Thorns escrita por Kamereon


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou enooooorme, desculpem T_T eu tentei tirar algumas coisas mas não tive mto sucesso kkkk. Os próximos serão menores, prometo. Espero q vcs gostem bastante. Boa leitura!!!



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Sasuke’s P.O.V

Fiquei sem entender nada sobre a reação da Sakura. Bom, aquele beijo... Eu não tinha nada planejado, apenas perguntei à ela se estava tudo bem, devido ao comportamento estranho dela durante o dia todo. Daí ela me vem com aquela carinha de criança abandonada, dizendo "queimei meu dedo", é claro que eu quis ajudar! Eu só não sabia que apenas tocar na mão dela teria esse efeito todo sobre mim. Tocar nela, fazer um simples curativo em seu dedo me fez ver como a pele dela era macia. Eu já havia encostado na Sakura várias vezes, óbvio. Somos amigos há quanto tempo? Mas nunca a toquei daquela maneira, a atmosfera que nos envolvia tornava tudo extremamente diferente. Me deixei levar pelo que estava sentindo, coisa rara de acontecer. Quando passei de leve meus dedos no cabelo dela, senti algo dentro de mim gritando "não faça isso, você não vai poder se controlar mais", e foi justamente o que aconteceu. Quer dizer, subconscientemente eu quis saber se os lábios dela também eram tão macios quanto eu sempre pensei que fossem, e quando Sakura fechou os olhos toda a minha sanidade e força de vontade que eu reuni para não beijá-la se foi. Os lábios dela são quentes e macios, por um instante achei que nossos lábios foram feitos exatamente um para o outro, como um encaixe perfeito. Aprofundei o beijo segurando delicadamente o rosto dela com uma mão, e a cintura dela com a minha outra mão. Aquele beijo, sabem o quanto eu sonhei e esperei por ele? Eu realmente, de coração, achei que nunca fosse acontecer, e agora que estava acontecendo eu a segurei para que ela não se distanciasse, para que ela continuasse comigo.

Porém nem tudo é como queremos. Eu sei que ela estava sem aliança, e aquilo de certa forma me encorajou a dar um passo a mais. Mas eu não poderia me aproveitar disso. Assim que recobrei um pouco de consciência me lembrei que Sakura possui um noivo. Estão brigados, porém um noivado é coisa seria. Não posso me aproveitar desse nosso momento de fraqueza, posso não ser uma pessoa muito ilustre, mas fui educado para ser um homem respeitoso.

Ela saiu correndo pro quintal, e por impulso, eu quis ir atrás dela. Mas o que eu diria, afinal? Quando pedi desculpas parece que a magoei, e foi justamente essa a parte que eu não entendi. Por isso parei na porta e decidi que não iria atrás dela, não até ter uma ideia do que eu deveria fazer. Subi as escadas e entrei no quarto que ela estava ocupando, já que a janela de lá dava para o quintal dos fundos. Enquanto subia as escadas, tentei pensar calmamente no motivo da mágoa dela, por partes.

Primeiro, nós nos beijamos. Eu poderia repetir isso várias vezes na minha mente, mas mal conseguia acreditar. Fui eu que a beijei, e a Sakura correspondeu, eu estou certo disso. Segundo, devo considerar que ela está em um momento delicado, talvez por isso tenha cedido. Terceiro, levando o segundo item em consideração, eu pedi desculpas por ter me aproveitado da vulnerabilidade dela. Quarto... Ela ficou magoada. Magoada por eu ter pedido desculpas? Será? Por que?! Será que ela... Gosta de mim? Não, isso é impossível. Ela sempre me viu como amigo, eu estaria sendo prepotente se pensasse desse jeito. Talvez ela tenha ficado triste porque tê-la beijado pode ter sido uma grande besteira, uma daquelas que não se conserta com um simples pedido de desculpas. Cheguei à janela e consegui vê-la sentada no banco da pracinha, há uma quadra de casa.

Deveria falar com ela? Eu deveria. Não podia deixá-la magoada e sozinha em um banco de praça. Mas eu realmente não sabia o que dizer. Eu queria pedir desculpas mais uma vez, mas provavelmente ela ficasse pior com isso. Sakura muitas vezes é um completo enigma pra mim.

Pensei um pouco e saí de casa. Eu não ia dizer nada, apenas ia sentar ao lado da Sakura e ficar calado. Eu esperaria que ela dissesse alguma coisa. E aí conversaríamos seja lá sobre o que fosse. O que eu não podia era ficar parado numa hora dessas.

