Os anjos Amam... escrita por Sandrinha


Capítulo 9
Verdade.




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Clara_ Você... é um anjo?

Marina_ Sou seu anjo.

Segurei ela até a poltrona. Ela estava bastante machucada. Não só com o que acaba de revelar mas com o fato dela está machucada. Eu precisava ser racional e agir.

Clara_ Você precisa de um médico.

Marina_ Não! Não posso. Eles veriam minhas asas, da ultima vez eu fugi de lá.

Clara_ Mas...mas....você precisa de ajuda. Marina você...

Marina_ Clara calma. Calma. Me empresta uma roupa, eu vou tomar um banho aqui. E você me ajuda com os curativos. Preciso tirar esse sangue de mim.

Clara_ Claro...cuidado, quer que...esquece.

Marina sorrir com meu jeito atrapalhado, mas estou muito preocupada. Pego uma regata pra ela. Sento na cama, fico em pé, me deito. Estou ansiosa, muito ansiosa. Faz anos que ela está lá dentro, coloco as roupas no box, sem antes olha-la pelo vidro embaçado. Saio e volto pro quarto.

Minha cabeça não consegue raciocinar direito, tem um anjo no meu banheiro, um anjo que eu me apaixonei e me beijou. Um anjo muito linda, ou diria anja? Nessa hora sinto que meu coração vai ser pela boca. Quando penso em entrar no banheiro, ela sai só de regata e calcinha, suas asas não estão mais abertas estão fechadas isso me acalma.

Marina ergue a blusa e mostra uns cortes e roxos na sua barriga. Pego minha maleta de socorros e pego algodão, esparadrapo, pomada.

Clara_ Deita.

Ela deita na minha cama toco minha regata que está vestida. E a olho.

Clara_ Posso?

Marina segura minha mão e levanta até a altura dos seios, quase expostos. Tenha a visão de quase todo seu corpo e travo. Não sei o que fazer minhas mãos treme, o corpo dela é quente e macio. Devagar pego o algodão e limpo o machucado e faço um curativo sem antes olhar para seus seios que estão quase a vista. Checo todo seu abdome e deslizo minha mão sobre ele. Marina me olha.

Marina_ Agora você entende?

Clara_ Sim! Quer dizer, ainda não parei pra receber essa carga de informações.

Marina_ Eu sou seu anjo da guarda.

Clara_ Anjo? Certo.

Marina_ Seu anjo, não posso me envolver com você, por que sou seu anjo da guarda. Por eu tenho que protege-la.

Marina_ Clara!

Se a ficha não havia caído pra mim, agora sim tudo caiu.

Clara_ E os meus sonhos.

Marina_ Nossos, era minha única maneira de se comunicar.

Clara_ Meu Deus, mas você esta aqui, eu posso te tocar. Você é de verdade

Marina_ E eu sou Clara, mas não nasci pra esse mundo. Cada dia me enfraquece ficar aqui. Não posso te proteger assim.

Clara_ Não pode , não. É tudo que escuto atualmente. Parece que tenho um ímã pra problemas.

Marina_ A culpa é minha Clara é toda minha, eu que entrei na sua vida e fiz essa bagunça. E u não podia, mas eu fiz. E vou pagar por isso, muito caro.

A dureza de suas palavras me apanha não somente desprevenida, mas inocente. Ao arrepender-se dos momentos que passou comigo, ela me impõe uma responsabilidade pela qual eu não quero me acusar, nem ela deveria me acusar! Saber tudo o que eu penso e sinto não lhe dá o direito de dispor das minhas vontades. Simplesmente não consigo controlar o desejo de querer estar perto dela, de querer mais do que sua companhia; de querer o inatingível. E para alcançar esse inatingível eu tenho que correr riscos. É uma decisão minha e não dela.

Clara― Por favor, não venha com super-proteção para cima de mim ― digo irritada. ― Sou o seu anjo-da-guarda! ― exaspera. ― Você me salvou dos perigos. Já cumpriu sua função de meu anjo da guarda. Não pode decidir por mim o que eu posso e o que eu devo ou não sentir e querer. ― Não percebe o erro que estou cometendo? ― o olhar de Marina é transtornado. ― Erro? Que erro? Você me proporcionou momentos inesquecíveis. Ela fita meus olhos intensamente e franze a testa: ela sabe o que estou sentindo. Antes que eu reagisse, pousa sua mão na altura do meu coração. ― Você sente isso? ― pergunta. Sua energia toca o meu corpo e sinto uma leve ardência dentro do peito. ― Sua energia? ― pergunto. ― É o que me consome e já me ultrapassa. Como é que eu posso controlar isso, Clara?

