Rosa e Rose escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 4
Ganhamos irmãos novos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/613060/chapter/4

–Pai? - Rosa disse quando pararam de cantar. - É isso mesmo?
–Sim querida - Apolo respondeu. - Eu disse.
Ela concordou com a cabeça. Peralá, eles estavam se falando? Como, quando e onde?
–Pode perguntar jovem - Apolo se dirigiu a mim. - Sou o deus dos Oráculos, possuo respostas para as suas perguntas.
–Certo. O senhor falava com a minha irmã?
–Sim, entenda... Eu procuro cuidar bem dos meus filhos, e quando Jenny me disse que Rosa havia nascido e que era minha filha, comecei a dar-lhe vislumbres de sua realidade...
–Contra as regras - Ares retificou. Já gostei mais desse cara.
–Tudo bem, o que fiz foi errado, mas eu precisava saber se ela aceitaria sua origem ou não.
–E como fazia isso?
–Sonhos, flashes espontâneos, lembranças repentinas... Coisas assim.
–Também pode fazer isso? - perguntei para Ares.
–Sim, mas a maioria dos deuses só faz isso se está em dúvida se os filhos aceitarão ou não a origem de possuem. Sendo honesto, pensei em fazer isso, mas aí, quando você tinha seis anos, prendeu a cabeça de um garoto em um brinquedo de playground - eu me lembrava de ter feito isso -, então tive certeza que aceitaria sua origem quando chegasse a hora.
–Vocês falam o tempo todo de "aceitar a origem" - disse Rosa -, mas afinal, de que se trata essa origem?
–A origem olimpiana - disse Apolo. - Há alguns anos, o maior inimigo dos deuses foi reduzido a cinzas,então não precisamos mais forçar nossos filhos a lutarem por nós. Estão livres para ir com Jenny se quiserem.
Desviei um olhar para minha mãe. Ela parecia esperançosa, e sei que Rosa também notou. Nos levantamos e vamos até ela.
–Obrigada por tudo, mas vamos ficar.
Ela assentiu, tentando controlar as lágrimas e desceu a colina. Estávamos sós com nossos pais. Apolo pareceu se dar bem com Rosa, e aos poucos, eu ia me acostumando com a presença de Ares.
Uma mulher chegou até nós, cavalgando um cavalo alado. Ela desceu de sua montaria e disse:
–Irmão - ela fez um gesto de cabelça na direção de Apolo. - Senhor Ares - fez o mesmo para meu pai. -Tenho uma proposta para as garotas.
Eles se afastam um pouco de nós, cruzando o limite da fazenda de morangos. A mulher nos disse, cordialmente:
–Sou Ártemis, deusa das virgens, e gostaria que se juntassem à minha caçada.
–Um minuto - pediu Rosa. - As Caçadoras de Ártemis são aquelas guerreiras que só morrem se tombam em batalha, e não podem se apaixonar?
Ártemis meneou a cabeça, dizendo que sim, e então Rosa disparou:
–Desculpe-me senhora, mas sou incapaz de aceitar seu convite.
–Tampouco eu seria - concordei com um sorriso.
Ártemis sorriu cruelmente e disse:
–Você verá, jovem Rosa, que sua incapacidade de ser uma Caçadora poderá ser mudada em habilidade e aptidão facilmente. Tão logo quanto eu queira, tão logo quanto você precise.
E então, ela sumiu no ar. Ares e Apolo voltaram, e Apolo tocou Rosa no ombro, porque ela estava tremendo de medo da frase da deusa.
–O que ela tem? - perguntei a Ares.
–Você vai descobrir - ele sorriu. - Apolo, está ficando tarde. Deixe Rosa ir dormir. Você pode levar sua irmã até o chalé dela, o 12? - ele me pediu e eu assenti.
Apoiei a maior parte do peso de Rosa no ombro esquerdo e a arrastei pela entrada da propriedade. Quíron e Percy tiraram-na de mim, dizendo:
–Você têm de ir para o seu chalé,o 6. Nós cuidamos dela.
Percy me indicou em que direção seguir. Era um chalé comum de acampamento, com duas meninas e oito meninos.
