Te amarei para sempre escrita por weslley felix


Capítulo 2
Chegada Inesperada.


Notas iniciais do capítulo

Visitas chegam simultaneamente, e avisos são feitos com intuitos ainda desconhecidos.



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Joey se aproxima da casa com as mãos levantadas. Ele para diante de Paulo e Weslley com um sorrisinho sacana.

–Ok. Eu me rendo –diz ele.

Paulo parece estar totalmente surpreso. Não acreditando, ele pergunta:

–O que está fazendo aqui?

–Não posso mais visitar meus velhos amigos?

–Depois de simplesmente sumir por quatro anos sem deixar noticias? –diz Paulo com mais certeza na voz do que gostaria. –Não sem se explicar.

– Eu sei. Mas posso pelo menos entrar? Eu to com fome, –ele simplesmente passa pelos dois na varanda –e preciso dormir um pouco.

– É. Eu tinha me esquecido do quanto você consegue ser folgado. –Diz Wes com um ar de cansaço e … Como se diz...? Saco cheio.

Eles entraram e, depois de um refrescante banho quente, Joey explicou o que aconteceu e o que fez com que ele quisesse sumir por tanto tempo. Ele e Paulo são irmãos, e sempre se deram bem. Até Paulo se tornar uma alfa. Ele juntou todos os ômegas da cidade e formou um bando. Tudo com a ajuda de Joey. Por isso o mesmo sentia que tinha tanto direito ao posto de alfa quanto ele. E depois das brigas terem desgastado a relação dos dois, ele simplesmente deixou a cidade sem deixar rastros, e teve a cautela de camuflar seu cheiro com a ajuda de uma mistura de ervas que levava: cerefólio, angélica e absinto. Juntas essas ervas, elas disfarçam o cheiro de qualquer licantropo.

– Primeiro eu fui para o Rio de Janeiro, depois pra Bahia, e aí fui subindo até chegar em Manaus. Mas na semana passada eu não suportei a saudade e voltei.

– Eu nunca imaginei que uma posição de Alfa fosse te afetar tanto. – diz Paulo, com uma expressão de dor e culpa no rosto. Culpa pelo irmão. –Sempre achei que fosse uma simples disputa de irmãos que passaria com o tempo. Mas aí você sumiu. E não deixou um aviso sequer.

– Não se culpe irmão. Era necessário. Eu precisava espairecer. –ele parece irritantemente tranquilo. – Sem falar que eu achei uma solução. Eu formei minha própria matilha. –diz ele, olhando para os dois amigos ao redor dele no sofá da sala de Weslley. –Somos eu, Will e Tammy.

–Você o que? – Dizem Paulo e Wes ao mesmo tempo.

–É isso aí. Não achou que eu fosse querer passar a vida inteira na sua sombra, não é mesmo?

– Você não pode simplesmente sair transformando todo mundo só pra ter uma matilha! –Protesta Wes.

–Eu não transformei ninguém. Eles já eram Licantropos. E pra falar a verdade, eles que me escolheram pra seu Alfa. A única coisa que eu precisei fazer foi dizer "sim", tipo um pedido de casamento sabe, só que mais legal. –diz ele com uma cara de quem acabou de descobrir que ganhou na loteira.

Weslley pensou que provavelmente poderia passar a noite toda tentando enfiar na cabeça dele o quanto aquilo parecia ser egoísta, mas concluiu que aquilo era conversa de família –e que seria melhor deixar os dois se resolverem.

–Bem, eu tenho que ir. Tenho uma reunião importantíssima com os ancestrais. Se quiserem podem ficar, mas não façam barulho. Eles odeiam serem incomodados durante uma reunião.

~Weslley~

Eu subi até o sótão e tranquei as portas atrás de mim. Depois de chegar ao centro do ambiente eu digo a minha fala costumeira:
–Mostrem-se! –pronuncio em voz alta.

Em segundos, um grupo de dez espíritos aparece em um círculo perfeito em volta de mim. Todos são espíritos de bruxos dos mais diversos clãs. Nenhum deles é meu ancestral. Eu só os chamo assim porque são ancestrais de vários bruxos do mundo e, além disso, são também alguns dos mais poderosos da história.

– Você demorou. Achamos que não viria mas. – Diz Abramelin, cujo grimório foi levado até a Europa com ele ainda em vida, tornando-o assim uma lenda viva.

–Alguma vez eu faltei a uma reunião com vocês? –respondo com a mesma acidez que ele na fala.

– Felizmente não. Mas vamos ao que interessa. – Diz Morgana, uma das mas antigas do conselho.

–Que seria...? –pergunto. Realmente não sabendo o motivo de tanta urgência.

–Nós sentimos um perigo eminente. –Merlin fala com aquela fala solene que me faz lembrar o Cid Moreira. –Alguma coisa grave está para acontecer.

– Sempre tem algo acontecendo nesta cidade. –Tento ser sarcástico.

–Desta vez é muito mais grave do que pensa. –Desta vez quem fala éCipriano.

– Por que exatamente?

–Pessoas tem sumido em todas as três cidades em volta de Erechim. – Drakali-toth, o mais velho do conselho, sendo do antigo Egito, diz com ar quem perdeu a paciência.

– Hã... dã? –Aff, mais que perda de tempo. –Disso eu sei. Os lobisomens estão fazendo rondas em torno das cidades. É só uma questão de tempo até acharem os culpados

–Não estão dando resultados. –Qetsyah é quem tem a voz dessa vez. – Estão patrulhando essa cidade a semanas, e nada.

Todos ele sempre fazem isso. Falam educadamente, um depois do outro, da esquerda pra direita, ininterruptamente sem romper a ordem como numa dança das cadeiras. Isso as vezes me irritava. Mas com o tempo me acostumei.

–Tudo bem. Eu sei de tudo isso. Mas não me chamaram aqui com toda essa urgência, só pra me dizer o que eu já sei, certo? –Falo mais alto que eles. Pra controlar a situação. – Digam o que está havendo.

–Tememos que não consiga suportar o peso da informação. – Solomon tenta, fracassadamente, esconder a informação.

