Largo Grimmauld, 12 escrita por Anemone


Capítulo 2
O Quartel-General




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–Montem nas vassouras, esse é o primeiro sinal - comandou Lupin, apontando para o céu.

A cabeça de Harry ainda estava atordoada, aquela Guarda que tinha vindo busca- lo meia hora atrás, agora se concentrava em reconhecer sinais de passe livre para a fuga de Harry da Rua dos Alfeneiros, ele estava se perguntando sobre o lugar onde iriam quando um pensamento engraçado surgiu: A cara de Tio Válter quando descobrisse que o concurso que Tonks, uma das guardas havia inventado para os Dursley sairem de casa na verdade não existia...
Harry sorriu, estava finalmente se sentindo vivo depois de quatro semanas sem nada, nenhum indício de planos para salva- lo dos Dursley.
– Segundo sinal, vamos! - disse Lupin em voz alta após ver mais uma chuva de faíscas, agora verdes, explodirem lá do alto. Harry abandonou seus pensamentos, deu um forte impulso agora se concentrando em quem comandava a rota.
– Rumar para o sul! - gritou Olho-Tonto. - Cidade à frente!
O frio cortante da noite começava a incomodar Harry, ele desejou ter lembrado de vestir um casaco.
– Dobrar para sudeste! - berrou Moody. - Queremos evitar a estrada!
Harry estava tão congelado que pensou, saudoso, no aconchego seco do interior dos carros que passavam lá embaixo... Tonks passou com a vassoura ao seu lado e deu uma piscadela
– Guenta ai, Harry! Só mais algumas voltas! - verdade, Harry pensou. Quanto poderia faltar para chegarmos nesse tal lugar seguro? Estava congelando...
– Deviamos retroceder um pouco, para nos certificar de que não estamos sendo seguidos! - Gritou Moody.
– VOCÊ FICOU LOUCO OLHO-TONTO? - berrou Tonks, agora à frente. - Estamos petrificados nas vassouras! Se continuarmos a nos desviar da rota, só vamos chegar semana que vem! - ela se virou e viu um pequeno desespero crescer no olhar de Harry. - Além do mais, já estamos chegando...
– Hora de iniciar a decida! - ouviu- se a voz de Lupin. - Siga Quim, Harry!
Em um mergulho estavam rumando para a maior coleção de luzes que ele já vira, ele queria muito chegar ao chão, embora tivesse certeza de que alguém precisaria descongelá- lo da vassoura.
– Onde estamos? - perguntou Harry, já no chão. - Achei! - Murmurou um Moody tremendo de frio, Harry se virou para olhar.
– Dumbleodore me emprestou esse apagueiro, isso cuidará para que os trouxas não nos vejam. Agora vamos logo. - ele tomou Harry pelos braços e levou- o para a frente de umas casas, o restante da guarda empunhava suas varinhas, Tonks levava seu malão.
– Tome - murmurou Moody, empurrando para ele um pedaço de pergaminho. - Leia depressa e decore.
Harry olhou para o pergaminho, havia escrito em uma caligrafia fina, que lhe era familiar:
" A sede da Ordem da Fênix encontra- se no Largo Grimmauld, número doze, Londres."
– Que é Ordem da F...? - ia perguntar Harry.
– Aqui não garoto! - disse Moody com aspereza. - Espere até entrarmos! - e, puxando o pergaminho da mão de Harry, ateou fogo nele com a ponta da varinha. Harry olhou para as casas. Havia os números onze e treze.
– Mas aqui não há o doz...
– Pense no que acabou de ler - disse Lupin em voz baixa.
Harry mal chegou a pensar e uma porta escalavrada se materializou entre os números onze e treze, paredes sujas e janelas antigas também foram surgindo. Era como se uma casa extra tivesse inflado, empurrando suas vizinhas para os lados. Harry boquiabriu- se. Aparentemente, os trouxas que estavam nessas casas não haviam percebido nada.
– Vamos, Harry - rosnou Moody, empurrando- o pelas costas.
Subindo as escadas de pedra havia uma porta, a maçaneta de prata tinha a forma de uma serpente enroscada.
Lupin pegou a varinha e deu uma batida na porta. Harry ouviu ruidos metálicos, a porta abriu rangendo.
