Capítulo 5

Kate andava rapidamente pelo caminho de onde veio. Tudo o que vinha à sua mente era como o mundo dava voltas e mais voltas. Tudo era um enigma, algo para ser decifrado. O caminho para a realidade era difícil. Ela só conseguia pensar no "talvez" e no "se fosse". O sentimento que existia dentro de si, era somente o da perda. Perder sua irmã e Matt... Tudo em praticamente um dia. Era difícil se conformar com tudo aquilo e naquele momento ir embora parecia ser a melhor opção pra ela. Mesmo não sabendo seu novo destino ou para onde iria. Ela não tinha mais ninguém, nem mesmo seu lado sobrenatural poderia puxa-la daquele grande abismo. Nenhuma opção era válida. Agora para ela era matar ou morrer.

Era um jogo perigoso, como dentes de leão perdendo sua beleza ao vento. Era como uma emoção superficial ou uma dança que movimenta seu corpo lentamente no vazio de sua existência, numa música triste e cinza.

Ao som do vento que soprava em seu ouvido ela mexeu sua cabeça devagar retirando todos àqueles pensamentos ruins, monótonos e de que nada adiantariam dali para frente. Era algo frio a se pensar, mas certo para fugir de toda aquela porcaria em que ela vivia.

Kate apressou mais e mais seus passos, se sentindo segura em sua escolha. Então ela parou; como se tivesse em um precipício prestes a cair no meio de pedras e ondas nervosas. Ela fechou os olhos respirando fundo e olhou para trás, vendo que só tinha árvores velhas e folhas caídas pelo caminho que deixou.

"É tarde para desistir e voltar pra ele?"— Ela pensou. "Não... Agora não tem mais volta. Eu escolhi isso... Agora irei até o fim."

Kate olhou para frente, ali estava a saída. Eram só alguns passos à frente e tudo estaria indo como ela pensava. Mas era difícil se desagarrar de tudo tão facilmente. Aquele lugar era sua casa, suas lembranças, seus momentos e sua... Paixão. Mesmo tendo o profundo desejo de deixar tudo para trás e viver como uma garota comum em qualquer outra cidade que não seja Westwood.

"Então é isso... Só são três passos. Três passos e tudo o que você mais quer vai começar a acontecer." – Pensou.

"O que você quer também está bem atrás de você."

Uma vozinha a alertava, referindo-se à Matt.

Ela não se sentia capaz para voltar. Então ela prosseguiu.

Um.

Dois.

Três.

Três passos ela deu sem olhar para trás e respirou fundo, prosseguindo em seu caminho até o porto para ver se ela conseguiria chegar a alguma cidade mais próxima, em busca de um emprego ou um lugar para ficar. Era uma escolha difícil a ser feita. Seria ela a boba fazendo tempestade em um copo de água?

" — Há três tipos de pessoas na vida, Katherine. – Disse seu pai. – As que observam as coisas acontecerem. As que reclamam e veem as coisas acontecendo e aquelas que fazem acontecer. Muitas não sabem quais são... Você pode escolher entre ser as que não fazem nada...— Disse fazendo um gesto com uma das mãos. – Ou pode ser aquela que faz acontecer."

"Quem sou eu agora?"— Se perguntou.

Kate foi andando até o porto, onde não encontrou mais os pescadores ou os transportadores que tentaria conseguir um lugar até a próxima cidade. O que faria agora? Ela não tinha mais ideias... Nada. Ela continuou andando até chegar ao final da ponte. Ela se sentou na ponta da ponte olhando tudo à sua frente.

O céu não estava mais tão escuro e a tempestade que parecia chegar não existia mais. Ela conseguiu... Perto de Matt ela era uma bomba, a qualquer momento poderia explodir causando grandes danos, sem nem mesmo prestar a atenção. Era como o fogo brigando com o vento forte. Como a pólvora e um fósforo riscado jogado aos ventos. Era a combinação perfeita e perigosa, sem explicação ou de como tudo começou ou foi feito.

Ela se sentia arrependida pelo o que havia feito. Ela fez o homem a quem amava esquecer-se de tudo, todos os momentos.

Ela se lembrava de tudo, era a prova viva de que tudo era real e não um sonho maluco ou delírio. Ela lembrava muito bem de quanto o viu entrar naquela sala e a escolher... Ele era durão e tinha o ar de perigo. Ele era o desejo, a maça de Eva... Ele era o paraíso e a ruína dela. Era como se o mundo estivesse em chamas. Era como ela se sentia... Mas ao mesmo tempo, era como se tudo fosse artificial, uma névoa e inalcançável.

Kate escutou alguém chegando perto de si, dando um arrepio em suas costas. Uma voz foi ouvida...

— Katherine Lockwood? – À voz era grave, masculina e desconhecida.

Seu coração disparou... Ela ficava em uma encruzilhada, entre correr ou olhar para trás.