Thorns escrita por Kamereon


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tenho a impressão de que demorei um pouquinho pra atualizar aqui. Junho está sendo um mês horrível, cheio de provas e trabalhos :( Mas enfim, eu espero q gostem do capítulo. Boa leitura!



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Sasuke’s P.O.V

Ela queria me beijar. Ah... Eu sabia disso. Não sou de se jogar fora, afinal. Mas devo confessar que estava me sentindo exatamente como ela. Eu só não agi antes dela porque fiquei com medo de estragar as coisas novamente, de entristecê-la sem saber por que. Depois do beijo que ela me deu eu me senti um pouco mais encorajado para beijá-la de verdade.

Antes dela entrar no quarto pra dormir, quando a puxei para um ultimo abraço, foi uma tentativa de tomar uma iniciativa. Eu queria poder mostrar a ela o quanto senti sua falta, e pelo lindo e bobo sorriso que ela deu, talvez eu tenha mesmo feito a coisa certa dessa vez. De todo jeito, a noite passada na cozinha foi como se eu estivesse vivendo um dos meus sonhos de quando eu era garoto. Queria poder passar mais tempo com Sakura.

Antes de dormir, fiquei pensando em algo para a "punição" de Sakura. Teria que ser algo que eu quisesse muito. Pensei por mais um tempo e concluí que eu poderia ser bonzinho e levar em consideração os gostos dela também. Com isso lembrei que havia um feriado se aproximando, e eu poderia fazer desse feriado um dia inesquecível para nós. Bem, na verdade a intenção era ser uma punição, então eu precisava inserir nesse “dia inesquecível” alguma coisa que a deixasse nervosa. Daria um jeito nisso, mas aproveitaria o feriado ao lado de Sakura.

Pela manhã, desci as escadas e lá estava ela fazendo o café. Fiquei observando-a por um instante, era uma visão tão bonita... O cabelo preso de modo desleixado, as mechas meio soltas lhe caindo pelos ombros, o chinelinho lilás e o memorável hobby escondendo a camisola, junto da faixa que o prendia e que revelava o formato de sua cintura. Por que tão linda? Ou melhor, quando ela havia ficado mais linda que antes? Continuei observando-a até que ela mesma quebrou o silêncio.

– Que susto, Sasuke!

– Pensei que eu tinha ficado mais bonito depois de tratar a acne. - Fingi indignação, sorrindo internamente.

– Não é isso, - Ela sorriu - É que não é comum estar sozinha na cozinha e no segundo seguinte, sentir que está sendo observada.

Ela fica bonitinha quando se assusta. Suas bochechas ficaram levemente coradas, ela arregalou os olhos de um jeito fofo e levou a mão direita junto ao peito. Quem diria! Quando Sakura chegou aqui na semana passada eu notei que ela estava tão diferente, tinha um jeito imponente. Agora estava agindo feito a garotinha adolescente. E eu gostei disso.

– Bom dia, sua irritante. - Falei, dando-lhe carinhosamente um beijo na testa e depois me sentando na cadeira. Notei que ela novamente adquiriu uma expressão de espanto, mas dessa vez foi mais brando. - O que foi?

– Nada. - Ela respondeu curtamente, um pouco sem jeito e enrolando com o dedo uma das mechas de seu cabelo, sentando-se na cadeira à minha frente. Deu um sorrisinho tímido e continuou- É que eu sempre vi nos filmes o rapaz beijando a testa da moça e sempre achei tão bonito.

– Você... Nunca recebeu um beijo na testa? - Perguntei, observando-a olhar a caneca com café, desviando o olhar do meu.

– Bem... Eu... - Eu percebi seu olhar um tanto triste. Parece que ela estava procurando na memória por alguma vez em que seu ex noivo tenha feito esse carinho. – Acho que não.

