Estava na maior paz aproveitando o momento sem nada pra fazer na minha sala tirando um cochilo na cadeira quando alguém entra aos berros.

- ai Michelle que susto! – gritei quase caindo da cadeira.

- vamos! Pega sua bolsa logo!

- vamos pra onde? Do que é que você está falando sua louca?

- ora o que? Temos que contar os babados de ontem.

- você não ia passar a tarde toda dormindo? – perguntei me espreguiçando na cadeira.

- ah, perdi o sono. Na verdade ao me deitar lembrei de ontem e não conseguia parar de pensar e tinha que contar tudo pra você.

- ta bom. Vamos ao restaurante. Eu to com fome mesmo.

Ao chegarmos no restaurante enquanto esperávamos o almoço Michelle não parava de falar da noite de ontem.

- ele é lindo, maravilhoso e tem uma bundinha sexy.

- bundinha o que? – perguntei acordando do cochilo.

- sua louca! Não está me ouvindo, não é?

- desculpa. Mas estou com tanto sono. Sem noção.

- o que você fez pra estar tão molenga hoje, em? Falando em ontem, teve uma hora que você sumiu, não foi?

- ah é que o Gerard ele... – e cocei a cabeça tentando pensar no que falar.

- ih! Coçou a cabeça. Quando você faz isso é por que vai mentir.

- por que mentiria?

- vocês transaram não foi?

- não! Sabe que não sou desse tipo.

- transaram! Sabia!

- ta bom. Nós transamos.

- eu sabia que subiram pra transar. – disse alto fazendo todos em volta olharem pra nossa mesa. Eu ri sem graça pro pessoal e me encolhi toda.

- obrigada por me fazer pagar o maior mico da minha vida. – cochichei séria.

- desculpa. É que ainda estou um pouquinho surda de ontem.

- por que? O que enfiou no ouvido pra ficar desse jeito?

- ai! Que ridícula. Foi por causa da música alta de ontem. Fiquei o tempo todo do lado da caixa de som.

- o que? Não to ouvindo direito. O que você enfiou no buraco? – gritei e ela olhou pra todos os lados nervosa e eu comecei a rir.- desculpa. Acho que o sono não está me fazendo bem. – eu não me agüentava de tanto rir.

- sem graça!

- não é legal fazer as pessoas pagarem mico? – ela enrolou um guardanapo em forma de bola e jogou no meu rosto, mas eu não parava de rir da cara dela que ficou muito zangada.

- não devia ter feito isso. – e me tacou outra bolinha de papel.

- acho melhor conversarmos sobre esse assunto em casa. – disse parando de rir. – na verdade temos muito que conversar.

- tem razão. Você não vai acreditar no que aconteceu ontem. Foi show de bola.

- louca. – e ri dela que fazia uma dancinha esquisita e também lhe taquei uma bolinha de papel.

Mais tarde quando voltei pra casa ela me esperava na sala deitada assistindo tv. Quando abri a porta do nosso apartamento ela se sentou na hora.

- ainda bem que chegou. Temos que conversar.

- não dá pra ser depois?

- por que?

- eu preciso dormir.

- não! Tem que ser agora. Anda, sente-se.  – me sentei na outra poltrona e estiquei minhas pernas sobre a mesa de centro.

- o Frank é lindo. Ele estava lá todo carente quando eu cheguei pedindo uma bebida. Você sabe que eu odeio bebidas alcoólicas, mas fiz tudo por ele. Aí eu perguntei pra ele se ele estava bem como se não soubesse de nada. Aí ele disse que não e eu perguntei o por que. Ele me contou tudo. Você tem noção do que é isso? Ele confia em mim, Lily. Ele me contou quase que a vida dele inteira ali enquanto bebíamos.

- ele estava bêbado. Tem lógica né?

- não! Claro que não foi por isso. Ele confia realmente em mim por que viu que sou uma garota confiável.

- ahan. Continua.

- aí ficamos assim a noite inteira conversando.

- ele deve ter mesmo contado a vida dele todinha por que o jeito que você voltou pra casa...vixi!

- ta bom, mas deixa eu te falar a melhor parte. – e ela fez uma pausa fazendo suspense. – ele me beijou.

- sério? Que bom. Você deve ter ficado nas nuvens né?

- ele me beijou e eu quase desmaiei. Aí ele me disse que se não tivesse tão apaixonado pela Jamia, ele ficaria comigo. E que eu seria a melhor opção da vida dele. Olha que coisa linda.

- eu sinto muito.

- pelo que?

- bom, isso quer dizer que o coração dele ainda está vago e existe uma possibilidade dele acabar voltando com a tal da ex.

- não! Você não percebeu? Eu tenho quase que cem por cento de chance. Ele disse que eu sou a mulher ideal.

- não querendo te desanimar, mas já desanimando... É que ele estava bêbado.

- está me chamando de péssima opção pra um homem em estado normal e ótima para um cara bêbado?

- não to querendo dizer isso, mas ele nem deve lembrar no outro dia de tudo isso. Já que você ta aí dizendo que ele estava caindo de bêbado.

- mas eu lembro dele, então como ele não vai lembrar de mim? Impossível. Eu sou irresistível. E outra, ele não vai voltar pra ex. sabe por que?

- por que?

- por que eu vou aparecer lá hoje.

- como?

- o Gerard ligou.