– Entre depressa, Harry - cochichou Lupin - mas não se afaste e nem toque em nada.
O garoto mergulhou na escuridão do hall. O lugar tinha cheiro de decomposição, ele começou a estranhar, achando que aquele local era sombrio demais para pessoas como eles...
Os outros vinham logo atrás dele, Edwiges piava na gaiola, assustada, enquanto Moody providenciava um pouco de luz para o local, passos apressados vindos de um cômodo no fim do corredor assustaram Harry.
– Ah! Vocês chegaram! - falou a Sra. Weasley, com um sorriso no rosto. - Harry, que bom ver você! - sussurou ela, puxando- o para um abraço, antes de analisa- lo com um olhar crítico.
– Você está muito magro, querido! Está parecendo meio doente... Você e Rony parecem ter tomado poção para crescimento! Como podem esticar tanto?! Ah, Lupin, Queridos... - ela se virou para os outros.
Harry se distraiu e mirou o corredor, viu então um homem de cabelos aveludados e olhos muito azuis que emergia das sombras e agora o cumprimentava com um aceno de cabeça erguendo uma das sobrancelhas .
– Sirius! - Harry sussurrou abrindo um largo sorriso, um sorriso fechado também crescia no rosto do padrinho, que agora impressionava Harry. Ele estava diferente, mais jovem, a barba feita. Trajava vestes finas de bruxo, uma blusa de colarinho escuro, um colete preto por cima com uma corrente prata de um relógio que guardava no aveludado sobretudo vinho. Ele estava com um ar elegante e sombrio, a franja caindo na testa. Sirius ia desencostando da parede para vir ao encontro de Harry, que nesse momento, morria de vontade de abraçar o padrinho.
– Sirius! - falou uma voz rouca vinda do cômodo por onde o padrinho saiu. - Precisamos de você aqui, rápido!
Sirius tinha se virado para a voz, olhou para Harry e com um meio sorriso, desapareceu pela porta.
Harry fechou o sorriso, seu coração batia forte e desapontado, ele se virou para a Sra. Weasley, que dizia os outros:
– Ele acabou de chegar, a reunião começou - Harry a olhou curioso e ia começar a seguir Lupin, quando a mesma disse:
– Harry, você me segue por aqui, a reunião é só para adultos, Rony e Hermione o esperam, seu quarto fica em cima.
– que é que ela quis dizer com adultos? Pensou Harry. Eu tenho quinze anos, isto fez parecer com que eu tivesse dez!
– Vamos, por aqui querido - disse a Sra. Weasley interrompendo outra vez os pensamentos de Harry. - Evite fazer barulhos, não quero despertar ninguém.
– Que é que a senhora...
– Eu explico depois, agora tenho que correr. Preciso participar da reunião... só vou lhe mostrar onde vai dormir.
Levando os dedos aos lábios, ela o conduziu por uma escadaria, contornando um enorme porta-guarda- chuvas que mais parecia uma perna de trasgo. Haviam muitas cortinas rasgadas e velhas, eles começam a subir as escadas escuras e Harry viu, presas sobre pequenas estantes nas paredes, cabeças de elfos domésticos, todos com o mesmo narigão.
A pergunta voltara à sua cabeça: Que é que eles estavam fazendo em uma casa que parece ter pertencido ao mais tenebroso bruxo das trevas?
– Sra. Weasley, porque...?
– Rony e Hermione lhe explicam tudinho querido, eu realmente tenho que correr - explicou a Sra. Weasley, distraída. - Chegamos... - Tinham alcançado o segundo patamar. - A sua porta é a direita, no fim do corredor.
Ela tornou a descer as escadas, apressada.
Harry caminhava devagar pelo pequeno corredor, a mente foi parar em Sirius, não via o padrinho há tanto tempo, será que realmente se lembrava do rosto de Sirius? Ele estava tão diferente, que foi como se o visse pela primeira vez, nunca o tinha visto daquela maneira, renovado, era realmente muito bonito, Sirius. Harry lembrou da foto do casamento de seus pais e Sirius sorrindo nela. Sim, acho que ele está se recuperando do mal que Azkaban lhe fez... pensou. O garoto ia abrindo a porta à sua direita, distraidamente.