–--x---

Andei até a pracinha, uma quadra nunca me pareceu tão distante. Sentei-me ao lado dela, percebi que ela fitava o chão. Eu queria muito saber o que estava se passando dentro da cabeça dela, e principalmente de seu coração. Queria poder resolver isso de alguma forma.

– Eu sei que você deve estar se perguntando o motivo disso tudo. Não devia ter pedido desculpas, Sasuke.

– Mas o que eu fiz foi errado. Você pode ter brigado com seu noivo, mas ainda deve ter algum vínculo com ele, eu só pedi desculpas porque não queria me intrometer nem atrapalhar sua vida. - Eu tinha a consciência de que estava com a maior cara de "coitado" da face da Terra. Não fiz por querer, ou na intenção de que assim ela ficasse com pena de mim. Eu só... Estava me sentindo mal por tê-la magoado. Eu não tinha direito de magoar Sakura, eu não podia fazer isso de maneira alguma.

– Mas que droga, Sasuke! - Ela gritou, e eu engoli seco. Agora ela estava com raiva? Eu a entendia cada vez menos. - Você me deixa tão nervosa! Por que você é assim? Eu sempre quis perguntar isso e acho que agora é o momento certo. Por que você sempre age como se fosse um nada? Por que sempre age como se fosse um coitado? Você é muito mais do que isso, então pare de agir assim!

– E-eu não faço isso. - Eu disse. Super convincente...

– Faz sim! Desde muito tempo você faz isso, eu pensei que você tinha melhorado! Mas não, precisava agir assim justo agora? O que acha? Acha que você não significa nada pra mim? Eu sei que há algum tempo eu dei motivos pra você pensar que eu não te considerava mais. Mas estamos convivendo tanto há alguns dias, eu achei que você tivesse percebido o quanto você significa pra mim. Sasuke, olha pra mim - Ela disse. - Não precisava ter pedido desculpas. Entende o que eu quero dizer? Poderíamos conversar sobre... Sobre essa situação em que nos metemos. Mas realmente não era necessário um pedido de desculpas. Você não é um cara qualquer pra mim.

Era verdade, afinal. Eu tinha algo com a minha auto estima que me fazia sempre querer colocar a Sakura em uma espécie de "pedestal". Não é uma coisa muito perceptível, algo que todos soubessem. Só quem me conhecia de verdade sabia que eu era assim. Quando ela chegou por esses dias, eu esperava não tratá-la mais dessa maneira, porém acho que eu sempre me sinto assim perto dela. Mas espera, ela estava brigando comigo ou me elogiando? Sabe aquela sensação de que seus sonhos vão começar a se realizar, mas você teima em não acreditar? Eu estava me sentindo um pouco assim. Fiquei calado de cabeça baixa por uns instantes. Ela estava brigando comigo... E toda minha intenção desde o início era justamente de não dar motivos para que ela ficasse nervosa. Ela falava comigo como se algo estivesse muito claro de entender, mas a verdade era que eu não entendia nada! Quando levantei a cabeça pra pedir a ela que explicasse melhor o que estava tentando dizer, a vi tirando bruscamente um papel do bolso e estendendo-o para mim.

– Quero que me responda se isso é exatamente o que parece. - Ela falou usando um tom firme. - E não me venha com historinhas, ok? Me fale a verdade! Não esqueça que vou saber se você mentir pra mim.

Eu quis morrer instantâneamente quando abri e vi o que estava escrito. Por que diabos não joguei aquilo fora? Se é que algum dia eu contaria a Sakura sobre meus sentimentos, não precisava ser dessa maneira. Meu coração acelerou tanto que eu achei que fosse ter uma parada cardíaca, tive calor e senti meu rosto queimar de vergonha. Sakura encontrou a carta que eu quase enviei a ela depois que ela foi embora. Com todas as palavras que eu queria e devia ter dito tempos atrás e nunca disse. Ou quase todas as palavras.

– Quando você... - Eu aumentei o tom de voz e ia perguntar quando ela havia encontrado aquilo, mas pelo olhar que ela lançou, resolvi apenas responder a pergunta. - Sim, é o que parece. - Suspirei pesado. Não havia mais como esconder nada. Era incrível, como ela havia aprendido a me derrotar apenas com o olhar?

