Thorns escrita por Kamereon


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

MIL PERDÕES PELA DEMORA, eu to muito ferrada na faculdade. Ainda tenho mais dois meses de provas e trabalhos T_T Anda bem complicado por lá, e eu preciso de notas impecáveis por que no meu curso rola um ranqueamento pro ano que vem. Se minhas notas abaixarem eu não vou conseguir a vaga que preciso lá no curso, e ainda posso perder o estágio. Por isso devo continuar atrasando os capítulos, DESCULPEM POR ISSO, mas não vou abandonar vcs, tá? Boa leitura ♥
AH! LEIAM AS NOTAS FINAIS, POR FAVOR!



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Sasuke’s P.O.V

Apaguei completamente naquela noite. Achei sinceramente que havia sonhado tudo aquilo que aconteceu, até que uma sensação me despertou completamente. Um braço fino circundou minhas costas nuas e lábios macios beijaram minha nuca.

– Bom dia. – Ela disse baixinho.

Sorrindo, me virei lentamente para encontra-la também sorrindo. Quando olhei para Sakura, ela desviou o olhar e timidamente puxou o lençol mais pra cima.

– Bom dia. – Respondi. Certamente eu gostaria de acordar daquela maneira mais vezes. – Dormiu bem?

– Sim. – Sakura respondeu curtamente, se aconchegando mais perto de mim e segurando firmemente o lençol na altura do peito.

– O que você está escondendo? – Perguntei e a vi corar quase violentamente.

– Ah, Sasuke... Me deixa, vai. – Ela disse, dando uma risadinha envergonhada.

Minha vontade era perguntar se ela estava bem, se por algum acaso eu a havia machucado, se ela tinha gostado da nossa primeira noite, entre outras coisas. Mas eu não poderia perguntar essas coisas, por mais que fosse a Sakura e eu tivesse total liberdade pra falar de qualquer assunto com ela, acho que seria um pouco estranho falar dessa maneira. “Somos adultos, afinal”, achei que devia pensar e me comportar assim. Havia algo na Sakura com o qual eu ainda estava acostumando, que era tentar parar de tratá-la como uma garotinha. Ou achar os momentos certos para trata-la como uma garotinha.

Para sanar minhas duvidas, resolvi puxar assunto.

– Eu quero ver como vou acostumar a dormir sem você quando minha mãe voltar. – Eu disse. Foram apenas dois dias sozinhos, mas completamente suficiente pra me deixar mal acostumado.

– É... Na verdade eu também estava pensando nisso. – Ela mudou de posição e ficamos deitados um de frente ao outro, para conversarmos melhor. Após um breve silêncio ela voltou a rir suavemente, tampando a boca com a mão esquerda.

– Por que você está rindo tanto? Tem alguma coisa na minha cara? – Perguntei sinceramente. Ué, eu poderia estar com uma marca de lençol bem no meio da testa, não é? Ou algo do tipo. Sakura também podia ter pegado minha mania de aprontar com as pessoas. Ela poderia ter levantado de madrugada e passado pasta de dente no meu rosto. Passei as mãos pelo rosto freneticamente pra tentar procurar algum vestígio de seja lá o que fosse, até que ela parasse de rir e continuasse a falar.

– Não tem nada na sua cara, Sasuke. Eu só estou feliz. De um jeito estranho e engraçado. Eu... Go-gostei da nossa noite de ontem. Na verdade, do dia e da noite. Obrigada. – Sakura disse. Foi como se ela estivesse procurando as palavras certas pra dizer, senti que ela estava um tanto tímida. Ela acariciou levemente meu rosto com sua mão, e me beijou.

– Ainda bem que você gostou. – Sorri. – Eu me preocupei o dia todo em fazer você gostar de tudo. Tá certo que eu não planejei que a nossa primeira noite fosse assim, mas acabou acontecendo e...

– Eu acho que aconteceu no tempo certo. Não se preocupe, tá? A propósito, sobre a sua pergunta de ontem... – Ela subitamente tomou um ar mais sério. – Eu não vou embora, Sasuke. Está quase tudo certo pra que eu fique aqui, mesmo. Mas se eu tiver que ir, eu prometo que volto. As coisas não vão ser como antes.