A vontade que eu tive foi de bater na mesa e perguntar detalhadamente que tipo de relação ela tinha com esse babaca, mas apenas fiquei quieto, eu poderia deixá-la constrangida. Como um homem não dá esse tipo de carinho à mulher que tem? Eles estavam noivos! É claro, eu não sou o cara mais carinhoso do mundo, mas um beijo na testa é algo tão básico, devia ser completamente normal. Fiquei com vergonha de perguntar à Sakura sobre isso, mas passou pela minha cabeça que talvez ele apenas a procurasse para carinhos mais íntimos e quem sabe, para levá-la pra cama. Não gosto nem de imaginar essa situação e isso definitivamente não é atitude de um homem de verdade. Acho que eu não tenho o direito de perguntar esse tipo de coisa pra ela, mas fiquei preocupado. Se o cara, em um relacionamento de anos, não dava carinhos sutis como esse à sua noiva, ou ele queria usá-la, ou não a amava e estava acomodado com a situação. Não consigo acreditar que não pude protegê-la dele.

Bem, ela disse que ele a traiu, então é praticamente certo que as intenções dele não eram boas. Eu aprendi a não julgar o relacionamento alheio, as pessoas tem seus motivos pra tomar determinadas ações. Mesmo assim, posso dizer que nem conheço esse homem mas já não fui com a cara dele. Sakura merece todos os tipos de carinhos que ela quiser, como isso não passou pela cabeça dele? Talvez esse tal de Sasori não seja mesmo o homem ideal para ela. Eu não sei como eu e ela estamos... Quer dizer, nosso status. Não sei, e sinceramente não quero pressioná-la quanto a isso. Mas sei que eu gostaria de ser o homem que a fará feliz pelo tempo que ela quiser. Não quero criar muitas expectativas quanto a isso, afinal, depois de tanto tempo distantes e de tantos mal entendidos, eu não sei exatamente o que ela quer. Mas aos poucos eu estou descobrindo exatamente o que eu quero.

– Bem, - Me pronunciei momentos depois. - Eu já sei qual vai ser o seu castigo sobre a nossa aposta de ontem.

– É mesmo? O que vai ser?

– Ainda será uma surpresa. Mas acho que você vai gostar. Só saiba que o feriado está vindo e a senhorita vai passar comigo.

– Feriado? - Ela perguntou.

– Sim, não se lembra? É aniversário da cidade.

– Eu desacostumei dos feriados daqui. Na verdade, eu trabalhei na maioria dos feriados até mesmo de onde eu morava... Até nos feriados nacionais!

– Por que você trabalhava tanto? - Perguntei. Sakura sempre gostou de se divertir, nunca na minha vida eu a vi como alguém que enfiaria a cara no trabalho.

– Bem, eu não sei. Eu apenas achava que trabalhar era importante, então me jogava de cabeça no trabalho.

– Hum, entendo.

–--x---

Sakura's P.O.V

A verdade era que eu me jogava de cabeça nos estudos na época da faculdade, pra poder ocupar a minha cabeça e não me lembrar da falta que Sasuke me fazia. Acabei tornando isso um hábito e continuei fazendo o mesmo no trabalho, com a adição de mais motivos, claro. Com o tempo eu me lembrava menos de Sasuke, mas tinha o aluguel e as prestações do carro pra pagar. E eu tinha uma poupança para rechear também! Trabalhar muito foi aos poucos se tornando um vicío. Mas eu não queria dizer isso, afinal o clima entre nós estava tão bom. Não queria estragar.

Sasuke me disse, antes de sair, que ligaram da autopeças e disseram que a peça do meu carro chegaria logo. Percebi que ele me disse isso com uma certa preocupação. Talvez estivesse preocupado que eu fosse embora logo depois que meu carro ficasse bom, mas a verdade era que eu não queria ir embora tão cedo. No começo, quando eu cheguei na cidade, eu achei muito chato. Queria logo voltar pra capital, mas os dias foram passando e eu fui me sentindo como num mundo de conto de fadas. Eu não queria voltar à realidade. Eu sabia que tinha meu trabalho lá, por isso eu deveria voltar, mas meu chefe disse que eu tinha ferias acumuladas, não é? E ele me disse ainda que eu poderia tirar mais uns dias de ferias na época do casamento. Já que o casamento não vai mais ocorrer, eu penso que posso ficar um tempinho aqui no interior, até decidir o que fazer da vida. Mas é claro que vou entrar em contato com ele sobre isso.