– Por que não me enviou isso? Por que não terminou e me enviou? Por que não me disse nada quando ficou sabendo que eu ia embora? - Ela continuava com perguntas e mais perguntas, e então eu perdi um pouco da minha paciência.

– Isso teria te impedido? Que droga de grande importância eu tenho afinal? Eu era apaixonado por você, sempre fui. Mas quem iria gostar de mim? Eu era um garoto tímido, esquisito e desajeitado. Ninguém queria chegar perto de mim pra ser meu amigo, e você era a única que se importava comigo. Eu estava satisfeito com isso por que afinal, como uma menina tão linda como você poderia gostar de mim? Você parecia um anjo! E eu era só um perdedor. Eu estava satisfeito com a sua amizade, eu não queria exigir mais do que eu merecia. - Foi como se um peso tivesse saído das minhas costas. Eu nunca tinha dito essas palavras em voz alta em toda minha vida. Consegui confessar tudo, pena que eu achava que já era tarde demais, e pena também que não foi da melhor maneira possível. - Como eu teria chance? Os caras bonitos do colégio eram apaixonados por você, nunca reparou?

Eu era apaixonada por você, nunca reparou? - Ela disse, e parece que eu não percebi na hora. Foi como se ela tivesse dito qualquer coisa sem importância. Foi como se ela estivesse brincando comigo. - Você estava tão cego procurando os seus defeitos que esqueceu de olhar em volta e perceber as oportunidades. Na carta você pergunta o motivo por eu ter ido embora... Você quer saber agora, Sasuke? - Sakura respirou fundo antes de me olhar com um pouquinho de lágrimas nos olhos.

– Sim. - Eu disse. Estava atordoado, e sabia que ela também estava.

– Escuta Sasuke, eu... Eu sempre te amei. - Ela disse mais baixo e sem me olhar nos olhos. - Mas você nunca entendeu os sinais que eu dava, sempre me tratou como uma irmã. Eu tentei esquecer você, por que claro, se você não me correspondia eu deveria esquecer! Mas não podia fazer isso ao seu lado, por isso resolvi ter meus próprios sonhos e correr atrás deles sozinha. Decidi não focar mais a minha vida em você. - Eu não conseguia absorver o que ela falava. Era como se a ficha não tivesse caído, eu não conseguia acreditar. – Sasuke, quando você me beijou e pediu desculpas... Doeu ouvir o seu pedido. Por que você nunca foi minha segunda opção.

Ficamos alguns minutos em silêncio, eu estava tentando processar tudo o que ouvi dela. Devem ter sido uns 5 minutos de silêncio, mas eu senti como se fosse uma hora inteira. Meu coração doía tanto, eu tive vontade de socar alguma árvore pra descontar a raiva que eu estava sentindo. Não sei se era bem "raiva". Eu estava frustrado e sentindo mais um monte de coisas que eu não sabia o que eram, mas que me faziam querer socar algo ou alguém. Talvez eu merecesse um soco. Eu fui tão pessimista assim? Eu juro que não reparei. Pra mim era a coisa mais normal do mundo, pensar daquela maneira.

– Mas... E o Sasori? Você não sente mais nada por ele?

– Sinto... Ódio. Raiva. Toda vez que eu me lembro dele eu me sinto uma fracassada. - Ela respondeu. - Dane-se o Sasori. Eu não fiz por mal em namorar e noivar com ele... Eu jurava que meu sentimento por você já tivesse ficado pra trás, jurava que ele havia tomado seu lugar no meu coração. Eu gostava mesmo dele. Mas agora não há mais nada.

– Você sempre foi muito impetuosa, mas sempre nos momentos errados. Podia ter me falado também. - Eu disse, tentando dividir um pouco a culpa. Pensei que isso me faria sentir mais leve, mas não melhorou nada.

– Sim, eu entendo que nós dois tivemos culpa. Eu quis esperar você falar, esperar você tomar a frente. Mas nós fomos idiotas de jeitos diferentes e perdemos seis anos. Seis anos em que poderíamos estar juntos. - Ela disse. Eu não sei exatamente qual o sentimento que ela tinha por mim no momento, mas por eu estar me sentindo um covarde, não acho que ela deveria me dar uma chance. Não acho que eu merecesse. Mas o fato é que uma faísca de esperança se acedeu no meu coração.

