Voltei para sala e somente Wallace estava ali, caminhei até ele e me sentei ao seu lado.

– E ai Ka, tá fazendo caridade agora é?

– Quê?

– Eu vi você e o Pedro no corredor – eu gelei.

– E o que tem? – Tentei me manter firme.

– Você estava quase o beijando, isso era muito evidente. Tá querendo ficar com o nerdezinho é?

– Claro que não Wallace, eu apenas estava me desculpado.

– Ahh tá se for pra você se desculpar daquela forma eu quero brigar com você sempre.

– Idiota – revirei os olhos – Mas é serio, eu preciso da ajuda dele e eu disse uma coisa que não deveria, então para ele me perdoar eu dei uma de atirada.

– Você deu uma de atirada? Você é atirada garota.

– Canalha! – eu o estapeei.

– Canalha? E eu to mentido? – Não, ele não estava.

– Isso não vêm ao caso.

– Aham… Mas, você não está mesmo a fim dele?

– Não que isso de diz respeito, mas não, cara como assim? Algum ser ficaria a fim dele? Tá que ele é bonitinho, mas vamos combinar que tem melhores.

– Melhores tipo…Eu?

– Melhores tipo você.

Ele deu um sorriso e se virou pra frente. Tudo o que eu disse de Pedro naquele momento era verdade, mas uma coisa eu fui descobrir com o tempo, que eu realmente gostava daquele nerdizinho e de outra coisa também fiquei sabendo, ele havia escutado aquele nosso papo, como eu soube? Bom, o próprio Pedro me disse, em uma situação que nesse momento não vêm ao caso. O ultimo sinal soou e eu logo estava em casa. Assim que abri á porta encontrei minha mãe na cozinha.

– Filha… Eu…

– Não dirija á palavra á mim – eu sequer á olhei e subi para meu quarto.

Uma semana havia se passado e nenhum grande acontecimento ocorreu, as meninas enchiam meu saco como normalmente e eu, a cada dia, recebia uma carta do meu anonymous, sua palavra era de uma profundidade divina, cada palavra escrita naquele papel mexia com meu coração como nenhuma palavra jamais mexera, nem eu sabia explicar aquilo, talvez o fato dele me conhecer melhor que eu mesma me deixava intrigada.

Todos os dias eu e as meninas investigávamos todos que ali estavam, João, Wallace, Duca, Nat e Sol já sabiam das cartas, eles achavam isso tudo muito engraçado e achava extremamente idiota á pessoa que as enviavam para mim, quer dizer, pelo menos os meninos achavam, porque até mesmo as vacas das minhas amiga, que não eram muito ligadas ao romantismo,s acharam tudo aquilo muito lindo, então todos me ajudavam a descobrir. Diariamente ficávamos perto dos armários, andávamos pelos corredores investigando tudo, mas nada era desvendado, quem me mandava as cartas sabia muito bem como fazer isso sem ser visto e eu não desconfiava de absolutamente ninguém.

Domingo chegou e assim que o sol raiou, eu já estava na minha corrida, eu corria pelo mesmo lugar da ultima vez, dessa vez eu estava sem fones, queria ouvir os barulhos á minha volta. Entrei na rua de Pedro e escutei uma risada muito gostosa de se ouvir, me aproximei de sua casa e percebi que aquele riso vinha dali, o portão estava aberto por isso não me importei de entrar, caminhei pela pequena subidinha que havia ali e logo já estava olhando para o grande jardim, ao longe eu vi Pedro, então me aproximei mais um pouco e fiquei atrás de uma árvore, aquela risada era dele, ele estava banhando seu grande golden retriever cor de creme. Da onde eu estava dava pra vê perfeitamente Pedro, ele estava totalmente diferente do que todos viam. Ele vestia apenas um short preto, estava descalço, peitoral, que era bem gostoso por sinal, á mostra, e estava todo molhado, ele bagunçou os cabelos e respingos de água voaram pra todos os cantos possíveis, ele sorriu, logo depois gargalhou, e aquele gesto, aquele pequenino gesto fez meu coração acelerar, acelerar de uma forma diferente, antes, jamais sentida por mim. O que estava acontecendo comigo?