Sobre Humanos e Deuses - Ragnarök escrita por S Laufeyson


Capítulo 4
Capítulo 3 - Resistência


Notas iniciais do capítulo

E aí gente, voltamos? Voltamoooooos!! E é para ficar dessa vez!

Finalmente finalizei aquilo que me tirava a maior parte do tempo e a faculdade está de recesso por conta da pandemia. Sendo assim, sobra tempo para que a gente escreva. Não é? E Loki tem buzinado bastante em meu ouvido ultimamente. Como uma boa "serva" vamos fazer o que o deus da trapaça manda. De joelhos todos então.. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...



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A reconquista dos reinos acabou não sendo algo tão fácil como Loki previra. Os Badoon fizeram questão de deixar claro que quando entravam em uma luta, não aceitavam a derrota facilmente. A realidade era que raramente perdiam. Quando se sentiam encurralados, sempre tinham um truque nas mangas, que os ajudava a reverter a situação. Aquele trunfo o trapaceiro não previu.

Em cada terra conquistada, escondidos em cavernas e buracos no chão, aquelas criaturas deixaram uma carga para trás e era exatamente ela a causadora dos problemas de Loki. De dentro daquelas naves, começaram a sair incontáveis criaturas robóticas. Alguns comandados por Badoons, outros com inteligência própria e ainda, alguns controlados a distância por naves.

Aquele contra-ataque forçou a retirada de todos os soldados, que já estavam lutando por Jotunheim, e os fizeram retornar ao ponto de partida: Asgard.

Os gritos dos homens feridos eram quase ensurdecedores para Roxie. O cheiro de morte era forte e a agonia naquela sala fez com que a ruiva entrasse em uma crise de choro forte o suficiente para beirar o desespero. Na retirada, ela havia sido ferida no ombro e na testa e essa era a razão de estar ali. Permanecia sentada em uma das macas do fundo.

Uma jovem, não aparentando ter muito mais do que vinte anos, aproximou-se dela e lhe fez uma reverência. Usava uma roupa de cor azul e um avental cinza. Estava claro que era uma curandeira.

— Posso ver o seu ferimento, princesa? — pediu com sua voz extremamente doce.

— Tem soldados em pior estado que eu. Pode ir até eles — mandou. A menina fez que sim com a cabeça e a deixou só.

— Se continuar recusando ajuda, nunca vai se curar — a ruiva ouviu a voz do deus e olhou para ele com os olhos repletos de lágrimas. Loki aproximou-se, com uma postura firme, e parou diante dela. A mulher abaixou a cabeça quando mais lágrimas lhe tomavam os olhos. A cena das últimas horas de guerra não deixava sua cabeça. Os robôs marchando em direção aos soldados, homens gritando em completo desespero e sua amiga caindo agonizando em seus braços.

Axe era, de todas as "Seis", a mais amiga de Sigyn, depois de Sif é claro, e não merecia a morte que teve. Ela salvou Roxie. Morreu em seu lugar.

Os cabelos loiros estavam escarlates, tal qual o sangue que corria e formava uma poça embaixo de sua cabeça. Os olhos cinza focados na princesa enquanto mexia a boca para falar alguma coisa, mas sem sucesso. Aquela imagem nunca sairia de sua mente. Depois a tentativa falha de respirar e o barulho forte que seu pulmão fazia, até que a vida lhe foi arrancada.

— Ela morreu, Loki — falou enquanto voltava a chorar compulsivamente. O deus a puxou para perto, aninhando-a em seu peito e acariciando os cabelos vermelhos. — Aquela lança era para mim e ela não deixou. Ela não deixou.

— Não chora mais — mandou o deus e a afastou gentilmente. Enxugando as bochechas dela com as mãos.

— Midgard não vai aguentar isso. Não vai suportar esses ataques. Nós temos que ir ajudar.

— Nós vamos, mas tenho outra prioridade no momento — ele pegou uma bacia com água, que estava ao lado de Roxie, e uma toalha limpa. Mergulhou-a na água e começou a lavar o ferimento na testa da deusa. Além de limpar a fuligem que grudou em sua pele. A mulher fez uma careta quando o pano bateu bem em cima do corte. Loki contraiu os lábios e franziu o cenho. Não queria causa mais dor. Pegou um pouco de pomada, que estava em uma bandeja, e passou sobre a ferida que tomou um aspecto limpo no instante seguinte. Não parecia que havia sido feito há poucas horas e sim que já estava quase cicatrizada. Também passou um pouco no lugar roxo, que estava no ombro da deusa. Rapidamente o hematoma desapareceu. — Vem, vamos embora daqui — a chamou e ela desceu da cama.

