Pensão da tia Odete. escrita por Costa


Capítulo 1
Capítulo 1




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Depois de uma vida boa, com boa condição financeira, um belo apartamento na praia e todas as mulheres que queria aos meus pés, venho parar num muquifo, uma pensão que mais parece um cortiço. Aqui estou eu, Rogério, um empresário falido, vindo me hospedar num dos piores lugares do Rio.

Entro nessa velha casa com a pintura descascada. Parecia ser verde, mas tem tantas camadas de tinta que nem sei a cor que era pra isso ser. Encaminho-me para a recepção, se é pode ser chamar de recepção, uma senhora, parece ter seus 60 e tantos anos, baixinha, gorducha e de cabelos brancos azulados, a cor mais estranha que já vi, vem me atender.

-Pensão da tia Odete, em que podemos servi-lo?

Pensão da tia Odete? Sério? Ô nome feio.

-Gostaria de um quarto, se é que tem algum disponível. –Respondi secamente.

-Claro que temos, senhor. Mas aqui pedimos um adiantamento de três meses.

-Qual o valor?

-400 por mês, mas, se pagar em dinheiro, podemos fazer um desconto e baixamos para 380.

Mas que droga de vida! Com o pouco dinheiro que me resta, terei que ficar nesse chiqueiro. Sorrio, falsamente e respondo:

-Fico por 6 meses. Pago em dinheiro agora.

A senhora não parava de mostrar a dentadura para o dinheiro que puxei da carteira. Feito as contas, me levou para o meu quarto. Era no segundo andar. Joguei minha mala sobre a cama de solteiro. Tinha um colchão velho, não quero nem pensar quem já dormiu nele, senão saio correndo daqui e vou morar debaixo da ponte. Um pequeno guarda-roupa, uma mesinha e uma cadeira. Era bem simples, mas só o usaria mesmo para dormir. Banheiro, que ódio, era conjunto. Teria que dividi-lo com mais alguns moradores e, pelo que vi, só havia 3 na maldita pensão. No meu quarto também tinha uma pequena sacada, ao menos poderia me refrescar nesse calor infernal que faz nesse lugar, já que aqui não tem ar condicionado, só espero não ser mordido por nenhum mosquito e pegar dengue.

Cheguei da sacada e, no andar de cima, escutei um rádio tocando pagode, o ritmo que eu mais odeio, no último volume. É, minha estada aqui vai ser dura. Saí, irritado, precisava desparecer. Iria andar um pouco pela rua. Assim que passei pela porta, fui assediado por um casal gay com um cachorrinho poodle que latia mais que o capeta. Era só o que me faltava.

-Morador novo? –A bicha com cachorro no colo me perguntou.

-Sim, sou, mas estou com pressa.

-Calma, eu não mordo e nem meu Ricky Martin.

-Ricky Martin?

-Meu cachorrinho. –Disse, rindo.

Era só o que me faltava, além de gays ainda colocam o pobre animal igual.

-Bonitinho. –Falei besteira!- Quer dizer, o cachorro.

-Vamos, logo, Camilo! –A outra mariposa tem voz e está irritada.

O mais ranzinza saiu arrastando a gazela saltitante que não parava de me olhar. Acho que ficou com ciúmes. Por que essas coisas só acontecem comigo? Saí resmungando e assim que passei pela porta fui abordado por um outro homem, dessa vez, ao menos, não foi para me cantar.

-Olá!- Ele me cumprimentou.

-Oi.

-Morador novo, não?

-Sim sou.

-Sou o Djair.

Não te perguntei e não me interessa como se chama. Que mania os moradores daqui tem para parar todos.

-Rogério.

-Prazer em te conhecer, Rogério. –Me estendeu a mão. –Sou o encarregado de cuidar da manutenção desse lugar. Também moro aqui. Se tiver algum problema em seu quarto, algo fora de lugar e que precise de conserto, é só me falar.

Parece que não está fazendo seu trabalho direito. Todo o meu quarto precisa de reparos.

-Claro, pode deixar. Obrigado.

Nos despedimos e sai de lá quase correndo. Não queria mais ser parado por nenhum morador. Assim que saí para a rua levei uma enxurrada de água num dia mais ensolarado que eu já vi. Olhei para cima e vi uma mulher, na sacada, com um balde vazio na mão, já que o conteúdo nesse recipiente estava sobre mim, me olhando com a cara mais assustada de todas.

-Puta que pariu! É hoje. –Gritei.

Continua.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Comentários, críticas sempre são bem vindos e aceitos.
Até a próxima.
Forte abraço!



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