Goodbye escrita por MihChan


Capítulo 8
Aquela recaída...


Notas iniciais do capítulo

Oi *U*
Olha eu aqui de novo. Como vão vocês? Eu vou bem, obrigada.
Obrigada pelos comentários. Fazem toda a diferença ♥
Um obrigada especial para Capuccino que favoritou *U*
Boa leitura, peoples~



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A mãe de Murilo surtou e meu coração batia rápido demais para não ficar apavorada com a animação dela, mas nos desvencilhamos rápido porque eu tinha coisas a terminar para o outro dia e não estava nos meus planos ser pedida em namoro, ou quase isso.

Minhas mãos tremiam tanto que eu quase não conseguia segurar o lápis ou digitar algo no editor que estávamos usando no computador. O garoto, que agora é meu mais novo namorado – meu primeiro namorado! -, riu e segurou minha mão.

– Está com frio? – sorriu, maroto.

– Não me irrite! – ralhei.

– Não se preocupe. – ele disse – Não vou te roubar outro beijo nem algo assim...

– Eu espero mesmo que si-

Antes que eu pudesse terminar, senti os lábios dele nos meus novamente. Bufei e ele caiu na gargalhada.

– Desculpe, mas eu não resisti.

– Ora, seu...! - não consegui evitar um vestígio de sorriso no canto da boca, mas fiz de tudo para não demonstrar, sem sucesso.

Depois disso nos concentramos e acabamos mesmo fazendo uma coisa bonita.

Me despedi da minha mais nova sogra e Murilo me levou em sua bicicleta até minha casa, parando antes em uma lan house para imprimir os cardápios, que me custaram os olhos da cara. Minha mesada se foi de novo.

Agora eu teria que encarar minha linda mãe. Não fazia ideia de como ela reagiria, já que eu nunca tinha namorado antes, na verdade eu tinha praticamente acabado de fazer quinze anos e ainda me sentia uma criança. Eu estava com medo daquilo tudo.

– Cheguei. – anunciei abrindo a porta, dando espaço para que Murilo passasse e fechando-a em seguida.

– Oi... filha. – minha mãe encarou Murilo, do sofá – Quem é esse?

– Ãhn... – travei.

– Eu sou o namorado dela, senhora. É um prazer.

– Oi? - minha mãe sorria, paralisada.

E minha alma resolveu se desprender do corpo e fazer um passeio.

– Entendo. É claro que eu aceito. – minha mãe sorriu depois de tudo explicado.

Murilo tinha conversado com ela e dito tudo enquanto eu estava muito ocupada tentando fazer meus olhos pararem de girar nas órbitas. Lidia me encarou de canto e piscou. Percebi seus olhos brilharem.

Eu já deveria saber que a reação dela seria mais ou menos essa. Bufei baixinho e sorri logo depois. Meus irmãos também pareceram gostar de Murilo, principalmente quando ele disse que os levaria em seu trabalho quando fosse biólogo. Não que eles tenham entendido logo de cara, mas foi falar de "Dopey Dick, a baleia rosa", eles adoraram a ideia, apesar de ser uma farsa.

Ele foi embora um pouco depois. O levei até a porta praticamente o obrigando a ir embora. Estava ficando tarde e frio. Eu não queria que ele ficasse doente ou algo assim logo agora.

– Já está tão preocupada assim comigo? – ele sorriu, zombeteiro.

– Não, estou preocupada com a sua mãe. – retruquei e sorri com a cara emburrada dele.

Murilo me deu um beijo na testa, sorriu e foi embora pedalando. Fiquei observando até que sua silhueta desaparecesse de vez da minha vista. Abracei-me e entrei recebendo um olhar malicioso da minha mãe.

– Garoto bonito. – ela disse.

– Mãe...! – a repreendi.

Fui para o meu quarto e troquei de roupa, enquanto minha mãe me dizia o quanto eu tinha sorte de meu primeiro namorado ser tão bonito. Me joguei na cama e fiquei imaginando tudo o que tinha acontecido e como aquilo estava sendo mágico, mas me amedrontava ao mesmo tempo. Minha mãe bateu na porta do quarto depois de muito tempo, quando eu estava quase pegando no sono e entrou, sem nem mesmo a minha permissão ser dada.

– Tem alguma coisa que ainda quer me contar? – se sentou na beirada da cama.

Me sentei e soltei um suspiro. Ela tinha mesmo percebido. É difícil esconder algo da sua mãe quando ela te conhece mais do que você mesmo se conhece.

