Sophia escrita por Belle17


Capítulo 25
Uma vela acesa




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02 de maio

Querido diário,

Mal consegui pregar os olhos esta noite. Não conseguia esquecer aquela carta. Suas palavras... pareciam aterrorizantes.

Clamei pela Juliana, mas ela não veio. Comecei a entender tudo: se ela viesse, teria que me dizer a verdade. Que a Vitória não tem tantos dias de vida restantes assim, e não queria me assustar.

Não tirei a pulseira da Vivi nenhum minuto, mesmo com as luvas. Era uma forma de lembrar que sempre estaríamos juntas, não importa onde for.

Finalmente consegui cair no sono. Acordei com o sol radiante refletindo a parede do meu quarto pela janela.

A escola foi um tédio. Fiquei distraída a maior parte do tempo e torcia para que o tempo passasse logo, pois a mamãe havia me prometido que iria me levar ao Hospital para visitar a minha amiga.

E assim fizemos. Às duas e quarenta da tarde, nos dirigimos ao centro de oncologia. Olhei fixamente para a grande porta de vidro fumê azul claro fechada na minha frente, e pela primeira vez fiquei com medo de entrar sozinha. Então minha mãe resolveu ir comigo.

– A Vitória não está mais aqui. Foi transferida para um quarto particular - disse uma das enfermeiras - vou ligar para o médico dela e perguntar se a menina pode receber visitas no momento.

Enquanto esperava a resposta do doutor, comecei a sentir calafrios. Eu estava carregando umas margaridas para dar de presente a Vitória, e torcia para que conseguisse entregá-las. Eu ia dar a tela que pintei na aula, mas fiquei tão nervosa que acabei esquecendo em casa. Então colhi flores no jardim do Hospital.

– Sim, ela pode receber visitas agora - disse a mesma mulher - mas só uma. O caso é bem delicado.

– Ela vai - disse minha mãe, com um olhar sério e meio sombrio.

Em seguida, a enfermeira pegou uma de minhas mãos e me levou até um outro andar do prédio. Bateu na porta de um quarto numerado 17.

O médico nos atendeu e autorizou minha entrada.

Meu coração disparou. À minha frente estava a minha amiga, com vários aparelhos conectados em seu corpo. Sua respiração era assustadora. Seus olhos estavam entreabertos, e ela mal se movia.

– Vou deixá-las a sós - disse o médico - volto em cinco minutos, garota. Devido ao caso grave da sua amiga, ela não pode receber visitas por muito tempo.

Ele fechou a porta e voltei a olhar para a Vitória.

– Vi-Viitó... vii... - gaguejei. Ela não dava sinais vitais muitos claros.

Uma máquina ao seu lado soava um "pi... pi... pi... pi..." assustador. Havia uma vela acesa em uma bancada ao lado da maca onde minha colega estava deitada.

Coloquei as margaridas em sua barriga, segurei suas mãos e disse, em prantos:

– Eu...eu... te... amoo! Nunca v-vou te esqueceeer, Viiiviiii!!!

Ela só conseguiu balbuciar um "So...so...", e seus olhos se fecharam. Gritei desesperadamente.

Foi a pior cena que já vi na minha vida. Nenhum filme de terror superava aquilo. A máquina agora gritava um sonoro e incessante "piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii..."


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