Também era bom estar aqui e não ter que dar de cara com Sasori. E falando nele, estou estranhando o fato dele não ter me ligado de volta, depois do recado malcriado que deixei na secretaria eletrônica. Eu tenho certeza que ele ouviu, ele sempre checa a secretaria. Tenho medo que ele possa estar aprontando algo. Eu sei que eu achava que o conhecia bem o suficiente, porém isso se provou ser mentira. Descobri que não o conhecia tão bem assim, mas algo eu ainda poderia afirmar. Ele não era alguém que ficava quieto quando era contrariado. Por isso esse silêncio dele me preocupava. Dizem que "quem cala, consente". Talvez ele estivesse calado porque eu descobri a traição, mas não sei se ele vai se calar assim por muito tempo.

Por fim, eu disse ao Sasuke que poderia demorar o tempo que fosse necessário, e que eu ainda não tinha decidido o dia em que eu iria embora. Vi ele sorrir mais uma vez, e sorri junto. Ele fez questão de beijar minha testa mais uma vez antes de ir trabalhar.

– Vou ficar mal acostumada desse jeito. - Eu disse, um pouco envergonhada.

– Eu não vejo problema em te deixar mal acostumada. - Ele respondeu com um sorriso sapeca. - Te vejo mais tarde.

–--x---

O dia passou completamente entediante. Não havia exatamente nada pra fazer, e passei um tempo assistindo televisão, igual àquela tarde chuvosa. Na hora do jantar, fiquei com medo que a sra. Uchiha desconfiasse do jeito que eu e Sasuke estávamos nos tratando. É claro, estávamos mantendo nosso "relacionamento" em segredo. Não queríamos decidir nada agora, por isso evitávamos sermos vistos assim... “juntos demais”. Mas era inevitável que mesmo na frente das pessoas surgissem alguns olhares diferentes e gentilezas entre nós.

Alguns dias se passaram e eu e Sasuke parecíamos cada vez mais um casalzinho daqueles filmes americanos de sessão da tarde. Cheios de beijinhos e carinhos, de um lado pro outro. Sempre nos escondendo. Era bom não ter pessoas opinando no nosso modo de conduzir as coisas, sem contar que era mais divertido assim. Sempre nos despedíamos de manhã, antes dele ir trabalhar, e ficávamos juntos quase toda noite depois do jantar, que era quando a sra. Uchiha ia dormir. Durante esses dias eu aproveitei para ligar para o meu chefe e avisar que eu ficaria por mais alguns dias. Ele concordou sem problema algum, e disse que pela minha documentação, eu tinha algum tempo de férias atrasadas. Eu realmente não me lembrava de ter tirado férias algum dia, desde que entrei lá. Já gastei alguns dias aqui, mas ainda tinha um bom tempo pra ficar, se eu assim quisesse. Bem, eu não fiz questão de pensar em quantos dias, exatamente, eu ficaria. Era algo que eu poderia pensar depois.

Naquela noite, fui dormir mais cedo que o normal, porque novamente eu não tinha nada além disso pra fazer. Sra. Uchiha e Sasuke trabalhavam, por isso se sentiam cansados de noite. Na casa dos meus pais, só Ino que tinha um pouco de tempo disponível, mas ela tinha o Inojin pra cuidar. E eu continuava sem nada pra fazer. Mas foi bom ligar o ar condicionado e me aconchegar no edredon, sempre gostei de relaxar dessa maneira... Ah, a quem eu queria enganar? Relaxar pra quê? Eu não havia feito nada pra ter que relaxar. Antes de pegar no sono, acabei tendo uma ideia para não viver no tédio durante os dias que eu passaria na cidade. Eu poderia passar na confeitaria da sra. Uchiha e ver se ela precisava de ajuda, não poderia? Afinal, ela vivia contando sobre quanto trabalho ela tinha pra fazer.

–--x---

No dia seguinte, tomei café com Sasuke mais uma vez. Foi engraçado porque quando eu desci, ele já estava na cozinha, e estava colocando a mesa para nós dois. Estava aparentemente tentando deixar tudo bem arrumadinho; andava de um lado para o outro na cozinha, prestando atenção para não se esquecer de nada.