Loki a envolveu em um abraço, enquanto a tirava daquela enfermaria. Antes que pudessem sair do local, Sif apareceu andando rápido e parou de frente para a princesa. Tentou manter-se firme, mas não escondia os olhos repletos de lágrimas. Roxie a abraçou e voltou a chorar. Loki afastou-se um pouco das duas, dando a elas um momento para lamentar a morte da amiga.

Sif permanecia abraçada a ruiva, até olhar para dentro da enfermaria e reparar que havia um homem deitado em uma maca. A morena pareceu ver um fantasma enquanto se afastava de Roxie e seguia na direção dele. A princesa queria saber o que fez com que a Deusa da Guerra ficasse naquele estado e a resposta para aquela pergunta era bem simples: Haldorr, o seu noivo.

Roxie lembrava-se de como ele havia desaparecido. Houve uma guerra, séculos antes daquela contra os Badoon, onde muitas mortes aconteceram. Sif era apenas uma garota na época, tinha pouco mais de vinte anos e havia acabado de noivar com Haldorr, um dos bravos guerreiros do exército dourado. Depois de alguns dias em guerra, chegou a notícia de que ele havia morrido em batalha. Aquilo devastou a Deusa da Guerra por séculos, até que o amor por Thor a confortou, embora nunca tivesse sido correspondida.

Haldorr havia sido declarado morto, mas não houve corpo para ser homenageado. Durante todos aqueles anos, Sif acreditou mesmo que esse foi o destino de seu noivo, até que o deus reapareceu. Deitado naquela maca, com um ferimento grave no abdômen.

Deixou o corpo cair ao seu lado e lá ficou, observando estática os detalhes de seu rosto. Parecia petrificada até que ele abriu os olhos e virou a cabeça em sua direção. Um sorriso apareceu apagado antes que erguesse uma de suas mãos e alisasse as bochechas da deusa, que chorava baixo.

— Eu sabia que você era real — seus lábios pronunciaram aquelas palavras com muita dificuldade, antes que ele desmaiasse outra vez.

...

— Quantos soldados perdemos? — perguntou a ruiva. Estava encostada a uma das pilastras da sala de reunião.

— Setecentos e vinte e três homens — respondeu Loki. O deus estava vendo uma projeção da Yggdrasil. Haviam pontos vermelhos, na árvore, onde já se encontravam os robôs do inimigo. Vanaheim, infelizmente, também caiu diante das forças daquela raça e aquilo preocupava imensamente o trapaceiro. Aquele reino era o mais próximo de Asgard. Ficava evidente que eles estavam vulneráveis.

— Não há um jeito de evitar que eles avancem. Nossos homens não são fortes o suficiente para lutar com maquinas. É impossível — comentou Sif. A reunião era a portas fechadas. Apenas os príncipes, a princesa e a Deusa da Guerra.

— Há um jeito — retrucou Roxie. —, mas temos que ir a Midgard.

— Estava pensando nisso, nesse exato momento. Midgard é o único reino que tem mostrado uma resistência incomum ao ataque. Os robôs, mesmo invadindo, não conseguiram dominar. Há alguma coisa lá — Loki comentou aproximando-se da ruiva.

— Não alguma coisa. Há alguém.

— Quem? — perguntou Thor, que até aquele momento apenas escutava as informações.

— Stark — respondeu a ruiva e Loki a encarou. — Quando trabalhei para a empresa dele, tive acesso a armas e protótipos. Um deles era de um P.E.M. capaz de desativar todas as maquinas em um raio de quinhentos quilômetros. Deve ser isso que eles têm usado para mantê-las longe. Tenho certeza que Tony não nos negaria esse pedido.

— Teremos que ir a Midgard então — concluiu o loiro.

— Vocês podem ir. Eu vou ficar e cuidar do Haldorr. Agora que ele saiu da enfermaria, precisa de alguém em tempo integral. Não se lembra de nada antes da guerra — Sif respondeu de imediato. — Aproveito e ajudo no exército que ficar.