Resolvi me levantar daquele banco e ir pra casa, refletir um pouco sozinho no meu quarto. Talvez eu estivesse mais tranquilo no dia seguinte, se conseguisse dormir. O que eu não podia era ficar ali por mais tempo, nada parecia certo ou errado, estava tudo muito esquisito. Dei apenas uns três passos antes de terminar a conversa.

– "E eu nem estou pedindo uma chance juntos, eu queria apenas que você voltasse. Eu seria mais feliz se pelo menos fossemos amigos outra vez e eu pudesse voltar a te ver todos os dias. Mas não quero atrapalhar suas escolhas. Seja lá qual for sua decisão, espero que você seja feliz". Era assim que eu iria terminar aquela carta. - Eu disse a ela, me virei e fui pra casa.

Eu chorei quando me deitei, fazia muito, mas muito tempo que eu não chorava, porém dessa vez eu me permiti. Eu continuava sentindo várias coisas ao mesmo tempo, e não sabia o que fazer; eu não queria mais perder qualquer oportunidade com a Sakura, eu queria fazer direito se nós tivéssemos uma chance juntos. Mas será que eu estava sendo infantil demais pensando que ela me daria mesmo uma chance? Essa era uma das perguntas que eu não sabia responder. Eu ainda achava que o "noivo" dela era alguém que combinava melhor com a Sakura que ela se havia se tornado. Eu ainda não havia entendido o motivo de tanto desprezo por ele depois da briga que eles tiveram; ela não tinha me dado detalhes ainda. Antes de dormir recebi um sms dela.

"A propósito, eu não ‘briguei’ com Sasori, eu liguei aquele dia pra dizer q nunca mais queria vê-lo de novo. Eu não disse antes pq tive vergonha... Afinal ele me traiu. Eu entro em detalhes outra hora se vc quiser, tá? E me desculpe por ter sido tão grossa com vc, eu perdi a paciência. Sabe como eu sou, não é? ^^"

Não soube muito bem como reagir àquela mensagem. Eu não podia ficar feliz por ela ter sido traída pelo noivo, mas estava feliz por que eles haviam de certo modo... Terminado. Me senti um tanto cruel! Acho que ele não é mesmo a melhor opção para ela, afinal de contas. Eu sabia como a Sakura abominava traições. Senti como se uma fresta em uma porta tivesse se aberto para mim. Talvez fosse hora de enxergar as oportunidades, como Sakura havia dito. Eu esperava estar preparado para isso, e ter coragem suficiente de agir quando fosse necessário. Daria meu melhor. Se ela não estiver me odiando por eu ter sido covarde há seis anos atrás, quem sabe nós tenhamos alguma chance. Quem sabe...

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Sakura’s P.O.V

Demorei a dormir, rolei na cama durante horas até pegar no sono. Quanta coisa acontecendo junto! O que mais me espantou foi saber o motivo pelo qual ele não me falou nada. Eu sempre notei que Sasuke tinha um jeito tímido e lhe faltava auto confiança em certas ocasiões, mas não pensei que ele se rebaixava tanto quando o assunto era eu. Isso não era justo! Eu não queria mais vê-lo se achando tão inferior, e estava disposta a ajudar nisso. Não fazia ideia de como, mas tentaria alguma coisa. Até por que... Eu queria que tivéssemos uma chance. Pelo menos enquanto eu estiver aqui. Queria ver como são as coisas entre nós, assim. Juntos. Me achei uma maluca por ter esse tipo de pensamento. Sabe, começar um relacionamento dias depois da decepção amorosa que eu tive... Não parecia uma ideia muito boa e segura.

Mas era do Sasuke que estávamos falando. Era da pessoa que melhor me conhecia, depois da minha família. Era de quem eu sabia nome, sobrenome, data de nascimento e pasmem, até o numero do documento. Era alguém com quem eu tinha laços que embora eu quisesse, nem o tempo foi capaz de quebrar. Era o meu primeiro amor! Dizem que "o primeiro amor a gente nunca esquece". Eu queria, se fosse possível, que nós seguíssemos em frente. Sem nos preocupar com nomenclaturas como "namoro". Seguiríamos devagar. Tentaríamos ver se “nós” daríamos certo, nos preocuparíamos um pouco com os nossos sentimentos, pra variar. Será que eu podia pensar assim? Eu queria conversar com Sasuke sobre isso. Porém no momento não sabia nem como encará-lo na mesa do café da manhã.

