Largo Grimmauld, 12 escrita por Anemone


Capítulo 3
Por Entre as Sombras




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/613950/chapter/3


– Você não pode fugir para sempre - disse Lupin, em tom normal.
Harry se concentrou para ouvir o máximo que pudesse.
Shhh– Sirius fez com o dedo, mas Lupin ignorando- o, continuou em voz mais alta:
– Eu só quero conversar, porque está agindo assim? É difícil saber se está tudo bem desse jeito, deixa eu te ajudar!
– Você não pode me ajudar, você não entende... - disse Sirius num tom de quem está choramingando - Está tomando conta de mim, não pensei que fosse...
– O que? O que é? Porque é que você se afastou? Ora Sir...
Sirius tapou a boca de Lupin com a mão, e os dois olharam para os lados. Quando ouviram passos chegando ao corredor, se desprenderam um do outro.
– Harry?! - Berrou a Sra. Weasley - Você não vai descer querido?
A partir daquele grito, uma série de acontecimentos catastróficos ocorreram:
Harry deu um pulo para trás com o grito inesperado da Sra. Weasley e tropeçou em bichento, que passava pelo corredor na mesma hora. Com o barulho um quadro de uma bruxa horrorosa começou a gritar desesperadamente e no patamar debaixo Sirius e Lupin se sobresaltaram derrubando uma fileira de potes de vidro em sequência de uma prateleira. Lupin ainda massageava a testa quando num segundo, o homem de cabelos negros já estava no topo da escadaria .
– Cale a boca, sua bruxa horrorosa, CALE A BOCA! - berrou ele, agarrando a cortina que Harry puxava, com muito esforço para tentar conter a bruxa.
A velha empalideceu.
Vocêêêê!– urrou ela, os olhos esbugalhados saltando em órbitas ao ver o homem. - traidor do próprio sangue, abominação, vergonha da minha carne!
– Céus! Contenham essa mulher! - gritou a Sra. Weasley lá debaixo.
– Eu... mandei... calar... a... BOCA! - rugiu Sirius para o quadro, e, com um estupendo esforço, ele e Lupin conseguiram fazer as cortinas fecharem.
Os guinchos da velha morreram e sobreveio um silêncio ressonante.
Um pouco ofegante e afastando dos olhos os longos cabelos, o padrinho de Harry voltou-se para olhá- lo, um pouco surpreso.
– Olá, Harry - disse, agora muito sério. - Vejo que acaba de conhecer minha mãe.
– Sua...?
– É , minha velha e querida mamãe - confirmou Sirius. - Faz um mês que estamos tentando tira- la dai, mas acho que ela pôs um Feitiço adesivo permanente.
– Mas o que é que um retrato de sua mãe está fazendo aqui? - perguntou Harry, espantado. Notou que Lupin, que coçava o queixo e olhava em volta, parecia um pouco nervoso.
– Ninguém lhe contou? Esta era a casa dos meus pais. Mas sou o último Black vivo, por isso ela agora é minha. Eu ofereci a Dumbledore para usar como sede: Acho que foi a única coisa útil que pude fazer até o momento.
Harry, que ainda digeria as últimas palavras e tentava assimilar a conversa estranha de Sirius e de Lupin, reparou que a voz do padrinho parecia dura e amargurada. Ele acompanhou Sirius e Lupin, no fim da eacada, passaram por uma porta que se abria para a cozinha do porão.
A Sra. Weasley pigarreou. O marido olhou para os lados e rapidamente se levantou.
– Harry! - exclamou o Sr. Weasley - Que bom ver você.
– Boa viagem, Harry? - perguntou Gui, tentando recolher e esconder doze pergaminhos de uma só vez. - Então Olho-Tonto não obrigou vocês a passar pela Groelândia?
– Ele bem que tentou - respondeu Tonks, que se aproximava para ajudar Gui. Olhando distraida para Lupin, virou uma vela em cima do último rolo. - Ah não... me desculpe...
A Sra. Wealey viu Harry olhar no pergaminho o que parecia a planta de uma construção.
– Essas coisas deveriam ser retiradas assim que terminam as reuniões - disse com rispidez.
Evanesco!– disse Gui, puxando a varinha para o pergaminho, que desapareceu.
– Sente- se Harry - disse Sirius - você já conhece Mundungo, não?
Harry se sentou e viu um homem que parecia muito bêbado caido na mesa.
Do outro lado da mesa Tonks parecia querer ajudar a Sra. Weasley, que recusava educadamente, talvez com medo de mais algum desastre no jantar...
