Tudo dentro de mim estava muito embaralhado, eu já não sabia se aquilo que eu era, era o que me fazia bem. Eu sempre fui uma pessoa sem escrúpulos, atirada, não estava nem ai pra nada, mas eu simplesmente estava mudando aos poucos, deixando alguns costumes para trás e trazendo para á minha vida hábitos e personalidades novas.

Alguns dias se passaram, eu achava que Pedro estava completamente errado sobre tudo, achava-o um escroto por ter me tratado daquela forma, mas mesmo assim eu achava que ainda deveria falar com ele, aquilo não fazia sentido para mim. Todas as minhas tentativas de me aproximar dele foram falhas, todas as vezes que eu chegava perto, ele saia, ele estava magoado comigo e aquilo estava me deixando muito mal, era para eu estar magoada com ele e não o contrário.

Continuei recebendo as cartas do meu anonymous todos os dias, e todos os dias eu me surpreendia com á beleza de suas palavras, com a delicadeza que seus sentimentos eram demonstrados naquelas miseras letras e eu descobri uma coisa, uma coisa que me assustou por dois motivos, a coisa descoberta era que eu estava apaixonada, isso mesmo, apaixonada, um dos motivos de meu espanto era exatamente isso, Karina Duarte apaixonada, e o segundo motivo era, eu estava apaixonada por uma pessoa que eu não fazia a mínima ideia de quem fosse, eu estava apaixonada pela pessoa que eu imaginava, que eu imaginava pelo simples fatos de ler algumas cartas, aquilo me aterrorizou, como eu poderia ter me apaixonado pelo autor daquelas cartas e não fazer á mínima ideia de quem fosse ele? Eu estava perdida completamente perdida.

Ninguém sabia desse fato nem mesmo minhas amigas, eu tentava guardar aquilo para mim, eu me enganava pensando que seria uma paixonite passageira, e que o autor das cartas logo iria se cansar de envia-las para mim. Eu precisava esquecer daquilo tudo e provaria para mim mesma que aquela paixão sumiria, por isso eu comecei a sair mais que o normal, comecei a me envolver com homens mais do que eu já me envolvia. Todos os dias eu me deitava com um diferente, mas todas as vezes eu imaginava o meu anonymous ali, eu imagina alguns aquelas caras dizendo aquelas coisas lindas á mim, mas isso nunca aconteceu.

Sexta-feira havia chegado e mais uma vez eu ia provar para mim mesma que eu não estava apaixonada merda nenhuma. Me arrumei provocativamente como sempre e logo fui para a festa do Miguel, um dos garotos populares da minha escola.

A festa já estava á mil e vários jovens já se encontravam bêbados, a casa estava amarrotada e o cheiro de que ali ocorreria coisas não recomendada para menores de dezoitos anos era evidente. Logo que cheguei já me encaminhei até o bar e virei duas bebidas fortíssima goela abaixo. André, um garoto da minha sala, me tirou para dança e logicamente que eu aceitei, depois de dez minutos de dança já estávamos nos atracando na pista, suas mãos ousadas já vagavam por todo meu corpo, mas eu não estava me sentindo bem, não sei explicar, só sei que á vontade que eu tinha era de sair correndo dali, se fugir para algum lugar que ninguém me encontrasse. André ainda se apoderava de minha boca, mas á liberou para sussurrar no meu ouvido, ele propôs que subíssemos e eu já imaginava o que aconteceria, mas… Eu não queria, pela primeira vez eu não queria me entregar á um homem.

Eu o dispensei, ele tentou me ter de todas as formas, mas todas elas foram falhas, ele me agarrou e quase me obrigou, mas eu me livrei dele, sai daquela festa com uma coisa diferente no peito, de uma hora pra outra eu me sentia deslocada, eu sentia que eu não pertencia mais aquilo tudo.

Eu comecei á vagar pelas ruas tentando pôr minha cabeça em ordem, era madrugada e nem um barulho podia ser ouvido. Cheguei á um bairro muito familiar, olhei as casas bonitas e muitas delas já estavam totalmente escuras, parei de frente para á casa de Pedro e a mesma estava apenas com as luzes do jardim ligada e uma janela era clareada no andar de cima. Pedro… Um garoto que sempre fôra totalmente desconhecido para mim se tornou algo tão… Confuso. Suspirei. O que estava acontecendo comigo? Logo comigo que era tão cheia de mim. Virei á esquina e assim que fiz isso senti um corpo batendo contra o meu, o impacto me fez ir um pouco para trás e ao olhar para á minha frente me deparei com á pessoa que ultimamente rondava por minha cabeça… Pedro.

~Spoilers nas notas finais~