Goodbye escrita por MihChan


Capítulo 9
Aquele desespero...


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo, peoples.
Bom, penúltimo capítulo e eu não tenho muito o que dizer.
Acho que pelo título da história e a sinopse dá para deduzir o que acontece, mas eu espero, do fundo do meu coraçãozinho, que não estejam planejando me fazer uma uruca pesada se algo não sair como desejam ♥
Agradeço a Escritora Anônima e a Maju por terem favoritado *U*
Boa leitura~



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Já havia se passado mais de duas semanas. As aulas já estavam para acabar. O natal já estava se aproximando. E nada do Murilo apresentar melhora.

Eu não aguentava mais forçar sorrisos - apesar de saber que todos imaginavam como eu estava - e ir para a escola. Eu não o via desde que o mesmo tinha sido internado. Somente seus pais podiam vê-lo e eu sentia certa inveja deles. Murilo estava na UTI e por isso tanto cuidado. Não que eu não quisesse que tivessem toda essa preocupação, mas não poder vê-lo era como uma tortura.

A escola só me trazia mais recordações dele e isso me fazia pensar que eu não o tinha mais comigo e me deixava mais desesperada. Minhas amigas faziam de tudo para me alegrar e eu tentava não deixá-las tão preocupadas, mas era quase impossível.

– Eu sinto muito. – foi o que uma garota me disse ao passar por mim no intervalo.

Não diga que sente muito, pensei. As pessoas nunca sentem de verdade.

Olhava para a tela do meu celular de minuto em minuto esperando uma ligação com uma notícia boa. Que ele se recuperou, que os remédios estão fazendo efeito, ou algo assim. Qualquer coisa... Qualquer coisa boa.

As minhas preces foram ouvidas quando as aulas acabaram e eu me tranquei no meu quarto. Eu já sabia que ele estava consciente, mas muito debilitado, mas a notícia que recebi me reanimou ao extremo.

Ele vai ter alta hoje, Manu! – Miranda disse no celular após duas semanas da melhora de seu filho. – Vá para nossa casa para fazer uma surpresa pra ele! – ouvi a voz de José.

– Com toda certeza! – chorei de felicidade.

Depois de anunciar para minha mãe e nós fazermos a festa junto com os meus irmãos, eu segui para a casa de Murilo. Tinha colocado um vestido azul marinho marcado somente na cintura e uma sapatilha preta, que foram as primeiras coisas que eu vi.

Minha mãe e meus irmãos tinham sofrido comigo de alguma maneira durante todo esse tempo, então foi ótimo poder comemorar com eles.

Também dei um jeito de fazer alguns biscoitos. Tomei cuidado para não adicionar nada que ele por acaso não pudesse comer, o que limitou bastante meus horizontes de “gurmet”, mas não me abalou. Por fim, enrolei alguns poucos biscoitos em uma espécie de pano e fiz um laço deixando-o com aspecto de saquinho.

Cheguei à casa bonita. O portão estava aberto e a chave da porta estava embaixo do tapete. Que original. Sorri com o pensamento e abri a porta. Segui para o quarto de Murilo e coloquei um ursinho, que eu tinha há muito tempo, em sua cama. Me sentei no chão e, com os braços e a cabeça apoiados no móvel, encarei o anel que ele havia me dado antes. Já fazia um pouco mais de cinco meses e parte desse tempo, eu passei distante de Murilo.

– Cheguei! – ouvi a voz de Murilo, como se já me esperasse. – Ué? Cadê ela? – o ouvi de novo – Não me digam que não falaram para ela... – ele parou ao chegar à porta de seu quarto e me ver de pé em frente à mesma.

O abracei e ele retribuiu o abraço na mesma intensidade.

– Achei que nunca mais fosse te ver. – ele disse e sorriu tocando meu rosto como se quisesse ter certeza que não era um sonho.

– Pois eu sabia desde o começo que meu namorado era forte o bastante pra sair dessa. – falei me soltando do abraço, mostrando o polegar e dando uma piscadela. Ele riu, me dando uma beijo logo depois.

Eu agradecia a tudo por ter ele novamente comigo. Tive vontade de dizer que sentia o mesmo em relação a ele, mas preferi não lembrar o que passamos nas últimas semanas.

