Pedimos uma mesa ao garçom, ao mesmo que havia me dado um copo de água. Depois nos sentamos à mesa os dois e ficamos esperando nosso pedido chegar.

- mais uma vez obrigado, é Gerard não é?

- sim.

- desculpa é que eu estava ainda em estado de choque quando você apareceu com meu celular... – parei e respirei fundo.

- está mais calma agora?

- sim. Bem mais calma. – e ri sem graça. – desculpa.

- bom, e o que faz aqui?

- como assim?

- você trabalha por aqui?

- na verdade sim. Trabalho do outro lado da rua, quase aqui em frente.

- fazendo o que?

- sou analista de sistemas. E você?

- sou cantor.

- sério? Deve ser legal. eu também já quis ser uma, mas as vezes seguimos rumos totalmente diferente dos nossos sonhos...

- tem razão. Não são todas as pessoas que conseguem fazer o que gosta de verdade.

- não que eu não goste do que eu faço, eu gosto, mas ser cantora era algo que eu sempre desejei, passado né? Mas e você? Onde canta? Em bares...?

- não, eu...Na verdade eu sou um cantor digamos assim: “famoso”. – disse fazendo as aspas com as mãos querendo ser modesto. Na verdade ele era bem famoso mesmo, mas eu ainda não sabia disso.

- sério? Diga que está brincando! – disse sem graça por não reconhecê-lo.

- não, é sério. Tenho até cd. De vez em quando faço alguns shows pelo país ou fora do país...

- jura? Ai meu Deus! Me desculpa!

- tudo bem. Ninguém é obrigado a gostar das minhas músicas.

- desculpa. É que ultimamente nem tenho tido tempo pra ouvir músicas. Na verdade já faz um bom tempo por que eu estou sempre estudando. Hoje em dia se você não estudar, está no olho da rua. Quase nem ouço rádio, ou melhor, eu nunca mais ouvi nada. Nem sei quem são os atuais cantores. Acho que parei na era dos backstreet boys. – e ele começou a rir junto comigo.

- você é engraçada, sabia?

- é, o pessoal diz que possuo um ótimo humor. Pois é...

- isso é bom.

- sim. – de repente pensei na gravidade do que ele havia feito tentando salvar meu celular. – OMG! Sabe o que me veio agora na cabeça?

- não. – respondeu rindo.

- eu poderia ter causado a morte de um cantor famoso. Já pensou no dia seguinte em todos os jornais “Cantor famoso morre ao tentar salvar celular de mulher sem atenção e idiota que não sabe que deve ter cuidado com pivetes”. Nossa! Suas fãs me matariam.

- você é louca, sabia?

- mas é sério. No dia seguinte já estaria morta por alguma fã sua. E você deve ter muitas fãs. É um cara muito bonito, Gerard. Não vê os backstreet boys que febre eram? Eles eram lindos!

- obrigado. Você também é muito bonita.

- lisonjeada. – e rimos. Eu mais ainda por que fiquei sem graça depois da barbaridade que havia dito. Cara de pau a minha, não? Por sorte naquele momento, o garçom chegou com nosso pedido cortando aquele clima meio que constrangedor.