– Como assim? – me fiz de desentendida com um sorriso mega falso.

– Você não falou sequer uma palavra. Acho que preciso ouvir algo sobre essa notícia repentina da minha filha, não é mesmo?

Fez-se um silêncio.

– Ele tem... – pensei um pouco - Uma doença. – falei e ela continuou a me olhar sem nenhuma expressão.

– Que tipo de doença?

– Câncer... Leucemia. – a encarei.

Esperei por sua reação de mãe protetora, que diria para eu me separar dele antes que me machucasse eternamente, mas essa não chegou. Ela realmente me conhecia muito bem.

– Se você está feliz com ele, está tudo bem, minha querida. – ela sorriu.

– Eu só percebi que... se eu perdê-lo por algum motivo agora... eu... – engoli o choro e dona Lidia me puxou para um abraço.

– Que história é essa, filha? – ela sorriu, travessa – Faz quanto tempo que vem rolando algo entre vocês?

– Da minha parte... – bati as pontas dos dedos indicadores e desviei o olhar.

– E o nosso trato? “Juro solenemente manter minha mãe informada sobre assuntos do coração”?

– O que? – dei risada – Nós não temos nenhum juramento assim!

– É verdade. – ela deu uma piscadela e riu.

Antes de sair, mamãe me deu um abraço demorado e sussurrou que eu precisava ter pensamentos positivos e não ficar esperando coisas ruins. Lembrei-me que meu pai acreditava de verdade que pensar negativo atraía coisas ruins. Tratei de mudar meus pensamentos.

O festival foi um sucesso nato no outro dia. Victor se vangloriou por ter tido a ideia, todos que foram gostaram, o diretor disse que esse seria adotado como um evento anual e eu amei as roupas, ao contrário dos garotos.

Era uma típica roupa de empregada daquelas que se vê em filmes, mas de última hora, foram anexados rabos e orelhas de coelho aos trajes. Senti a aura de descontentamento dos garotos ir à camada de ozônio e fazer um buraco na mesma. Foi engraçado ver como as meninas gostaram das roupas de mordomo e como os garotos quase choravam quando era sua vez de fazer propaganda pela escola.

– Por que essa cara, little? – Victor se aproximou.

– Não flerte comigo! Sou um rapaz comprometido! – falei, brincando, colocando a bandeja como uma parede entre nós, na altura do meu rosto.

– Desculpe, baby – ele tirou a parede –, mas não pude ignorar um senpai tão bonito. – passou uma das mãos em meu rosto.

– Isso é nojento! – dei risada e me afastei dele. Ele riu e falou que eu tinha que notá-lo algum dia.

Corri meus olhos pela sala à procura de Murilo. Victor percebeu e apontou para o balcão onde ele estava debruçando e me olhava com um sorriso no rosto. Andei em passos largos até ele, com um olhar superior.

– Queria mesmo falar com você. – sussurrei – Que ideia foi essa de pedir para completarem essas roupas com rabos e orelhas de coelho?

– Nadinha. – ele sorriu, maroto – Eu só achei que a minha namorada ficaria muito fofa como um coelhinho! – ele falou alto e em bom som propositalmente.

Todo os olhares se voltaram para nós. Não só das pessoas da nossa sala, mas de todas as pessoas que estava ali naquele momento. Inclusive, minha mãe e Miranda conversavam, agora, como se fossem amigas de longa data.

Gabi pulou de alegria junto com Aki, Lara dirigiu um olhar nem tão discreto para Victor e Mirela suspirou aliviada murmurando um “já estava na hora”.

Uma onda de perguntas caiu sobre nós. Por falar nisso, depois que as panelinhas já não eram tão panelinhas assim, todas as outras pessoas começaram a falar com Murilo e agora ele era bem mais comunicativo e extrovertido, a ponto de eu começar a sentir um leve ciúme.

Minhas amigas vieram a mim como a montanha vai a Maomé, mas, ao invés de me xingarem por eu não ter contado nada ainda, Aki e Gabi me abraçaram e Lara e Mirela bateram palmas em sincronia.

Depois de muito servir mesas, muito dar trocos, muito fazer propaganda pela escola – junto com Murilo -, ficar exausta e de muita comemoração pelo sucesso do café na sala, finalmente acabou.

Colocamos nossas roupas iniciais e entregamos as roupas que estávamos à Gabi e Ana, que choravam de emoção com certo exagero.

