Sophia escrita por Belle17


Capítulo 14
Um segredo




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25 de abril

Querido diário,

Você não vai adivinhar o que aconteceu! Não vai! Não vai!!! Já é sábado à noite, mas à tarde eu tive uma experiência incrível!!

Estava em meu quarto cantando a música para o show de talentos, tentando pronunciar as palavras da forma mais normal possível. Eram umas 14:30, e quando terminei a última frase, ouvi alguém batendo palmas.

Meu rosto ficou vermelho na hora, pois tinha um pouco de vergonha dos meus pais me olhando cantar.

Mas... não eram meus pais... simplesmente não tinha ninguém aplaudindo. Mas o som continuava.

E sabe o que era mais estranho? Eu não fiquei com medo! Senti a presença de alguém no meu quarto, mas não enxergava de jeito nenhum.

– Soso... - alguém sussurrou. Meu coração acelerou. Era uma voz feminina... mas não havia ninguém perto de mim.

– Sophia, não se assuste - disse a mesma voz, de forma branda - sou a Juliana...

Uma onda de adrenalina percorreu meu corpo. Fiquei boquiaberta e não conseguia me mexer ou falar mais nada. De repente, vi uma figura surgindo. Era uma menina muito, muito, muito bonita! Um pouco mais alta que eu, e tinha cabelos castanhos ondulados. Sua pele era muito branca e trajava um vestido rosa claro.

Percebi que, em meio a sua pele transparente, havia marcas de bolhas.

– Não tenha medo, maninha - disse a garota fantasma - sou eu... a Juju!

Então, a garota apareceu por completo. Só estava um pouquiiinho transparente. Diário, eu juro: não sei como não caí para trás. Ainda estava de queixo caído, mas não fiquei assustada. Era mesmo ela... minha irmã...

Finalmente consegui dizer alguma coisa:

– Ju... ju?? É vo... você?

Ela se aproximou de mim e pegou minha mão direita levemente.

– Sim, maninha... sou eu!

– Ma... mas... você não tinha mo... mor...

– Sim, Sophia, eu estou morta... mas os anjos me permitiram te visitar!

Ela sorria para mim. Havia um brilho imenso em seus olhos.

– Não sabe o quanto te esperei lá em cima, Soso! - disse Juliana, com os olhos marejados - eu te amo!

– Eu... eu também te... amo...

De repente, Juju me abraçou. Foi uma sensação incrível. Incrível. Nunca havia sentido aquilo antes. Não era mentira: ela estava realmente ali! Falando comigo! Me abraçando!

Ainda com o coração acelerado, perguntei:

– Mas... mas o que você veio fa... fazer aqui, Juju??

– Vim te ajudar, linda! É para isso que os irmãos servem, não é?

Ela não parava de sorrir. Senti uma segurança que nunca havia sentido antes. Juliana prosseguiu:

– Desde o seu nascimento, venho te acompanhando lá de cima. Você tem noção do quanto é perfeita, Sophia?

Fiz uma cara estranha e indaguei:

– Perfeita? Mas Juju, olhe só para mim! Todas essas feridas... bolhas... posso morrer a qualquer momento se meus glóbulos brancos não funcionarem direito...

– Ora, Sophia... isso só são detalhes!

Fiz de novo uma cara estranha.

– Está tirando uma com a minha cara? - perguntei, ainda sem acreditar no que estava acontecendo.

– Não, So. Você devia saber a quantidade de gente aqui na terra que não tem braços, pernas... que não tem cabelo... e... que não tem família... você tem tudo isso, Sophia. Tem que aproveitar. É sério.

Fiquei calada por alguns segundos refletindo sobre aquilo tudo.

– Sophia, você não pode contar isso para ninguém. Ninguém pode saber que eu apareci para você, está entendendo? Você está entendendo, Sophia?

Vi que ela estava séria e preocupada. Assenti com a cabeça.

– Ótimo. Escute, mana... sempre que você estiver triste e precisar conversar com alguém, é só me chamar, está ouvindo? Os anjos me deram essa missão. Preciso e quero te ajudar com tudo o que for possível. Mas não poderei aparecer para sempre.

– Ué... mas... por quê?

– Soso... existe muita coisa no outro lado que vocês aí na Terra não têm ideia que existe. Sério mesmo. Nós não podemos simplesmente ficar voltando toda hora, para sempre. Voltarei sempre que achar necessário. Mas um dia não virei. E iremos nos reencontrar só no fim da sua vida.

Paralisei na hora.

– Juliana... quando... quando é que eu vou morrer?

– Isso nem eu sei, Sophia. Só o Papai do Ceu sabe dessas coisas. Mas não se preocupe, no dia em que me proibirem de voltar, eu a avisarei.

– Tá... tá bom...

– Você está muito assustada, mana! Vou votar para o outro lado agora. Virei quando me chamar. E quando realmente precisar. E lembre-se do nosso trato: é segredo. Se alguém ficar sabendo, vou ser castigada lá em cima. Por favor, Sophia, não faça isso acontecer comigo!

Prometi que não ia contar nada a ninguém, nem aos nossos pais. Demos mais um abraço e seu corpo ficou transparente de novo. Ela acenou sorrindo levemente e sumiu.

Até agora não consigo acreditar, diário. Não consigo.. e não foi um sonho! Que coisa mais... mais mágica!


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