– Harry! - disse Hermione que já o estava abraçando. - Harry! Rony, ele está aqui! Não ouvimos você chegar! Ah, como é que você vai? Está bom? Ficou furioso com a gente? Aposto que ficou, eu sei, mas não podíamos contar nada. Dumbledore nos fez jurar que não contaríamos, ah, temos tanta coisa pra conversar: os dementadores! Quando soubemos... e aquela audiência no ministério... é um absurdo, procurei em todos os livros, eles não podem expulsar você...
– Deixa ele respirar Mione! - disse Rony, fechando a porta às costas de Harry. Ele realmente parecia ter crescido muito em pouco tempo.
Ainda sorridente, Hermione soltou Harry.
– Eu queria respostas, sabe... - disse Harry.
– E nós queríamos te dar, cara - respondeu Rony - mas Dumb...
...Dumbledore fez jurar que não contariam - completou Harry.
De repente, depois de quatro semanas querendo ver seus amigos, Harry quis ficar sozinho.
– Acho que ele pensou que você estaria mais seguro com os trouxas - começou Rony.
– Ah é? - retrucou Harry, erguendo as sobrancelhas. - Algum de vocês foram atacados por dementadores este verão?
– Ele estava muito zangado - justificou Hermione - Dumbledore. Nós o vimos. Quando descobriu que Mundungo tinha saído antes de terminar o turno de serviço. Dava até medo.
– Ainda bem que saiu - retrucou Harry - se não eu ficaria mofando na rua dos Alfeneiros o verão inteiro.
– Não Harry... - retrucou Hermione.
– Como é que ele permite vocês dois saberem de tudo e eu não? - disse Harry, já nervoso.
– Não sabemos! - interrompeu- o Rony. - Mamãe não nos deixa ouvir nada, diz que somos crianças... Sabemos pouco, Fred e Jorge inventaram Orelhas Extensíveis, entende?
– Extensíveis..?
– Orelhas, é. Só que tivemos que parar de usar nos últimos dias porque mamãe descobriu e ficou danada. Mas usamos muito antes dela pegar, sabemos que a Ordem montou uma espécie de quartel-general aqui e anda seguindo os Comensais da Morte conhecidos, marcando eles, sabe... Fred e Jorge também as usavam para tentar descobrir algumas conversas estranhas de Sirius e Lupin, mas não conseguiram descobrir nada.
– Como assim estranhas? - perguntou Harry.
– Não sabemos, aparentemente nem eles, só disseram que os dois andam nos cantos cochichando e Sirius parece sempre fugir da conversa.
– Estranho... - disse Harry
– Os outros estão trabalhando para recrutar mais gente para a Ordem... - acrescentou Hermione.
– E os outros estão montando guarda, estão sempre falando de serviço de guarda. - disse Rony.
– Então, que é que vocês tem feito se não podem assistir às reuniões? - perguntou Harry.
– Estivemos - respondeu Hermione - Estivemos descontaminando a casa, passou um tempão vazia e muita coisa estranha proliferando por aqui...
A porta se abriu, Gina entrou.
– Ah, olá Harry! - cumprimentou animada. - Pensei ter ouvido sua voz.
Virando- se para Fred e Jorge, que acabavam de aparatar ali, disse:
– Ah, podem esquecer orelhas, ela lançou um Feitiço da Imperturbabilidade na porta da cozinha.
– Ah, mas que droga! - disse Jorge.
– Que pena. Eu realmente gostaria de descobrir o que é que Snape está fazendo. - acrescentou Fred
– Snape! - exclamou Harry - Ele está aqui?
– Tá - confirmou Jorge - Fazendo um relatório, ultrassecreto. Além de espiar Sirius e Lupin, ele andou escondido atrás de uma porta quando os dois tentavam se falar, nós vimos de cima da escada, aqueles dois andam esquisitos mesmo...
– Babaca fofoqueiro - Disse Fred, só por dizer.
– Que é que Sirius e Lupin andam falando? - perguntou Harry, curioso.
– Não sabemos. - disse Jorge - nunca conseguimos ouvir, Sirius anda estranho, se esquivando e Lupin parece aflito quase sempre que se vêem.
– Será que Alguém sofre perigo? Sirius? - perguntou Harry, preocupado.
