A Bastarda escrita por The Rootless


Capítulo 14
Capítulo XIII


Notas iniciais do capítulo

Não me julguem por ter demorado DE NOVO! Mas os comentários foram minúsculos me deixando bastante desanimada, nem vou pedir desculpas às leitoras lindas que deixaram comentários maravilhosos no capítulo anterior, reconheço que errei com vocês, vou apenas agradecer, por me motivarem, apesar de terem sido pouquinhas, foi suficiente.

Mas eu voltei hoje porque é um dia muito especial para mim (alguém está de berço! o/) e eu vim aqui atualizar TODAS as minhas fics, inclusive esta. ♥

Então, espero que gostem e vamos ao primeiro capítulo DO ANO, que ~ envergonhada ~ reconheço que deveria ter saído antes e-e

Boa Leitura...



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Bath, Inglaterra, 15 de setembro de 1815.

Um dia especial para nossa princesa

.

America sentia-se sufocada. A casa estava numa tremenda correria, com os criados andando de um lado para o outro, trazendo comida, carregando panelas, decorando o salão da casa, limpando o salão da casa, o mordomo dando ordens e a governanta gritando com as criadas desajeitadas.

Por um momento chegou a sentir dores de cabeça. Achou que a ideia de visitar o tio de Maxon à tarde não era uma ideia ruim. Arranjou Lucy como sua dama de companhia, e elas partiram. O trajeto foi bastante silencioso, chegando a ser desconfortável, mas America podia se acostumar com isso.

— Ah, sra. Schreave! Achei que não cumpriria com sua promessa de vir me visitar. – disse o tio de Maxon, abrindo um sorriso ao ver America entrando na biblioteca.

— Eu sempre cumpro com minhas promessas. – America sorriu.

— Sente-se, por favor! – ele apontou para uma das poltronas de couro à sua frente.

— Obrigado. – America sorriu.

O tio tocou o sino chamando uma das criadas e pediu chá com torradas.

— Então, minha cara – ele sorriu. – você é Irlandesa pelo o que havia me contado na sua última visita, certo?

— Sim. – America acenou com a cabeça. – Perdão! Na verdade sou daqui mesmo. Minha mãe se mudou para a Irlanda um pouco depois que eu nasci.

— Oh claro! – ele acenou com a cabeça dando um sorriso, interessado em sua história. – E seu pai?

America prendeu o ar. Aquela conversa não havia sido boa ideia. Endireitou-se na poltrona e respirou fundo, controlando-se para não demonstrar estar nervosa.

— Hã... ele... morreu quando fiz cinco anos. – respondeu com um olhar distante.

Lembrou-se de que no seu aniversário de cinco anos ela havia perguntado à sua mãe sobre seu pai, e ela não reagiu bem com a pergunta. Brigou e gritou com America, a insultando e a chamando de bastarda várias vezes. Ela perguntou à sua bisavó o que era, e Isabel lhe lançou um olhar desprezível, lhe dizendo que era algo ruim e vergonhoso para a família.

A partir daquele dia, sua mãe passava a lembrar-lhe do fardo que ela era, não a deixando esquecer nunca mais. E America com certeza nunca esqueceria. Foi naquele dia que morreu sua ilusão de saber como era seu pai.

— Eu lamento por isso. – o homem se desculpou tirando America da sua nuvem de lembranças.

— Não se preocupe. – ela acenou com a cabeça forçando um sorriso.

— Creio que deve ter sido difícil sua perda. Minha filha Valerie, ficou anos afastada de mim, mas eu finalmente a tenho perto de mim. – ele ficou com um olhar distante. – Eu cometi um erro quando era jovem. Você não imagina o quanto esse velho respeitável já foi um cara terrível. – ele sorriu.

America riu, um pouco curiosa com seu comentário. Neste momento a empregada entrou com uma bandeja nas mãos, com duas xícaras, um bule de chá, leite, cubos de açúcar e torradas quentinhas com manteiga.

— É difícil acreditar no seu comentário senhor. – America balançou cabeça bebendo um pouco do chá, que o tio acabara de lhe servir.

— Acredite. – ele riu. – Fui um homem que viveu muitas aventuras, mas um dia comecei a me sentir sozinho e as aventuras perderam a graça. Percebi que havia cometido um erro em deixar a mulher que eu amava e decidi procurá-la, durante anos. Até que conheci Sarah, me casei, tive uma linda filha e construí minha vida, mas nunca deixei de procura-la.

America suspirou e em seguida sorriu.

— Apesar de todo o seu passado sua atitude foi nobre, senhor.

— Talvez. – ele deu de ombros. – De qualquer forma, nem vi minha Valerie crescer. Os anos que passei procurando-a, sentindo sua ausência, pude me confortar com Celeste. Fiz tudo com ela o que gostaria de fazer com minha Valerie, a mimei e dei carinho em dobro à ela.

