente oculto da maioria da população.

Nada de superstição havia nessa decisão, mas na verdade não só a direção da Futuro S.A, bem como lideranças de várias outras empresas aproveitaram para instalar nesse Andar seus centros de informação, onde poderiam guardar seus maiores segredos em segurança.

Durante muitos anos foi assim, mas em 2.085 foi reunido um grupo de hackers que, a princípio, viram uma oportunidade de lucro, conseguindo acessar tais informações e vendendo-as pelo melhor preço.

Eles assumiram o nome de Acesso.

Os USB, como os membros começaram a se chamar depois de algumas brincadeiras em suas reuniões, sempre conseguiam se infiltrar no Andar Proibido usando habilidades de um esporte a muito esquecido, além de aprimoramentos corporais diversos.

Raros eram os USB que não tinham, ao menos, um dos membros trocados por outro cibernético.

- Tá pronto garoto? - a voz soava robótica aos ouvidos de Junho, que se mantinha ajoelhado e envolto pelas sombras de uma aresta da lateral da impressionante sede da empresa de brinquedos Pequena Estrela. - Como estão os apêndices? Já fez a verificação tripla?

Pequenos chiados ecoaram pelo Andar vazio, fazendo com que o rapaz olhasse nervoso ao seu redor, enquanto continuava a apertar alguns painéis localizados nas canelas, fazendo com que filamentos brancos brilhassem energizando assim seus cyber-membros.

Ele tocou um aparelho localizado na base do pescoço, fechou os olhos e enviou uma mensagem metal criptografada para seu interlocutor Tudo no esquema da pressão... Não esquece de ligar o cronometro... Hoje bato um recorde. Junho desligando.

Ao toque de um controle no pulso esquerdo dois visores de tecido plexiglass criaram lentes avermelhadas sobre seus olhos, usando em seguida a tecnologia devidamente projetada para evitar possíveis reconhecimentos caso ele tivesse alguma imagem gravada.

Como de praxe, antes de entrar em ação ele fechava os olhos e lembrava de como havia entrado naquela vida.

Órfão logo cedo, o rapaz fora recolhido das ruas do Porão, a antiga cidade de Goiás, por um dos melhores do Acesso que o criou como um filho e logo o incluiu nas atividades do grupo.

Ele demonstrava uma habilidade natural para o Parkour, que seu pai adotivo havia visto in loco nas ruas cheias de detritos e outros obstáculos naturais, quando o menino, na ápoca com cerca de dez anos, conseguiu deixar para trás um grupo de bandidos e seus cães, conseguindo chegar no orfanato onde vivia com um grande saco de provisões.

Infelizmente o garoto era conhecido no bairro e não demorou para ser localizado, o que resultou um terrível incêndio que matou não apenas todas as crianças que viviam lá, mas também os demais funcionários que, em pouco tempo, haviam se tornado a família que Junho nunca tivera.

Desolado e encurralado ele também teria morrido se não fosse Aldebaran.

O chefe dos criminosos acreditava que não seria necessário mais do que três capangas para dar fim a um garoto, facilitando assim a vida do USB que, após poucos e precisos movimentos deixou os bandidos caídos numa ruela escura, enquanto levava nos braços um jovem que não conseguia parar de chorar.

Naquela noite Junho deixou o Porão para trás e deu início a um novo capítulo de sua vida.

Sempre antes de um Percurso, o nome dado ao momento em que os USBs entravam em ação, o rapaz, agora com dezessete anos, se lembrava do passado, mas se mantinha alerta, olhando com firmeza para o futuro.

Após coçar levemente o alto da cabeça, ajeitando os cabelos rebeldes que ele nunca conseguia manter devidamente alinhados, Junho empertigou o corpo, respirou profundamente e soltou o ar com sofreguidão, antevendo a adrenalina do momento em que o tiro de largada fosse dado.

Algumas quadras dali, uma explosão se fez ouvida, atraindo todo o sistema de policiamento do Globo Ocular.

O sinal foi dado.

E Junho saltou.


Continua.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez obrigado por dar uma chance e conhecer mais uma história desse universo que estou criando.
Não seja tímido e faça um escritor feliz comentando.



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