Bicho-Papão

        (narradora)

        Os grifinórios já estavam de volta a sala comunal. As aulas da tarde já haviam terminado e eles esperavam pelo jantar.

        - As luzes da casa de Hagrid estão acesas. – Rony observou. – Nós poderíamos visitá-lo.

        - Não sei. – Hermione hesitou. – Acho melhor não.

        - Como Draco conseguiu ser tão idiota? – Jason perguntou. – Não é como se não desse pra perceber o hipogrifo ficando irritado.

        - E por mais que Hagrid tenha dito que eles são orgulhosos, fáceis de irritar e tudo mais, Razor foi perfeitamente civilizado, insistia em me chamar de senhor.

        - Com Tempestade foi a mesma coisa. – Jason comentou.

        - Como assim? Vocês falam como se tivessem conversado com eles. – Hermione disse intrigada.

        Os dois garotos se entreolharam.

        - Vocês não conseguiam ouvi-los? – Percy questionou confuso. – Era como se as vozes deles estivessem dentro da minha cabeça.

        Os outros negaram com um movimento de cabeça, com exceção de Jason.

        - Isso é muito estranho. Nunca li nada sobre isso, preciso falar com Annabeth. – ela parecia muito interessada. – Eles chamaram vocês de alguma coisa além de senhor.

        - Agora que mencionou, ele disse que eu era filho de Poseidon, o que isso significa?

        - E cria de Júpiter? – Jason acrescentou.

        - Poseidon e Júpiter são... deuses antigos. – Hermione respondeu. – Eu...

        - Deixa eu adivinhar. Você precisa ir à biblioteca?

        - Cala a boca Ronald. – ela tentou não sorrir, mas falhou.

        Harry se levantou da poltrona com um salto.

        - Bom, eu vou visitar o Hagrid, se alguém quiser vir comigo, sinta-se convidado.

        Rony olhou para Hermione, então para Leo, depois Jason e, por fim, Percy. Ele seguiu Harry, assim como Hermione.

        - Vocês estavam falando sério sobre o negócio das vozes? – Leo perguntou.

        Jason e Percy assentiram.

        - Épico! – o amigo sorriu.

        Não demorou muito para que o trio voltasse da cabana do guarda-caça, aparentemente ele estivera bebendo e os mandara de volta a torre. Felizmente, Hagrid não seria demitido, mas, como o pai de Malfoy fazia parte do conselho da escola a história do ataque não seria esquecida tão facilmente.

        As aulas, embora exigissem mais atenção e apresentassem conteúdos diferentes, não eram muito diferentes das dos anos anteriores. Pelo menos, era isso que os alunos pensavam antes de sua primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

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        (Annabeth)

        Eu estava exausta e levemente irritada comigo. Geralmente, me orgulho de estar preparada para tudo, foi exatamente por isso me inscrevi para todas as matérias (menos Adivinhação, não sei bem o motivo, mas profecias me deixam nervosa), assim poderia escolher qualquer rumo da magia. A única coisa que não considerei foi o quão desgastante isso seria.

        Respirei fundo antes de entrar na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Minha mochila pesava com livros das quatro outras matérias que eu ainda frequentaria no resto da tarde.

        Sentei entre Piper e Luna enquanto esperávamos pelo Professor Lupin. Eu mal tinha tirado meu material da mochila quando ele entrou na sala.

        - Boa tarde turma. – Ele parou ao lado do arco da porta. – Hoje, teremos uma aula prática, portanto, guardem seu material de volta em suas mochilas, apenas as varinhas serão necessárias.

        O Professor esperou pacientemente enquanto guardávamos nossas coisas. Eu não estava muito ansiosa por uma aula prática desde a última experiência que tivemos com o Professor Lockhart, mas ninguém poderia pior do que ele. Ou, pelo menos, espero que não.

        - Muito bem. Queiram me seguir então. – ele sorriu, saindo da sala.

        O destino final era a sala dos professores, que estava vazia. Tinha uma decoração simples, era revestida em madeira e mobiliada por cadeiras velhas. A única coisa que chamava atenção era o velho armário no fundo da sala que começou a se mexer assim que o Professor se colocou ao lado dele.

        - Não se preocupem, tem um bicho-papão dentro do armário. – explicou.

        Aparentemente, o Professor Lupin não tinha muita experiência acalmando alunos, muitos se entreolhavam, nervosos. Ele apenas sorriu.

        - Estas criaturas gostam de lugares escuros e, geralmente, fechados, como guarda-roupas, o vão sob a cama e armários em geral. Este se mudou para cá ontem e pedi ao diretor para usá-lo hoje com vocês. – continuou. – A primeira pergunta que lhes faço é: o que é um bicho papão?

        Como esperado em uma turma com alunos da Corvinal, várias mãos se ergueram, a minha entre elas, um ou dois alunos da Lufa-Lufa também levantaram suas mãos.

        - Sim, Kevin? – era raro que um Professor chamasse os alunos pelo primeiro nome.

        - É uma criatura que moda de forma. – respondeu hesitante.

        - Muito bom. Mas seria o termo usado para este tipo de criatura, Annabeth?

        - Um transformista.

        - Excelente. Três pontos para cada um. – sorriu. – O bicho-papão dentro deste armário ainda não assumiu nenhuma forma. Ninguém sabe como são quando estão sozinhos, mas assim que o deixar sair vai assumir a forma do que cada um de nós mais teme. Como estamos em número maior, é mais fácil confundi-lo.

        Ele fez uma pausa.

        - A grande fraqueza de um bicho-papão é o riso, então devem fazê-lo assumir uma forma que achem engraçada. O feitiço para isso é extremamente simples, porém, exige muita concentração. Vamos praticar um pouco.

        Primeiro ensaiamos o movimento sem as varinhas, e então a pronuncia do feitiço.

        - Eis o que quero que façam: pensem no que o bicho-papão vai provavelmente se transformar para assustá-los. Então, imaginem uma forma de torná-lo engraçado. É essa forma engraçada que precisam mentalizar para o feitiço funcionar. – ele olhou para todos nós. – Então, quem quer ser o primeiro?