Curta os curtos

Beijo demoníaco

Algumas horas atrás

– Vamos! Não seja tímido. Você quer ou não quer ajudar os seus garotos? – A pergunta era tola, a resposta era óbvia. Claro que ele queria ajudar, se preciso dar a sua vida para salvar aqueles dois cabeças duras. Afinal, era um pai para eles.

Crowley sentou em uma cadeira, ao lado de Bobby. Olhou-o profundamente nos olhos, sério.

– Tudo bem, eu vou fazer. Se é pra salvar o mundo. – Ele apertou os olhos e deixou que o demônio fizesse o resto. Mas quando sentiu as mãos frias de Crowley tocar seu pescoço, Bobby afastou a cadeira de rodas rapidamente. Deixando o outro num vácuo e tanto.

– Achei que estava tudo bem. – Ele disse cruzando os braços.

– Estava, até eu senti o seu bafo na minha cara.

– Seja homem, faça isso antes que alguém chegue. Aí sim vai ser mais constrangedor.

– Certo, agora eu faço. – Bobby respirou fundo. – Sem gracinhas, entendeu?

– Ta me achando com cara de Demônio amador? Eu sei o que estou fazendo. – Discretamente Crowley pegu seu Iphone, deixando-o pronto para o momento. – Vamos lá, é bem rápido. Você nem vai sentir.

– OK! – Ele fechou os olhos com repulsa. Os lábios finos e frios do demônio se aproximaram, e quando deu por si o beijo já estava acontecendo. Crowley abriu os olhos imediatamente quando sentiu algo estranho penetrar a sua boca, logo apertou o botão do celular, tirando uma foto. Para futura recordação. Se gabaria sorridente pra quem quisesse ver o machão ali da cadeira de rodas se curvar num beijo.

“Mas que diabos ele ta fazendo com a língua?”

– Certo! Agora já chega né? Sua alma é minha e eu não quero mais do que isso. – Ajeitou o paletó e a gravata. O clima estava tenso e muito quente. Não tanto quanto o inferno.

– Vamos manter esse acontecimento em...

– Em segredo? Claro que sim.

– Porque eu não quero...

– Que seus amigos pensem demais de você. Tranquilo.

– Agora que já ta feito, ta feito...

– Exatamente, Bobby, esta feito. Só preciso agora terminar o ritual para descobrir a localização da Morte.

– Espera! Onde você vai? Não ia fazer isso aqui?

– Não, não, não.... É algo muito perigoso pra ser feito aqui.

Bobby viu o demônio sumir da sua sala. Virou-se e encarou o espelho. Vendeu a alma, beijou um demônio, não podia andar... Não havia melhor definição para fudido que aquela.

Noutro lugar, sentado num bar, Crowley bebia algo gelado, o calor estava passando. Pegou o Iphone e chegou a foto.

– Uhm! Não acha que sou fotogênico? – Ele mostrou a imagem para o bartender, que sorriu piscando-lhe o olho. – Ih!