–Olá - disse uma das garotas. - Meu nome é Melissa, e ela se chama Lua - ela apontou nossa meia-irmã. - Eles são nossos irmãos, como já deve ter notado. Não se preocupe com os nomes, logo irá gravar quem é quem. Agora, quantos anos você tem?
–Quatorze.
–Até que enfim! - Lua ergueu os braços para o alto. - Alguém para ocupar o meu lugar!
–Do quê ela está falando? - perguntei à Melissa.
–Ela era a mais velha, então era a conselheira do chalé, tinha de cuidar dos mais novos e comparecer à reuniões... Lua simplesmente odeia esse tipo de coisa, mas como você tem quatorze e ela treze, você é a nova conselheira.
Suspirei e coloquei minha mochila na beliche que Lua me apontou. Olhei em volta, observando minhas dez responsabilidades. Eu iria matar Ares assim que possível. Não me pergunte como, mas eu ia.
ROSA
Depois que a deusa Ártemis sumiu, fiquei fraca. Tão fraca que nem me lembro de ter entrado neste chalé dourando onde estava.
–Onde...
–Santo Zeus! - gritou alguém. - Achei que ela nunca fosse acordar.
–Mas acordou Jackson - um garoto o cortou ríspidamente-,agora saia e deixa-a conosco.
Percy bufou e saiu do quarto. O garoto sorriu para mim de um jeito afável, e não pude deixar de retribuir o gesto. Fiz uma contagem rápida das pessoas no quarto. Vinte garotos. Procurei por alguma menina, mas não encontrei.
–Sem meninas? - balbuciei e o garoto assentiu.
–Nossas irmãs nos traíram Rosa - ele explicou, um pouco triste. - Meu nome é Ricardo e sou o conselheiro do chalé. Quer dormir mais?
–Não, quero tomar um banho.
–Todos para fora! - Ricardo gritou e os garotos sairam um por um.
Eu estava sozinha no chalé. Peguei uma toalha e me tranquei no banheiro. Me banhei rapidamente e me troquei de novo, fazendo uma nota mental para pedir à Jenny que me mandasse roupas.Quando voltei para minha cama, havia um pequeno bilhete sobre o travesseiro.
Hora do jantar.
Sai do chalé e segui alguns campistas para chegar ao refeitório. Procurei por Rose para poder sentar-me com ela, mas Ricardo me chamou para a mesa de número 12.
–Você se senta conosco - disse-me ele.
–Porque não posso me sentar com minha irmã?
–Por que, olimpianamente falando, vocês não são irmãs. Você é nossa irmã, e ela é irmã deles - ele gesticulou com o garfo na direção da mesa 6. - Mais uma coisa que deve saber: depois que terminar de se servir, vai até a fogueira e joga algo no fogo. É uma oferenda para os deuses. Pode até rezar se quiser, desde que seja para o deus certo.
–E qual seria o deus certo?
–Apolo, é claro. Qual outro seria?
–Dioniso, Afrodite, Zeus, Poseidon... - os garotos riram. - Ártemis...
–Não, ela não - o tom de Ricardo é de tristeza, não censura.
–Porque?
–Ela e sua caçada estúpida levaram nossas irmãs a nos deixarem. Todas as meninas que estavam em nosso chalé se deixaram seduzir pela imortalidade que Ártemis as oferece. A deusa já lhe fez algum convite?
–Sim - respondo, lembrando-me daquela manhã, quando conhecera meu pai, quando vira minha mãe pela última vez... parecia outra era -, mas eu recusei, não se preocupe.
O rosto de meu irmão aliviou-se de imediato. Era estranho pensar em Ricardo como meu irmão com tanta facilidade. Era estranho pensar em todos os garotos nesta mesa como meus irmãos. Dei uma espiada na mesa 6,onde Rose conversava com duas meninas que eram parecidas com ela de um modo que eu jamais seria, porque era uma semelhança divina, e do mesmo modo que ela nunca seria parecida comigo da mesma maneira que meus irmãos. Por causa das divindades diferentes presentes em nós.
De um outro jeito, muito mais racional, era parecida com ela por causa de Jenny. Mas isso não importava no acampamento. Eu acabara de ganhar vinte irmãos e de perder minha irmã.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!