Os anjos Amam... escrita por Sandrinha


Capítulo 11
Medo.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/614316/chapter/11

Clara....

Marina avançou em cima de George feito um míssil. Ela jogou ele no chão. Depois apareceu 4 garotos fortes que quase não conseguem tirar Marina de cima dele. George estava com o olho roxo. E Marina, bom Marina estava intacta.

Ela olhou pra mim com um riso bem malicioso pra um anjo. Puxei ela pela camisa até tira-la do Campi, precisava tira-la de lar, se não ela poderia ser expulsa, George era orgulhoso demais pra contar que apanhou de uma garota.

Clara_ Você ficou louca?

Marina_ Não, mas acho que cheguei perto.

Clara_ Não fala isso. Você poderia ter matado.

Marina_ Tenho convicção de que nem cheguei perto

Clara_ Esta parecendo minha irmã mais nova delinquente.

Marina_ Ok. Me equivoquei. Mas ele mereceu, e eu vi o jeito que ele olhou pra você.

Clara_ Como?

Marina_ Você sabe... como alguém que deseja algo.

Clara_ Hã? Droga a Ju.

Marina_ Que? Ta fugindo dela?

Puxei Marina para o lado escuro do corredor pra que não vejam-nos.

Clara_ É que eu menti.

Marina_ Sobre?

Clara_ Nós.

Marina_ Você não contou nada sobre mim não é Clara?

Clara_ Não, claro que não. É que...

Marina_ Fala!

Clara_ É que ela me perguntou sobre agente, e eu falei que tínhamos transado. Pronto falei.

Marina começou a rir.

Marina_ Conheci pecados maiores.

Clara_ Não ria não tem graça.

Marina_ Não se preocupa.

Marina_ Tudo bem... Clarinha. Você fica linda brava. Sabia?

Clara_ E você adora me deixar brava não é?

Marina_ Sim!

Clara_ Péssimo anjo você é.

Marina_ Eu sei.

Marina se aproximou de mim , nossa eu já sabia onde tudo isso ia acabar. Em uma discussão sobre nós. Sobre não podermos continuar assim. Então me afastei, precisávamos achar um jeito e não continuamos assim, ia chegar um hora que não daria mais pra voltar atrás, e tenho quase certeza que já chegou.

Clara_ Não! Eu já fui imprudente demais. Precisamos conversar.

Marina_ Eu sei. Eu só não controlo.

***

O fim de semana passou e eu não vi Marina, não sai de casa. Fiquei pensando nos últimos acontecimento da minha vida. Parece que de repente minha vida ficou curta demais pra viver.

Marina...

Todo esse tempo lutando pra proteger Clara, eu nunca havia imaginado beija-la toca-la, até que eu resolvi me apresentar ao mundo dela. Depois disso não recebo mais visita de guardiões, nem do Criador, e não preciso me esforçar pra saber que estou condenada a perder minhas asas, por mais que eu saiba que isso é o maior sacrifício do meu Reino, eu só penso em Clara, é só ela que importa. A culpa que me consome não anda nem perto do desejo que eu estou sentindo de abraça-la beija-la... Fazer tudo que meu corpo pede desesperadamente, mas isso é loucura, e só eu sei o quanto isso me deixa cada dia mais perto de ser condenada. Eu só quero protege-la , cuidar dela... isso não é pedir demais senhor.

***

Clara...

Marina é um espécie de ser que consegue me tirar do serio, me atrair e ficar com ódio dela, das suas não verdades, agente se beijou e ela simplesmente ainda continua sendo alguém que não conheço na minha sala. Ela sabe me esconder tudo, fingir que não se importa , mas é impossível. Ela é meu anjo.

Chego na praia que está praticamente vazia, e é nessa hora que meus pensamentos me consomem, queria ter mais respostas do que porquês. Mesmo assim sento na reia e uma brisa forte me faz fechar os olhos e senti-la.

Encontro-a sentada na areia da praia, a cabeça baixa, os cabelos encobrindo o rosto. Ela se levanta ao me ver e fica pasmada olhando para mim.

― Clara? ― ela franze os olhos. ― Claro! Quem mais poderia ser?

Ela fita o vazio por um instante e retorna os olhos para mim. Será que a fiz lembrar alguém? Ela estica o braço para afagar meu rosto, mas hesita lembrando que não estou muito acessível hoje.