— Não levaremos ninguém. Seremos só nós três — concluiu Loki e Roxie riu baixo. Lembrou-se do apelido que o Homem de Ferro deu a eles. Os Deuses Superpoderosos. Sentiu saudades de ser parte daquela equipe.

— Partiremos o mais rápido possível então — concordou Thor. — Vou apenas me despedir de meu filho e me certificar que ele fique bem enquanto eu estiver fora — desde a morte de Jane, o Deus do Trovão apegou-se demais ao menino, que já estava próximo de fazer três anos.

— Não se preocupe com Uller. Posso ficar de olho nele também — Sif falou enquanto sorria. Havia confessado a Roxie que parecia estar vivendo uma confusão sem limites. Ela ainda amava Thor, mas depois que Haldorr voltou para sua vida, ela não sabia mais o que fazer. Estava dividida e dizia que era a pior coisa do mundo.

— Agradeço, Sif — falou o loiro e acenou rapidamente para Roxie e para Loki, deixando a sala em seguida. A Deusa da Guerra também cumprimentou rapidamente a todos e deixou a sala, ficando apenas Roxie e Loki.

— Os seus amigos me proibiram de voltar lá — Loki comentou aproximando-se e Roxie ergueu uma sobrancelha.

— E desde quando você faz o que te mandam? — perguntou com um sorriso brincando nos lábios.

— Você tem razão — ele respondeu em escárnio. Colocou uma mecha do cabelo da ruiva para trás de sua orelha.

— Eu vou somente pegar algumas armas e podemos partir — Roxie deu um beijo rápido em Loki, antes de seguir para a saída.

...

A luz dissipou-se no instante em que os pés tocaram o terraço da Torre Stark. O imponente prédio se encontrava em Midtown Manhattan e de lá de cima podia-se ver toda a cidade. Ao contrário do que acontecia nos outros reinos, Midgard parecia tranquila.

Thor não perdeu tempo, porque assim que se viu no local, já seguiu para a entrada de vidro do lugar.

— Bem-vindo, Sr. Thor — J.A.R.V.I.S o saudou no momento seguinte. — Já comuniquei a sua chegada ao Sr. Stark. Ele estará aqui em um minuto.

— Obrigado, seja lá quem for — respondeu o deus e Roxie prendeu o sorriso, antes de entrar.

— Senhorita Monroe. É um prazer revê-la.

— Digo o mesmo J.A.R.V.I.S. — respondeu animada. — Já faz um bom tempo.

— Sim, bastante — concluiu o programa. — Seja também bem-vindo, Sr. Loki.

— Não, ele não é bem-vindo — Tony apontou para o deus, fazendo o som de metal ecoar pela sala. Havia acabado de pousar do lado de fora da torre e saia caminhando pela plataforma, enquanto a armadura era removida de seu corpo. — Força do hábito — desceu os degraus que restava e abriu os braços. — Você sim é bem-vinda, Florzinha — envolveu Roxie neles e olhou para Thor. — Você também, Lindinha. Mas Docinho aqui...

— Eu não sou seu docinho. — Loki rebateu com uma expressão entre a indignação e a dúvida.

— Graças aos céus! — Tony ironizou antes que Roxie pudesse intervir.

— Não é isso — tentou esclarecer encarando o deus da trapaça. — Longa história — a ruiva comentou. Então virou-se para Tony outra vez antes que o assunto se alongasse e seu sorriso se expandiu. — Onde estão os outros?

— Na S.H.I.E.L.D, provavelmente — Tony seguiu para o seu bar. Serviu alguns copos com whisky e retornou para próximo do grupo. Entregando um para Roxie e um para Thor. Olhou para Loki e bebeu do último copo que estava em suas mãos. — Você não merece, Rena — o deus revirou os olhos demonstrando impaciência. — Isso aqui virou uma loucura nos últimos meses e até é bom, vez ou outra, para esquentar as coisas. O problema é que nem sequer descansamos. Houve o ataque do Loki, logo em seguida veio a Víbora e três meses depois começou essa loucura. Até os heróis merecem folga — Tony respondeu depois de mais um gole na bebida. — Mas não vieram aqui para reivindicar o descanso remunerado.

— Precisamos de ajuda — pediu a ruiva, aproximando-se de Loki. — E só posso contar com você, Tony.