Reparei que ele não estava magro, como da primeira vez que o vi, que eu esperava que estivesse, e usava a touca que eu dei para ele na cabeça. Mas seu cabelo não estava caído em cima de um dos olhos, o que significava a quimioterapia que, provavelmente, recomeçaram.

– Parece que eu vou repetir o ano de novo. – andou um pouco e se jogou na cama.

– Aí que você se engana, meu caro. – falei com as mãos na cintura – Eu conversei com o diretor e você já tinha pontos suficientes em quase todas as matérias. Só precisará fazer alguns trabalhos para uma nota final.

– Tá brincando! – ele se mostrou incrédulo.

– É a mais pura verdade. – dei risada de seu pulo repentino na cama.

Conversamos muito durante todo o resto do dia, até que eu percebi que já era muito tarde para ir par casa. Murilo tentou me levar, mas tive a ajuda de seus pais para segurá-lo, apesar de eu não querer ir embora.

Nos encontramos todos os dias até 24 de dezembro. O pessoal da classe se reuniu para fazer origamis de papel e depois levaram todos e penduraram junto à janela do quarto de Murilo. Pelo que Aki disse, se conseguíssemos completar mil origamis de garça, poderíamos fazer um pedido pela saúde de Murilo.

O garoto agradeceu, mas disse que já estava bem e que desejava às mil garças a felicidade de todos que estavam ali, sendo aplaudido depois. Eu sorri sem perceber, mas me deixei ser um pouco egoísta e desejar somente que ele estivesse comigo para sempre.

Eu sabia que para sempre era muito tempo, mas estar apaixonado é pensar coisas que às vezes não fazem sentido para quem olha por fora.

Depois de todos jantarem num sábado na casa de Miranda e José, minha mãe e meus irmãos irem para casa, o garoto sugeriu que fôssemos andar um pouco no calçadão da praia. Tinham montado uma grande árvore iluminada no ponto central do mesmo. Eu só aceitei porque seus pais concordaram, mas mesmo assim fui relutante.

– Podíamos ir para algum lugar só nós dois amanhã. – ele disse enquanto andávamos de mãos dadas.

– O que tem em mente? – perguntei.

– Que tal... – pensou um pouco – Um aquário! – sorriu.

– Parece uma boa! – me animei também.

– Eu vou passar nove horas na sua casa então! – decidiu.

– Mas por que tão cedo? – indaguei.

– Hum, sim. Aí podemos aproveitar o dia todo. – e sorriu.

Depois de cansarmos de encarar as luzes acenderem e apagarem em sequências diferentes, ele me levou até em casa e seguiu para a sua depois. Recebi uma mensagem assim que ele chegou em casa que dizia:

“Boa noite ♥”

“Cumpriu com o acordo ♥”

Mandei de volta.

Eu iria ficar preocupada, então pedi que ele me enviasse uma mensagem assim que chegasse em casa para que eu soubesse. E assim ele o fez, me deixando muito feliz. Coisas bobas que ficarão sempre do lado esquerdo do meu peito.

Quase não consegui dormir pensando no outro dia. Então fiz uma chamada em grupo de madrugada no skype com Lara, Gabi, Aki e Mirela.

Eu tinha me encontrado bastante com as meninas durante todo o tempo também. Elas iam à minha casa tentar me animar enquanto Murilo estava internado, me ligavam para saber como ele estava depois que saiu do hospital e ficaram muito felizes com a melhora dele.

Espero que tenha um bom motivo. – Mirela disse com voz de sono.

Como vai, garota? – ouvi Lara.

– Bom, eu não consigo dormir. – falei.

Nem eu! – Aki disse, animada.

Não acredito que interrompeu meu sono da beleza pra isso! – Gabi irritou-se.

– Não, espera. – falei rapidamente, antes que todas elas encerrassem a chamada – Eu vou passar o dia inteiro com o Murilo amanhã. Nós vamos para um aquário. Eu estou muito ansiosa. É esse o motivo.

Esperei que dissessem algo. Imaginei a cara de tédio de todas elas, já que a chamada era apenas áudio.

– Ora, vamos... – incentivei.

Beleza. Tchau! – Mirela disse.

– Não, espera! Fica aqui comigo!

