Algumas horas depois, chegamos à colina que Percy falou. Gentilmente, ele acordou minha irmã que parecia mais animada depois do descanso. Ela também corou quando Tyson lhe disse que "Percy tomou conta de você enquanto dormia". Tive que rir, porque apesar de quase três metros de altura, Tyson era um pouco - muito - infantil.
No alto da colina, minha mãe nos esperava. O que ela estava fazendo ali e como chegara antes de nós? Isso não era importante, porque os sujeitos atrás dela é que estavam me assustando.
Apenas um deles, na verdade, porque era grandalhão,musculoso e pronto para matar alguém, não sei porque, me identifiquei com ele de cara.
O outro sujeito me parecia mais confiável. Loiro, pálido e com um sorriso que devia cegar qualquer um que chegasse perto demais.
Mais estranho ainda era o olhar com que o grandalhão me encarava. Tinha...Não sei, orgulho?
Percy carregou Rosa colina acima enquanto eu e Tyson ajudávamos Quíron a descer. Ele não se incomodou em usar sua cadeira de rodas,disse que não precisava se esconder ali.
O homem loiro fuzilou Percy enquanto ele subia, parecia que não gostava muito daquilo, mas minha mãe se inclinou e sussurrou algo em seu ouvido.
Chegamos até eles e Quíron tomou a palavra.
–Senhores, estas são Rosa e Rose.
–Nós sabemos os nomes delas Quíron - disse o loiro -,mas queremos saber quem é quem.
Quíron olhou para mim. É claro que ele é incapaz de nos diferenciar.
–Eu sou Rose, e ela é Rosa.
Então Percy fez a coisa mais imprudente possível. Deu um beijo na testa de Rosa quando ela despertou lentamente.
–Solte. A. Minha. Filha. - O homem loiro grunhiu, jogando-se sobre Percy, que largou minha irmã no chão.
Ele se transformou em um rato gigante - oi? Eu perdi alguma coisa? - e atacou Percy. Tyson conseguiu tirar Rosa de onde estava antes que o super-rato a ferisse. Jenny e grandalhão tentaram fazer alguma coisa, mas sem efeito, o rato era muito forte.
Depois de um tempo tentando fazer picadinho de Percy sem sucesso,o rato voltou à forma de homem e disse:
–Fique esperto filho de Poseidon. Seu pai o protegeu dessa vez, mas eu te garanto que da próxima...
–Apolo! - Jenny ralhou.
Apolo suspirou e se ajoelhou ao lado de Rosa. Cantava baixinho uma música que eu já ouvira antes. Isso porque Rosa a compusera e e eu tinha certeza que mostrara apenas para mim. Apolo chamou Rosa de filha e agora cantava uma música dela, isso era esquisito. E o mais estranho é que Rosa agora o acompanhava na melodia complexa.
–Mãe, eu não estou entendendo... - suspirei, sem cerébro disponivel para respirar o bastante.
–Ele é o pai dela Rose. E ele - ela gesticulou para o outro sujeito, do qual eu me esquecera por completo - é Ares, o seu pai.
Devia estar feliz por ter um pai, mas não estou, porque ele não é o pai de minha irmã. O QUE DIABOS ACONTECE AQUI?
–Filha, acalme-se... - minha mãe disse. -Eu sei que estranho, mas eu posso explicar...
–Pode explicar o quê? - gritei. Tinha tentado não explodir, mas isso não ia durar muito. - Como eu tenho um pai e Rosa tem outro? Não se pode explicar esse tipo de coisa!
–Posso sim.
Certo, isso dá para explicar, mas como Apolo se transformara em rato? Aí estava uma coisa sem sentido.
–Tudo bem, eu sou só meia-irmã da Rosa, mas como o pai dela virou um rato gigante?
–Aposto que Tyson e Percy já lhe deram a resposta.
Nós somos... Diferentes, assim como vocês, dissera Tyson. Filhos e filhas dos deuses gregos.
Na hora, eu estava acelerada demais para protestar, mas não acreditara,e agora, a verdade fora esfregada na minha cara.
Eu sou filha de Ares, minha irmã é filha de Apolo.
Somos diferentes, somos filhas de deuses gregos.