Estava tomando chá com minha mãe quando um guarda apareceu aturdido. Nos perguntou pelo pai de todos e por Thor. Perguntamos se era algo sério ele se limitou a dizer que tinha “notícias de Loki”. Imediatamente fui atrás do coitado, que corria pelo palácio até encontrar meu pai com Thor.

Eles não queriam que eu ficasse, mas fiquei mesmo assim. E então o guarda começou a dizer que Heimdall tinha visto Loki na Terra. Me arrepiei ao ouvir. E o pai de todos esbravejou quando minha mãe adentrara o salão aos prantos. “Temos que fazer algo!”, ela dizia.

– Vá buscá-lo, Thor. – o grande Odin disse – Antes que coisas ruins aconteçam.

– Eu posso ir também. – disse como afirmação e pergunta.

– Você pode se machucar se for... – Odin disse e minha mãe o abraçou.

– Mas posso tornar tudo mais fácil. Pode ser mais... – meu pai me interrompeu.

– Já disse que não. Não teime comigo, Solaria. – ele falou com sua voz trovejante, enquanto eu ficava cada vez mais tensa.

– Talvez fosse uma boa ideia, pai. – Thor disse ainda pensativo – Loki sempre a ouviu, a respeitou... Todos sabemos que a única coisa que pode impedir que ele faça mais besteiras é...

– Thor. – Odin começara a falar mais como pai que como o rei que era – Já perdi um filho, não quero perder vocês também.

– Eu sei me defender. E apostaria Lysstyrke... Ele jamais me machucaria. – Thor me abraçou pelos ombros, esperando uma resposta.

– Não aposte nada, minha filha. Ele é perigoso e imprevisível. Mas... – ele respirou fundo, certamente ponderando – Vá. Mas não se exponha demais. Eu confio em vocês.

– Você tem minha palavra, pai. – Thor disse, fazendo uma leve reverencia, que eu imitei antes de sairmos.

Partiríamos rapidamente. Sentia-me livre e cada vez mais energizada. Brilhava sem controle. Talvez por um misto de felicidade, nervosismo e medo. Nossos amigos guerreiros nos acompanharam até Bifröst. Antes de entrar naquele tubo dimensional, senti uma liberdade que nunca tinha sentido.

Fandral estava triste e revoltado por Odin ter permitido que eu fosse. Explicamos o porquê, apesar dele dizer entender, não aceitava. E lá fomos nós. Terra.

Tive uma sensação estranha, quase uma nostalgia. Não sabia porque, mas era como se a atmosfera terráquea mais leve que a de Asgard me fosse familiar. Todo o ataque de sensações que deveriam ser novas, eram como velhas conhecidas que pareciam estar há muito adormecidas.

Chegamos em meio a uma floresta. Estava tudo escuro. Uma coisa de metal enorme passou por cima de nós, assustando meu irmão. E então, trovoadas começaram e Thor voou. Fui atrás dele, em silencio. E então, meu não muito inteligente irmão tirou Loki de dentro daquela coisa.

– Droga. – foi a única coisa que eu poderia dizer.