– Podem ser mais claros? –Estou ficando sem paciência.

– O próximo sumiço será com alguém próximo de você! –Agatha Harkness me alerta. –Queríamos dizer isso pra você antes que ocorresse.

– Tem muitas pessoas próximas de mim. E como prometi nenhum deles será ferido. – Levo minha promessa muito a sério.

– Desta vez não poderá evitar –Jadis fala como se estivesse feliz com isso. Ela sempre dá uma de advogada do diabo. –A questão é, o que fará pra que essa pessoa não encontre a morte?

–Quem é essa pessoa?

– Não temos como dizer. Não sabemos. – Lilith fala com tristeza –Isso você terá que descobrir sozinho.

E com isso todos eles somem no ar sem nem ao mesmo me darem uma pista. Mil coisas passam pela minha cabeça enquanto volto para a sala para verificar se Paulo e Joey ainda estão lá. Quem é essa pessoa? Porque alguém iria querer sequestrá-la? É alguém da minha família? E o mas importante, como evitarei que essa pessoa morra?.

Como eu disse a eles, existem muitas pessoas próximas a mim. Paulo, o alfa da matilha que protege a cidade, e que é meu amigo desde que cheguei aqui; Joey, que mesmo tendo sumido por quase quatro anos, me ajudou a conseguir a casa que moro; e sem falar em Eric, Sam, Andy, e o mais importante, Gabriel. Ele sempre foi meu amigo desde a internet antes de eu vir pra cá cinco anos atrás. Qual deles é o alvo eu não sei, mas preciso me precaver. Eles talvez tenham razão, precisamos nos esforçar e conseguir resultados imediatos.

Na sala eu encontro os dois alfas abraçados. Um abraço de saudade, de dois irmãos que não se viam a quase quatro anos. Joey tentou se afastar quando eu apareci, mas Paulo não largou o abraço. Depois que eles se soltaram, os dois me olharam.

– Preciso ir. – diz Paulo primeiro. – Temos outra ronda pra fazer amanhã bem cedo...

– Antes eu preciso alertá-los de algo. – Interrompo-o no meu da frase.

Com cara de assustados, os dois se entreolham e depois me olham esperando uma resposta.

– Os ancestrais me disseram que algo ruim está para acontecer. Alguem vai desaparecer .

–Desculpe, mas... Dã. – Joey tenta ser irônico. – Isso já tem acontecido há semanas. posso ter ficado longe, mas ouvi falar da onda de desaparecimentos aqui e nas três cidades vizinhas: passo fundo, santo ângelo e santa rosa.

– Desta vez é diferente. –Digo com mais certeza.

–Diferente porque – Pergunta Paulo.

– Alguém próximo de mim irá desaparecer. Pode ser qualquer um dos meus amigos. E isso inclui vocês dois.

–É. Eu voltei a menos de uma hora e já tem um problemaço girando em torno da cidade.

Nós discutimos todas as possibilidades, durante quase duas horas. Teriam sido horas mais produtivas se Paulo não estivesse tão relutante em deixar a matilha do irmão ajudar. Ele afirmava que não deixaria o irmão caçula correr perigo,com matilha ou sem. Mas no final ele cedeu. Afinal, ele era um alfa. Assim como ele.
Eu ajudaria nas buscas. Sem negociações. Afinal eu era o único bruxo de Erechim e também, segundo eles, um dos mais poderosos. Mas eu não sou egocêntrico a ponto de usar esse título. Isso seria tão Jace Wayland.

–Tudo bem, já que resolvemos os próximos passos, podemos ir pra casa. – Diz Paulo, com um ar convidativo direcionado ao irmão.

– Nunca pensei que iria querer ver como aquela casa iria estar depois que eu voltasse. Acho que é saudade mal expressada.

– Tem razão. Depois de sumir por tanto tempo, claro que sentiria saudade. Então é melhor ir antes que eu durma em pé aqui na frente de vocês. E além disso, tenho uns feitiços pra treinar depois da patrulha.

Nos despedimos e os dois foram para a casa juntos. Eu só deitei pra basicamente descansar o corpo, porque sono que é bom, nada. E se tem uma coisa que eu aprendi é que, quando os ancestrais te dão um aviso, você não ignora.


~*~

Gabriel e Paulo continuaram se encontrando por duas semanas depois daquela noite. Estranhamente, ele não conseguia deixar de pensar no homem alto e com olhos vermelhos que conheceu primeiro no corredor da escola, e depois num beco úmido no meio da cidade. Depois dessas duas semanas, Paulo chamou Gabriel pra ir até sua casa depois da aula. Tomando o cuidado de não deixar passar nada do mundo sobrenatural pelo conhecimento do jovem rapaz humano, porque afinal seria mais seguro pra ele se não soubesse. E sem falar do melhor amigo bruxo que ele tinha e que tinha deixado bem claro que estaria de olho.

– Sua casa é bem grande. – diz Gabriel ao se deparar com um casarão gigantesco e, apesar de muito antigo, muito bem decorado. – E realmente muito bonita.

– Herdei dos meus avós depois que eles morreram. Meus pais são do Rio de Janeiro, mas minha família é toda daqui. Eles preferiram continuar lá no rio. Eu quis ficar e cuidar dos negócios dos meu avós.

– E quais são os negócios deles?

– Ações bancárias. Eu sei que a maioria das pessoa preferiria fazer isso em uma grande capital, ou em outro estado talvez, mais eu gosto daqui.

– Parece bem legal. Meus pais são professores. Mas chega de falar de negócios.

– E sobre o que você quer falar? – pergunta Paulo, olhando cada vez mais para o rosto branco e delicado do rapaz.

– Quero conhecer a casa. – diz ele. Com uma naturalidade que surpreendeu o alfa.

– Tudo bem. vamos começar pela cozinha. – O garoto o leva pela mão enquanto é guiado pelo lobo.