America permaneceu em silêncio enquanto o homem desabafava. Ele não tinha o passado mais honrado, mas havia se redimido. Após um tempo de conversa, ele decidiu mudar de assunto.

— Mas sobre você tocar piano – ele sorriu. –, você prometeu tocar para mim quando voltasse.

America sorriu desviando o olhar. O tio se levantou e estendeu o braço para ela, levando-a até a sala de música. Quando abriu a porta, os olhos dela brilharam. Haviam todos os tipos de instrumentos que ela poderia imaginar. Flautas, uma harpa enorme, violoncelo e violinos, e por fim, o piano. Que ficava próximo a uma grande porta de vidro. O homem caminhou devagar, em direção ao o que ela chamaria de grandes janelas estreitas que davam para o jardim, e o abriu, fazendo os raios solares entrarem, deixando a sala ainda mais iluminada. Aquele lugar parecia o céu.

America sentou-se no banco, com o tio do lado. Ela passou os dedos pelas teclas do piano, concentrando-se no aroma de flores do campo presente naquela sala, até que começou a tocar , formando as primeiras notas, enquanto o tio permanecia sentado ao seu lado concentrado na melodia.

A música era bela, e tinha uma calmaria vindo de seu som. Não apenas um, mas vários sentimentos. Felicidade, calma, emoção. Tudo de uma só vez. Naquele momento America tocou fundo no coração daquele homem que sofreu anos após admitir seu erro. Ele ficou observando America apertando as teclas concentrada, como se ela estivesse dando tudo dela naquele momento dentro de uma bolha em seu próprio mundo com a música.

E como se ela tivesse poderes, cada nota que ela produzia daquele piano, espalhava alegria. O homem sentado ao seu lado fechou os olhos, sentindo aquela sala com mais vida, mais iluminada, como se aquele fosse o lugar daquela jovem. Por algum motivo, a forma que ela tocava aquela canção, lhe parecia familiar, fazendo-o lembrar de uma mulher de cabelos ruivos que havia conhecido a muitos anos atrás e de como sofreu ao perceber que a amava e a tinha abandonado.

Era impressionante.

Um sorriso se alargou no rosto de ambos. America sentia uma felicidade enchendo seu peito, tanto, que não coube e transbordou pelos seus olhos, mas seu sorriso ainda estava lá. Enquanto isso, seu ouvinte permanecia com os olhos fechados, apreciando aquela melodia alegre, esquecendo-se por um momento de sua infelicidade e lembrando de seus momentos mais felizes, e querendo gravar em sua memória cada momento daquele, de forma detalhada, pois ele soube que aquele momento seria uma lembrança feliz para ele futuramente.

America finalizou as últimas notas e suspirou. Abriu os olhos saindo de seu mundo, enxugando as lágrimas que escorreram de seus olhos em um momento que ela não percebeu. Encarou o tio de Maxon que estava ao seu lado, ainda de olhos fechados, e permaneceu daquele jeito por alguns segundos.

— Você é incrível menina. – o homem sorriu encarando America, que deu um sorriso tímido.

E em seguida ele a puxou e lhe deu um abraço. Por um momento ela permaneceu imóvel e surpresa por causa de sua atitude, mas seu abraço era acolhedor e ela retribuiu, não querendo sair de lá nunca mais. Era como se aquela fosse o lugar que ela deveria estar.

Se afastaram quando o som do relógio tocou, tirando os dois de seus devaneios.

— Oh céus! – America arregalou os olhos. – Já está tarde, eu preciso ir.

O tio apenas acenou com a cabeça, se contendo a não pedir que ela ficasse.

— É claro. – ele sorriu ficando de pé e a acompanhando até a saída. – Obrigada pela visita, Sra. Schreave. Quando voltará novamente?

— Bem, acho que será em breve. – ela sorriu entrando na carruagem.

— Irei lhe esperar, ansioso. – ele sorriu acenando enquanto ela retribuía e a carruagem partia para longe.

Ele permaneceu um instante na porta da casa suspirando. A visita de America havia lhe feito bem, ele sentia. De alguma forma, ele se sentiu mais disposto e feliz, como se sua doença fosse apenas o desgosto.


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Notas finais do capítulo

Quem aí adorou essa primeira relação amigável entre pai e filha ( mesmo sem ambos saberem?). Linda né!? Eu estava ansiosa para escrever este capítulo, e ainda virão muitos outro momentos emocionantes entre eles, preparem os lencinhos! *-*

Espero que vocês me presenteiem com seus maravilhosos comentários que tanto amo ler.

Um beijo e até o próximo. Me esforçarei para não dar sumiço.



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