— Por essa eu não esperava — o Homem de Ferro sorriu.

— Os robôs estão em todos os lugares e Midgard é o único reino que permanece inabalável — Loki comentou olhando para o cientista.

— Eu sei que as Indústrias Stark trabalhavam com um protótipo de P.E.M. e sei que conseguiram fazer em grande escala. Precisamos disso — concluiu Roxie.

— Estávamos liderando uma investida contra eles, até que apareceu essas coisas metálicas. Nos pegou desprevenidos — comentou Thor colocando o copo vazio em cima da mesinha.

O homem de ferro respirou fundo e colocou seu copo ao lado do dele. Pegando o celular em seguida.

— De quantos precisam? — perguntou.

— De todos que puder arranjar — respondeu a ruiva. Tony discou um número e esperou. Poderia pedir para J.A.R.V.I.S. fazer isso, mas sendo ele mesmo a falar, os funcionários da sua empresa providenciariam tudo com a maior velocidade.

— Quero cinquenta caixas de P.E.M. em vinte minutos no terraço — desligou. Caminhou até o sofá e pegou um aparelho pequeno, do meio das almofadas. — É isso aqui e não deixem a Pepper saber onde ele estava. Se ela souber que ando espalhando essas coisas por aí vai ficar chateada. Anda reclamando demais da bagunça na casa. Cada caixa contém quinhentos deles. Acho que deve dar.

— Insignificante. Achei que fosse maior — respondeu Loki.

— Pode parecer insignificante, mas faz um estrago gigante — entregou o objeto para a ruiva. — Acredite a destruição que ele causa consegue ser maior que sua brincadeirinha em Nova York, Rena.

— Faz esse estrago todo é? — devolveu a pergunta com um jeito maldoso, olhando com atenção redobrada para o objeto. O pegou das mãos de Roxie, girando entre os dedos longos. — Interessante.

Tony rapidamente o puxou de suas mãos, deixando que o deus visse um olhar reprovador. Loki sorriu maliciosamente.

— Posso te fazer uma pergunta, meu amigo? — Thor colocou o martelo em cima da mesinha de centro. Stark olhou para ele por um tempo. A mesa era digna?

— Você acabou de fazer, mas continue.

— Se esse tal de P.E.M desativa robôs, porque não desativa a sua armadura?

— Eu não seria um gênio se criasse uma arma, em uma frequência, que pudesse ser usada contra mim, não é mesmo? — a pergunta era retórica. — A armadura é feita com duas camadas de ferro e no centro uma de alumínio — olhou para o aparelho em suas mãos — Ou seja, essa belezinha apaga tudo num raio de cem quilômetros, exceto eu.

— Muito esperto — Roxie comentou com um sorriso. Tony piscou para ela.

A conversa continuou com breves notícias sobre a resistência humana aos Badoon, até que um dos funcionários viesse avisar que o carregamento já estava no local indicado, no terraço.

Os quatro subiram até lá, parando exatamente onde ficou a marca da Bifrost.

— Vocês me devem por isso aqui. Eu vou cobrar.

— Manda a conta que eu pago — A ruiva respondeu.

— Eu estava pensando em pagamentos com visitas frequentes. Só não traga a rena da próxima vez.

— Tony...

— Força do hábito — respondeu sorrindo.

— Manda lembranças aos outros e a Sharon. Diz que quando tudo isso estiver terminado, eu venho fazer uma visita — Roxie pediu.

— Direi — O homem de ferro cruzou os braços.

— Heimdall, quando quiser — mandou Thor. A luz os atingiu, dando tempo apenas de Roxie ver Treze chegar correndo, ao lado de Steve. Não tiveram como se falar, mas o importante foi que a ruiva conseguiu ver o sorriso no rosto da bisneta e o carinho que o Capitão a tratou. Aquilo foi o suficiente. Retornou a Asgard com o coração cheio de alegria e com a sensação de missão cumprida, mesmo percebendo o ataque que já se iniciava pelas ruas douradas.  

 


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Notas finais do capítulo

Enfim, perdão por esse tanto de tempo sem atualizar, mas agora vai ser regularmente. Se não de semana em semana, vai ser de quinze em quinze. Okay?

Bem, era isso que eu tinha para dizer...

Um xero enorme para vocês e até o próximo capítulo!

Flávia

30/10/2020



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