The Rise of Darkness escrita por moonfall


Capítulo 4
Half Husky




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Pitch Black caminhava na cidade, movendo-se pelas sombras dos prédios, procurando por potenciais vítimas para a noite, andava pelas multidões absorvendo os medos de cada um para fazer o trabalho completo quando a escuridão chegasse.

Medo é algo estranho, muda com o passar do tempo e varia a cada ser. Quando crianças, os medos mais comuns dos humanos são do escuro, monstros e fantasmas, entretanto quando adultos eles passam a ser não conseguir pagar as contas, ficar sozinho, perder os amigos... Pitch deliciava-se com cada um deles, preferindo as crianças por serem alvos mais fáceis.

Algumas pessoas estavam com hematomas visíveis, braços ou pernas enfaixados por causa da noite anterior. Black lembrou-se com gosto do ocorrido e invejava Wind por ter poder suficiente para causar tanto caos, porém graças à garota conseguiu desenvolver uma nova habilidade que ainda aperfeiçoando e a noite anterior era a prova concreta de seus avanços.

Resolveu visitar um lugar que não ia a mais de um ano, utilizando as sombras para viajar com mais velocidade atravessou milhas abaixo da terra em apenas segundos, parou no interior de uma caverna majestosa. Apesar de bem iluminada esta tinha um aspecto sombrio, as rochas refletiam pouca luminosidade e as sombras formadas por elas possuíam formas macabras. Escadas esculpidas deste mesmo material eram um labirinto digno dos piores pesadelos, dispostas de tal forma que era quase impossível discernir o teto do chão.

Gostava de pensar no local como seu palácio dos medos, porém agora tudo estava em ruínas, desmoronando junto de seu poder. A raiva inflou dentro de seu ser ao presenciar a decadência de algo que já fora tão grandioso, sua morada refletia sua própria imagem, olhar seu palácio era como olhar em sua alma e agora ele estava frágil, quebrado.

Andava entre os pilares naturais, alguns feixes de luz passavam marcando o ar com listras prateadas, pisou sem querer em um pedaço de metal quebrado, o som de atrito ecoou pelo ambiente. Observou as gaiolas quebradas e retorcidas no chão, algumas ainda pendiam frágeis penduradas pelas correntes negras no teto.

O som insuportável das milhares de fadinhas reviveu em sua memória, quase podia ouvir os guinchos e o barulho de suas minúsculas asas. Uma nova forma de fúria tomou conta de seu consciente, apesar de incrivelmente irritantes as preferia presas em seu palácio que soltas pelo mundo. Nem mesmo um único recipiente de dentes sobrara das montanhas douradas que cobriram o piso inferior. Seu plano fora perfeitamente elaborado e executado, só não contou que os Guardiões teria uma ajuda externa, se odiou por subestimar Frost e se odiou ainda mais por ter sido derrotado por um reles garoto.

Apesar de tudo, aprendera com seus erros do passado e agora estava preparado, qualquer esforço vindo dos guardiões seria inútil quando finalmente atacasse e com Wind ao seu lado não teria poder apenas sobre as crianças mas sim sobre todos, incluindo os Guardiões. A segunda Idade das Trevas estava a caminho e nada poderia impedi-la.

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Jack caminhava ao lado da garota, girava seu cajado nos dedos fitando as árvores a frente. Wind o guiava para longe da toca e da cidade, andando na direção contrária a elas.

– Afinal, qual é esse lance todo de poderes psíquicos? O que você consegue fazer?

Ela não respondeu.

– Então... Vai me ignorar?

Ficou em silêncio, não sabia como reagir, nunca falara com alguém além de Pitch Black.

– Desculpe mas eu estou tentando ter um diálogo aqui, fica difícil se você não interagir comigo.

– Concordei em não fugir e não em ter um ‘diálogo’. – respondeu

– Querendo ou não agora é um diálogo. – retrucou sorrindo – Por que você tem essa cauda?

– Não sei. – ela desviou o olhar para a neve sobre seus pés mas as orelhas ainda estavam viradas para o garoto.

– Não posso ao menos saber seu nome, garota husky? - parou inclinando a cabeça em sua direção

A morena sentia as correntes de ar fluírem acima novamente, esperara ansiosamente por esse momento afinal até agora estava indefesa, queria acabar logo com aquela situação e precisava delas para isso.

– Quem é você? – perguntou em resposta

– Não sabe quem sou? – mostrou-se confuso – Prazer, Jack Frost.

Ela arregalou os olhos, recuando. Como não havia reconhecido o garoto? Sentia-se estúpida e enganada, mas logo tudo fez sentido em sua mente, os fatos antes isolados agora criaram uma conexão com o simples nome Jack Frost. Precisava alertar Pitch e rápido.

– Vá em bora! – rosnou para ele

– O que? – indagou sem entender a súbita mudança de humor da garota

– Só saia daqui, agora! – continuou

Ele recuou alguns passos intrigado.

– Não vou sair até conseguir respostas, o que aconteceu com você?

Você aconteceu, você e os Guardiões.

