Natsu e Happy vagaram por Fiore durante meses, fugindo das guildas oficiais, as quais foram obrigadas a caça-los, e o Conselho Mágico. Não importava onde fossem, de alguma forma, conseguiam localizá-los. Pelo menos até agora.

– Vamos logo, Happy. Precisamos atravessar essa cidadezinha rapidamente e sem chamar a atenção. – Diz Natsu apressando o neko.

– Mas Natsu, faz alguns dias que você não sente ninguém. E também, poderoso do jeito que é ninguém pode com você. Apenas não entendi o porquê de não revidarmos os ataques que sofremos.

– Estratégia. Quero que pensem que eu nunca tentaria ataca-los e que estou com medo. Quando estiverem certos disso e continuarem sua vida pacífica e chata, iremos atacá-los. – Diz o Dragon Slayer sorrindo diabolicamente.

Enquanto conversavam, Natsu e Happy foram se esgueirando pela pequena cidade. Estavam tendo o máximo de cuidado possível para não chamar a atenção, mas uma moça encapuzada esbarrou em Natsu e ambos caíram.

– Segurem-na. – Disse um homem que poderia ser considerado intimidante para pessoas comuns. – Essa mulher me deve.

A moça tentou se levantar, mas acabou caindo novamente. O homem se aproximou e agradeceu por não deixarem a ladra fugir, pegou-a pelo pescoço e começou a exigir o dinheiro dos produtos que ela havia lhe roubado.

– Eu não roubei nada, nunca faria tal coisa. – Diz ela fracamente.

O homem em um acesso de raiva levou sua mão ao encontro do rosto da garota, que fechou os olhos esperando o impacto. Porém teve uma surpresa ao abri-los e ver o rapaz de estranhos cabelos rosa que havia esbarrado segurando a mão que visava seu rosto.

– Eu não sei o que está acontecendo, mas eu posso identificar que está mentindo aqui, e vos digo, não é ela. Tentando conseguir dinheiro fácil à custa dos outros? Devia ter vergonha. Se não quiser sair daqui todo machucado sugiro que saia logo daqui e nunca mais a perturbe. – Diz mostrando labaredas de fogo em sua mão.

O homem percebendo que um mago estava protegendo a garota fez a escolha mais sensata e saiu correndo, sem nem mesmo se importar com a acusação feita. Após ele desaparecer de vista, Natsu e Happy voltaram a caminhar.

– E... Esperem, quero lhe agradecer. – Diz a garota correndo atrás dos dois. – Qual é o seu nome?

– Não fara diferença você saber, e caso soubesse ficaria com medo de mim.

– Você me salvou, não tem como eu ficar com medo de você.

– Eu até acreditaria se me falasse estas mesmas palavras alguns meses atrás. Antes de tudo aquilo ter acontecido. – Diz Natsu se virando para ele e sorriu. Um sorriso que pareceu um pouco... Triste.

– Meu nome é Yumi. Importa-se se eu lhe acompanhar?

– Por mim não tem problema. – Diz Happy pela primeira vez desde o encontro com a garota.

– É uma surpresa ouvir um gato falar. – Diz Yumi.

– Você não parece estar surpresa. – Diz Natsu ríspido.

– Realmente. Eu já tinha visto ele pela lácrima de transmissão da cidade. E você também, Natsu-san.

Natsu parou de andar, se virou com olhos frios e ameaçadores para a garota, olhos que ela não sabia que ele tinha.

– Você foi mandada pelo conselho? Bem isso não importa, já que não sairá viva daqui. – Diz com suas mãos começando a ficar envoltas em chamas.

– Espere. Eu não fui mandada pelo conselho. Apesar de ser uma pessoa comum, eu o admiro muito. Foi realmente inesperado lhe encontrar aqui. O que aconteceu com aqueles olhos gentis e aquele sorriso salvador que você tinha?

– Pelo jeito o conselho não contou a verdade, está me caçando sem divulgar seus reais motivos. – Diz Natsu. – Minha bondade não mais existe por causa de uma traição daqueles que eram minha família.

– Sua bondade ainda existe. Você não teria me ajudado se ela tivesse desaparecido por completo. – diz Yumi. – Eu quero ser sua amiga e lhe ajudar, vou trazer sua bondade novamente para o seu coração. Apenas aguarde.

– Não, obrigado. Estou bem do jeito que estou. E, além disso, seria uma péssima ideia me tornar seu amigo, você seria caçada por ajudar uma ameaça em potencial e provavelmente seria condenada a morte por traição ao seu país. Os caminhos que seguirei são traiçoeiros e tudo que se poderá enxergar será sangue. Não estou a fim de ter que tomar conta de você.

– Mas é tão triste ficar sozinho, protegendo você e apenas você. Não acha? – Diz Yumi.

– Você conseguiu tocar na ferida que eu tanto desejava esconder. – Diz Natsu sorrindo novamente, mas desta vez foi um sorriso desprovido de emoção.