― Você é linda, Clara. Tudo o que eu não queria aconteceu. Fiquei vermelha como um tomate.

― Gostaria de ter os cabelos loiros da minha mãe... esse vestido era dela. Certamente fica melhor em mulheres loiras ― comento meio desconcertada, fingindo ajustar o vestido nos ombros.

― Não me refiro apenas à sua aparência ― contesta ela. ― Você é perfeita e genuína em seu jeito humano de ser.

Marina acaba de me fazer sentir extremamente fútil e nem percebe. Ela tem mais este poder para juntar a todos os outros, o de ver valores em mim que nem de lupa consigo enxergar. Inspiro mais um pouco o ar da praia e pergunto:

― Queria dar um passeio com você. É possível?

_ Você já sabe....

_ Queria que isso não fosse mais um dos meus sonhos. E que eu não precisasse me sentir mais sozinha do que já sou.

_ Não é um sonho.

_ Então você não é o meu...

_ Sou! Mas fala Clara, fala em voz alta.

_ Fala!

_ Não posso!

_ Por que?

_ Por que se for verdade , não podemos nos envolver, e eu já estou envolvida.

_ Também estou. Tanto quanto você

― Tenho uma proposta para lhe fazer ― ela passa por mim e tudo o que eu sinto é uma brisa, ficando em minha frente. ― Acho que não cheguei a ser clara com você da última vez.

― noto que ela observa atentamente as fotografias no meu celular. ― Clara, quero lhe propor uma vida em comum, aqui. ―

― Eu sei o que isso implica, Marina ― encaro-a fixamente. ― O preço é muito alto.

_ Então você pesquisou sobre mim.

Clara_ Pesquisei, li O Livro de Enoch.

Observo seu ar de reflexão sobre as fotos no meu celular. ― Preço? ― retruca ela. ― A vida não tem preço, Clara ― Fico em silêncio e ela prossegue ainda mirando as fotos: ― Quero estar nesta galeria também; quero fazer parte da sua vida.

― Você não precisa estar aqui para fazer parte da minha vida. Você já faz ― aproximo-me dela o suficiente para ver o quanto de angústia há em cada curva do seu rosto. Dava tudo para me jogar em seus braços agora! Mas não posso, tenho que ser forte.

― Clara, para ficarmos juntas eu preciso cair. Neste momento, se eu estivesse abraçada a ela, teria me afastado. ― Não! Isso eu não quero, Marina.

Ela franze a testa. ― Você mesma desabafou que não se contenta com nossos encontros furtivos... ― E eu li que os anjos evoluem, então um dia nossos encontros serão mais fáceis! Ela se aproxima de mim e acho que é ela quem quer se jogar nos meus braços agora. ― Clara, no processo de evolução de um mal´hak posso levar dois dias ou dois mil anos até conseguir evoluir suficientemente para isto! Além disso e o mais grave de tudo: estamos indo contra o Criador.

Ir contra o Criador. Isso me soa tão clichê como um conto dos Irmãos Grimm. Com o perdão da comparação, eu não sou a Branca de Neve, Marina não é a maçã e o Criador não é nenhuma bruxa má. Por que ela insiste em fazer parecer que nosso amor é um veneno? Os olhos dela estão carregados como se neles retivesse todas as nuvens negras do céu, mas quem começa a chorar sou eu. Então, um anjo pode tweetar, mas não pode tocar num humano? Dei a bendita sorte de nascer numa geração que tem acesso à tecnologia para aproximar pessoas e ao mesmo tempo a maldita sorte de me apaixonar pela única criatura intocável do universo.

― Não chore... não... não por favor, Clara! ― angustia-se. Sua mão está bem próxima do meu rosto e ela seca minhas lágrimas, seu dedo desliza sobre o rastro que elas deixam. Vendo agora mais do que angústia em seu rosto, esfrego-as rapidamente, mas não consigo encará-lo. ― Estou, outra vez, quebrando o protocolo. Eu não podia estar aqui com você. Sequer posso provocar seus sonhos como fiz na noite passada. Viro-me de costas para ela, irritada. Sinto ardência na minha mão esquerda, e percebo que ela tem a mão na minha. ― Você faz tudo parecer realmente impossível ― desabafo, afastando minha mão. ― Não há relação humana possível entre anjos e humanos. Mas o que sinto por você é um sentimento humano. E para um anjo viver esse sentimento sem trair as leis, deve cair e tornar-se humano. ― Se você fosse um anjo pleno, não sentiria isso por mim ― contra argumento sustentando seus olhos. ― Você é um anjo com um coração humano ― insisto. Conforme ele balança negativamente a cabeça, seus cabelos dourado escuros se movem revelando as formas lindas de seu rosto. ― E sem alma ― complementa ela com amargura na voz. ― Quer me convencer que sou meio humano para nos sentirmos menos culpados, mas não pode me convencer de algo que é falso. Cuidado com o seu pensamento, Clara ― alerta ela.

