Sasuke

– Finalmente fedelho, arrumou alguém que vale a pena, a rosadinha é no ponto - Uchiha Obito, o tio solteirão que adora enfernizar - Conta ai, como foi que conseguiu aquilo tudo?

– Não pode negar o sangue né tio? - Itachi se pronunciou, aqueles dois mais parecem duas velhas fofoqueiras.

– Tsc.. Devia ter mais respeito tio, ela agora é uma mulher comprometida, e duvido muito que se interesse por homens de meia idade.

– Muito obrigado, pela parte que me toca fedelho, mas você ainda tem que remar muito, pra chegar aos pés do tiozão aqui.

As vezes me pergunto de onde eu vim, o único ser normal. O som de um talher batendo em um copo chamou minha atenção, meu irmão estava na ponta da mesa, procurei Sakura com os olhos mas não a encontrei.

– Bom, hoje estamos aqui, pra comemorar mais um ano da minha adorável mamãe - ele começou com aquele discurso fajuto - Está fazendo oitenta e quantos mesmo mãe? - Vi minha mãe lançar um olhar mortal pro Itachi, sempre com piadinhas - Bom, agora que a senhora, ganhou mais um guizo - fala sério que ele iria continuar com aquilo - Tudo bem, agora é sério, mesmo sendo meio maluca e superprotetora, você sempre foi uma mãe maravilhosa, mesmo cozinhando mal, gritando com a gente, e afastando toda e qualquer mulher que se aproximasse, sempre prezou a nossa felicidade, e se hoje eu sou esse homem, é graças a você, e eu tenho certeza que o Sasuke pensa da mesma forma que eu. Então parabéns minha velha, mesmo com as suas maluquices é impossível não te amar - Minha mãe já tinha lágrimas formadas, ela adorava quando os seus bebês a mimavam.

Depois do discurso emocionante - sintam a ironia - do meu irmão, o almoço foi servido. Encontrei a Sakura sentada ao lado da Hina, as duas pareciam super amigas, e isso me alegrava a Hina era uma ótima pessoa, e seria madrinha também, poderia ajudar Sakura.

– Quer um babador teme? - o loiro mais amado apareceu - Desse jeito a Sakura-chan vai secar, pensei que você gostasse de ter onde pegar

– Olha quem deu as caras - mesmo morando longe, conhecia o meu amigo tinha algo errado - E por falar em cara, o que aconteceu com a sua?

– Um nome, você tem três chances - o mesmo Dobe do colegial, eu era o único que sabia dos sentimentos dele - Ela me pediu carona, e aconteceram algumas coisas.

– A Hina é assim, você conhece ela, mas eu pensei que a essa altura, vocês já tivessem superado isso.

– Eu também, mas eu não sei cara ela veste uma armadura e me afasta - esse drama desde os 16, acho que eu tô começando a entender melhor esse lado agora.

– Olha Naruto, sendo bem sincero com você, já passou da hora de vocês se acertarem, qual é? Vai ficar ai, esperando ela vir até você? Desculpa, mas essas coisas não acontecem na vida real, meu caro.

– É, você tem razão teme.

Por um momento me vi na mesma situação, observando a mulher a minha frente, tão linda, conhecendo a profissional incrível que ela é, além de ser uma mulher forte e decidida, me sinto um tolo, como Itachi gosta de me chamar, ela sempre esteve do meu lado, e eu nunca a enxerguei de verdade, e agora essa vontade absurda de tomá-la pra mim. Doutora você ainda me deixa maluco.

– Vem tia, vai ser legal - vi o Yuri passar correndo de mãos dadas com a rosada - Se você se afogar, eu te salvo - ouvi um risinho dela e resolvi seguir os dois - Como se eu fosse deixar uma gata como você se afogar - esse moleque passa tempo demais com o pai.

Segui os dois, e como eu imaginei eles estavam na piscina, o Yuri logo mergulhou e a minha rosada ficou próxima a beira observando

– Tá afim de um mergulho? - me aproximei dela, retirando a camiseta mergulhar me pareceu uma boa ideia - Eu posso cuidar de você se tiver medo - e logo mergulhei, Sakura não tinha essas frescuras ela fazia o que se sentia confortável a fazer - Você não vem? - a chamei, e logo o Yuri apareceu do meu lado, Sakura não teria como fugir.

– Tudo bem, vocês venceram - ela disse retirando os chinelos. Incrível como ela conseguia ser sensual involuntariamente, parecia até karma, ela se despiu vagarosamente, em um ato inconsequente e totalmente sexy ao meu ver, mas infelizmente eu não fui o único a observa-la, todos absolutamente TODOS os homens, inclusive certo ruivo com quem eu não simpatizei a secaram, e ela fazia tudo majestosamente, desde prender os cabelos em um coque, até chegar a escada na entrada da piscina. Depois de notar que aqueles urubus estavam secando a minha...Amiga.

Sakura era uma perdição, e eu teria um prazer enorme em me perder por aquelas curvas.

Mas apenas eu poderia pensar nela dessa maneira, ela é minha só não sabe disso.

Sakura

Notei que o Sasuke fechou a cara, assim que eu me despi, eu sabia que ele era ciumento, mas isso nunca se aplicou a mim, mas admito que ter aquele homem, com seis tijolinhos no abdômen com ciumes de mim é algo maravilhoso, e que não acontece todos os dias. Assim que eu entre na água, o Yuri pulou no meu colo.

– Tia você sabe nadar? - ele perguntava com os olhinhos pidões, eu já imaginava o que viria - Vamos competir?