A angústia que transparece em seu olhar deve ser resultado do reflexo dos meus próprios olhos. A culpa é minha. Eu não tenho obrigação de lutar contra os meus ímpetos, mas não posso fazê-la sofrer assim. De repente, sinto um entorpecimento na região do meu queixo. É ela que tenta afagar meu rosto. ― Você não tem culpa de nada, mas não entende. Eu sou um anjo, Clara. Olhe para mim agora! ― exclama alto.

Suas plumas expandem-se ligeiramente para trás de si, mas ela retêm nas. Este quarto é pequeno demais para elas. ― Nos meus sonhos você é humana. Podemos sonhar juntas. Por que não viver isso, Marina? Ela recolhe completamente as asas. ― Não confunda a imagem que você vê nos sonhos com o que eu de fato sou ― diz ela num cálido sussurro. ― Você está iludida. Pensa que sou um ser perfeito quando eu não passo de um anjo imperfeito. A sensação de culpa me consome contínua e gradualmente. É melhor ficar calada. Qual é a explicação plausível para uma garota se apaixonar por um anjo?

Fico de pé na cama para alcançar seus olhos e fito-os durante um longo tempo explorando os meus sentidos para descobrir o que eles provocam em mim. ― Mas eu sei o que sinto por você. Eu esto...

Ela ergue sua mão até os meus lábios e ainda que possa tocá-los com seus dedos, impede que eu prossiga com o que ia lhe confessar. Minha respiração fica suspensa. Mesmo sem fitá-la, sei que ela não desvia o olhar.

Marina parece incerta sobre se deve ou não explorar o que me vai na alma, pois sabe que vai além do que ela já sabe. ― Não posso ignorar o que está acontecendo conosco ― ela se volta para a janela e se põe de lado para mim. ― Mas tenho obrigações com quem me criou para ser o que sou.

― Ele lhe deu um coração, não deu?

Marina_ Clara...Por favor..

― Ele lhe deu um coração! Não deu?! ― insisto flexionando a voz. Ela se aproxima de mim e me olha nos olhos. ― Você é minha protegida.

Clara_ Responde. Por favor responde.

Então ela não responde com palavras e sim com um beijo, ela me beija e sinto tudo o que ela sente, então ela para.

Marina_ Isso reponde?

Clara_ Fica comigo hoje? Fica!

Marina_ Mas eu vou pela manhã.

Clara_ Tudo bem. Deixa eu cuidar de você hoje, como você sempre fez comigo.

Vejo ela sorrir, diante de todos os problemas apresentados, ainda a tenho comigo, ainda me protege, ainda está aqui por mim. E isso eu nunca vou esquecer, tenho tantas perguntas , tantas duvidas. Mas agora eu só quero dormir e deixar o sono levar isso pra outro dia. E eu preciso dela como Marina hoje, e não como anjo. Preciso dela como pessoa. E sei que isso ela não negará.

Marina se deita em minha cama, me deito junto e coloco sua cabeça em meu colo, não sei o quão estranho é isso pra ela. Mas não quero parar. Quero cuidar dela, protege-la. Sei que sou uma mero mortal comparado a tanta qualidades que ela deve ter. Mas se tenho ela é por que de alguma forma eu sou importante.

Marina_ Eu posso cair.

Clara_ O que?

Marina_ Posso cair, e ser uma mortal.

Clara_ É simples assim?

Marina_ Precisam cortar minhas asas.

Nessa hora eu parei de fazer carinho e me sentei na cama, aquilo realmente me assustou.

Clara_ Não! Claro que não.

Marina_ É liber..

Clara_ Não Marina.

Marina_ Clara. Nem tudo é tão simples.

Clara_ Eu não vou deixar você se matar, eles te machucarem. Arrancarem suas asas elas são lindas, são suas. Esquece isso. Ok?

Marina_ É a única forma.

Clara_ Não!

Marina me puxa pra deitar e acaricia meu rosto.

Marina_ Você se parece tanto com seu pai.

Clara_ Você o conheceu? Quer dizer o viu?

Marina_ Eu to aqui desde quando você nasceu. Desde quando você estava na barriga de sua mãe eu já te protegia, e sim eu conheci seu pai, ele era um bom homem Clara. Mas não pude fazer nada, eu tentei, mas estava fora do meu alcance. Eu tinha que escolher você.

Clara_ Ele ficou doente. Ele era tudo pra mim.

Marina_ Eu sei... mas posso dizer que ele está bem.

Clara_ Você o ver?

Aquilo me deu uma esperança gigantesca.

Marina_ Não depois que eu desci. Mas acredite ele está bem Clara.

Clara_ Não sabe o quanto isso me faz bem saber dele.

Marina_ Melhor você dormir, deve está cansada.

Clara_ Dorme comigo?

Marina_ Sim.

....


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