Diário –

Sábado 22h00min

AI MEU DEUS! Eu não acredito que fiquei tanto tempo sem escrever aqui! Sinto muito, mas os meus professores estavam insanos! Apenas a primeira semana de aula e eles já passam deveres como se o mundo estivesse acabando. Não tive tempo para nada! Só as aulas de natação.

Que bem, não são aulas, já que boa parte da equipe ainda não voltou. E eu nem me importo, eu adoro ter a piscina só para mim! Quando eu estou na água não existe nada. Só a próxima braçada, a próxima respiração.

Eu adoro estar na água.

MAS CLARO, não é isso que você quer saber! Nem é isso que eu quero escrever!

Quando eu estava saindo da piscina hoje (o ginásio estava deserto), eu me distrai e me atrasei. Era quase hora do toque de recolher, quando finalmente fui em direção do quarto.

Mas adivinhe só! O idiota do Peter estava lá, me esperando no meio do caminho. Eu pensei em dar a volta, ou algo do tipo, mas era impossível. Ele já tinha me visto.

– Meri, nos precisamos conversar. – Disse com o cheiro de bebida indo longe.

Toda essa historia de internato rígido é até verdade, mas vou te dizer uma coisa, é possível conseguir de tudo aqui com dinheiro. E isso nos temos de sobra. Não digo isso para aparecer. Apenas é a verdade. Aqui é onde os pais ricos jogam seus filhos para não terem que se preocupar, e ainda com a desculpa de “queremos o melhor para vocês”.

–Eu não tenho nada pra falar com você. – Disse o ignorando, e desviando meu caminho, mas Peter agarra meu braço e me puxa para perto dele. Eu fiquei aterrorizada na hora.

–Eu não acabei com você America. – Ele diz, se aproximando de mim, o cheiro do álcool me deixando enojada.

– Pare com isso Peter! – Disse virando o rosto quando ele tenta me beijar, sua boca gelada parando da minha bochecha.

Então eu fiz o que qualquer garota faria, mirei minhas pernas nos seus países baixos. Eu não consegui acertar, mas deu certo, e eu aproveitei para me afastar correndo. Mas ele vinha (cambaleando mas) rapidamente atrás de mim, eu pensei que ele fosse tentar me bater, mas algo aconteceu.

Uriel, segurou o soco de Peter, e passa nele uma rasteira, fazendo com que ele caia violentamente no chão, perdendo o ar por alguns segundos.

–Nunca mais toque nela? Entendeu? – Pergunta com uma fúria que eu nunca vi, enquanto levanta a mão, como se fosse lhe dar um soco.

Peter acena meio pálido, e então Uriel se afastou vindo até mim. Nesse mesmo instante Peter levanta a cabeça e começa a vomitar.

–Vamos sair daqui. – Ele diz, e sem esperar por uma resposta minha, segura minha mão e me leva para longe dali. Reparei que ele estava usando a sua roupa do treino de Kung Fu, ele deveria ter acabado de sair do clube, que não era muito longe de onde estávamos.

Eu me senti no céu, sabe? Pode dizer o que quiser, foi lindo sim! E o jeito que ele parecia preocupado fazia com que meu coração errasse algumas batidas.

– Uriel? – Eu o chamei. Ele estava completamente vermelho e parecia com raiva.

–Uriel? – Digo mais alto.

–Hm? – Ele resmunga sem olhar para mim.

–Obrigada. Você é meu herói. – Digo e ele suspira, finalmente olhando pra mim.

–Você sabe que eu faria qualquer coisa por você. – E então ele cora– Q-quer dizer, eu salvaria qualquer uma dessa situação.

–Eu sei. Você é tão gentil.

– Só me faça um favor? – Ele disse, finalmente parecendo mais calmo. Eu acenei

Com a cabeça e ele continuou. – Não namore com mais caras assim.

– Não se preocupe. – Digo, quando ele me deixa na porta do dormitório. Eu o beijo na bochecha e o assisto ficando vermelho. – Meu próximo namorado vai ser alguém tão incrível quanto você! Boa noite Uriel. – Completo, e sem olhar pra trás, entro no dormitório, sentindo seus olhos nas minhas costas.

Descarada? Só um pouco.

P.O.V URIEL

Ele não devia ter esses sentimentos por alguém que ele não poderia ter. Mas ele tinha. Ele tinha desde sempre. Para ele era impossível não amar a linda garota de olhos verdes, mesmo ele sabendo que ela era demais para ele. Não que ele tivesse algum problema de auto-estima, e a garota nunca o havia feito se sentir inferior, sempre sendo gentil e se preocupando com ele. Mas Uriel sabia o que as pessoas diziam a seu respeito, principalmente as garotas. Como um bolsista não muito atraente, conseguiria ficar com uma das garotas mais cobiçadas da escola? Ele era inteligente o bastante para saber que nunca, e que qualquer um que soubesse que America era a “sua garota misteriosa”, (como a Irma e ela mesma, chamavam a garota por quem desconfiavam que ele estava apaixonado) riria dele. Mas estava tudo bem, enquanto pudesse ficar perto dela. E nos momentos que ela dizia algo bom sobre ele, Uriel não conseguia parar de pensar “E se?”. Mas ele sabia que uma declaração só faria a bela amizade acabar.

– Hey! Quatro olhos! – Disse uma voz agressiva, o tirando dos seus devaneios no caminho de volta para o seu dormitório.

E lá estava Peter, com mais quatro amigos, que rapidamente o cercaram.

– Isso vai ser por você ter atrapalhado a minha diversão. – E então o rapaz moreno, Peter, parte para cima do ruivo, que é segurado, de maneira covarde por outros dois, e mesmo as suas habilidades em luta, não foram capaz de salva-lo.

Ele ganhou vários socos no estomago, e um no rosto antes que alguém pudesse aparecer.

– O que vocês estão fazendo? – Gritou Daniel, o capitão do Time de futebol, e colega de quarto de Uriel. – Meu deus! Saiam de perto dele seus covardes!

– Vá embora Daniel! – Disse Peter. – Esse idiota mereceu.

– Pode até ser. Mas não te dá o direito de fazer isso, principalmente assim seu covarde.

–Vá embora ou você vai ser o próximo.

– Certo. – Disse ele. – E então você será expulso da escola. E nem o seu pai vai poder limpar o escândalo que minha mãe vai fazer na imprensa. SAI DAQUI, AGORA! – falou o garoto com autoridade.

Peter revira os olhos.

– Tudo bem, eu já fiz tudo que eu queria com aquela putinha mesmo. – Disse encarando o ruivo, que havia caído no chão. Enquanto os seus amigos saiam rapidamente – Ela era uma delicia. – E então saiu do local.

Aquilo havia doido mais no garoto que toda a surra.

–Vêm cara –Disse Daniel, lhe ajudando a se levantar – Vamos sair logo daqui.