Fomos chamados para o pátio onde, no auditório, o diretor Beto, junto aos outros professores, nos parabenizavam pela iniciativa, organização e sucesso que aquele evento tinha feito.

– Vou gastar todo esse dinheiro em fixas no fliperama! – Victor piscou o olho para mim e fez careta quando Lara lhe deu um peteleco razoavelmente forte.

Murilo entrelaçou seus dedos nos meus, o encarei e ele estava sorrindo sem nem mesmo me olhar. Corei e o puxei para que saíssemos do meio de tanta gente. Suspirei quando chegamos aos fundos da escola, no pátio de trás, também aberto ao ar livre.

– Foi demais! – ele exclamou.

– Claro que foi. – afirmei e sorri com a animação dele.

Ficamos em silêncio olhando as estrelas que começavam a aparecer, encostados às colunas que iniciavam os muros do colégio.

– Já está ficando tarde... – comentei.

Ele começou a brincar com as orelhas de coelho que ele mesmo tinha sugerido e que Gabi tinha mesmo acatado e que ainda estava usando, mesmo sem a fantasia completa. O encarei franzindo o cenho. Encostou sua cabeça no meu ombro.

– Eu te amo. – disse.

–... – corei.

– Ouviu o que eu disse? – quis confirmar.

– Desde quando? – perguntei meio boba.

– Eu acho que... Desde o princípio. Eu sei que você só concordou com essa história desse evento por causa da animação dos outros e de mim. – o percebi sorrir.

– Não seja tão convencido! – brinquei.

– E não foi por isso? – ele se ajeitou e me encarou, acusativo.

– Talvez... – desviei o olhar.

Ele me fez cócegas e me abraçou logo depois. Percebi que ele estava mais quente que o normal, mas antes que eu pudesse me certificar, ele nos separou delicadamente e passou uma das mãos sobre meus olhos, me forçando a fechá-los.

– Não abra. – avisou.

Ouvi ele mexer em seu bolso, derrubar as chaves de sua casa no chão e xingar. Ri com isso. Depois pegou a minha mão e colocou algo como um anel em meu dedo. Não consegui evitar um sorriso.

– Pode abrir. – falou.

Olhei para minha mão e lá estava um anel prata com uma pequena pedrinha verde no meio. Um anel de compromisso. Quase pulei de alegria mais me contive a dar o abraço mais apertado que consegui.

– Você vai me sufocar! – ele riu.

– Que seja! – sorri e o puxei para um beijo.

Percebemos que o discurso do diretor já tinha acabado devido a movimentação lá fora. Nos fitamos e decidimos ir embora somente com os olhares. Murilo pegou sua bicicleta e seguimos para o portão principal.

Me despedi das minhas amigas e peguei uma carona com Murilo.

Enquanto estávamos no caminho percebi que o garoto que conduzia a bicicleta estava desligado e perdia o controle várias vezes sem nenhum motivo evidente.

– Você está bem, Murilo? – perguntei.

– Estou... - ofegou - É claro.

Mas eu sabia que ele não estava. Senti pingos de chuva começar a cair e o obriguei que parasse em um ponto de ônibus que era coberto. Fiz que ele sentasse nos bancos e comprovei minha dúvida: ele estava mesmo quente. Muito quente, para o meu desespero.

Quando a chuva parou nós discutimos para ver quem ia guiar a bicicleta, já que ele não queria que eu fosse, mas eu sabia que ele não estava em condições ao menos de ficar em pé. Ao fim, eu consegui.

O garoto se agarrou a minha cintura e apoiou a cabeça nas minhas costas e eu segui para sua casa, apesar dos seus protestos de que aquilo não era necessário.

– Me deixa cuidar de você um pouco. – protestei.

E com isso, ele se calou durante o resto do caminho.

Fomos recebidos por Miranda e José, os pais do Murilo, na porta de sua casa. Ele havia passado um dos braços pelos meus ombros e eu o levava servindo de apoio. Seu pai ocupou meu lugar da porta da casa fazendo o mesmo que eu estava e o levou para o quarto.

– Graças a Deus, querida! – Miranda me abraçou – Eu já estava preocupada!

– E eu também. – José surgiu na sala novamente.

– Entre, por favor. – a mulher disse.

– Me desculpe, mas eu queria apenas me despedir dele para poder ir para casa.

Achei que era falta de educação da minha parte, mas eu não estava nem um pouco bem. Meu coração estava a mil e minha cabeça não parava de formular coisas absurdas... E outras nem tanto assim.