– Bom dia, menino chato. - O abracei por trás.

– Bom dia, irritante. - Ele se virou e retribuiu o abraço, quase me levantando do chão. Eu adorava quando ele fazia isso.

– Escuta, por que você colocou o saleiro na mesa? Vamos usar sal para que no café da manhã? - Perguntei divertida.

– Ah, não acredito. Era pra ter pego o açúcar.

– Salvei nosso café. Você é muito desastrado. - Gargalhei.

– Como se você não soubesse disso.

– Mas você até que arrumou a mesa bem direitinho, então não se preocupe. - Eu disse, me sentando. Ele merecia um elogio pelo esforço.

– Olha só, mudando de assunto... Eu disse que o feriado nós vamos passar juntos, mas que seria surpresa o lugar onde iriamos. Porém eu vou ter que fazer uma pergunta fundamental, que vai acabar te dando uma dica e vai estragar a surpresa toda. Porque eu tenho certeza que você vai saber quando eu perguntar. - Ele contou, meio desapontado.

– Não tem problema, pode falar!

– Você por algum acaso trouxe um biquíni?

Espera, que ousadia era aquela? Ele queria me ver de biquíni? Ai que vergonha! Não era como antes, quando íamos na cachoeira e ele me via de biquíni várias vezes. Muito tempo passou, meu corpo mudou. Ai Sasuke, que constrangedor!

– Ahm... Pra que você quer saber?

– Ai Sakura, você já foi mais esperta! - Ele disse completamente encabulado pela pergunta. Pensei um pouco e entendi tudo.

– Você vai me levar na cachoeira! Acertei? - Eu disse empolgada.

– Sim. Você quer ir? - Ele perguntou. - Eu só perguntei do biquíni porque você vivia dizendo como era desconfortável entrar na água de roupa... Eu não sou um pervertido.

– Claro! Faz tanto tempo que eu não vou lá! Poxa, lembra quando a gente ia todo fim de semana? Ai que legal! Mal posso esperar! - Eu falei, sorrindo de orelha a orelha. Fiquei muito animada mesmo. - Mas espera, esse é o castigo?

– Ah, eu não sei... Eu disse que iríamos até a cachoeira, mas não disse que isso seria tudo. - Ele disse. Eu fiquei em silêncio por uns 5 segundos antes de continuar.

– Olha aqui garoto, nós vamos estar lá sozinhos, eu espero que você não faça nada do tipo...

– Sakura, eu nunca faria esse tipo de coisa. Acha que eu te obrigaria a fazer algo assim? - Ele disse firmemente, eu pude ver que ele estava sendo sincero. Qual é, era o Sasuke! Não era nenhum psicopata.

– Eu só quero passar o feriado todo com você. - Sasuke continuou, notei que ele disse essa frase um pouco mais baixo, demonstrando um pouco de timidez. Parece que ele estava tentando deixar de ter vergonha de admitir o que sentia. Fiquei feliz por isso.

– Desculpa... Eu confio em você, sei que você não faria nada que eu não permitisse. Não quis ofender. - Eu disse.

– Está tudo bem. - Ele respondeu com um sorriso e um carinho no meu rosto.

– Ah, Sasuke! Será que tem problema se eu for no trabalho da sua mãe?

– Por que você quer ir até lá? - Ele perguntou fazendo uma careta. - Quer comer mais doce, é? Vai acabar ficando gorda.

– Eu não vou ficar gorda, ok?! E não é isso... É que eu fico aqui o dia inteiro, fazendo nada. Ás vezes vou na casa da minha mãe, mas todo mundo lá trabalha. Ino ainda fica em casa mais tempo, ja que ela trabalha só de meio período, mas ela tem o Inojin pra cuidar, as vezes não temos muito tempo pra ficarmos juntas. Pensei que eu poderia passar lá no trabalho da sua mãe e ver se ela quer algum tipo de ajuda.