Eles começaram pela cozinha, que era toda em azulejos brancos e pretos em contraste com armários de madeira clara. Depois passaram pela sala de estar, a sala de jantar, a varanda que tinha um jardim com lindas flores dos mais variados tipos, e depois os quartos. Eram seis ao todo. Um para ele, um para os pais, um para o irmão, que estava na cidade, e os outros três eram para os hóspedes - primos, tios, ou amigos que viessem visitar. Ele não achava necessário ter tantos quartos numa casa, mas os pais eram exagerados.

Paulo mostrou seu quarto para o garoto. Era grande, o chão tinha um carpete marrom escuro com um tapete felpudo branco na frente da cama, que era larga e cumprida com uma cabeceira toda acolchoada em tecido preto. A parede atrás era preta, assim como a parede ao lado da janela, que tinha uma cômoda branca, ao lado da cama havia uma mesa de cabeceira branca com duas estátuas egípcias em cima.

Gabriel notou que Paulo era muito simplório no que se referia a cores. o quarto era quase todo em preto e branco. fora o carpete que era marrom escuro.

–Parece o mais bonito dos quartos. – Diz o menino

–Não acho que eu tenha tanto bom gosto assim. – Paulo fica sem graça.

–Eu acho que eu tenho. Senão eu não teria te encontrado. – Gabriel fica de frente para Paulo.

–Eu discordo. Eu é que te encontrei. – Paulo caminha devagar em direção a Gabriel. Dominado pelo cheiro doce e levemente cítrico dele, sua pele branca com as bochechas rosadas, e sua estatura mediana, se comparada a dele pequena, e as formas delicadas de seu corpo. – Acho que o destino foi generoso comigo.

– Se seu objetivo era me deixar sem graça, conseguiu. – Afirma o garoto, com as pupilas dilatadas.

– Não era meu objetivo. Mas confesso que gostei.

Paulo se rendeu ao impulso e o beijou. O agarrou pela cintura, e deu um beijo delicado e doce, porém apressado. O desejo misturado ao cheiro de luxúria que saía de seu pescoço o deixava completamente bêbado de desejo.

Aos poucos, Paulo tira o casaco do rapaz e o jogou no chão. Logo depois, o menino foi pego pelos braços fortes do namorado, que o deitou gentilmente na cama. Paulo tirou os sapatos do garoto e os dele. Passa as mãos por baixo da blusa do menino, a tirando por cima da sua cabeça, e se depara com um corpo bem delineado e ligeiramente definido nos músculos da barriga e dos braços.

Ele começou a acariciar todo o corpo do garoto e e a beijá-lo ao mesmo tempo. Ele queria tê-lo, beijá-lo, senti-lo, tudo ao mesmo tempo, mas havia um problema que o impedia. Esse problema se chamava virgindade. Ele então diminui o ritmo do seu desejo afim de prolongar o prazer dado a seu companheiro. Ele cariciava todo o corpo do menino.

Gabriel assume o controle e arranca as roupas de Paulo e depois o resto de roupas que sobrou em seu corpo. Paulo assume o controle de novo. Como sempre foi, ele sempre gostou de estar no comando. Característica que o fazia ser sempre o líder perfeito.

Ele traça uma linha de beijos que vai do pescoço, através do tórax, até o pênis do outro. Ele começa com leves movimentos de sucção, e vai se intensificando aos poucos. Mas sempre sem pressa. Ele sabia que estava torturando o namorado, que era virgem, mais era necessário para que o prazer fosse dado de forma perfeita.

Paulo passava a língua na cabeça e deslizava por toda a extensão do pênis dele. Gabriel soltava gemidos altos e mal contidos. Isso servia como um incentivo a ele,que subiu até seu ouvido e logo depois de um beijo, ele vira Gabriel de costas o põe de quatro. Ele lubrifica o ânus do garoto com sua língua que subia e descia delicadamente, e depois ele se posiciona começando a introduzir seu pênis. O garoto solta um gemido dolorido. Paulo tem a habilidade de o beijar na nuca pra tranquilizá-lo, diminuir sua dor. Mas ela passa rápido e ele sente que pode acelerar o ritmo.

Ele o faz devagar. Mesmo assim, logo, se vê metendo com força no outro que apenas geme alto de prazer. Paulo logo troca de posição, o pondo em cima. O garoto quicava repetidamente enquanto era masturbado pelo namorado. Ele começa a suar e a gemer cada vez mais alto. Sente Paulo gozar dentro dele e goza junto gritando de prazer.

Após isso tudo, os dois permanecem abraçados na cama. Querendo apenas aproveitar esse contato íntimo, depois de um contato ainda mais íntimo. Apenas para ter mais certeza ainda de que se apaixonaram desde de o primeiro olhar. Isso ficou ainda mais nítido nas duas semanas que se passaram, em que eles se encontravam todas as noites na biblioteca da escola, na varanda da casa de um dos dois, ou até mesmo na própria escola. Apesar de Paulo não gostar, pois todos ficavam olhando torto e ele odiava isso.


~Joey~



Ninguém merece. Acordar ao som maravilhoso de meu irmão e sabe-se lá quem, transando no quarto ao lado. Sem opção, levanto pra tomar mais um meus famosos lanches nada saudáveis e fora de hora, ás 16:00 da tarde.

Chegando na cozinha, me deparo com um menino de pijama perto do fogão fazendo o almoço. Ele está usando apenas uma blusa branca grande demais pra ser dele. Acho que é de Paulo. Ele parece não notar minha presença. Eu não posso deixar a sua aparência. Ele é branco, com as bochechas rosadas, suas mãos pequenas e delicadas. Eu infelizmente não consigo ver outras partes significativas de seu corpo. Quem sabe se eu me aproximar. Chego perto do fogão silenciosamente, sentindo seu cheiro, forte porém nem um pouco enjoativo. Consigo ver os contornos do quadril por trás da bancada da cozinha. Ele percebe minha presença e levanta o rosto. Me encara como se fosse uma surpresa ter alguém em casa. Olhos castanho-escuros me encaram profundamente.

–Olha só. Você cozinha. – É meu conveniente irmão, sempre aparecendo na hora certa.

– Ah, eu me viro. – diz Gabriel, com sua voz que a mim parece ser doce.