Ela não me deixa alternativa, senão ser o mais franca possível. ― Não tem nada a ver com culpa. Tem a ver com...

Ela captura o meu olhar desprevenido e em seguida vira o rosto. Tarde demais; ela já decifrou meus pensamentos. ― Não... não dificulte as coisas. Eu me aproximo dela e ela se esquiva. ― É isso mesmo! Se você sente desejo neste momento, então você é humana, além de anjo. Você não precisa cair para sentir-se humana. Ela balança a cabeça. ― Escute, Clara: estou traindo Quem me criou. Não posso burlar preceitos determinados. Eu não posso fazer isso, por mim nem tampouco por você! Não vou arruinar a sua vida. Nós corremos riscos quando nos encontramos assim. ― Danem-se os riscos! Para mim não há maior segurança do que ter você ao meu lado! ― O que sentimos merece ser vivido na plenitude e não à margem de nós mesmos.

― Por favor, entenda que preciso cair. Por nós duas. ― Eu não quero que você seja banida do céu, que abandone suas origens. Seria muito egoísmo da minha parte. Ela respira fundo. ― E não é ainda mais egoísta da sua parte que você me abandone um dia? ― Como assim? Eu nunca vou te abandonar! Nunca! ― reajo exaltada, dando um salto na cama.

― Clara, eu sou imortal. E você? Essa constatação me fere, dói como se arrancasse de mim qualquer esperança. Não é propriamente uma novidade o que acabo de ouvir, mas me surpreendeu. Não há argumento diante de um fato irrefutável: eu vou morrer um dia. E se Marina já não sabe, ainda saberá quando e será um sofrimento lento ver o tempo esvair-se para mim. Mesmo que eu alcançasse os cem anos ― já no limite da longevidade humana ― em sua existência perene a minha existência não seria nada. Marina tem toda a eternidade pela frente e toda ela para amargurar a minha morte.

Preciso pensar na morte não como o fim, mas como o começo. E talvez assim, eu consiga realmente enxergar pelo seu referencial. Talvez assim eu dê menos importância à imortalidade e mais valor à eternidade. A verdade é que nunca tive medo de morrer, mas agora que descobri Marina, me apavora a perspectiva de perdê-la para sempre. Quando a minha vida se extinguir ela deixará de ser meu guardião e para onde quer que vá minha alma, estaremos sempre em esferas celestes diferentes. Pelo tempo que sua imortalidade se perpetuar, Marina estará preso.

Sento na areia de novo. Não tenho nenhuma resposta para lhe dar agora. Qualquer coisa que me vem à cabeça me parece mesquinho demais. Marina senta-se ao meu lado e uma sombra lhe rouba o brilho dos olhos. ― Prometa que pensará no que propus. ― Você sabe que vou pensar. Talvez até já saiba minha decisão, antes de mim... ― Não sei não, Clara. Ainda não.

De certo modo fiquei aliviada ao ouvir isso. Meu livre-arbítrio me pertence. Ela vai respeitar e esperar minha resposta.

***

Clara...

Marina precisa saber que não tenho intenção nenhuma de permitir que outro anjo lhe machuque, muito menos que arranque suas asas, é um ritual cruel, de dor , isso eu nunca vou permitir, que ela não cogite essa decisão. Eu nunca vou me perdoar sem alguém machuca-la.

Até uma semana atrás eu desejava apenas que essa bagunça toda acabasse, e agora só desejo que ela fique aqui comigo, seja apenas como anjo, mas que ela fique, que eu posso olha-la antes de dormir, me contento em vê-la . Me sentirei segura sem coração, mas prefiro assim do que ser o motivo pela qual ela perdeu tudo. Marina sempre será tudo pra mim. Ela é algo que eu nunca tive, algo que ninguém foi capaz de mexer em mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não revisei.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os anjos Amam..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.