Trapaça escrita por Sara Carneles
Notas iniciais do capítulo
O nome desse capítulo tem tudo à ver com ele. Acho que é o capítulo que mais tem diálogos até agora, em comparação com o restante dos detalhes de sempre.
Não é o melhor capítulo da fic, mas esse ficou como uma premissa de tudo o que o próximo terá. E esse sim, será bem melhor.
Meu celular toca outra vez, penso que pode ser minha mãe, provavelmente perguntando se sua ideia deu certo, mas quando olho para o número na tela, não o reconheço.
– Alô?
– Felicity? – uma voz nervosa me chama do outro lado.
Sorrio, reconhecendo-a.
– Oi, Barry.
– Oi. – ele diz, posso ouvir seu riso nervoso – Eu sei que peguei o seu número ontem e pelas regras eu não deveria te ligar tão cedo, mas eu estava pensando se você não gostaria de sair nesse fim de semana. Talvez ir ao cinema... – incita ele.
Tento me conter para não dar pulinhos de alegria no mesmo lugar. Eu tinha um encontro!
– Claro. – digo, tentando parecer normal – É, seria legal.
Ouço Barry suspirar. Ele estava prendendo a respiração?
– Certo, então... Amanhã, você está livre?
– Sim, sim. Você pode passar na minha casa. – digo, e dou meu endereço à ele.
– Ok. 7 horas, amanhã, na sua casa.
– Estarei pronta pra você. – digo com um sorriso, mas logo em seguida me dou conta do duplo sentido na frase – Quero dizer, não pronta daquele jeito, pronta para você chegar e a gente sair.
Barry ri.
– Entendi. – ele diz – Te vejo amanhã, então.
– Certo. Até.
Respirei fundo depois que desliguei o celular. Até que eu não me saí mal. Poderia ser melhor, é claro, se eu não tivesse feito aquele comentário no final; mas para alguém que não fazia isso com frequência, eu poderia dizer que a missão tinha sido um sucesso. Agora eu só tinha que ir bem amanhã, no encontro em si.
Eu já estava nervosa.
Procurei manter o foco no trabalho que eu tinha para fazer.
Oliver estava no telefone quando entrei em sua sala com as novidades sobre a investigação. Não prestei muita atenção sobre o que ele estava falando, e assim que entrei ele desligou o celular.
– Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. Qual você quer primeiro? – pergunto.
Ele pondera por um instante.
– Você escolhe. – diz ele, sentando-se.
– Ok. – digo – Na verdade é até melhor eu escolher porque você poderia escolher a ruim primeiro e ela só faz sentido se eu contar a boa antes e...
– Felicity. – Oliver me traz de volta ao assunto.
– Sim, desculpe. – suspiro – A boa notícia é que graças à minha mãe e seu aparente talento em anagramas, descobrimos que Abdam Erlack não era o nome que nós deveríamos procurar. Adam Aberlack, sim. E esse nome eu consegui rastrear. – fiz uma pausa para que ele absorvesse tudo e então continuei – Mas, a má notícia é que esse tal Adam morreu, há um mês atrás.
Pude ver a raiva endurecer no olhar de Oliver. Eu sabia o que ele estava pensando: um beco sem saída, mais uma vez.
– De volta à estaca zero. – comentou ele, esfregando os olhos com a ponta dos dedos. Ele parecia bastante cansado ultimamente.
– Você não anda dormindo direito, não é? – pergunto antes de conseguir controlar minha língua.
Ele levanta os olhos e me encara.
– Não. – responde ele, tão baixo que eu mal ouço. – Isso tudo está me dando nos nervos.
– Talvez você devesse tirar uns dias de folga...
Oliver me lança um olhar nada amistoso. Levanto as mãos, em sinal de rendição.
– Apenas uma ideia. – digo.
Ele inspira e expira algumas vezes.
– Olhe pelo lado bom, – acrescento – os próximos nomes que investigarmos, poderemos verificar se também são anagramas. As chances são boas.
Oliver concorda com a cabeça, e então, do nada ele ri.
– O que foi? – pergunto.
– Nada, é só que... você tinha ido almoçar com a sua mãe.
Não foi uma pergunta, pareceu mais uma afirmação em voz alta. Não entendo onde o seu raciocínio quer chegar.
– Sim. – digo – E...?
– Eu pensei que talvez você... – Oliver diz, mas então parece pensar melhor na frase e interrompe a si mesmo – Nada. Bobagem.
Ele ri mais uma vez. Não gosto de ficar de fora da piada, ainda mais quando ela parece ser sobre mim, mas sei que Oliver não vai revelá-la. Então reviro os olhos para ele, deixando claro que não estava gostando daquilo.
– Preciso voltar para minha mesa. – falei, já dando-lhe as costas.
– Espere... – Oliver chamou, virei-me à tempo de vê-lo se aproximar. – Gosto da ideia dos anagramas. Talvez devêssemos dar uma olhada nos nomes da lista; ver se reconhecemos alguns deles, ou pelo menos, se alguém ainda está vivo.
Concordo com um aceno.
– Ficaremos até mais tarde hoje? – pergunto.
– Não. – Oliver sorri – Hoje é sexta-feira.
Ah, claro. O velho Oliver não está morto afinal...
Ignoro a pontada que sinto no peito ao me dar conta disso.
– Tenho que ir às compras. – acrescenta ele.
Franzo as sobrancelhas.
– Compras?
Oliver ri.
– Preciso comprar alguns presentes de Natal. Aparentemente minha mãe não quer quebrar a tradição da ceia em família. Mesmo tendo que comemorá-la quase um mês depois.