–Minha mãe é dona de um restaurante. Ela me ensinou uns truques

– Nossa. que romântico. – digo no exato momento em que meu irmão o abraça pela cintura para beijá-lo. – Vocês poderiam ter escolhido um momento melhor pra me dizerem que estão juntos.

–Ah, Joey, eu não vi você aí. Gabriel. esse é Joey, meu irmão. Joey. esse é o Gabriel...

–Seu namorado. - Digo - Eu percebi Pelo carinho que vocês expressaram. Aliás, muito prazer, Biel. Posso te chamar assim, né? – trato logo de lhe dar um apelido. Exatamente para me aproximar.

–Pode; claro. Não tem problema . – Ele estende a mão por cima da bancada para me cumprimentar.

–O que estão comendo? Senti o cheiro lá de cima.

–Eu também. Eu nem sabia que você cozinhava tão bem. – responde Paulo puxando ele ainda para perto de si. - O que é?

–São só dois omeletes. Nada de mais.

–Posso comer um pouco? – pergunto.

–Claro. – responde ele ainda sem jeito. – Acho que tem o bastante pra nós três.

Meu irmão me olha com um olhar que mistura ciúme com desconfiança durante a refeição. Nós acabamos de comer e Gabriel sobre para o segundo andar pra se arrumar. Quando se vê sozinho comigo, Paulo se levanta de sua cadeira e se senta ao meu lado na mesa de jantar,

–Mas que merda foi aquela? – Pergunta ele já com os dois olhos vermelhos e brilhantes. O que indica que ele está com muita raiva.

–O que foi o quê? – me faço de desentendido.

–Não finge que não sabe do que eu to falando. Você tava dando em cima dele.

–O quê? Não! Claro que não! - Ainda bem que eu sempre fui um bom ator, senão eu teria sérios problemas agora. – Eu só estava elogiando a comida que ele fez.

–Não vem com essa. Eu vi o jeito que você olhou pra ele quando chegou na cozinha. Você se aproximou só pra ver ele quase sem roupa pro trás da bancada.

–Eu não tenho culpa se você deixou ele ficar só de blusa e cueca na cozinha. Olha, deixa de ser paranoico, se eu quisesse namorar eu mesmo teria conseguido alguém. Eu não sou fura olho, sabia?

–E aquele apelido? – Touché. ele faz uma pergunta que eu não esperava.

–Eu achei que seria oportunidade ficar mais amigo de meu mais novo cunhado.

–Ok. Mas saiba que eu vou ficar de olho em você. – Diz ele já com os olhos normais. – E mais uma coisa... Ele não sabe sobre os sobrenaturais. O Wes é melhor amigo dele e nós dois achamos que é melhor que permaneça assim. É mais seguro pra ele.

–Ele não sabe nada nem sobre o Wes? – Pergunto. Afinal, o que poderia acontecer?

–Não. E deve permanecer assim.

–Terminei. Tenho que ir pra casa. – Chega Gabriel na cozinha. Já arrumado pra embora. Confesso que prefiro ele sem todas essas roupas.

–Eu te levo pra porta –Diz Paulo.

–Tchau, Joey –Diz ele já na porta.

–Tchau, vê se aparece de novo. – Pois é. Tudo que é bom dura pouco.
Acho que vou ter que me contentar em ser apenas um amigo pra esse anjo. Só que não. Não sou homem de aceitar derrota. Minha matilha que o diga.



~*~



Gabriel deu um beijo em seu namorado. Tudo em sua vida estava aparentemente perfeito. Tinha um melhor amigo mega divertido, notas perfeitas na escola e um namorado perfeito.

–Te vejo mais amanhã. – Diz ele.

– Amanhã não dá. Tenho um compromisso, mais depois de amanhã eu te busco em casa e passo o dia com você só pra compensar. Tudo bem? – Ele não estava muito satisfeito em ouvir isso, mais cedeu. Entendia que Paulo era um homem ocupado.

–Tudo bem. Até sexta então.

– Não quer que eu te leve em casa? Está de noite. – Pergunta Paulo.

– Não precisa. Eu posso ir sozinho. – Diz Gabriel já desconfiado. – Aliás... sem querer ser invasivo mas... O que você vai fazer amanhã?

– Vou... Verificar as ações da família no banco. – Paulo hesita, mas Gabriel resolve deixar pra lá. Além do mais estavam namorando oficialmente a apenas a duas semanas. Não queria ser enxerido.

– Tudo bem. Até depois de amanhã. – Se despede com um beijo bem demorado. provocando-o de propósito.

– Desse jeito vou acabar querendo acordar você ao invés de ir te buscar. – Diz Paulo, ainda com o rosto colado ao do namorado.

Gabs, apelido exclusivo que recebeu de seu namorado, apenas sorriu e foi em direção a rua. A casa ficava afastada área urbana da cidade, o que o fazia ter que andar uma distância considerável até chegar a sua casa. Ele escuta um barulho na mata - deduz ser um animal, um esquilo talvez, então ignora.

Ele começa a pensar na tarde maravilhosa que teve com seu novo amor. O primeiro, na verdade. A sua primeira vez, totalmente maravilhosa, foi exatamente como ele havia imaginado: romântica, delicada, e claro, com uma pitada de ousadia. Ele nunca havia perdido tempo imaginando tudo, o local a pessoa a ocasião, nada disso. Tinha plena noção de que nada saía do jeito que se imaginava. Pelo menos havia valido a pena a espera, menos pelo fato dele ter dito que no dia seguinte iria estar ocupado, mas pelo lado positivo ele prometeu que iria compensar indo buscá-lo em casa para levá-lo a escola.

O barulho fica mais alto, e com ele um barulho estranho. Parecia um chiado. Resolvendo ver o que era, vai até a mata. Lá ele vê um vulto e toma um susto. Ele vai na direção do vulto, que foi ainda mais pra dentro da floresta. Ele para imediatamente quando chega ao local onde o vulto havia estado. Ele percebe ser um animal baixo porém comprido. Foi quando esse animal começou a levantar. O que antes era pequeno, agora era alto como um poste, e tinha forma que lembrava uma cobra. O animal olha para Gabriel. Ele tinha grandes olhos verdes reluzentes, as pupilas eram uma fenda.