– Nossa. - Ele arregalou os olhos. - Eu não fazia ideia que você ficava aqui entediada o dia todo. Também nunca imaginei você indo ajudar minha mãe no trabalho. Mas se quiser ir lá, acho que não vai ter problema. Só quero ver você convencê-la a te deixar fazer algo...

– Tudo bem, então eu vou me arrumar e vou passar lá. Se não der pra ficar, pelo menos eu dou uma voltinha! – Levantei para poder subir as escadas e me arrumar.

– Sakura... - Ele me chamou com o mesmo tom de voz e a mesma expressão de minutos atrás, com timidez.

– O que foi?

Quando me virei, ele me agarrou com os dois braços e me beijou profundamente. Beijos roubados... Esses são os melhores. E Sasuke sabia muito bem como me pegar de surpresa. Eu gostava de dar beijos de despedida antes que ele fosse trabalhar, e era assim que ele mostrava que estava se adequando aos meus gostos, e ao mesmo tempo ajustando aos gostos dele também. Esperava que esse feriado chegasse logo de uma vez.

–--x---

Cheguei na confeitaria e a sra. Uchiha levou um susto quando me viu na cozinha.

– Sakura? Aconteceu alguma coisa? - Ela perguntou.

– Na verdade, eu estava sem nada pra fazer e resolvi vir ver se a senhora precisa de ajuda.

Ela deu um sorriso tão acolhedor! Me lembrou um pouco o próprio sorriso de Sasuke. No começo ela disse que não precisava e que eu deveria encontrar algo mais divertido pra fazer, mas eu insisti que queria ajudar.

Logo eu estava pondo a mão na massa, ajudando-a a fazer doces e eu fiquei feliz com isso. Não sei se eu gostei mais de fazer os doces, ou de poder ajudá-la. Fizemos tortas, bolos, vários tipos de docinhos pequenos, entre outros. Quando eu saía da cozinha por alguns instantes, eu pude perceber que apenas mais uma moça e um rapaz trabalhavam na confeitaria, e era difícil para os dois darem conta do trabalho. Era necessário que um ficasse no caixa e outro atendesse às pessoas que vinham comer. As pessoas que chegavam pra fazer encomendas eram atendidas ás vezes pelo rapaz, outras vezes pela moça. Eles não tinham um cargo definido, era apenas fazer o que tinha pra fazer. Não gostei muito disso. Não era com a intenção de criticar o negocio da sra. Uchiha, mas o que eu percebi foi que a confeitaria cresceu em numero de clientes e parece que ela não se deu conta. Ela mesma saía prejudicada com isso! Mais pessoas precisavam ser contratadas para ajudá-la, tanto para servir, quanto para ajudá-la na cozinha. Apenas três pessoas trabalhando na melhor confeitaria da cidade?! Tudo bem que era uma cidade de interior, mas havia um bom movimento no estabelecimento. Agora eu entendia o motivo dela sair tão cedo pela manhã, e voltar só a noite, na hora hora do jantar. Será que essa era uma oportunidade para que eu colocasse meus conhecimentos como administradora em prática? Talvez eu arrumasse uma oportunidade para falar com ela sobre isso depois.

–--x---

A noite, depois do jantar, eu e Sasuke enrolamos pra ir dormir, assistindo um pouco de tv. Briguei com ele porque ele comeu a pipoca toda e eu quase não comi nada. Como eu sempre ganho as discussões, ele foi fazer mais um pouco de pipoca. É só usar minha fofura para convencê-lo, sempre dá certo.

– Eu mereço um agradecimento.

– Merece nada, foi você quem acabou com a pipoca primeiro. - Retruquei, irritada.

– Mas eu levantei do sofá pra fazer mais só pra você! Sua mal agradecida, se você não me agradecer eu vou comer esse pote de pipoca todinho também. - Ele disse, já tentando puxar o pote da minha mão.

– Solta Sasuke, me dá!

– Então me agradece!

– Obrigada. Pronto, agora me deixa comer em paz.

– Só isso? Eu também quero um beijo. - Ele falou baixinho, com a maior cara de sacana do mundo! Se ele queria um beijo, por que não pediu logo? Eu não recusaria. Mas só pelo jeito que ele pediu eu fiquei sem graça e logo acabei dando risada.