– Talvez, pensamos nisso - respondeu Jorge, pensativo. - Mas nunca conseguimos ouvir, Lupin começa a falar quando estamos nos preparando pra ouvir e Sirius foge...
– De qualquer forma, Snape parece estar do nosso lado - disse Gina, do nada.
– Mas vai continuar sendo babaca. O jeito que ele olha para a gente quando nos encontra. - disse Fred.
– Gui também não gosta dele - disse Rony como se isso decidisse a questão.
Houve um silêncio. Harry indagava sobre Sirius, as informações pareceram lhe deixar mais calmo, mas do que será que o padrinho fugia? Uma pequena preocupação surgiu em seu peito. Se Lupin parece aflito, será que Sirius pode estar doente, em perigo? Harry não sabia dizer exatamente o porquê da preocupação, Mas ele conhecera seu padrinho há dois anos, se viram poucas vezes, mas Sirius sempre lhe deu apoio, o considerava muito, a simples menção de perigo a Sirius o deixava nervoso, ele gostava muito do padrinho e não queria perde- lo. Gostava ainda mais depois de te- lo visto hoje, saudável, se recuperando, se sentiu atraído pelo seu sorriso fechado, como se tivesse um lar, uma companhia agora. Por um segundo desejou perder aquela audiência e ficar ali, com Sirius sorrindo para ele, lhe dizendo que agora ele tinha alguém, foi despertado para a realidade quando ouviram barulhos de pisadas subindo as escadas.
– Ah, ah.
Fred deu um puxão na orelha extensível; ouviu- se um estalo forte, e ele e Jorge desapareceram. Segundos depois, a Sra. Weasley apareceu à porta do quarto.
– A reunião terminou, podem descer para jantar agora. Todo mundo está doido pra ver você Harry. E quem foi que largou todas aquelas bombas de bosta na porta da cozinha?
– Deve ter sido o Monstro - disse Gina, dando de ombros.
– Quem é Monstro? Perguntou Harry.
– O elfo doméstico que mora aqui - respondeu Rony. - Doido de pedra. Nunca conheci um igual.
Hermione franziu a testa. Ela e Rony começaram a discutir sobre a F.A.L.E , Harry distraiu- se quando viu um retrato de Sirius e Tiago mais jovens, jogado no fundo do quarto.
– Dumbledore diz que devemos tratar bem o Monstro! - gritava Hermione.
– Sei, sei - disse Rony. - Vamos, estou morto de fome.
Ele foi o primeiro a sair do quarto e alcançar o patamar, mas antes que pudessem descer a escada...
– Calma aí! - sussurrou Rony, esticando o braço para impedir Harry e Hermione de continuarem. - Eles ainda estão no hall, quem sabe a gente consegue ouvir alguma coisa.
Os três espiaram com cautela por cima do balaústre. No corredor abaixo estavam bruxos e bruxas cochichando animados, Harry reconheceu os cabelos oleosos e o nariz adnuco do Prof. Snape. Também estava interessado em saber o que Snape fazia na Ordem da fênix...
Um fio barbante cor de carne desceu bem diante dos olhos de Harry. Erguendo a cabeça, ele viu Fred e Jorge no patamar acima, baixando cuidadosamente a orelha extensível em direção à aglomeração sombria de bruxos. No estante seguinte, porém, todos começaram a se encaminhar para a porta de entrada e desapareceram de vista.
– Droga - Harry ouviu Fred murmurar, recolhendo a Orelha e saindo com Jorge.
– Snape não come aqui nunca - informou Rony a Harry em voz baixa. - Graças a Deus. Vamos.
– E não se esquece de falar em voz baixa no corredor, Harry. - disse Hermione que já estava descendo as escadas com Rony e Gina.
Harry ficou parado no lugar imaginando porque Snape estava investigando Sirius e Lupin. Ele viu os amigos sumirem pela porta do andar debaixo e se apressou para descer, quando notou que duas sombras, se aproximavam, uma delas, de cabelos nos ombros e sobretudo que segurava no pescoço da outra estava ao mesmo tempo um pouco relutante e era gentilmente empurrada pela outra sombra de cabelos curtos e terno num canto do corredor do patamar abaixo...
Os olhos de Harry arregalaram- se. Ele ficou imóvel e prestou atenção.


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Notas finais do capítulo

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Muito Obrigada pela leitura!



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