Gabriel se virou e correu o mais rápido que pôde de volta pra rua, mas ele havia se perdido. A criatura era muito veloz e o alcança derrubando-o no chão. Gabs lembra das aulas de alto-defesa que recebeu de Wes e tenta dar chute no rosto da criatura. Mas ela desvia e o agarra o prendendo a uma árvore. O mostro parecia ter mãos. Mas que animal seria esse?

Você. - Diz o mostro, que tinha uma pele escamosa mais que ele não enxerga totalmente por causa do escuro. - O escolhido para o sacrifício. Pode fugir o quanto quiser, mas não adiantará. Sua vida será levada. Não poderá fugir. Você morrerá.

– Hoje não! - Diz uma voz feminina vinda do meio da mata.
De repente um homem salta no ar e aparece na frente da criatura que prende Gabs a árvore. Ele é branco com os cabelos negros, os olhos estavam dourados e brilhantes, o rosto era uma mistura de feições humanas e caninas. Logo após, uma mulher, a dona da voz que havia escutado, de pele morena e uma longa cabeleira lisa e preta como a noite. Ele também tem a mesma mistura de feições do homem que saltou antes dela.

Inicialmente Gabriel ficou com muito medo, mas depois se calmou quando os dois seres estranhos pularam em cima do mostro. A garoto agarrou a cintura da criatura que tinha uma calda no lugar de duas pernas, enquanto o seu amigo mordeu o pescoço. O mostro grita de dor, e com muito esforço consegue se soltar dois, e sai deslizando pela floresta.

Ele estava totalmente dolorido por conta da força feita pela criatura ao agarrá-lo. Ele basicamente foi levantado pela blusa. E ficou com os braços levantados e presos até aqueles dois irem salvá-lo. Os dois mudaram suas feições até estarem totalmente humanas. A mulher tinha olhos verde-escuros e o homem tinha olhos negros.

– Você está bem? – Pergunta ela.

– Sim. Só estou um pouco dolorido, mas estou bem. – Respode Gabs

– Ainda bem que aparecemos. Quem sabe o que ele ia querer fazer? – Diz o cara.

– Quem são vocês? – Pergunta sem receios.

– Eu sou Tamara. Mais pode me chamar de Tammy. – Ela estende a mão para Gabs.

– Eu sou William, me chame de Will.

– Qual é o seu nome? – Pergunta Tammy

– Gabriel. – Ele responde.

Gabriel? Gabriel Carlesso? – pergunta Will com um tom de quem quer comprovar alguma informação.

– Sim. Por que? – Gabs pergunta, surpreso por Will saber seu nome.

–Sabemos quem é você. – responde Tammy

–E o que vocês são? - Pergunta Gabriel, direto e sem rodeios.

Como? – Pergunta Tammy, ofendida pelo tom usado na pergunta.

–É isso aí! Quero saber o que são! – ele encarava os dois com uma cara de assustado - Sei que não são humanos comuns.

– Infelizmente não podemos responder essa pergunta. – Will afirma com uma voz firme.

–Por que?

–Recebemos instruções de não dar essa informação até a segunda ordem. – diz Tammy como um soldado.

~*~

Joey havia recebido o telefonema de Tammy avisando que ela e Will haviam salvo Biel, apelido que ele pôs. Encarou aquilo como um sinal do destino.

"Tragam-no pra mim", ele disse para Will. no celular. Naquele dia ele falou tanto de Gabriel para Will e Tammy no celular que os dois acabaram deduzindo que aquele fosse o mesmo. Chegando na beira da estrada que vai até a cidade, onde marcaram, ele dispensou os dois.

– Você também é um deles – Gabriel estava completamente tomado pela curiosidade desde a resposta de Tammy para a sua pergunta. – Eles disseram que não me dariam a resposta.

– Eles foram inteligentes em não dizer. Pode ser até melhor pra você não saber. – Joey faz mistério.

– Não entendo porque todos ficam dizendo isso.

– Acredite, as vezes a ignorância é melhor que saber de tudo.

– Tudo bem, então. - Ele encerra o assunto. Mas estava certo de que não desistiria de saber de tudo.

Entraram no carro de Joey. Ele se encarregou de levá-lo para casa pessoalmente. A viagem foi silenciosa, nenhum dos dois parecia querer puxar assunto. Gabriel reparou na aparência de Joey, que estava notando mas não ligava, ele tinha a pele branca, os cabelos pretos e médios em uma franja, os olhos eram de um azul-escuro. Totalmente diferente de Paulo que era maior e mais moreno e com olhos castanho-escuros.

– Apreciando a vista? – Joey faz piada de propósito. só pra deixá-lo sem graça.

E consegue.

– Desculpe. – Diz Gabriel com as bochechas vermelhas. – Eu só estava reparando... Você e Paulo são muito diferentes. A aparência é oposta a do outro.

– É que eu sou adotado.

– Desculpa a pergunta. – Se sentido sem graça ele se encolhe.

– Não se incomode. Eu não ligo mais tanto assim. Eu e ele, não nos damos muito bem mas nos ajudamos. Mas não era só isso que você estava reparando, não é mesmo?!

– Porque acha isso? –Gabriel olha para Joey.

– Porque sei que está nervoso.

– E se não estiver? Não teria como adivinhar.

– Teria, sim. E sei que está tentando fugir do assunto - Joey passa uma certeza na voz que sabe que o deixa intrigado.

–E o que você é? Algum tipo de vidente?

– Quem me dera. Só sou aquele que pode ser seu futuro interesse amoroso.

– Como é que é? – Gabriel fica surpreso. – É muito narcisismo da sua parte dizer isso.

– Não é. Só apenas dizendo a verdade.

– Uma verdade inventada.

– Então porque estava me olhando se não se sente interessado por mim? Curiosidade não é

– Está dando em cima de mim?

– Será que estou? – diz ele parando o carro. – Chegamos.

