A prometida das sombras escrita por Katy Tonnel, Katy Chin


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura:

Música: Eyes of the Needle - Sia



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Capítulo 14

Matt bebia seu conhaque observando a lareira queimando papel por papel. Ele sabia. Ele sentia. Aquela guerra seria duradoura. Ele queria continuar com sua vingança. Algo dentro de si pedia pela dor de todos que tiraram sua vida. Seu outro lado lutava para ele não fazer nada.

Ele pensava nela. Pensava naqueles olhos. Ele sentia o gosto daquele sangue doce. Ele poderia sentir o cheiro que ela exalava das rosas. Ele poderia se lembrar de seu corpo curvilíneo e em como sua voz era suave.

Ele sentia algo dentro de si, algo desconhecido, era como se a conhecesse há muito tempo e ao mesmo tempo não soubesse nada sobre tal mulher.

Era uma mistura de raiva, vontade de destruir tudo e a todos.

Ele não se lembrava do que havia acontecido naquela floresta, era como se suas lembranças fossem arrancadas uma a uma de sua mente. Ele sentia a dor dentro do peito, uma dor intensa, como se nada fosse verdade, real. Era algo distante, inalcançável, como culpa e raiva de si mesmo.

Matt se levanta da poltrona, ainda encarando a lareira. Ele conseguia sentir aquele cheiro por todo o castelo. Ele conseguia ver aqueles olhos claros em sua mente, o rondando como um predador. Tudo era intenso demais.

Matt aperta o copo em sua mão só em pensar no que ela havia feito pra ele, sem nem perceber e se lembrar do que. O copo foi virando pequenos estilhaços. Eram como espinhos superficiais. Sem dor. Apenas arranhões e filetes de sangue que se curavam rapidamente.

Aqueles olhos não saiam de sua mente.

Matt com sua velocidade, correu até a janela e pulou, aterrissando no chão em seguida. Ele correu até sua cabana na floresta. Ele queria extravasar todos aqueles sentimentos confusos, ele não sabia bem ao certo. Ele só queria pintar, beber e ouvir música alta.

Assim que entrou na pequena cabana, observou a escuridão de sua alma. Observou a poeira e o cheiro de tinta velha. Ele olhou tudo ao seu redor, principalmente para um dos quadros que não se lembrava de pintar. Uma moça de costas, cabelos pretos olhando para alguma coisa, dando para ver seu rosto sereno e calmo. Ele não se lembrava, mas sabia que era ela.

Olhou para um outro quadro, dela deitada em sua cama.

Ela estava bela, parecia real. Mas não conseguia se lembrar, eram nuvens, distintas e distantes.

Matt deu alguns passos para trás, como se tivesse perdido o equilíbrio, sendo impossível. Se sentou em um de seus bancos, pondo sua mão em seus cabelos. Suas pupilas se dilataram, ele estava começando a ficar nervoso.

" – Diz o Rei, iludindo-me não só desta vez, como das outras também. Diz que me ama e que eu iria embora sem me despedir. – Ela limpou as lágrimas e soltou uma risada. – Sim eu ia, não só iria como eu vou embora e estou decidida a isso... Sei que se ficar irei ser condenada. "

Ele respirou fundo. Ele começava a se lembrar.

"– Você nunca amaria alguém como eu Matt. Você repudia todos de minha linhagem... Sou a sua vilã e o que me consome a cada instante lhe transformou nisso, no que você é!"

"– Você é minha! Eu a escolhi... Eu a marquei! Você é minha, Kate. "

"– Você quer alguém para ter posse... Para mandar, Matt. Não para amar..."

"– Não vou deixa-la partir."

" – Quero que vá embora. Eu nunca estive presente em sua vida... "

"– Sou somente um rosto em sua lembrança, alguém que você nunca se importou em conhecer."

" — Adeus... Estou indo, mas ainda tenho a esperança de te encontrar."

Ele sentiu seu coração pular dentro do peito, como se fosse um humano nervoso.

Aquele adeus não saia de sua mente.

Ela foi embora. Ela deixou tudo pra trás. Ela o deixou pra trás. Era um sentimento horrível, do qual ele sentia em seu peito. Ele queria ir atrás dela. Ele não sabia o que fazer, só sentia vontade de quebrar tudo. Se sentia sem direção, sem ação. Ela havia o feito de bobo. O enfeitiçado, o deixado. Ele se sentia indignado, traído por alguém que pela primeira vez entrou em seu coração. Pela pessoa da qual abriu portas para sua vida.