Rony, Fred, Gina e Hermione pareciam rir de uma piada de Jorge, Harry olhou para a cozinha. Estava feliz de estar ali, todos juntos... Ele viu Tonks olhando novamente de um jeito sentimental para um Lupin aparentemente distraido em seus pensamentos e lembrou do que tinha acabado de ver. "Deixa eu te ajudar" Mas porque o padrinho precisava de ajuda? Visivelmente Sirius não estava bem, sim, alguma coisa estava pondo o padrinho em risco e Lupin preocupado tentava entende- lo. Mas porque ele se recusava a contar? Harry pensou. Se ao menos tivesse uma das orelhas extensíveis de Fred e Jorge... Será que ele ouviu direito? Sirius estava sendo dominado por algo! Harry se sentiu preocupado...
O garoto sentiu uma coisa roçar em seus joelhos e se assutou, mas era só bichento, o gato amarelo de Hermione, que contornou as pernas do garoto e saltou no colo de Sirius, se enroscando. O bruxo, diatraido, coçou atrás das orelhas do gato, ao mesmo tempo que virava ainda sério para o afilhado.
– As férias foram boas até agora?
– Não, uma droga - disse Harry.
A sombra de um sorriso perpassou o rosto de Sirius.
– Eu não sei do que você está se queixando.
– Que?! - exclamou um Harry incrédulo.
– Pessoalmente, eu teria recebido com prazer o ataque dos dementadores. Uma luta mortal pela minha alma teria quebrado essa monotonia numa boa. Você acha que seu verão foi ruim, mas pelo menos você pôde sair, se meter em brigas... eu fiquei trancado aqui o mês inteiro.
– Como assim? - perguntou Harry, franzindo a testa.
– Porque o Ministério da Magia continua me caçando, e Voldemort, a esta altura já sabe que sou um animago. Não há muito o que fazer pela Ordem... ou pelo menos é o que pensa Dumbledore.
Havia alguma coisa no tom inexpressivo com que Sirius mencionara Dumbledore que deixou transparecer que ele também não eatava muito feliz com o diretor. O garoto sentiu uma repentina afeição pelo padrinho.
– Pelo menos você acompanhou o que estava acontecendo - disse à guisa de consolo.
– Ah, com certeza - respondeu Sirius sarcasticamente. - Escutando os relatórios de Snape, aturando as ironias dele de que está lá fora arriscando a vida enquanto eu estou aqui sentado no bem-bom... me perguntando como vai a limpeza...
– Que limpeza? - perguntou Harry.
– Estou procurando deixar a casa em condições de ser habitada por humanos - explicou Sirius, abarcando com um gesto, a cozinha sombria.
– Vamos comer! - disse Gui depressa, interrompendo Sirius.
– Está com uma cara ótima, Molly - disse Lupin, servindo uma concha do ensopado em um prato e passando- o a ela, sentada ao seu lado na mesa.
Durante alguns minutos fez- se silêncio.
A Sra. Weasley se dirigiu a Sirius.
– Estou lhe querendo falar há dias, tem alguma coisa presa na escrivaninha da sala de visitas, não para de chocalhar e vibrar. É claro que pode ser apenas um bicho-papão mas pensei em chamar Alastor Moody para dar uma espiada...
– Como quiser - respondeu Sirius, indiferente.
– As cortinas de lá estão cheias de fadas mordentes - continuou a Sra. Weasley. - Pensei que poderíamos tentar resolver o problema amanhã.
– Estou ansioso para começar - disse Sirius. Harry percebeu o sarcasmo na voz do padrinho, mas ficou em dúvida se todos haviam percebido.
Em frente a Harry, Tonks divertia Hermione e Gina Transformando o próprio nariz entre uma garfada e outra, Harry olhou ao seu lado e viu Lupin encarar Sirius, o mesmo parecia desviar de seu olhar constantemente.
Com o tempo, as pessoas foram se retirando da mesa, Tonks se despedia do pessoal e Mundungo saia apenas com um aceno.
– Falou Harry! A gente se vê - acenou Tonks, derrubando uma jarra por perto. - Ah! Caramba... desculpe Sirius...
O padrinho apenas sorriu e a Sra. Weasley foi ajudar a limpar.
– Nossa, estou realmente morta! - queixou- se Sra. Weasley. Seu marido e Gui levantavam- se da mesa e iam a caminho do corredor para dormir.
– Tudo bem, Molly - disse Sirius - Vá deitar, eu insisto. Monstro cuida disso.
– Ah Sirius, tem certeza? - disse ela, cansada. - Bom. Fred, Jorge, Rony, Gina e Hermione! É melhor que vocês vão dormir também crianças.
– Ah não somos crianças, mãe! - disse Rony visivelmente morto de sono.
– Você não é Ronyquinho? - debochou Fred.
– Acho que já podemos jogar seu urso fora então? - completou Jorge - Está na hora mesmo de parar de dormir com ele...
– Calem a boca! Não enche - resmungou Rony. Gina e Hermione Riram.
– Vamos meninos! - empurrava a Sra. Weasley. - Harry, você também querido...
– Pode deixar o Harry comigo, Molly - apressou- se Sirius. - Ele já está acabando de comer.
A Sra. Weasley e os outros foram saindo.
