O inverno havia chegado e com ela mais lembranças teimavam em surgir na mente do moreno, seu irmão estava com 18 anos, se tornara um rapaz forte e habilidoso. Sempre foi obediente aos pedidos do mais velho. Quando Eisidici estava fora do vilarejo, na tentativa de vender uns sacos de grãos para colheita. Kars estava preparando um cozido para a noite, logo ele nota algo estranho escorrer por entre suas pernas. Algo quente. Ele coloca a mão lá e vê que era sangue, este se desespera e começa a chorar, não sabia do que se tratara. Este sai da casa e vai atrás de uma senhora que sempre costumava passar lá , ela foi mãe de leite de Eisidici.

A nobre senhora de longos cabelos grisalhos se depara com um Kars na porta atônito e pálido.

– Kars!! o que aconteceu?

–eu..eu..não sei, mas..estou perdendo..sangue.

–Quando ela viu do que se tratava, ela pegou uma manta e o cobriu e o trouxe para dentro de um comodo. O moreno estava nervoso.

– Tudo bem, isso não é nada grave.

–Como nada?Isso é sangue, eu estou morrendo?

_não.- ela sorri. Se acalme eu irei te preparar um chá de ervas, para que normalize o fluxo de sangue, sente alguma dor?

– humm. Não.

certo, muito bem, vem sente se aqui , aqui tem uma bacia com água, limpe-se, enquanto isso estarei aqui ao lado caso precise e Eisidici estar em casa?

–Ah não, ele saiu para caçar.

– Entendo.- ela então sai para pegar umas sementes de pimenta do reino, que serviria muito bem para dor caso tenha mais pra frente .

Kars se sentia envergonhado com aquela situação, não sabia o que era, mas na certa a velha senhora lhe explicaria.

Quando todo o nervosismo passou, Milanya a nobre senhora que ajudou -o, levou ate sua casa.

– Kars enquanto você estiver perdendo sangue jamais ponha os pés para fora, teu corpo é porta de entrada para os espíritos ruins. Apenas tenta repousar um pouco e continue a beber o chá que lhe fiz, peça a Eisidici lhe fazer algum cozido de peixe e papa de milho, lhe fará bem.

– Tudo bem eu farei.

Já era tardinha e Eisidici estava em casa, quando ouve a voz de Kars, ele sai até a porta.

– Kars!!! - ele vai até seu encontro . - O que houve?

– Me desculpe, eu tive um problema. Mas a senhora Milanya me ajudou.- A velha deixou Kars entrar primeiro na casa, quando viu que já estava dentro,puxou o jovem loiro pelo braço.

– Meu filho sua ''irmã'', menstruou. Ela chegou assustada em casa. A mãe de vocês nunca a avisou sobre estas coisas?

–Que?? Ahh..bem..creio que não. Kars mal fala disso. - o mais novo fica sem jeito.

– Certo certo, veja só, ajude-a como puder. Não deixa ela sair, seu corpo estar propenso a qualquer tipo de impureza. Pobre menina.

Eisidici fica sem o que falar depois daquelas palavras, porque todos acham que Kars é uma menina? Tudo bem que sua aparência lembra um pouco de uma jovem , mas notava se que sua voz era grave. A velha volta para sua cabana.

Certa noite após o moreno ter parado a perda de sangue, todos na aldeia já adormeciam, Kars sempre era o ultimo a dormir, porque ele costumava desamarrar sua cabeça e ficava distante do irmão. Eisidici havia se levantado para tomar um ar, tomado por uma curiosidade ou preocupação, ele vai dar uma olhada no seu irmão ver se estava tudo bem. Ele jamais havia o visto sem as amarras, pois o moreno nunca o deixava ver. Quando se aproxima mais para perto do irmão, ele nota os chifres em sua cabeça e fica estatístico. Kars sente-o próximo de si e abre os olhos no extinto, quando vê seu irmão o olhando fixamente, ele automaticamente coloca suas duas mãos sobre a cabeça com os olhos arregalados.

O que é isso? Porque…- calmamente ele aponta para sua fronte.

– Eisidici!!

O loiro se agacha na sua frente e toma suas mãos sobre as suas, para desespero de Kars.

– deixe me ver , porque escondia isso de mim? Não tenha medo.

–Não.- ele vira o rosto para o lado.- eu nasci com isso.

– Olha pra mim por favor, de que tem medo Kars?

– ….

–Eu sou teu irmão e quero que me contes.

Kars o olha com tristeza e abaixa sua cabeça pensativo.

– Eisidici nossa mãe me achou nas águas ainda bebê.

– Que?- sua voz mal sai.

– eu fui criado por teus pais, eu não nasci do ventre de mamãe Ianadar, que infelizmente você não pôde conhecer-la. Mamãe contou-me que o feiticeiro da nossa aldeia lhe revelou algumas coisas. Que eu seria diferente e era especial, eu nunca entendi muito bem isso. Sempre escondi esta marca em mim, deve ser de origem de minha família.

– Porque nunca que me contou estas coisas Kars?

–Eu temi que você me odiasse irmão. Que..não olhasse mais pra mim, que me deixasse para trás como fizeram..meus…- O loiro interrompe o mais velho.

–shiiii. Não deve pensar assim, não sabes o que os levou a fazer isto e..eu nunca que faria isso. Kars você tem sido no começo de tudo uma mãe, me ensinou muitas coisas, cuidou de mim. Agora entendo seus momentos de solidão. Tu pensas muito neles?

– Sim..todos os dias, eu..fico imaginando como seria eles..o que faziam...o que aconteceu realmente de verdade.

– Kars...será que eles eram assim tão diferentes? Tua tribo..

– Desejaria saber muito. - suspira.

Numa manhã antes do dia amanhecer Kars estava na beira da praia esperando o sol aparecer, estava usando uma túnica cor branca, com uma cinta amarrada em sua cintura, ele ainda deixava seus cabelos escondidos, por temer a reação daquele povoado. Aquele vento frio de manha cedo era convidativo, para tais sensações. Aquele lugar já não se sentia tão bem a vontade, ele não podia se expor tanto como devia e isso internamente lhe irritava. Precisava sair dali, viver mais livremente. O mistério de seu passado ficou guardado para trás. Não fazia ideia de como começar tal procura.

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– Espere ..ahh..como assim você vai embora da vila?

– Escutou bem, eu irei parti hoje.

–Sei..e você decidiu isso sem falar pra mim Kars?

– Eisidici isto partiu de mim, sou já adulto, tu bem sabes que me sinto desconfortável aqui. Eu não posso mais viver aqui.

O loiro se volta para o fundo da cabana e começa a juntar suas coisas também.

– O que..estar fazendo Eisidici ? heyy!!

– Não deixarei você parti sem mim. sou teu irmão devo cuidar de ti esqueceu? Não pretendo ficar neste lugar.

– mas porque agora isso?- o moreno o olhava sem entender.- eu é que vou!!

– Kars onde você for eu irei também, não devemos discutir mais.