Meia hora depois...

- eu pego meu táxi ali. – disse apontando pro ponto de táxi mais à frente quando saíamos do restaurante.

 

- já vai pra casa? – perguntou ele enquanto vestia a jaqueta.

 

- sim. Ser uma analista de sistema tem seus prós. Eu trabalho a maioria do tempo em casa.

 

- hum, que chique.

 

- pois é. – e ri. – bom, eu queria dizer que foi muito bom o almoço e todo o papo que tivemos. Foi bastante proveitoso, Gerard.

 

- também gostei muito.

 

- mais uma vez obrigado por ter arriscado a sua vida, por um celular. – eu disse fazendo nós dois rir.

 

- só fiz o que achei ser certo.

 

- te devo essa. Pra te recompensar, prometo comprar seu cd. Aviso quando comprar um no seu myspace. Deve ter um oficial da sua banda, não? Hoje em dia todo mundo tem um.

 

- sim, tenho um também.

 

- então ta. Agora eu tenho que ir. Tchau. – e me aproximei dele e o abracei. Ele ficou sem reação no começo, mas depois me abraçou também. – tchau. – disse desgrudando dele e me virando pra pegar um táxi.

 

- ei! – quando me virei ele veio até mim. – nós podíamos marcar de se encontrar qualquer dia, pra bater um papo... – eu fiquei sem saber o que responder. Um convite pra sair, já sabia qual era a intenção dele.

 

- sabe o que é? Não vai dar.

 

- por que? Anda sempre ocupada por acaso?

 

- na verdade, eu não saio com caras como você. – respondi meio sem jeito.

 

- como eu? Como assim? Você disse que sou bonito.

 

- e é. Mas é que...Fico até com vergonha de dizer isso, mas... É que eu não saio com cara novo. – falei de cabeça baixa. Estava morrendo de vergonha de dizer aquilo pra ele. O que ele pensaria de mim depois disso? Mas eu tinha meus motivos pra isso.

 

- ah! – e fez cara de entendido. – gosta dos velhos por que morrem mais rápido e depois você fica com toda a herança. Moça esperta.

 

- bobo! – disse rindo mais uma vez das palhaçadas dele. - Também não exagera. Não to dizendo que fico com velhos gagá. Mas é que me arrependi muito com os caras da minha idade, por isso procuro sair com caras na casa do quarenta pois são os que querem alguma coisa.

 

- querem alguma coisa...?

 

- é, você sabe. Casar, ter filhos, uma relação estável.

 

- por isso você já é casada né? Quantos filhos têm? – perguntou com um sorriso sarcástico no rosto. - É, por que deve sair com muitos caras responsáveis e deu certa essa sua tese né? – ele era insistente. Olhei pra cara dele sem saber o que dizer.

 

- você venceu, sabia? Você tem toda razão. Acho que ninguém quer nada sério hoje em dia. Os homens só querem curtir. Já conheci muitos coroas safados, pilantras...Dá raiva só de pensar.

 

- então? Você nem me conhece pra julgar. Eu posso ser o cara que você está esperando.

 

- quem sabe. – e dei as costas pra ele indo pro táxi. O sorriso no meu rosto indicava tudo, ele havia me conquistado com aquele jeito dele e estava quase me convencendo.

 

- então me dê uma chance. Saia comigo. – gritou ele e eu parei de andar pra olhar pra ele.

 

- vou pensar no seu caso, Gerard Way. – e me virei risonha indo pro táxi.

 - anota meu telefone: xxxx-xxxx – gritou ele e eu estendi o braço dando um tchau sem olhá-lo e entrei no táxi. Quando o táxi partiu, eu me virei olhando pra ele que via meu táxi se afastar e peguei meu celular e anotei aquele número. Talvez eu me arrependesse um dia se não o anotasse.