Consegui convencê-las a passarem quase a madrugada toda acordadas comigo com o argumento: “Vocês são minhas amigas, né? Eu posso contar com vocês, não é?” Nunca pensei que funcionaria, mas funcionou. E três vezes com a Mirela.

No outro dia eu estava elétrica, apesar de não ter dormido nada. Vesti um macacão de tecido e um casaquinho por cima. Desci as escadas. Tomei café na velocidade da luz e comecei a andar de um lado para o outro na sala enquanto esperava.

– Assim você vai ter uma indigestão! – minha mãe ralhou.

– Tudo bem. – falei.

– Aí não vai poder sair com o Murilo. – completou.

– Tem razão. – me sentei, bruscamente, no sofá e ela riu dos meus atos.

Alguém chamou na entrada de casa e eu saí correndo, gritando que atenderia e quase dei de cara com a porta. Abri delicadamente, como uma pessoa normal faria, me certifiquei que era o Murilo e me joguei nele – literalmente – o abraçando.

– Nossa! – ele riu e retribuiu o abraço – Sentiu tanta saudade assim de mim de um dia para outro?

– Você nem imagina! – minha mãe respondeu por mim e eu a fuzilei.

– Vamos! – sorri para ele e o puxei para que pudéssemos ir.

– Tchau, dona Lidia! – ele gritou.

Fomos a pé porque, como eu já disse, minha casa é perto de tudo. O aquário era bem grande e, apesar de ser perto, eu nunca tinha me interessado em ir. Já Murilo parecia ter ido ali várias vezes. Estava sendo como um guia me mostrando tudo.

– Você já veio aqui antes? – perguntei.

– Muitas vezes. – sorriu. – Aquele ali, que tem a forma triangular, é um peixe anjo.

– Você gosta bastante daqui, hu. – comentei comigo mesma.

– Ah, sim. – ele me encarou, finalmente – Pretendo seu um biólogo algum dia! – e sorriu entusiasmado.

Isso me fez imaginar nosso futuro juntos, de preferência. Sorri sozinha e comecei a pensar em nomes para os nossos filhos imaginários. Me repreendi e tentei manter os pés no chão.

– Vamos por aquele lado. – ele me guiou – Há golfinhos lá!

E fomos por lá. Vimos tubarões não tão grandes, vários outros peixes pequenos, peixes grandes o bastante pra me dar medo e alguns ossos de peixes que já existiram um dia. Murilo era ótimo como um guia.

– E esse é... – ele parou e me encarou - O que foi?

– Você podia trabalhar aqui como um guia. – sorri e dei língua, travessa.

– Quem sabe eu não consigo mesmo? – ele pareceu gostar da ideia – Assim poderemos sair mais. – sorriu.

– Seria muito bom. – sorri em resposta.

– E você? – ele me encarou, tombando a cabeça para um lado, fofo.

– Eu pretendo cursar medicina. – disse depois de pensar um pouco.

– Ora, ora. – ele sorriu – Terei uma médica particular, é isso?

Corei levemente, mas concordei com um aceno de cabeça o deixando desconcertado também. Sorrimos com nossas atitudes idiotas.

Ele entrelaçou nossos dedos e seguimos para uma lanchonete quase no final do percurso. Comemos um lanche e nos sujamos de ket-chup. Eu preferiria não comentar, mas Murilo é bem competitivo quando quer.

Entramos na última loja, que era de pelúcias e eu acabei ganhando uma estrela do mar com olhos e um grande sorriso. O que fez meus olhos brilharem foi o barulho, devido ao guizo, que ela fazia ao ser chacoalhada. Me controlei para não parecer retarda demais diante daquilo.

– Não precisava disso. – falei quase engolindo a pelúcia de tão fofa que ela era.

– Estou percebendo que não precisava. – ele ironizou e eu usei a estrela do mar para lhe bater de leve. Rimos.

Aquele foi um dos dias mais divertidos da minha vida e foi, também, o último dia que eu vi o Murilo razoavelmente saudável. O vendo daquele jeito, eu pude imaginar que nada iria acontecer novamente.

Parece que quando a vida percebe que você está feliz demais, ela dá um jeito de se divertir um pouco.

Sádica.


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Notas finais do capítulo

Comentem e me digam o que acharam. Acho que o próximo e último não demorará para sair.
Até lá.
(Ah, desculpem qualquer erro. Não tive tempo de revisar ;c)