Saindo do carro, Gabriel vai até a porta de sua casa, e olha para trás. Joey está logo atrás dele. Com as mãos nos bolsos, ele dá um boa noite, e vai embora. Não sabendo exatamente o porquê, Gabriel entra.

Ele ainda vai me causar problemas", pensa, e fecha a porta.

~*~

Depois ser atacado por dois lobisomens, Mauro volta para o local de encontro no meio da floresta onde se encontra com Marcus.

– Droga! Aqueles cães desgraçados quase me mataram.

– Parece que nós subestimamos eles. – Marcus refletia, olhando pela janela da cabana que roubaram do morador anterior. Antes de o matarem. – Esse alvo tem proteção. Do jeito que imaginei.

– Não precisa ser ele, podemos pegar outro.

Não! Você lembra muito bem o que aconteceu nas tentativas anteriores. Tem que ser alguém puro de coração. – Diz Marcus, determinando o rumo da conversa.

– Existem muitos jovens por aí que se encaixam nesse quesito. – Mauro estava cansado que caçar virgens e nada dar certo.

– Então porque nenhum dos que pegamos antes pareceu funcionar?

– Eles aumentaram o nosso poder. – Concluiu Mauro.

– Mas não nos deram o queremos. Imortalidade e a cura para essa maldição. – Marcus era o mais focado da dupla, por isso bolava os planos

– Imortalidade podemos conseguir de outra maneira, Marcus.

– Mas a cura não! - O outro não aceitava ser contestado. – Mas não se preocupe, esses cachorrinhos não vão protegê-lo por muito tempo. Tenho planos para amanhã. – Diz com um olhar que seu amigo entende perfeitamente. – De dia, iremos dar um aviso para deixa-los cientes de que os que estavam procurando chegaram, e de noite... Irei fazer uma visitinha a um velho amor do passado.

– Tenho certeza de que não será bem recebido. – Mauro comenta sarcasticamente, sabendo que tinha razão.

– Não há problema nisso, meu caro. A recepção não é nada, comparada ao resto da festa que planejo. E logo após a festa, eu planejo fazer uma visitinha a um velho amor do passado. – Diz Marcus, com o olhar fixo no céu noturno.

– É quem eu penso que é?

– Você sabe que é. E sabe também que, apesar do que fiz, serei muito bem recebido. – Diz Marcus com ar orgulhoso.

– Nós dois sabemos que isso não é verdade. Você vai ser chutado de lá tão rápido que vai ficar até tonto. – Diz Mauro, enquanto limpa o ferimento no pescoço.

–Pois saiba que vou adorar esfregar nosso retorno no seu pessimismo

–Ok. Mas depois não diz que não avisei.

~*~

No dia seguinte, na escola todos haviam se encontradona portaria. Paulo apresentou Sam, Andy e Eric ao novo namorado, que oficializou o relacionamento no dia anterior em grande estilo.

Joey logo depois chegou com Tammy e Will. eles foram devidamente apresentados aos outros. ao chegarem nos corredores, Tammy e Andy ficaram estranhamente amigos. Todo o caminho eles conversavam destacado do resto do grupo. Éric estava no outro canto com a cara fechada. Eles haviam tido um relacionamento no passado mas acabou – de uma forma trágica e mal resolvida.

–Parece que alguém está com ciúmes. – diz Wes Reparando na carranca fechada de Eric.

– Eu acho que isso ainda vai dar assunto pra caramba. – responde Gabs indo pra sala junto com Wes e Paulo. Os outros se despedem indo para outra sala
Chegando nas respectivas mesas. Gabs tradicionalmente senta com Wes.

– Aula de história. A minha preferida. – Diz Wes.

– A minha também. – Diz Gabs ironizando o amigo.

–A amizade de vocês as vezes me deixa nervoso. Como conseguem ser tão... assim? – Diz Paulo apontando para os dois.

– Acho que é a convivência. Com o tempo, vocês vão completar as frases um do outro como naqueles filmes água com açúcar. – Diz Wes rindo da cara dos dois.

– Será que vamos?

– E não vamos? – Pergunta Paulo - Eu adoraria isso.

O professor chega e todos começa a aula. Tudo corre de forma simples de sempre. Não demora até Wes sentir uma daquelas más vibrações do futuro. Seu corpo se arrepia, seu coração acelera, e uma terrível sensação de que algo ruim aconteceria naquele mesmo dia ocorreria, invadiu seu coração. Paulo repara, e imediatamente ele sabe que o bruxo sentiu alguma coisa.

“Se Weslley Felix sente tem um pressentimento, você não ignora" ele dizia a Wes, que achava graça e não levava a sério.

Do outro lado da sala, Lucas sentia a mesma coisa, mas ninguém pareia reparar em como ele olhava diretamente para Gabriel. Por causa da rixa que tinham, ninguém parecia ligar para os dois. Apenas Paulo reparava na coincidência das sensações dos dois, mesmo nos cantos opostos da sala.

–Essstou chegando - Uma voz dizia no ouvido dos dois. A voz era sussurrada e chiava destacando o "s" de cada palavra, como uma cobra.

E logo o alarme de incêndio toca. Todos na sala se levantam e vão em direção a porta. O professor diz para todos irem até a saída de incêndio, tentando manter a calma. Paulo segura o braço de Gabriel para levá-lo para fora em segurança.

– Eu levo ele, vá buscar os outros. – Diz Wes.

Paulo, relutante, assente e vai na frente buscar os dois bandos. Na correria Gabs não repara, mas Wes fica parado e com uma expressão petrificada. Quando ele tenta correr, Wes agarra seu braço com força e diz:
­

– Você não vai a lugar nenhum. – O encarava com o olhos fixos no rosto de Gabriel.

– Como assim, Weslley? Precisamos sair daqui agora. – Ele vai até a porta, mas a porta se tranca com magia antes que ele chegasse até ela.
Já liberto da possessão, Wes olha para Gabriel que grita:

– Na porta está trancada! Me ajuda a abrir, rápido! – Ele corre em direção ao amigo.

Desesperado, percebe que existe magia presente na porta. O cheiro de fumaça invade a sala, e logo os dois começam a se desesperar.