– Você não tem jeito, seu moleque ridículo. - Falei, entre risos. Me inclinei e dei um beijinho simples, rapidinho. Mas esperto como Sasuke é, ele logo me puxou para aprofundar um pouco mais o beijo.

– Agora eu deixo você comer. - Ele disse, então eu fui comer minha preciosa pipoca e continuar assistindo a tv ao lado daquele garoto irritante.

– O senhor anda muito beijoqueiro, não acha não?

– Eu? Não. - Ele disse, com a expressão mais normal do mundo e voltando a se concentrar no filme. E claro que ele acabou comendo da minha pipoca de novo.

–--x---

Subimos para finalmente dormir. Aliás, assim que eu deitei na cama eu peguei no sono, afinal hoje eu havia "trabalhado". No meio da noite eu ouvi um barulho, uma movimentação estranha e acordei assustada. Olhei pra porta, de onde supostamente o barulho tinha vindo, e vi Sasuke mais assustado que eu.

– O que foi? - Perguntei ainda muito sonolenta.

– Eu tive um pesadelo... Eu só vim ver se você ainda estava aqui. - Percebi que ele estava tão assustado que chegava a estar ofegante, e um pouco suado. Ele já ia embora, mas fiquei com pena do estado em que ele se encontrava.

– Vem cá. - Sentei na cama e o chamei.

– Pode dormir, Sakura.

– Vem Sasuke, me conta o que foi.

Ele se aproximou hesitante. Eu estava no meio do meu sono, e estava de camisola, acho que ele hesitou por causa disso. Mas veio mesmo assim, e se sentou na borda da minha cama. Sasuke ficou em silêncio, sua respiração estava quase voltando ao normal.

– Pode me contar, se você quiser. - Eu disse baixinho, chegando perto para abraçá-lo.

– Deixa pra lá. - Ele disse, e fungou com o nariz. Mais alguns segundos se passaram, e ele percebeu que eu não o deixaria até que falasse o que houve. - Eu sonhei que você tinha ido embora. Eu sei que alguma hora você vai ter que ir embora mesmo, mas no sonho... O Sasori vinha te levar. Eu não conseguia ver o rosto dele, e ele te pegava à força pra te levar embora. Literalmente te arrastava. Você gritava e chorava, me pedindo ajuda e eu não conseguia fazer nada. Eu tentava ir atrás de você mas alguma coisa me prendia, me puxava pra longe, e parecia que eu estava sufocando. Era como se eu estivesse caindo em um abismo. Eu só conseguia ouvir você me chamando desesperada e eu ficava lá parado igual um idiota.

Fiquei com o coração extremamente partido. Não aguentei e o abracei mais forte ainda.

– Eu estou aqui, bobinho. - Falei sorrindo, tentando acalmá-lo. Eu não queria largá-lo, não mesmo.

– Sakura, eu não quero que você me entenda mal... Mas eu posso ficar aqui mais um pouco? Você pode voltar a dormir se quiser. Eu só quero uns minutos. - Ele me pediu, parecendo uma criança assustada.

– Pode ficar o tempo que quiser. Eu já disse que confio em você, Sasuke. – Fui eu que fiquei receosa quando ele perguntou sobre o biquíni e quando nos imaginei sozinhos na cachoeira. No entanto, agora era eu que dizia que ele podia ficar ali, comigo. Na mesma cama que eu. Fiquei preocupada e tocada com a preocupação dele, nem pensei em nada de malicioso.

Sasuke acabou dormindo junto comigo; essa foi a primeira noite que passamos juntos. Dormimos na mesma cama, isso foi tudo o que aconteceu. Abracei o corpo dele contra o meu como se ele fosse um bichinho de pelúcia, como se dessa maneira eu pudesse protegê-lo de qualquer outro pesadelo. Sasuke dormiu primeiro, enquanto eu acariciava os cabelos dele.


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Notas finais do capítulo

E então?! Curtiram? Mereço comentários e reviews? Ou pedradas? UHAUHAUH Até mais



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