Abracei-a bem forte. Eu confiava nela! Eu sabia que Sakura ficaria ou voltaria pra mim, mas por algum motivo eu fiquei com medo, por isso perguntei aquilo ontem. Fiquei com medo que algo desse errado, que qualquer coisa acontecesse e mudasse nossos planos. Não saberia como explicar. Quando ela me acordou no sofá ontem à noite eu olhei bem fundo nos olhos dela e realmente desejei que nada atrapalhasse nossas metas. Um aperto no meu peito exigiu que eu a tivesse bem perto de mim. E bem... O resto da história já está mais que óbvio.

– Ahm, Sasuke... Eu queria te perguntar uma coisa, mas se você não quiser responder, tudo bem. É que... Bem... Essa não foi a primeira vez que você... Ahm... – A cada palavra ela parecia se enrolar mais ainda. Eu entendi onde ela queria chegar pela cor que as bochechas dela tomaram novamente.

– Você quer saber se eu era virgem até ontem à noite. – Eu disse, e Sakura arregalou levemente os olhos e expirando forte, como se estivesse morrendo de curiosidade, querendo muito saber a resposta, porém envergonhada e embaraçada com a situação. – Não, eu já tinha feito isso.

Respondi num tom mais baixo e sem conseguir olhar diretamente para ela. Isso era algo que eu achava justo que ela soubesse. Não queria ter segredos com ela, muito menos esse tipo de segredo. Porém, tinha medo da reação da Sakura. Eu não sabia se ela ia achar normal ou ia iniciar uma crise de ciúmes.

– Ah. Bom, eu só queria saber. Não é por algum motivo em especial, espero que entenda.

– Eu posso entender, mais ou menos. Você vai querer saber com quem foi também?

– Não, não... Quer dizer, só se você quiser me contar. – Ela queria saber, eu sei que queria! Definitivamente a Sakura não tem como me esconder nada.

– Foram poucas vezes e faz muito tempo. Acho que sabendo disso você fica mais tranquila. – Comentei, rindo. – A ultima vez foi quando eu tinha uns 22 anos, eu acho. Conheci uma garota em um bar, bebemos muito e acabei indo pra casa dela. Mas foi tão rápido, eu logo fui embora. Quando reparei bem sobre o que tinha feito, me senti mal. Nunca mais fiz algo parecido. Outros caras fazem isso com frequência, mas eu sempre fui estranho, você sabe.

– Ah... E a primeira vez?

E aí se apresentava o terreno no qual eu tinha medo de pisar. As minhas “primeiras vezes” tinham sido desastrosas e a Sakura, de certa forma, conhecia a garota. Foi aí que eu realmente fiquei com medo da reação dela, e tentei achar as palavras certas pra contar tudo. Não dava mais pra esconder dela, seria melhor falar tudo mesmo. Se ela ficasse brava comigo eu teria que aguentar o peso das consequências. A grande verdade por trás dos meus “relacionamentos” (se é que aquilo pode ser chamado de relacionamento) é que eu tentei apagar Sakura da minha mente, do meu coração. Isso soa brega e clichê, mas só fui reparar o quanto isso era ridículo depois que me conformei que ela nunca sairia de mim.

– Se lembra da garota da lanchonete? Aquela noite que nós fomos lá, logo que você chegou...

– Por isso ela me olhou daquele jeito?! Agora tudo faz sentido! – Sakura disse, batendo com a mão direita fechada na palma da mão esquerda, em sinal de compreensão. Pelo menos ela não deu um ataque de ciúmes, isso me deixou levemente mais tranquilo. – Por que vocês não deram certo mesmo?

Ela perguntou sem segundas intenções, ficou muito claro. Na primeira vez que falei sobre aquela garota, eu disse que não demos certo porque eu não gostava dela. Era verdade! Mas houve algo como um “estopim” para o fim do que havia entre nós. Eu queria repetir a frase. “Ah, Sakura, não demos certo porque eu não gostava dela, como eu já disse”. Mas eu não tive coragem. Eu quis contar tudo, mesmo com medo de me arrepender por abrir a boca.

– Não demos certo porque eu não gostava dela. Mas teve muito a ver com o que aconteceu intimamente entre nós. A primeira vez foi horrível, ela acabou com alguns hematomas pelo corpo. – Eu disse, e Sakura arregalou os olhos e abriu a boca. – Calma! Não é o que está pensando. Eu nunca tinha feito aquilo, eu não fazia ideia de como proceder e aí acabei machucando-a... Eu não sabia bem como usar o meu corpo, sempre fui desajeitado mesmo. Apesar de não sentir nada muito profundo por ela eu me senti culpado pelas manchas vermelhas.

– Entendo. – Ela disse compreensiva. - Ela terminou com você depois disso?

