Cartas Anônimas escrita por Massie


Capítulo 17
Capítulo 17 - A verdade dói




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Estávamos todos no intervalo, eu, Vicky, Bianca, Sol, Nat, Duca, Wallace, Mateus e João, os meninos conversavam animadamente entre si e eu e as meninas também batíamos um papo descontraído. Eu comecei a olhar em volta e me deparei com Pedro saindo da quadra, ele usava uma calça skinny preta, uma regata branca, all star branco, tinha sua bolsa e seus óculos em mãos e bagunçava o cabelo que evidentemente estava molhado.

– Meu Deus do céu que delicia é aquela? – Disse Bianca.

– Eita esse Ramos na minha cama – Vicky se abanou.

– Ué, ele está molhado.

– Ele pratica natação Nat – Na ala da quadra também havia uma piscina.

– Ahh tá.

E não era somente nós que olhávamos para ele, parece que todas as garotas da escola voltaram seu olhar para Pedro, ele realmente estava um gato.

– Gente olha aquilo, meu Deus, deve ter uma pegada – Bianca se abanou – Será que tenho chances?

– Depois de mim né querida, acho que vou investir.

– Iiii Solange, tire seu cavalinho da chuva que eu que vou lar primeiro.

– Ahhh tá véi, só se for depois de mim né Natália.

– Ai credo gente, parece que nunca virão homem – todas me olharam incrédula – Que?

– Karina, olha que delicia – Ela virou meu rosto no exato momento que Pedro esbarrou em uma garota, ele pediu desculpas e mais uma vez bagunçou o cabelo, a garota disse algo que o fez sorrir e o seu sorriso, ahhh o seu sorriso, tão lindo quanto ele, senão mais.

– Eu jamais ficaria com um tipo como ele – disse.

– Que tipo é o dele?

– Humm vamos vê, tá, ele gato, mas sei lá, ele é muito CDF, senta na frente, não é muito conhecido na escola, prefiro ficar com os populares.

– Eu abriria uma exceção – Bianca deu de ombros.

Voltei á observar Pedro, ele e a garota ainda conversávamos, pareciam se conhecer.

– Se bem que… – As meninas pareciam dizer algo, e a dona da vez na conversa era Nat – Um monte de gente não gosta mesmo do Pedro, sei lá, ele nunca ficou com ninguém dessa escola, nunca frequentou uma festa dada pelos populares, nunca foi pego fazendo algo errado e ele pra mim é um loser – Deu de ombros.

– Cara ele é rico e sempre tira boas notas.

– E daí vicky, pra mim ele é um perdedor.

– humm, bonito mais perdedor. É, mudei meu conceito, eu o pegaria, mas escondido – Disse Vicky fazendo todas gargalharem.

Talvez ela estivesse certa, Pedro realmente seria um perdedor… Ahhh mais um perdedor super gato, e gentil, e de uma boa índole e de um bom caráter, e tem uma boa família… Naquele momento me senti perdida e eu nem sei por que, já era para eu ter minha opinião sobre Pedro formada, ele era um nerd, que eu não pegaria e fim, mas á questão era, eu já tinha o pegado e minha opinião não era exatamente ao contrário daquela. Ele e a garota continuavam com o assunto em mil, ela passou á mão no cabelo dele e ele gargalhou, e eu senti vontade de fazer aquele mesmo gesto, de pegar no cabelo dele e ouvir aquela gargalhada sendo direcionada a mim. Há, eu estava completamente perdida, eu queria mesmo que tudo o que eu achava certo continuasse sendo o certo, mas tudo estava mudando, eu estava percebendo isso, só não sabia o real motivo da mudança e nem porque tudo de repente passou a ser errado.

Voltamos pra sala e logo o sinal para á ultima aula soou, a aula passou rapidamente e todos estavam indo embora, inclusive eu, mas percebi que Pedro estava se demorando um pouco e eu precisava falar com ele, inventei uma desculpa qualquer para os meus amigos e assim que á sala esvaziou-se sobrando somente eu e Pedro, me aproximei dele.

– Pedro, eu quero falar com você.

– Hã? – Ele olhou para trás e depois voltou seu olhar para mim. Pedro estava sem os óculos e percebi que seus olhos brilhavam além do imaginário.

– Eu queria me desculpar.

– Pelo o que? – Ergueu uma sobrancelha.

– Por você ter sorrido para mim provavelmente querendo me cumprimentar e eu ter passado reto como se nós nem nos conhecemos, ou como se nunca tivesse rolado um beijo entre a gente.

– Ahh que engraçado – riu sem humor – Você se lembra desse feito?

– Eu não esqueço quem eu beijo.

– Sério? Então quer dizer que você se lembra dos mais de duzentos garotos que já deve ter beijado na vida?

– Não me insulte assim – aumentei um pouco o tom de voz.

– Ahh e isso é mentira? – Não respondi – Não é e você sabe muito bem disso.

– Nem sei por que eu vim falar com você – o olhei com desprezo.

– Eu sei, é porque você é uma interesseira que quer se dar bem com tudo e todos Karina Duarte!

– Você não me conhece para falar dessa forma!

– Claro que conheço, você é Karina Duarte, a toda poderosa da escola, á que todos queriam ser mais não são, a que humilha, esculacha e acaba com qualquer determinação de uma pessoa, á pessoa que só pensa no próprio bem estar e que sai com todos e se possível tem qualquer um aos seus pés e em sua cama.

– Eu já disse para não se referir á mim dessa forma – Dei um tapa em seu rosto. A raiva já me possuía e só o que eu sentia era ódio, não dele e sim de mim, por tudo aquilo que ele disse for realmente verdade, mas ao invés de descontar em mim mesma, descontei nele por achar que ele não tinha o direito de jogar aquelas verdades na minha cara.

– A verdade dói né? Olha aqui garota – ele se aproximou de mim e segurou em meus pulsos – Você é uma mesquinha que acha que pode tudo, mas você não pode!

– ME SOLTA GAROTO!

– É ruim ser domada não é fera?!

– Todos tem razão, você é mesmo um idiota… Um perdedor!

– Ao contrário de você, eu não ligo para o que os outros pensam, ou deixam de pensar sobre mim.

– ME SOLTA GAROTO, ME SOLTA – Me debati, mas Pedro continuava segurando fortemente em meus pulso, pesei que ele iria me bater ou algo do tipo, mas eu realmente não o conhecia. Ele caminhou comigo até á porta, fechou á mesma e me prensou ali e antes que eu pudesse pensar em algo senti seus lábios junto ao meu. Apesar da raiva eu não me debati, a final, eu queria aquele beijo! Seu beijo era feroz, urgente, delicioso, fôra muito melhor que o primeiro, me fez perder o fôlego em segundos. Ele desgrudou sua boca da minha e caminhou rapidamente até sua mesa, pegou sua mochila e me tirou da porta abrindo á mesma e saindo por ela. E eu? Bom só fiquei ali, feito uma estátua, tentando assimilar tudo e ainda sentindo o gosto bem vivo daquele beijo delicioso.


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