Desci sonolenta, direto para a cozinha. Mas não encontrei ninguém ao chegar no andar de baixo.

– Sasuke? Sra. Uchiha? - Chamei. Ninguém em casa. Estranho... Olhei de relance para o relógio da cozinha e me espantei. - Onze horas?!

Eram onze horas da manhã, eu havia dormido demais pra quem sempre acordava antes de Sasuke ir para o trabalho . Com certeza isso aconteceu por eu ter demorado pra dormir, mas não imaginava que acordaria tão tarde. Fui até a geladeira para beber um copo de leite antes de pensar onde eu iria almoçar, quando vi o bilhete:

" Tem arroz e frango na geladeira, se chover muito e você não quiser ir almoçar na sua mãe, pode esquentar a comida e almoçar aqui. Não seja tão dorminhoca, isso é irritante!

Sasuke."

Olhei para a janela, o céu exibia uma cor acinzentada. Parece que seria um dia chuvoso, eu toparia ficar dentro de casa fugindo da chuva e almoçar o arroz com frango da sra. Uchiha, mas antes eu precisava fazer algo.

– Alô, Ino? - Liguei pra minha irmã. Se tinha alguém pra quem eu me sentia na obrigação de contar tudo, era pra ela. Eu não podia viver se não contasse!

– Oi Sakura!

– Me diz uma coisa, o que a mamãe vai fazer pro almoço hoje?

– Torta de legumes, por que?

– Ela me quer longe, por acaso?! – Perguntei retoricamente, revirando os olhos de desgosto. - Ela sabe que eu odeio torta de legumes! Ia almoçar com vocês, mas já que ela vai fazer torta de legumes eu vou comer o arroz com frango da sra. Uchiha.

– Ótimo sobra mais pra mim. – Ela deu risada. - Mas então, você me ligou só pra isso?

– Bem, na verdade... Eu preciso conversar um pouco.

– Ai meu Deus, o que foi?! Espera, deixa eu adivinhar, tem a ver com aquela carta do Sasuke?! - Minha irmã tinha algum radar, bola de cristal, ou lia pensamentos, só pode.

– Sim... - Eu disse timidamente.

– Me conta tudo agora mesmo! Você falou com ele?

– Falei. Era aquilo mesmo que eu pensei que fosse. Ele gosta... Ou gostava de mim, sei lá. Acho que gosta. Ai, não sei. Aconteceram muitas coisas ontem.

– O que aconteceu exatamente? Me conte com detalhes. - Ela parecia muito curiosa, então eu resolvi contar logo de uma vez.

– Nós nos beijamos. - Respondi cochichando, como se houvesse alguém em casa que não poderia escutar.

– O que? Eu não entendi, fala mais alto.

– Nós nos beijamos! E discutimos. - Cochichei um pouco mais alto, se é que isso é possível.

Depois disso ouvi uma série de gritos dela. Algo como "OH MEU DEUS" e "EU NÃO ACREDITO". Depois ouvi uma voz infantil dizendo "O que foi mamãe?", meu sobrinho Inojin perguntando. Ouvi Ino respondendo "Nada querido, nada!", e continuar gritando as mesmas coisas. Repetidamente. Ela não ouviu a parte do “discutimos”?

Conversei com Ino mais um tempinho, ela me tranquilizou dizendo para agir normalmente quando o visse de novo. Segundo ela, essa discussão que tivemos não era grande coisa, era apenas uma revelação do que sentíamos um pelo outro. E estávamos nervosos! Ela disse que eu deveria respirar fundo e continuar sendo a mulher forte que eu sempre fui. Soou bonito nas palavras dela, mas eu ainda não sabia como agir quando ele chegasse. Depois disso, me distraí com um programa de culinária na televisão. Eu não era muito fã desse tipo de programa, mas aquele bolo de morangos que estavam fazendo estava extremamente atraente. Quando olhei no relógio do lado da tv já era uma da tarde, então resolvi almoçar. Esquentei o prato no microondas e comi vagarosamente a comida da sra. Uchiha.

Passei a tarde inteirinha assistindo filme e olhando pela janela a chuva cair. A chuva refrescou um pouco o ambiente que estava bastante quente pela proximidade do verão. Aquele clima gostoso me fez dormir no sofá, um soninho da tarde bem aconchegante.