– Foi um pouco mais pra frente que nós decidimos não nos ver mais.

– Por quê? – Curiosa demais, a Sakura. Muito curiosa.

– Certa vez eu acabei confundindo o nome dela. Você sabe, enquanto estávamos... – Respirei fundo e soltei. – Eu disse o seu nome.

Pronto. Falei. Isso era algo que eu guardava dentro de mim há muito tempo, e jurei não tocar mais no assunto. Não foi nada legal. Mas desde aquela noite em que eu e Sakura fomos até a lanchonete, eu senti vontade de contar tudo pra ela.

Sakura se sentou sobre a cama. Ainda segurando o lençol, ela se sentou e quebrou o contato entre nós. Notei um olhar completamente estranho que ela lançou a qualquer ponto do quarto.

– Não sei se devo me sentir lisonjeada ou ofendida. – Ela disse. Senti uma pontada no peito, talvez eu não devesse ter confessado isso. Ou talvez sim! A ideia de esconder o fato da Sakura não me agradava. A verdade é que eu não sabia mentir pra ela, ou esconder qualquer coisa. A essa altura eu já não sabia de mais nada, mas não tinha como voltar atrás. Só me restava tentar me explicar.

– Sakura, eu... Desculpa.

– Nenhuma garota merece isso, ela deve ter se sentido péssima. Acho que ela gostava mesmo de você. – Ela dizia como se pensasse alto.

– Eu não fiz por mal! Eu pedi desculpas pra ela varias vezes, não foi minha intenção!

– Eu sei, Sasuke... Eu sei. – Ela se virou pra mim e acariciou meu rosto. Seus olhos brilhavam e transmitiam uma sinceridade quase palpável. Não pensei que a reação seria essa. A reação que eu esperava era bem diferente, na verdade. Me senti o pior ser humano do mundo, outra vez. Ah, Sakura, tão compreensiva...

Ela se levantou, finalmente deixando o lençol pra trás. Colocou o mínimo de roupa possível e saiu do quarto, ia tomar banho.

Ela parecia bem, mas eu ainda estava um pouco preocupado. Provavelmente ela estaria magoada por eu tê-la confundido com outra garota em um momento tão íntimo. Ou estaria me achando um monstro por magoar uma garota que gostava de mim. Queria apenas saber o que ela estava pensando de mim, pra poder me explicar corretamente. Fui até o banheiro, bati na porta, e perguntei se ela ia demorar.

– A porta tá aberta. – A ouvi falar tranquilamente.

Abri lentamente a porta do banheiro, ouvindo o rangido das dobradiças junto ao barulho do chuveiro. A cortina branca que separava o box me permitia ver apenas a silhueta da Sakura, lavando o cabelo. Me sentei no vaso com a tampa fechada e comecei.

– Sakura, não fica com raiva de mim. Poxa, eu sei que eu devo ter parecido um insensível, um tarado, ou sei lá o que... Mas eu não fiz de propósito. E como você perguntou, eu não queria esconder isso de você. Então não fica assim comigo, eu-

– Eu não estou com raiva de você. – Ela pôs a cabeça pra fora da cortina e disse.

– Não? – Me levantei. – É que eu esperava uma reação diferente quando contei aquilo. Você reagiu tão bem, achei estranho.

Ela riu levemente.

– Você se preocupa com tudo. Eu não sou tão sensível quanto você acha... Pelo menos acho que não. – Ela fechou a cortina de novo e voltou a falar - Eu não vou negar que fiquei um pouco chateada por você ter magoado a menina. Não é legal ter o coração quebrado por um garoto. – Sakura disse. Não sei se ela estava falando de mim e da minha ignorância aos sentimentos dela na época do colegial, ou do Sasori que a traiu. – Mas também fiquei triste porque eu sei você estava sofrendo. Também não foi fácil pra você, né?

Abaixei a cabeça em afirmação, e disse “sim”.

– Com certeza você era bem novo quando isso aconteceu, e a gente não nasce sabendo lidar com as situações, eu sei disso. Também já fiz minhas besteiras, Sasuke. Já me envolvi com alguém pra tentar esquecer outra pessoa. – Sakura amadureceu de uma forma que eu ainda não havia enxergado. Agindo feito uma adolescente minutos antes, puxando o lençol para esconder o corpo, e depois sendo compreensiva e dizendo coisas que eram a mais pura verdade, fatos consumados entre nós. Ponderei se havia amadurecido tanto quanto ela. Será que me preocupei demais? Será que achei que isso era realmente grave, e não considerei que ela poderia entender e aceitar de forma mais adulta?