– Yuri - A voz do Sasuke assumiu um tom repreensivo, quase que como um pai - Vai brincar garoto, agora eu vou aproveitar a minha namorada.

Será que esse homem sabe os efeitos que causa falando assim?

– Então Doutora– acho que não sabe - Enfim sós - ou talvez saiba - Sabe, eu tô com uma dúvida, e eu acho que você pode me ajudar

– D..du..dúvida? Sobre o que? - Calma Sakura, é só o Sasuke seu amigo, lembra? Sim, seu amigo gostoso, que te beijou, e que agora está muito perto, mas isso não quer dizer nada.

Ele se aproximou e levou as mãos até o meu rosto, eu já podia sentir o hálito quente e com resquícios de bebida, inconscientemente fechei meus olhos, eu estava pronta ....

– BOMBA DE CANHÃO!!

Tudo que eu vi foi água pra todo lado, e o Sasuke se afastando.

Tão perto

– Volta aqui seu moleque, você tá muito enganado se pensa que eu vou deixar isso barato - O que aconteceu depois foi uma guerra de água, onde o Yuri dava gargalhadas sem parar tentando afogar o Sasuke, e me usava como escudo

– Eu me rendo - o pequeno dizia ofegante entre risos escorado na borda da piscina - Você venceu, mas garanto que não me pega na corrida.

Os dois saíram em disparada, me deixando sozinha, notei que as outras pessoas que estavam ali também observavam os dois.

– Você tem uma família muito linda minha jovem - uma senhora de aparentes sessenta anos, que estava sentada em uma das mesas próximas comentou, enquanto eu pegava minhas roupas - É difícil ver famílias assim nos dias de hoje, é uma garota de sorte.

– Obrigado, acho que eu sou mesmo.

Passar esse tempo todo com a família do Sasuke, é realmente especial pra mim, eles me acolheram tão bem até a Dona Mikoto, que não me queria aqui. Isso só me faz pensar, se eu não tivesse saindo da França, onde estaria a minha vida agora? Será que ele estaria comigo?

Flashback on

– Essa garota, passou de todos os limites Mebuki - a voz de seu pai ecoava por toda a casa - A sua filha, é uma ingrata, que se deita com qualquer um, ela não é digna de carregar o meu sobrenome.

– Kizashi, por favor homem, não fale assim, Sakura continua sendo sua filha.

– Não, ela não é Mebuki, pra mim ela está morta, filha minha não se deita com qualquer um.

– CHEGA - A jovem ainda em corpo de adolescente gritou descendo as escadas - Por favor parem, eu não aguento mais

– Olha quem resolveu dar as caras, decidiu as caras, vai assumir a vergonha Sakura? - O sarcasmo que o homem usava machucava - E não me diga que é mentira, você não passa de uma vagabunda Sakura, a prova disso é essa criança que carrega ai.

– Pai por ....

– Não Sakura, eu não tenho mais nenhum tipo de vínculo com você, esse bastardo que você carrega não levara meu sobrenome, muito menos o meu dinheiro, eu quero você fora da minha casa.

Aquelas palavras a quebraram, amava tanto sua família.

O amor é traiçoeiro, e deixa marcas invisíveis em nosso coração.

Em Paris

A mulher loira de aparentes cinquenta anos, analisava o porta retrato ao lado da filha, já faziam oito anos desde de a última vez que estiveram juntas.

– Sra. Haruno, o jovem Hozuki está aqui para vê-la - com um pequeno aceno pediu que o jovem entrasse

– Não devia se martilizar tanto, isso não é saudável - o homem alto de curiosos cabelos brancos trazia consigo um envelope lacrado

– Você conseguiu alguma coisa? - a mulher estava visivelmente aflita

– Como suspeitavamos ela está no Japão, foi um pouco complicado conseguir informações mais detalhadas, a policia de lá é um tanto tradicionalista.

– E o que você conseguiu Sui?

– Calma, amanhã mesmo estou indo com os meus melhores homens, agora que Sai foi lebertado temos que agir rápido.

– Você acha que ele iria atrás dela? Sui você precisa proteger a nossa menina.

– Eu sei, Sakura é como minha irmã, eu jamais deixaria aquele crápula fazer algo a ela.

– O que você tem aí? Me diga que são boas notícias

O jovem colocou o pacote sobre a mesa de megno, o pequeno escritório com estantes cheias de livros, e uma pequena mesa ao centro ficou em silêncio, a mulher loira de poucos grisalhos encarava o envelope

– Abra, que vai se sentir melhor - Assim que pegou o conteúdo não segurou as lágrimas - Ela fez uma viajem curta, estava acompanhada e conseguimos essas fotos.

– Ela se tornou uma mulher tão linda, esse homem, você sabe quem ele é?

– Acho que a nossa flor seguiu em frente tia, essas fotos mostram ela sempre acompanhada dele, e eu acho que vai gostar das últimas.

Mebuki Haruno parecia uma criança aos prantos, ver sua filha depois de oito anos sem noticias era demais, não viu a jovem se tornar mulher, não esteve junto a ela quando mais precisou, abandonou filha e neto, a dor era implacável, o arrependimento a dilacerava, as imagens de sua filha sorrindo ao lado de um menino de cabelos negros a destruiu, perdeu os momentos mais importantes da vida de seu neto por orgulho.

– E..es..esse é o meu neto? - lágrimas grossas banhavam seu rosto - Sui e.el..ele é tão lindo, de quando são essas fotos?

– As fotos chegaram ainda a pouco, não temos informações detalhadas, sabemos que esse homem é Sasuke Uchiha, e aparentemente é namorado dela.

A dor da perda só não é maior, que a que o arrependimento deixa.