Ele gritou com ódio. Gritou de dor. Gritou por amor.

Ele se levantou e tocou o quadro em que Kate está de costas. O tocou com carinho e saudade. Mas a raiva ainda estava ali. Ele pegou o quadro, tacando-o pela parede, vendo o quadro rasgar e alguns partes de quebrar.

Ele não ligou. Ele queria rasgar, queimar, quebrar... Ele queria muitas coisas naquele momento, mas nada se comparava a dor do abandono e da traição.

Seth sentiu o cheiro de seu irmão pela floresta. Ele sentiu o cheiro do ódio contido.

Seth correu em forma de homem, até seu lobo tomar conta de seu corpo, sentindo a dor da transformação. Seth corria em forma de lobo. Um lobo majestosamente grande e peludo. Chegando a cabana de seu irmão, escutou os xingamentos de Matt.

Seu lobo se lamentou.

Ele sabia que Kate havia ido embora, que Matt nutria alguma coisa por ela. Mas desde que ela sumiu, seu irmão havia voltado diferente, com mais ódio, querendo a cabeça da mulher em uma bandeja de prata. Ele absorvia uma raiva que nem ele mesmo entendia. Só sentia.

Seth entrou no local, vendo o irmão gritando, um grito estridente e pavoroso. E aquele grito o fez se lembrar da noite em que se transformaram em feras. Feras distintas e de desejos diferentes.

— O que está fazendo?

Seth escutou apenas um rosnado vindo de Matt.

Ele sentia a dor do outro. Matt estava provando o mesmo saber amargo que sentiu quando perdeu seu primeiro amor.

Algo dentro de si queria sorrir, se vangloriar, se sentir melhor que o outro, o fazer sentir do mesmo modo que se sentiu há mais de 300 anos. Queria dizer as mesmas coisas que ele havia escutado. Mas não o fez. Se conteve. Seu lado racional queria abraça-lo. Queria o ver feliz como eram antes. Mesmo vendo tantos anos se passarem, e o amor e cumplicidade que antes compartilhavam, irem em bora de tempos em tempos e o que sobrava de tudo o que tiveram um dia, eram pó, esquecimento e lamúrias de um tempo esquecido, que jamais passa.

A imortalidade tão deseja pelos homens, se tornava cada vez mais tediosa. Eram sempre as mesmas coisas, tanto na hora de dormir, quanto na hora de acordar. Eram sempre as mesmas rotinas, sem descanso. Não era um presente. Não era mais um desejo. Era castigo. Era um castigo extenso, sem fim.

A imortalidade está na alma, não em um corpo.

— Eu sei que dói. Mas passa... Temos todo o tempo do mundo para deixar a dor ir embora, meu irmão.

Matt não chorava. Ele só ficava olhando para o quadro quebrado no chão. A dor era maior que sua força de vontade. Ele se sentia quebrado, destruído.

— Ela me traiu. Ela se foi... Usou seus poderes em mim. Eu confiava nela... Eu sabia sobre ela assim que coloquei meus olhos nela. Eu soube sobre Miranda. Mas preferi deixar quieto, preferi seguir algo que nunca pensei em seguir, segui meu coração... Como um tolo humano. Isso me ferrou, me cegou.

— Ninguém nunca disse que é fácil. Olha só pra gente, irmão. Nós fomos amaldiçoados, não existe mais nada para ambos.

— Eu errei, Seth. Errei quando era humano e continuo sendo imortal.

Seth andou até Matt e o abraçou.

— Todos nós erramos, Matt. – Disse no abraço.

Ambos se afastaram.

Seth sabia que Matt falava de Amara e em como se culpava por deixar tudo ir longe demais e por deixar o ódio e o ciúme o guiar. Mas não era por amor, era somente rancor o que sentia no passado, inveja daquilo que nunca teve.

— Não precisa fazer isso, Matt... Você não é assim.

— Nunca irei ser. Só me deixe... Sozinho.

— Se cuide, irmão. Não se culpe pelo passado. Estamos juntos nisso, lembra? Somos nós contra o mundo, cuidando um do outro. Ninguém vai tirar isso da gente.

Matt riu, lembrando-se da promessa que fizeram anos atrás.

— Para sempre. Para sempre, meu irmão. – Murmurou, antes de sumir da visão de Seth.


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Notas finais do capítulo

NÃO REVISADO.... RELEIAM, AJEITEI A HISTÓRIA.



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