–--x---

Acordei com Sasuke me chamando, dizendo que o jantar estava pronto. Ele passou os dedos em meus cabelos para me acordar; aquele carinho foi tão bom que eu acordei e quase voltei a dormir, mas criei forças para levantar de uma vez, já que eu estava com fome.

A comida da sra. Uchiha, como sempre, estava maravilhosa. Devo engordar horrores se continuar aqui, não consigo parar de comer. E ela me incentiva! "Está tão magrinha, precisa se alimentar!" ela dizia.

Depois do jantar a sra. Uchiha logo subiu para seu quarto. Ela disse que havia trabalhado muito hoje e que não via a hora de descansar, por isso subiu cedo. Foi nessa hora que eu e Sasuke ficamos sozinhos na cozinha, olhando um pra cara do outro, sem dizer nada. Chegou a hora do tão temido "momento a sós".

– Você está com raiva de mim? – Ele quebrou o silêncio.

Balancei a cabeça em sinal de negação. Eu fiquei chateada com ele sim, afinal se ele tivesse dito tudo o que sentia eu não teria ido embora. Porém o erro não foi só dele, foi nosso. Eu deveria encarar isso como uma nova oportunidade e não morrer de raiva dele.

– Quer ver algum filme? - Ele perguntou. Me parecia também envergonhado, mas se esforçando para manter contato comigo. Eu assisti vários filmes hoje, então não fiquei super animada com essa ideia, mas o que mais poderíamos fazer?

– Pode ser. - Eu disse sorrindo.

–--x---

Passou um filme de ação na tv a cabo. Sasuke parecia bem concentrado, enquanto eu estava completamente entediada, perdida nos meus pensamentos. Em comparação com ontem, ele me parecia muitíssimo bem.

– Esse filme foi muito bom. Eu podia ter visto no cinema. - Ele disse, se espreguiçando.

– Ah sim. - Respondi desanimada. Acho que Sasuke percebeu meu desânimo e puxou assunto.

– Já está com sono?

– Hum... Ainda não. Mas você deve estar cansado, já que trabalha cedo. Não quero atrapalhar, a gente pode subir se você quiser.

– Eu não quero subir. Quero comer pudim. - Ele disse, com um sorriso tímido. Ah, o pudim... É mesmo. Eu o fiz ontem e acabamos por esquecer de abri-lo depois da nossa "ligeira discussão".

– É uma boa ideia. - Sorri em resposta.

Fomos até a cozinha, desenformamos o pudim e ele estava exatamente do jeito que nós dois gostamos.

– Muita calda e sem furinhos. Bem lisinho e macio. Você e as suas habilidades fizeram falta aqui, Sakura. - Sasuke disse.

– Sei, você sentiu falta do meu pudim, eu te conheço muito bem. - Falei fazendo bico, enquanto cortava e colocava um pedaço em cada um dos dois potinhos de vidro decorado que pegamos no armário. Eu ainda estava um pouco sem graça, mas eu prometi a mim mesma que iria me esforçar. Era só o Sasuke! Eu não estava falando com uma pessoa desconhecida.

– Eu acho que não conhece tão bem assim. - Ele respondeu. Segurando nossos doces, ficamos em pé, apoiando o corpo na bancada da cozinha.

– O que? Você só pode estar brincando! Vai, me pergunta alguma coisa sobre você, eu vou acertar.

– Como é? Você quer fazer um jogo de perguntas e respostas sobre mim? - Sasuke riu alto, fiquei com medo que ele acordasse a vizinhança toda. - O que você vai fazer se errar alguma pergunta?

– O que você quiser. É uma aposta, vamos, comece logo. - Eu disse, e observei o sorriso dele que ganhava um tom desafiador.

– Ok, não vou facilitar pra você, já vou começar com perguntas difíceis. Quando eu nasci, estava chovendo ou nevando?

– Não precisa pegar leve! - Eu ri. - Estava muito calor, claro. É só ver pela data do seu aniversário.

– Hm, certa a resposta, e você nem caiu na minha pegadinha. Segunda pergunta, qual o meu tipo sanguíneo? - Ele disse e eu não conseguia desgrudar meus olhos dos dele. Era divertido e perigoso ao mesmo tempo. Perigoso porque eu sentia que nos aproximávamos cada vez mais, e ele não parecia estar fazendo de propósito. Eu não sei dizer exatamente em qual momento eu me senti tão envolvida.

– AB. Super fácil. - Falei sem demora, comendo mais um pedacinho do doce.

