Janelas trancadas. Porta fechada. A garota traga profundamente o cigarro. Juntos, expelimos uma mescla de carbono e menta.

O olhar dela está perdido no quarto. Uma melodia suave com guitarras está tocando. Ela está deitada ouvindo a canção enquanto estou jogado horizontalmente na cama. Ela está olhando para o mundo, para o problemas talvez ou mesmo para as soluções. Eu apenas olho para ela.

A mais bela garota que já conheci. Longos cabelos escuros e ondulados onde me perderia com deveras facilidade e gosto.

Olhe para mim.

A hoste negra termina de queimar. Uma outra é acesa. A música muda. Me sinto mais vivo do que em tempos, mesmo enquanto estou morrendo, ao lado da garota mas bela que já conheci.

Me lembro de quando nos perdemos na noite, quando andamos sem rumo pelo mundo. Ela me faz bem, me faz desejar ser livre e soltar minhas amarras. Iria até o fim se ela assim me acompanhasse. Cinemas em tardes não planejadas e dramas eternos dos quais de certo me arrependo. Os melhores dias.

Estamos em um ônibus. Lá fora está tão escuro quanto o quarto. Uma massa de carros obedecendo uma massa de pessoas. Tanta gente no mundo e justamente é ela quem me faz feliz.

Chego no meu ponto. Ultimo destino. Uma vontade de largar tudo para acompanha-la, seguir pela vida ao seu lado. Um aceno ridículo com a cabeça para ela, que retribui com um olhar sincero. A garota mais linda que já conheci.

Pare de sonhar. Bem-vindo ao mundo real.