De vez em quando, ainda me sentia uma criança perto dela.

– Isso tudo está no passado. Já acabou, Sakura.

Ela puxou um pouco da cortina novamente, e sorrindo não como a mulher que era, mas como a adolescente que aparentava ser quando acordamos, ela me fez aquele convite indecente que escapou dos meus lábios dias antes.

Logo estávamos os dois debaixo do chuveiro. O que aconteceu naquele box, deixo para a imaginação de vocês.

–--x---

Sakura’s P.O.V

Nem preciso explicar o quanto aquele fim de semana mexeu comigo. Me senti dentro de um mundo de contos de fadas, tudo estava especial e incrível, do começo ao fim. Apesar daquele momento estranho e confuso em que conversamos sobre o passado sentimental do Sasuke, tudo estava em paz. Sasuke só de me olhar, sorrir pra mim e me beijar, me dava coragem. Sim, porque cada vez mais eu sentia que a minha decisão de ficar de vez no interior era realidade. Eu precisava de coragem para deixar tudo que construí na capital, e precisava que meus planos – na verdade, condições, - para ficar aqui dessem certo. Coragem eu já tinha, e conseguia cada vez mais. Ficaríamos juntos como nos nossos sonhos. Construiríamos a continuação dos nossos sonhos e quem sabe... No futuro tivéssemos filhos. Ah, eu pensava nisso sim, por que não? A ideia de ter garotinhos sujos de lama correndo pela casa depois de voltar do futebol no campinho me deixava maravilhada. E eu teria ainda uma menininha a quem ensinaria a cuidar dos cabelos e das unhas, e a quem a sra. Uchiha iria mimar como a filha que ela nunca teve.

Ah! Sem esquecer algo muito importante. Tínhamos uma foto que tiramos quando éramos crianças. Tínhamos também, fotos que tiramos no zoológico. Claro! Revelaria a foto e colocaria as duas, lado a lado em um porta retrato. As fotos ficariam na sala onde todos pudessem ver. Já no corredor entre os quartos eu ainda pensaria em um mural de fotos mais completo. Já nosso quarto, essa é outra parte muito importante do meu sonho. Queria que nosso quarto fosse uma suíte com uma banheira bem grande. Eu sempre quis ter uma banheira! Já era hora de realizar todos os sonhos juntos, tudo de uma vez só. Essas ideias me maravilhavam, entrava em êxtase só de imaginar.

–--x---

Depois de tomarmos banho, descemos e fomos à cozinha. Eu vestia um short curto e uma camisa do Sasuke, com os cabelos molhados. Tive preguiça de usar o secador. Sasuke usava apenas uma bermuda e a toalha pendurada no pescoço; adverti-o que ele não deveria deixa-la em cima da cama. Tomaríamos café da manhã, se o relógio não marcasse quase meio dia.

Peguei a panela de arroz e os filés de peixe que a sra. Uchiha tinha deixado temperado para nós. Felizmente estavam bons para comer, então logo fui esquentar a frigideira para fritá-los. Sasuke, assim que estendeu a toalha no varal voltou até a cozinha e ligou o rádio. Estava tocando “More than a feeling”, do Boston.

– Eu gosto dessa música! – Comentei, enquanto colocava os peixes no óleo quente.

– Eu também! – Ele disse, e aumentou o volume.

“I looked out this morning and the sun was gone
Turned on some music to start my day
I lost myself in a familiar song
I closed my eyes and I slipped away”

Cantávamos juntos. Eu me mexia como se estivesse dançando, mas sem esquecer a comida no fogão. Sasuke pegou uma colher e fazia de microfone, enquanto rodava pela cozinha tentando imitar a voz do cantor, inclusive as notas mais agudas. Ele estava realmente feliz, era raridade vê-lo tão empolgado. No fim da estrofe, ele fingiu tocar uma guitarra imaginária. Ri com a performance dele, e foi quando ele veio com sua colher-microfone cantar a primeira parte do refrão pra mim, como se eu fosse sua plateia.

It's more than a feeling, (more than a feeling)
when I hear that old song they used to play
(more than a feeling)
I begin dreaming (more than a feeling)”

Então ele largou a colher e veio me abraçar. Eu fritava o peixe, ele enlaçava minha cintura com carinho e cantava no meu ouvido.