Não consegui conter o sorriso. Fazia sentido que Moira quisesse um pouco de normalidade e tradições depois dos últimos meses agonizantes que ela e Thea vivenciaram enquanto Oliver ainda estava em coma. Ambas passaram o Natal e a virada de ano no Hospital, e com a volta da família à rotina, essa parecia ser uma boa hora para se comemorar. Mesmo que seja com um pouco de atraso.
– Você deveria ir. – falou ele.
– Ir onde? – pergunto, meio confusa.
– Ao jantar. Pode levar sua mãe, se quiser.
Congelei. Minha mãe e os Queen numa mesma mesa? Ah não, obrigada.
– Nós já temos planos. – falei, lançando-lhe um sorriso – Além do mais, ela vai embora no domingo à tarde, então... – deixei o restante da frase no ar.
– Mas o jantar é amanhã. – ele diz, sorrindo ao me colocar em um beco sem saída.
– Amanhã eu não posso. – sorrio ao me lembrar da conversa ao telefone que tive alguns minutos atrás. Oliver franze as sobrancelhas ao observar minha alegria, mas ele ri também – tenho um encontro. – explico à ele.
Instantaneamente o sorriso de Oliver desaparece. Ele pigarreia e se afasta alguns metros.
– O garoto psicopata do elevador? – pergunta ele.
Desta vez é o meu sorriso que desaparece. Não gosto da forma como ele se refere ao Barry.
– Ele não é um psicopata.
– Mas é ele, não é?
– Sim. É ele.
Oliver volta a se sentar atrás de sua mesa. Concorda levemente com a cabeça, mas não diz mais nada.
Achei que ele ficaria feliz por mim, porque depois dos últimos meses e de ele ter confessado que confiava em mim à ponto de me chamar para trabalhar em sua investigação secreta, imaginei que nossa relação era mais do que profissional. Pensei que fosse amizade.
Talvez eu estivesse enganada.
– É melhor eu voltar ao trabalho... – digo, e então saio da sala.
Assim que fecho a porta, vejo Sara aproximando-se. Ela senta-se de frente para a minha mesa.
– Nossa, que cara é essa? Você está branca como giz, Felicity.
– Nada demais. – digo, dando de ombros e sentando-me também.
– É o Senhor Gelo? – pergunta ela, lançando um olhar rápido para a sala de Oliver – Vocês andam bem mais próximos ultimamente, não é?
Sara sorri, um sorriso malicioso.
– É só trabalho. – digo, mas fico vermelha mesmo assim.
– Mesmo? – ela continua rindo – Porque parece que depois que você começou a trabalhar para ele, ninguém mais viu Oliver Queen em uma festa. As revistas de fofoca estão quase indo à falência.
Isso era verdade. Oliver tinha mudado quase que da água para o vinho. Mas os seus motivos eram muito mais profundos do que uma nova assistente, como Sara imaginava que fosse.
– Isso não tem nada a ver. – digo.
– Ah, por favor. Vai me dizer que com toda essa proximidade entre vocês nada aconteceu... – incita ela, a expressão cética.
– Nada aconteceu. – afirmo. – Aliás, algo aconteceu – sorrio, agradecendo aos céus por ter um assunto que mude o foco da conversa – Tenho um encontro amanhã.
Sara começa a pular na cadeira, o sorriso e os olhos verdes imensamente brilhantes.
– Com o Oliver? – pergunta ela, quase gritando.
– Não! – digo, incrédula com a ideia – Com o Barry.
Sua expressão murcha.
– Quem é Barry?
– Um cara do departamento de ciências. – falei, empolgada.
– Oliver já está sabendo disso? – pergunta ela.
Mas qual era o problema de todo mundo? Primeiro minha mãe, agora Sara. Por que elas pensavam que Oliver e eu tínhamos algo?
Suspirei, revirando os olhos.
– Não que seja da conta dele, mas ele sabe.
– E qual foi sua reação?
Foi então que eu percebi onde ela queria chegar. Senti um arrepio atravessar minha coluna ao me dar conta de que a reação de Oliver tinha sido realmente estranha. E não era a primeira vez.
– Nada boa, pra falar a verdade...
– Ahá! – falou ela, apontando para mim – Viu? Ele ficou com ciúmes.
Tentei negar, tanto para Sara quanto para mim mesma. Mas a verdade é que parecia ser exatamente esse o caso.
Oliver estava com ciúmes de mim? Isso era impossível, porque se fosse verdade, significava que ele gostava de mim de alguma maneira...
Afastei a ideia de meus pensamentos. Sara estava me deixando confusa. E esse não era um bom momento para isso. Eu tinha um encontro com Barry amanhã e não podia ficar pensando em meu chefe dessa forma.
– Você veio até aqui só para jogar conversa fora? – perguntei à ela.
– Mais ou menos... é que eu estou sem trabalho pra fazer. Nem demissões eu ando fazendo ultimamente, já que agora o nosso chefão está andando na linha. – ela sorri lançando-me uma piscadela – Mas vou deixar você voltar ao trabalho.
Sara levanta-se, acena levemente com um sorriso e volta para sua sala.
– Felicity, poderia vir aqui, por favor? – Oliver me chama pelo telefone logo em seguida.
Suspiro enquanto abro sua porta e entro, as suposições de Sara ainda rodopiando em minha mente.
Aproximo-me de sua mesa estranhando o sorriso malicioso que Oliver está me lançando.
– Cancele seus planos para amanhã. – ele diz – Nós vamos para a Espanha.
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Estou pensando em fazer todo o capítulo da viagem pelo P.O.V do Oliver. O que vocês acham?
Ainda não decidi se postarei o próximo quinta-feira ou sexta, porque quinta eu pretendo postar a one shot e vai ficar meio difícil escrever as duas em tão pouco tempo. Mas uma ou outra vocês terão quinta-feira, prometo. ;D