– Eu falei pra irmos embora logo! O que deu em você pra me dizer para não sair? – Gabs diz com lágrimas nos olhos. Mas Wes não se lembra disso.
Ele percebe quase imediatamente que foi possuído pelo dono da voz que falou em sua mente.

– Não se preocupe, eu vou tirar a gente daqui. Eu prometo. – diz ele.

– Ah, é? E como vai fazer isso? – Gabriel está com um misto de raiva e medo.

– Assim. – Ele diz sério, e vai até a porta.

Gabriel olha com atenção. Wes faz um gesto com as duas mãos, e a porta voa pelo corredor. Os dois correm pelos corredores, mas uma criatura aparece no final do primeiro corredor. A criatura inicialmente era um menino.

Vitor - um colega de sala de Wes. mais logo depois os seus olhos mudaram e ficaram esverdeados, as pupilas eram uma fenda. Semelhante aos olhos de uma serpente – não, exatamente como os olhos de uma serpente.

O corpo de Vitor mudou. Agora era uma mistura de homem e cobra; da cintura pra cima, o tronco era humano, mas da cintura para baixo era uma cauda, e toda a pele era escamosa colorida.

– O que é essa coisa? – Gabriel estava totalmente apavorado.

Sem responder, Weslley solta a mão do amigo e se posta na frente dele, brandindo:

– Fique atrás de mim.

Nos momentos seguintes ele faz corrente de ar atravessar pelo corredor, como se um furacão fosse passar só por ali. A criatura se segura nos armários e a cauda se agarra na porta de uma outra.

O monstro lança um jato de saliva nos dois. Wes gira os braços e o jato muda de direção indo direto para uma parede, que derrete na mesma hora.

– Esse veneno é ácido, não encoste nele!

Para finalizar logo aquilo, o bruxo faz um círculo de fogo em volta do monstro. Encurralado, ele não se move enquanto os dois fogem.

Porém, na mesma hora a mesma voz que escapavam da criatura, outra vez, a voz falou nos ouvidos do bruxo:

Não pode fugirrr pra ssssempre, Wessslley.
Ele para e olha para trás. A criatura está quieta, calma, olhando fixo para os dois.

– Wes, o que está havendo? – Sem resposta. Gabriel tenta puxar seu braço – Vamos logo embora enquanto temos tempo!

Mas a voz agora fala aos dois:

Em brreve chegará a hora de acccertarr ass contass com o passsado. - Ele pausa por um instante, olhando para Gabriel - Vocccê é o preççço, criança. - Ele volta a olhar para Wes – Masss, vocccê, é o caminho. Ele cchegará e virrá atrásss de vocccê, e terá que escolher entre a sssua vida e a vida do ssseu amigo.

Logo após dizer isso, o monstro volta a forma humana e tira, de um cinto de couro, uma lâmina longa. Olha alguns momentos para Weslley e Gabriel, então, em apenas um movimento rápido, corta o próprio pescoço, deixando o corpo ensanguentado no chão. O bruxo, horrorizado, abraça o amigo, que estava em estado de choque, tapando-lhe o rosto e arrastando-o para longe dali.


~*~

Paulo tinha acabado de deixar Gabriel na sala aos cuidados de Wes. Apesar de relutante, ele cedeu e foi atrás dos outros. Os encontrou no andar abaixo do seu - o terceiro -, encostados na parede discutindo como fariam para ajudara todos. Eric estava ao centro falando para se separarem. Os outros estavam ouvindo atentamente. Mas faltavam Joey, Andy E Tammy.

– Sam e Will vão procurar Andy e Tammy. – Olhando para o alfa, que finalmente tinha chegado, ele se acalma e logo o atualiza de tudo rapidamente, dizendo que estava dividindo todo mundo.

Paulo assume o comando de seu bando.

– Obrigado, Eric. É isso aí gente, como o Eric sugeriu, vamos nos separar. Não precisam procurar Gabriel e Weslley, eles estão bem. Wes se encarregou de levar Gabriel até a porta de saída. Mas eu vou procurar Joey, Eric vai procurar Andy e Tammy. O restante saiam da escola o mais rápido possível! – Todos ouviram atentamente. – VÃO!

Todos correm desesperadamente. Paulo corre por todas as salas do andar e encontra Joey no pátio de trás da escola. Ele parecia diferente. O olhar parecia duro e distante, com ódio contido.

– Joey! PORRA, eu te procurei pela escola toda. Todos os corredores estão pegando fogo e...

– Cala a boca. – diz ele olhando para o irmão adotivo.

– O que... – Paulo diz sem entender.

– CALA... A MERDA... DA... BOCA! – Ele está totalmente enfurecido. O que faz Paulo entender menos ainda.

– Jo, porque está agindo assim? - Perguntou, com a voz tão suave quanto podia

– Porque estou de saco cheio de você! Sempre me dizendo o que fazer.

– Eu estou tentando salvar sua vida... e a de todos nós também”

– E assim garantir sua superioridade em relação a mim? E, além de tudo, pegar meus betas e e me tirar da minha posição de alfa?

– Então se trata disso? Você não pode estar falando sério!
Joey rosna e grita. Ele pula sobre o irmão já com as garras pra fora. Paulo é mais rápido e segura as mãos do irmão.

– Eu não quero tirar sua matilha, seu idiota! – Paulo fala alto, empurrando o irmão para longe.

– Eu conheço o seu caráter seu traidor! – diz novamente atacando o irmão. – Diferente de você, eu me tornei Alfa por merecimento, e não tentando convencer ninguém com uma lábia barata, seu filho das mãe!

Joey pula sobre Paulo e arranha suas costas. Paulo grita de dor, mas vira e dá um soco nas costelas do irmão. Joey cai de costas no chão, com um baque surdo. Paulo cai sobre ele e olha nos seus olhos, reparando que não são mais azul-escuros como sempre. Ao invés disso, tinham uma linha esverdeada em volta da pupila que não tinha antes.

– Esse não é você. –Ele conclui imediatamente, sua voz voltando ao normal, pulando de cima do irmão. – Você não é assim! Tem alguém te controlando!