'till I see Marianne walk away
I see my Marianne walkin' away”

Tornei minha cabeça para trás, para alcançar seus lábios. Selamos três beijinhos rápidos, seguidos de uma risada gostosa. Sasuke se preparou para continuar o seu “solo”, quando ouvimos um barulho na porta da frente.

– Olá, crianças! Sentiram minha falta? – Era a sra. Uchiha.

– Mãe?! – Sasuke por pouco empalideceu. Ele tentou manter a compostura diante da mãe, mas acho que ela percebeu a situação em que estávamos. Os dois com os cabelos molhados, eu com a camisa do Sasuke, e ele ainda sem camisa. Imagina só se ela tivesse chegado alguns minutos antes! Bem, apesar disso tudo, a sra. Uchiha fingiu não notar nada. Achei bom, porque eu não saberia o que falar. Inclusive, quando ela chegou eu senti minhas bochechas esquentarem e me virei para o fogão, na esperança que ela não reparasse. – O que a senhora faz aqui?

– Eu fiz comida a mais e deixei tudo pronto lá. O que eu e meus ajudantes fizemos é mais que suficiente para hoje, que é o ultimo dia da festa. Como arrumei uma carona, resolvi voltar mais cedo, já que você ficou todo preocupado com a minha ida. Mas pelo visto está tudo bem, não é? – Ela disse inocentemente e sorriu. Sasuke me pareceu sem palavras, então resolvi socorrê-lo.

– Está tudo bem sim sra. Uchiha, nós comemos direitinho e não bagunçamos muito a casa. Ainda fiz Sasuke... – Eu ia dizer que o fiz colocar a toalha no varal, mas ela atentaria para os nossos cabelos molhados. Que situação! Tossi para disfarçar. – Fiz Sasuke tirar as folhas secas do jardim essa manhã.

Estava certo. Olhei pela janela e milagrosamente não havia folhas secas na grama. Acho que não ventou durante a noite, agradeci mentalmente à atmosfera por isso.

– E a senhora, mãe? Trabalhou muito, não é? Posso ver suas olheiras daqui.

– Nem tanto, filho. Até que foi bem divertido, ainda pude participar um pouco da festa de ontem porque adiantei bastante o trabalho na parte da tarde. As pessoas que contrataram pra me ajudar foram bem atenciosas, me ajudaram bastante.

– Hm, sei. – Ele disse, e cruzou os braços.

– Sra. Uchiha, eu vou fritar mais um peixe pra senhora. – Desconversei.

– Ah, eu agradeço, Sakura. Não quer que eu assuma a cozinha agora?

– Não, a senhora deve estar cansada de cozinha! Pode deixar que eu termino o almoço, não tem problema nenhum.

Depois de comermos, eu resolvi que iria até a casa da minha mãe. Na verdade eu ainda estava meio cismada com a sra. Uchiha. Será que ela havia realmente percebido a situação em que estávamos? Eu quis sair pra ver se tirava isso da cabeça, afinal de contas não havia mais nada que pudesse ser feito. Se ela sabia ou não, agora era tarde demais. Não fizemos nada de errado, mas só de imaginar que aquela mulher que me conhece desde criança possivelmente sabia o que eu e o filho dela estivemos fazendo enquanto ela estava fora, me deixava completamente envergonhada. E nem pensaria em tentar conversar com ela pra arrumar a situação! Eu só pioraria tudo. O jeito era fingir que nada tinha acontecido. A sra. Uchiha é uma mulher muito discreta e desde muito tempo ela sabe que eu sou muito tímida pra certas coisas. Ela vai faria o mesmo que eu e deixaria esse assunto pra lá.

–--x---

Sasuke’s P.O.V

Alguns dias se passaram desde aquele fim de semana. Eu e a Sakura tivemos uma reaproximação maior ainda e diferente de antes. Cada vez nos víamos mais como um casal; nosso relacionamento ficava cada vez mais serio. Certa noite, cheguei mais tarde em casa. Recebi duas ligações no meu celular, acho que ela estava preocupada. Não atendi as ligações, queria fazer surpresa, por isso apenas enviei uma mensagem dizendo “estou chegando”.

Ela me recebeu com mil perguntas. “Onde você estava? Eu fiquei preocupada! Por que não me atendeu? Você nem me avisou que ia chegar mais tarde!”. Não era tom de briga, eu vi que ela estava realmente se preocupou. Senti uma pontinha de culpa, mas logo passou quando tirei do bolso o pacotinho de veludo verde escuro com duas alianças de prata.

– Fui compra-las hoje. – Eu disse, me sentando ao lado dela.

