Sophia escrita por Belle17


Capítulo 11
Enfermaria




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/612945/chapter/11

22 de abril

Querido diário,

Ontem a professora Pauline me levou à enfermaria. A doutora me olhou com cara de espanto, pois eu não parava de chorar.

Ela passou um remédio nas feridas, e eu me contorcia de dor.

– Cuidado, doutora Fátima... acho que ela tem a pele muito sensível...

– Não se preocupe, Pauline, sou mestre em medicina, sei o que estou fazendo. Essa menina deve ter Epidermólise bolhosa. Veja, professora: há várias bolhinhas pequenas nos braços e no pescoço. Ah, aqui também na perna, veja.

Eu já sabia que tinha isso. Mas a Epidermólise bolhosa era só mais uma das minhas doenças.

Quando eu tinha cinco anos, mamãe me levou a um pediatra muito legal para me explicar o que estava acontecendo comigo. Ele fez um teatrinho de fantoches para eu entender e aprender mais sobre o sangue, as células, imunidade, essas coisas. Ele disse que eu tenho a imunidade baixa, por isso fico doente com muita facilidade. O médico também falou que meus glóbulos brancos não trabalham de forma correta às vezes, por isso tenho que fazer exames de sangue todos os meses.

É assim: o sangue é composto por um montão de coisas, como água, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos... e cada composto tem uma função específica. Os glóbulos brancos ou leucócitos (viu? até já aprendi os nomes!) servem para proteger nosso corpinho contra a entrada de bichinhos estranhos na gente. São as células de defesa. E os meus não trabalham de forma certa, então tenho que tomar vacinas e remédios o tempo todo.

Uma outra consequência disso tudo é a demora para os machucados sararem. Tenho uma prima que quando se corta, já sara no outro dia. Já no meu caso, demora uma semana, por aí. Varia de pessoa para pessoa.

Se eu não tomar os remédios e as vacinas, eu posso morrer. Vai ver foi por isso que a Juju se foi. Acho que ela não se tratou direitinho. Que pena...

Antes, eu tinha muito medo da picada da agulha. Chorava muito no hospital e queria ir embora. Mas aí a mamãe me contou que tem muita criança dodoi querendo se curar e não tem condição de comprar os medicamentos; ao contrário de mim. Então eu tomei coragem e hoje eu levo as picadas sem fazer mais tanto escândalo! :)

Eu estava deitada na maca da enfermaria, apertando com força o travesseiro por causa da dor. Pauline me olhava com pena, sentada na minha frente. A doutora Fátima ainda esfregava o algodão com um líquido cheiroso nos machucados, enquanto mostrava as bolhas que possuo em algumas partes do corpo.

Sem perceber, vi que um de meus aparelhos auditivos havia saído do meu ouvido. A professora me cutucou e apontou para ele. Senti minhas bochechas ficarem mais vermelhas ainda e enfiei o aparelho novamente na orelha, chorando ainda mais.

Não gosto que as pessoas percebam os aparelhos auditivos. Tenho muita vergonha dos meus problemas de saúde... só queria ser perfeita como as outras crianças...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sophia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.