Harry terminou de comer e notou que o padrinho o fitava, sorrindo.
Sirius se levantou e foi levando alguns pratos para a cozinha, Lupin se apressou em ajuda- lo. Minutos depois algumas luzes se apagaram e Sirius voltou sozinho da cozinha.
Harry, que analisava o ambiente sombrio e se encontrava muito concentrado num quadro com um bruxo sinistro fazendo magia, se virou e viu seu padrinho, outra vez o fitando, sorrindo.
Harry estava dando tudo por aquele momento, um sentimento estranho que não estava conseguindo controlar.
Sentia vontade de apertar Sirius e dizer o quanto queria abandonar a Rua dos Alfeneiros e ficar ali com ele, para sempre.
– É o meu tio-avô, o do quadro. Medonho não? - disse Sirius.
– É... bom, parece que sim. - disse Harry, que esperava um abraço caloroso agora que estavam sozinhos. - Você esta bem Sirius?
– Estou sim, Harry. - respondeu Sirius, um pouco intrigado. Mas Harry sentiu tristeza em sua voz. - Não ligue para a minha aparência, ficar aqui trancado me faz parecer realmente triste...
– Entendo - disse Harry, sem saber direito porque perguntou aquilo e sem mais o que dizer. - Bem, vou... Vou me deitar então... - Harry o olhou e deu meio sorriso ainda se sentindo estranhamente incompleto vendo Sirius parado ali, o observando. Deu a volta e se dirigiu a porta.
– Harry... - disse Sirius, em tom baixo. Arrastando a voz. - Vem aqui...
Harry, sentindo um arrepio na espinha, se virou para o padrinho que abria os braços para ele. Então, ao invés de um sorriso, linhas tristes se formaram no rosto de Sirius. Harry foi o mais rapido que pôde ao seu encontro e o abraçou com força. Sirius o segurou forte. Harry disse, baixinho:
– Sirius, eu... Eu senti sua falta. - ele não sabia se expressar, um calor o invadia naquele abraço. Ele se sentiu perturbado e confuso.
– Eu também Harry. - disse o padrinho num tom de amargura, agora o abraçando mais forte. Sirius parecia mais quente também.
– Por favor, me deixe ficar aqui com você se tudo der errado depois de amanhã...
Sirius ficou calado, o padrinho apenas suspirou e começou a acariciar os cabelos de Harry. Eles estavam sozinhos e aquilo por algum motivo parecia deixar Harry nervoso, o garoto só sentiu o calor aumentar.
– Eu, não quero me sentir sozinho outra vez com os Dursley - disse Harry, num tom triste.
Você não está sozinho...– sussurrou Sirius, agora virando- se para o garoto e o olhando nos olhos. - Eu estou aqui.
Harry se sentiu intimidado pelos olhos azuis tão perto dos dele. Sorriu e disse:
– Isso é..? Bem, um... sim?
– Vai dar tudo certo. - disse o padrinho, com um sorriso triste.
Harry sabia que naquele Vai dar tudo certo de Sirius também havia um quê de quem gostaria que não desse certo. Harry, no fundo gostaria de ficar ali com o padrinho. Abraçando- o eternamente.
– Agora vá descansar, disse Sirius, segurando os braços de Harry, mas parecendo não querer soltar. Seus olhos, pareciam controlar alguma coisa dentro dele.
– Boa noite almofadinhas. - disse Harry, que segurou os braços do padrinho ainda mais forte.
– Boa noite, Harry.
E então, com um sorriso, Sirius o largou e o menino foi andando em direção à escadaria, tomando muito cuidado para não acordar ninguém...
O Padrinho, porém continuou em pé na cozinha com seus pensamentos. Deu um grande suspiro e levantou a cabeça num giro, seus olhos controlavam algo que só parecia queima- lo ainda mais, agora trasparecendo em sua pele que ficava vermelha.
Nox!– murmurou.
E as luzes se apagaram.

Harry estava certo de que não conseguiria adormecer; a noite fora tão longa e cheia de informações sobre as quais refletir que ele não duvidava de que iria passar horas acordado tentando digeri-las. Mas ele estava errado. Quando o rosto do padrinho passou novamente pela sua cabeça, ele tremeu. Não estava se reconhecendo. Não sabia o que era aquela mistura de preocupação e afeição por Sirius. Ele queria saber mais informações sobre a Ordem, Voldemort e o que andava acontecendo. Harry ainda olhava para a lembrança dos olhos muito azuis olhando os seus. A imagem ia desaparecendo e Harry, confuso, mentalizou as palavras do padrinho:
"... Você não está sozinho, eu estou aqui... Vai dar tudo certo."
e não percebeu quando adormeceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hum... Parece que Sirius mexe com Harry... Mas o que Lupin e Sirius escondem?!
Fiquem de olho para o próximo capítulo...
Comentários e sugestões são bem-vindos!
Muito Obrigada pela leitura!
Anemone.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Largo Grimmauld, 12" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.