Era verdade que eu tinha reparado na aliança que Sakura usava quando chegou na cidade. Parecia ser caríssima, tinha algumas pedrinhas decorando-a. Poderiam ser diamantes, brilhantes... Não sei. Eu sabia que por mais que eu tivesse vontade de comprar a aliança mais linda do mundo pra ela, eu nunca teria condições de comprar nem uma à altura da que ela usava quando estava com Sasori. Primeiro, fiquei chateado por isso. Passei uns dois dias maldizendo minhas condições financeiras e meu emprego na oficina. Depois decidi que eu não podia ficar nesse estado pra sempre. Se eu queria comprar alianças de compromisso pra nós, que eu comprasse logo. E que comprasse do nível que eu podia comprar.

A minha maior surpresa foi ver um sorriso maravilhoso brotando no rosto da Sakura. A aliança era simples. Apenas prata, nada de pedrarias ou decorações. Mas o sorriso que ela deu me fez sentir como se eu tivesse presenteando-a com um diamante enorme. Por sorte, o anel coube bem no dedo dela. Receei que ficasse apertado ou muito largo.

Durante esses dias ainda acabamos por repetir o banho juntos. Certa manhã, quando minha mãe já tinha ido para a confeitaria, me levantei e fui tomar meu banho para depois ir trabalhar. A minha mocinha me surpreendeu, entrando no banheiro e me dando um dos melhores “bons dias” que eu poderia ter. Era tão bom estar com ela... Fosse em momentos mais íntimos como esse, ou mais bobos como os em que nós jogávamos vídeo game ou ríamos um da cara do outro. Eu não poderia pedir mais que isso. Eu cheguei a pensar realmente que a minha vida seguiria na mesmice para sempre, mas daí ela voltou e fez tudo ficar bom, como num sonho.

Logo completariam dois meses desde a volta da Sakura. Eu até tinha esquecido o fato de que talvez ela tivesse que voltar ao trabalho dela, nunca mais tocamos nesse assunto. Ela tinha prometido que voltaria, caso tivesse que ir. Fora isso, pelo que ela demonstrava, eu achava que tudo estava certo pra que ela ficasse de vez. Numa tarde, o celular dela vibrou em cima da mesinha de centro da sala.

– Sakura, acho que chegou mensagem pra você! – Gritei. Ela estava lá em cima, fazendo alguma coisa no quarto.

– Veja de quem é, por favor! – Ela gritou de volta.

– Acho que não é mensagem... – Falei um pouco mais alto, para que ela ouvisse. - Deve ser um e-mail!

Não fiz por mal. Não li porque queria ler, e pra falar a verdade eu nem sabia que se eu deslizasse o dedo pela tela da maneira que fiz, o e-mail apareceria na íntegra. O meu celular era diferente do da Sakura, eu não estava acostumado com o dela. Mas eu li. E o que eu li mexeu comigo profundamente.

“Srta. Haruno,

Devo admitir que na posição de seu superior, eu ando bastante preocupado. Houve uma reunião essa manhã, e os patrocinadores estão a par da sua situação. Ou pelo menos acho que estão, não sei mais o que é verdade ou mentira sobre sua situação. Devo alertá-la de que correm alguns graves boatos sobre a senhorita aqui na empresa. Não seria de bom tom falar afundo sobre esse assunto por e-mail, por isso me ligue assim que puder. Aliás, nessa reunião ficou decidido que demitirão a senhorita por justa causa, sem nenhum benefício, caso não apareça até o fim da semana. Chegaram a falar até em processo administrativo contra a senhorita. Colocarão em seu lugar o seu noivo. Aliás, ainda estão juntos? Desculpe a indiscrição, mas ele não aparenta mais ser um homem comprometido. Enfim, não diga a ninguém que lhe avisei sobre esses fatos. Uma pessoa convenceu a diretoria que seria melhor não entrar em contato com a senhorita para avisá-la, mas achei por bem fazê-lo.

Aguardo resposta.”


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Notas finais do capítulo

Eeeeeeeita :o
Vem treta por aí, e das fortes. Mas enfim, eu só queria avisar que a fic tá chegando ai final, ela vai até o capítulo 19. Queria dizer tmb que eu nem betei direito esse capítulo, nao sei se ele tem alguma coisa errada, ou alguma parte q eu deveria ter descrito melhor... Desculpem, caso tenha. E não esqueçam do que eu disse lá em cima, eu vou atrasar com frequência por causa da faculdade, mas não vou abandonar vcs