– Eu estou mais lúcido que nunca, maninho. – Ele se levanta dando um chute no ar e acertando o rosto de Paulo. – Será que eu deveria ter contar que um mês antes de você conhecer o Gabriel eu fiquei olhando pra ele de longe?! Eu não gostei de você ter tomado ele de mim. Mas isso vai mudar, porque eu vou pegar ele de volta, e você vai ver o que é não ser amado.

Paulo ataca, tomado pela raiva de ouvir aquilo e pelo ódio, pelo fato do irmão estar sendo controlado como uma marionete. De repente, os dois voam em direções diferentes. E quando Paulo olha para a porta dos fundos, Wes está saindo, e recitando um feitiço bem complicado.

Extremus remoto spulsia exmai, recitava rapidamente. Joey grita e se contorce no chão. O vento sopra e seu cabelo voa, o braço esquerdo esticado.
O corpo de Joey é envolvido em uma luz fantasmagórica, levita vários centímetros do chão, e, de repente, um espectro, com uma forma irregular em cores azuis e esverdeadas, sai de dentro dele. Uma imagem de alguém que eles conheciam muito bem.

Mauro.

– E aqui estamos nós. Vocês vão nos ver de novo. E como dizemos antes, você vai ter que escolher entre a sua vida e a de seu amigo... - Ele dá um sibilo, e olha para Weslley, a voz dele se tornando diferente outra vez- Crianççça.

E, em seguida, some no ar.

– Como um espírito pode fazer tudo isso? – Fala Paulo, se referindo à possessão, e ao acesso as lembranças de Joey.

– Ele não é um espírito. – Ele fala com convicção, olhando para Joey adormecido no chão

– Como assim?

– É uma projeção. – diz Wes ainda sério. – Uma imagem de alguém. É como se fosse um holograma, mas é feito de magia.

– E porque que ele ia querer fazer isso? – Paulo pergunta ainda cheio de dúvidas.

– Não sei. Mais sinto que isso não irá acabar bem.

Paulo pega o irmão desmaiado no colo e sai correndo com o amigo, o cheiro de fumaça ainda forte nos seus narizes e enchendo seus pulnões. Os três dão a volta na escola, pra não passar pelo incêndio que queimava todo interior.


~*~

Eric corre por toda a escola, fugindo do fogo que consome as paredes, as portas das salas, e até os armários do corredores, deixando a temperatura no interior da escola quase insuportável. Estava ficando sem ar, e, quando estava quase sem esperanças, ele chega a sala dos professores, que ainda está intacta.
Por ser longe das salas, a sala dos professores provavelmente iria ser a última parte da escola a ser atingida pelo fogo. Ao chegar naquele local ele encontra uma cena que o faz querer não ter visto. Andy está nos braços de Tammy. Eric, mesmo tomado pela onda de ódio, não xinga os dois.

– Estou interrompendo? - Diz ele propositalmente.

Os dois se recompõem e olham sem jeito para ele que está com o corpo totalmente rígido na porta.

– A escola inteira está pegando fogo. Arrumem-se e vamos sair daqui antes que viremos churrasco. – Diz Eric, saindo sem dar chances de nenhum dos dois sequer falar qualquer coisa.

Sem palavras pra expressar o constrangimento, os dois se arrumam e saem da sala. Na frente, Eric estava se segurando para não chorar de puro ódio. Se perguntando o porque de ter perdido tempo com aqueles dois desprezíveis vermes que não valem a amizade dele.


~*~

Depois de sentir aquela onda de desespero na sala, Lucas saiu da escola correndo depois de encontrar com Emerson nos corredores. Emerson era seu guardião desde que recebeu seus dons. Suas famílias tinham um laço de longas gerações. Apesar de todo susto sofrido na escola, os dois seguiram todos os treinamentos dados para ensinar aos alunos a escapar de incêndios e foram direto para fora do prédio.

Decidindo escapar de toda a confusão, os dois se esconderam na floresta próxima da escola. Ele precisava falar ao protetor sobre o que sentiu na sala sala.

– Você está bem? – Pergunta Emerson em seu tom protetor habitual. – Sofreu algum ferimento ou qualquer coisa assim? – Ele pergunta ao mesmo tempo em que examina seu amigo e protegido.

–Não... Não, claro que não. – Diz lucas afastando as mãos dele. – Eu ... senti uma coisa na sala antes de sair.

– O que você sentiu exatamente?

– Não sei ainda. Mais é algo muito ruim.

– E alguma vez você sentiu algo bom? – Ironiza o lobo-guardião.

–Não... Dessa vez é muito, muito ruim.

–Então temos um problema.

–Seja lá o que for... Alguma coisa vai acontecer na cidade antes do que a gente pensa.


~*~

Depois do estressante dia na escola, Weslley conseguiu ter forças para mandar Gabriel para casa, e ainda aconselhar Paulo a não matar o irmão e manter um de seus betas vigiando Gabs, agora que ele era um alvo.cEra coisa demais para pensar e sentir. Depois de todos aqueles avisos de que ele precisaria escolher entre a sua vida e a de seu amigo, no futuro. Ele queria relaxar, tomar um belo banho em sua banheira.

Mas, quando chega ao banheiro, ouviu passos. Saiu imediatamente, indo até a sala e continuando a ouvir aquele estranho barulho. Ao chegar na varanda, ele não vê nada. Mesmo tendo uma sensação esquisita na espinha, ele volta para o interior da sala. Tranca a porta e, quando vira de costas, dois braços o agarram. Com o rosto no pescoço da pessoa, que ele deduz ser Paulo tentando o assustar, ele relaxa. Quando escuta uma voz conhecida.

– Sentiu minha falta?

Ele não ouvia aquilo a cinco anos, desde quando tinha ido morar em Erechim. Ele se afasta e vê uma figura familiar. Os cabelos negros cortados bem curtos, a barba curta no rosto e os olhos amendoados com ar cruel. Um calafrio passa por sua espinha, e então é tomado pelo ódio.

Marcus.




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Notas finais do capítulo

por favor me digam o que acharam .. sejam generosos .



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