– Claro. – o homem sorriu e deu espaço para que eu entrasse.

Segui para o quarto do meu namorado e me ajoelhei ao lado da cama. Dei um beijo na testa de Murilo e acariciei seus cabelos, o fazendo abrir os olhos e sorrir levemente.

– Obrigado. – falou.

– Parece que alguém assumiu a derrota. - brinquei me referindo a discussão para decidir quem conduziria a bicicleta.

– Perdi a batalha, não a guerra. - retrucou.

Sorri em resposta enquanto o observava fechar os olhos e pegar no sono novamente.

Saí do quarto com um pressentimento ruim e me dirigi à porta. Me despedi de seus pais e segui rapidamente para casa. Entrei devagar para não acordar meus irmãos e minha mãe, que dormiam em cima da mesinha de centro que estava cheia de lápis e folhas rabiscadas. Voltei e cobri cada um com uma coberta.

Segui para o meu quarto, me joguei na cama, mas não consegui dormi. Muitas coisas passavam pela minha cabeça e eu talvez estivesse complexada devido ao que ele tinha.

Na semana seguinte, na escola, Murilo parecia estar bem para todos, mas o pressentimento ruim em mim não havia sumido, mas eu tentava agir normalmente e aproveitar meu tempo com ele e com meus amigos.

– Aconteceu algo? – ele perguntou em uma das manhãs na hora do intervalo.

Estávamos sentados em um dos bancos de pedra do pátio da frente, os dedos entrelaçados. Eu tinha um olhar vago e ele percebera.

Sorri verdadeiramente e disse que não havia nada errado, mas não pareceu convencê-lo.

– Não se preocupe tanto comigo a ponto de ficar tão encanada. – disse.

O fitei, assustada, e ele sorriu em resposta.

Durante os dois meses seguintes, nós estávamos cheios de trabalhos e afins, mas não perdíamos a oportunidade de sair após a escola e fazer algo legal.

Lara parecia estar mais amigável com Victor, talvez estivesse aceitando o que sentia, que era meio óbvio. Guilherme e Aki estavam na mesma, mas o garoto parecia estar caindo nos encantos da japa. Gabi dizia que todos os garotos eram ou retardados, ou já tinham namorada, ou eram gays. Mirela estava de paquera com alguém do segundo ano, mas negava até a morte.

Parecia estar tudo bem. Só parecia mesmo.

Ouvi o telefone tocar lá pela madrugada de uma quarta-feira, mas antes que eu pudesse me levantar para atender, ouvi minha mãe o fazer.

– Manu? – ouvi a voz dela depois de um tempo.

Olhei no celular, do lado da cama em um criado mudo, e não era tão tarde quando eu imaginava. Sentei rapidamente e a encarei esperando que ela falasse algo. Lidia nunca enrolava pra falar. A última vez que ela fez algo assim foi quando contou que meu pai tinha morrido. Senti uma angústia enorme.

– O que foi mãe?! – me desesperei.

– A mãe do Murilo, Miranda, ligou aqui e... Parece que ele foi internado agora a pouco. Os médicos disseram que ele vai ter que iniciar um novo tratamento e que os remédios não estão mais funcionando como antes. – ela parecia horrorizada ao contar tudo aquilo para mim.

– Mãe! – tentei sorrir – Que brincadeira sem graça! – comecei a mexer nervosamente na coberta, sentindo o fluxo de lágrimas. Parecia que meu peito iria explodir.

Ela apenas balançou a cabeça negativamente e se aproximou de mim. Sentou-se na cama e me abraçou como só uma mãe consegue abraçar e confortar um filho.

Eu sabia que não era brincadeira, mas eu queria que fosse. Eu queria que ele ligasse após aquela fala de minha mãe e dissesse “primeiro de abril!” mesmo sendo final de outubro. Eu queria que fosse um sonho, mas eu estava bem acordada agora.

As lágrimas rolavam descontroladamente enquanto a mulher acariciava os meus cabelos e tentava me tranquilizar dizendo que tudo ficaria bem. Ficaria bem.

Será?


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Notas finais do capítulo

E então? Gente, esse capítulo já é o 8, faltam apenas mais 2 depois desse. Vou ali chorar ;u;
Comentem e me digam o que estão achando! É muito importante os comentários e tenho certeza que vocês sabem disso, então, por favor. Apenas um "gostei" ou "credo" já basta. Obrigada ♥