Dizendo isso, Wind manipulou os ventos dirigindo-os para Frost. O garoto foi lançado no ar contra uma árvore, bateu contra o tronco e caiu na neve. Seu cajado voou mais adiante.

– Qual é o seu problema? – indignado e surpreso tentava se levantar

Antes que o garoto pudesse se erguer por completo, a morena correu para o interior da floresta, não conseguia acreditar que ele derrotou Pitch, deveria ser mais perigoso do que aparentava. Olhava sobre o ombro para verificar se estava sendo seguida e quando concluiu que não, procurou as sombras mais densas para chamar Pitch.

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A lateral do seu corpo estava dolorida, dificultando seu esforço de ficar em pé novamente.

– Qual é o seu problema? – tentava recuperar o fôlego

Balançou a cabeça para ajeitar os cabelos brancos e vasculhou a floresta com o olhar em busca da garota, ela fugiu novamente. Essa mania estava se tornando irritante, ela já tentou fugir três vezes em menos de vinte e quatro horas e ele só conseguiu ter mais dúvidas do que respostas.

Procurou seu cajado na neve e o encontrou a alguns metros de distancia, estava se dirigindo a ele quando foi engolido pela terra. Tombou no buraco escuro, rolando pelos túneis de barro até que caiu sentado com as pernas esticadas em algum tipo de grama curta e macia. Estava claro ao redor e Bunnymund postava-se diante de si com Fada mais ao fundo falando rapidamente com suas ajudantes.

O garoto ficou de pé, alisando seu moletom e limpando suas mãos na calça marrom.

– Jack! – a fada exclamou quando o viu, voando em sua direção

Expôs um sorriso torto para ela mas logo voltou a encarar Bunny. A Fada limpava o casaco do garoto delicadamente e perguntou:

– Bunny, você não poderia ter um túnel menos... Tortuoso? – a poeira levantava no ar

– Há há! Não. – respondeu movimentando o pequeno nariz

– Obrigado pelo transporte aliás. – Frost de dirigiu a ele erguendo os braços ao lado do corpo – Mas... Não acha que você se esqueceu de nada não?

O coelho cinzento virou suavemente a cabeça se perguntando no que tinha errado.

– Hum... – começou a responder

– Onde está seu cajado Jack? – a Fada o interrompeu

– Bom ponto, Fada. Onde está meu cajado, coelho?

– Ah! Isso? Sem problema. – disse em quanto batia uma de suas patas traseiras repetidamente no solo arenoso

Um buraco se abriu no teto do local, alguns segundos se passaram até que um monte de neve caísse aos pés de Frost, mas sem sinal do cajado.

– Ops. – Bunnymund pôs as orelhas para trás

– Não, tudo bem, ele não era importante mesmo. – Jack disse caminhando lentamente pelo recinto – Não é como se eu precisasse dos meus poderes com metade do planeta no inverno.

A Fada cochichou algo para suas miniaturas restantes e elas voaram em grupo para o buraco no teto.

– Ah Jack, não se preocupe, minhas fadinhas vão acha-lo, - ela disse delicadamente

Ele assentiu com a cabeça, suspirou.

– Enfim, por que me trouxeram até aqui? – perguntou passando a mão pelas mechas prateadas

– Temos uma coisa importante para falar com você... Bunny? – ela respondeu passando a palavra para o coelho

– Iríamos falar com Sandy e com Norte mas eles estavam ocupados e não queríamos incomodá-los. De qualquer forma, alguma coisa estranha está acontecendo, não sabemos o que exatamente mas os ovinhos sentiram.

– E as minhas fadinhas! – ela complementou

– Queremos sua ajuda para ver o que há... – Bunnymund continuou

– Bom, acho que sei alguma coisa sobre isso. – o garoto falou

– É mesmo, Jack? – a fada pareceu surpresa

O garoto contou então o que lhe acontecera desde que conversou com Norte a algumas semanas antes até seu último encontro com a garota cachorro.

– Uma garota meio cachorro? – Fada indagou

– É, ela tinha orelhas e um rabo de husky. – explicou

O coelho ficou atento à enxurrada de informações mas ao ouvir a menção da garota, ficou estático.

– Isso é muito sério Jack, muito mais do que você imagina. – Bunnymund disse por fim

– Como assim? – o pálido não entendia

– Essa garota tinha cabelos compridos castanhos e usava roupas cinzas? – ele perguntou

– Sim, mas como você sabe disso? – semicerrou os olhos

O coelho ficou em silêncio antes de responder pausadamente.

– Por que eu conheço ela. Temos que falar com Norte e Sandman agora.

– O que? – indagou confuso

– Wind é seu nome, é meio lobo e controla os ventos. Ela nos causou muitos problemas no passado antes de vocês dois aparecerem. Eu, Norte e Sandy demos um jeito nela, mas algo deve ter dado errado.

– Como assim “deram um jeito nela”? – Jack perguntou

– Não importa, precisamos alertar os outros que ela voltou.

As fadinhas voltaram em um enxame, velozes, se dirigindo à Fada.

– Hã... Jack? – ela pousou suavemente na gramínea – Seu cajado sumiu.


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