– Terceira e última pergunta. Essa você não vai acertar, com toda certeza. - Ele estava tão perto. Já sentia a respiração falhando. Quanto mais perto ficávamos, mais eu ia esquecendo a timidez e perdendo os meus sentidos. Ai minha nossa, eu queria beijá-lo! Aquela cozinha, aquela proximidade toda, me lembraram muito a noite anterior. Nós discutimos depois, mas eu não posso negar que o beijo dele foi... Eu não tinha palavras! Eu sei que eu queria outro. Eu queria muito, muito, outro beijo. - A pergunta é: qual a minha comida preferida?

Ele disse, enquanto comeu um pedaço do pudim e nem reparou quando um pouquinho da calda manchou de leve o cantinho de seus lábios. Eu prestei tanta atenção naquele mínimo resquício de calda que nem pude pensar direito pra responder aquela pergunta, que por sinal foi ridícula. Isso foi golpe baixo! Meus olhos permaneciam fixos nos lábios dele e eu estava sendo ridiculamente seduzida por aquele ser que nem fazia força pra que isso acontecesse.

– Pudim. – Chutei imbecilmente, e ele riu, e eu finalmente ergui meu polegar para limpar aquele restinho de calda no canto esquerdo da boca dele.

– Seu pudim é incrível, mas eu não largo os meus tomates. - Sasuke disse. Perdi a aposta, tsc.

Ignorei a timidez e rapidamente dei um selinho nele. Dane-se se foi completamente fora do contexto ou se não teve sentido algum. Eu precisava! E foi tão rápido que eu nem sabia se eu tinha mesmo selado seus lábios ou se havia sido apenas um devaneio da minha mente.

– Isso foi um beijo? - Ele disse com os olhos arregalados e corando um pouco. Eu nunca tinha visto Sasuke assim.

– Por acaso existe outro nome pra isso agora?

Com um sorriso brando nos lábios, deixou a sobremesa em cima do balcão da cozinha, e retirou o meu potinho das minhas mãos, e colocou ao lado do dele. Sasuke puxou delicadamente o meu corpo pra mais perto, e sem mais delongas beijou suavemente meus lábios, em um beijo mais profundo que o meu. De olhos fechados, parece que senti meu corpo flutuar. Entrelacei meus braços em torno do pescoço dele, e então não havia mais qualquer distância entre nós. O beijo dele não era nem lento demais, nem urgente demais, demonstrava todos seus sentimentos na medida certa. Exatamente do jeito que eu gostava. Não sei por quanto tempo nos beijamos, sei apenas que o tempo parou. Clichê demais dizer isso, mas foi completamente verdade. Acho que o amor tem um pouco disso; de achar sentido nos clichês.

– Sua mãe pode nos ver aqui. - Falei baixinho.

– Ela está dormindo pesado agora, não se preocupe. - Sasuke respondeu. Meus braços que estavam em torno de seu pescoço agora se entrelaçavam em torno da cintura dele, abraçando-o. Eu precisava tanto daquele abraço, há vários dias eu precisava. Na verdade acho que precisava do abraço dele há muito mais tempo.

– Não pense que vai fugir do seu castigo... Você perdeu a aposta, vai ter que fazer algo que eu queira. - Ele disse enquanto ainda estávamos abraçados.

– Pense em algo, então. - Eu nem queria saber o que ele me daria como castigo, sério. Eu estava aproveitando demais aquele momento, apenas me aconcheguei mais em seus braços e recostei minha cabeça em seu peito.

Ficamos mais um tempo em silêncio, somente abraçados e vez ou outra, dando beijinhos carinhosos um no outro. Depois terminamos de comer o pudim que estava em cima da bancada e logo subimos para dormir, afinal já estava tarde e um certo comedor de tomates tinha que trabalhar no dia seguinte.

Subimos e na porta do quarto, Sasuke me puxou pela cintura e novamente me abraçou, bem apertado dessa vez, escondendo o rosto na curva do meu pescoço e quase me levantando do chão.

– Quando eu disse que senti sua falta era verdade. - Ele disse contra a pele do meu pescoço me fazendo arrepiar, e beijando o local. - Boa noite Sakura irritante. - Ele disse, me deixando e indo em direção ao seu quarto.

– Boa noite. – Sorri.


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Notas finais do capítulo

E então? Curtiram? Venham me amar T_T uhauhauh Até a próxima, pessoal :)



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