Trapaça escrita por Sara Carneles


Capítulo 15
Entre Linhas


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi!
Como prometido, aqui está o capítulo 15. Ficou maior do que eu imaginei, tentei não enrolar muito mas as ideias foram vindo e eu não consegui tirar muita coisa no final kkkkkkk
Gente, eu tô SUUUUUPER feliz! Ontem a fic chegou à marca de mais de 10.000 visualizações. DEZ MIL VISUALIZAÇÕES!
Nem consegui acreditar.
Eu sei que pra muita gente que já escreve fics, isso não é nada, mas Trapaça é a minha primeira fic, e eu tô muito feliz com a receptividade dela.
Então, pra comemorar, resolvi fazer uma one shot super especial que eu pretendo postar na próxima quinta-feira, porque vai ser nesse dia que a fic vai completar seu primeiro mês de vida (uhuuuul festaaaa) kkkkkkkkkkk
Eu vou divulgar o link quando for lançado, então não se preocupem.
Enfim, acho que já escrevi demais, vamos ao capítulo...



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Me apressei em procurar dentro da minha bolsa o spray de pimenta que eu mantinha ali. Minha mão estava tremendo, mas eu ia fazer isso. Ia enfrentar o invasor com um pequeno frasco que possivelmente já estava vencido porque faziam décadas que eu o mantinha ali e nunca precisei usar.

Espiei para dentro do apartamento. O silêncio era majestoso. Por um momento pensei que talvez o invasor tivesse fugido pela sacada ou algo do tipo, mas depois de alguns segundos ouvi passos. Inspirei e expirei algumas vezes, tentando me acalmar. Tomei fôlego uma última vez e resolvi atacar.

Empurrei a porta com o pé enquanto entrava com o frasco mortal nas mãos – apenas temporariamente mortal, admito –. A sala estava vazia.

– MAS O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – o intruso grita atrás de mim.

Solto um grito em resposta, o intruso grita também, mas então eu percebo que conheço aquela voz. Viro-me.

– MÃE?! – pergunto incrédula, o spray de pimenta ainda em posição de ataque – O que você está fazendo? Como chegou aqui? Como entrou aqui?

– Vim te visitar. – falou ela calmamente – Surpresa?!

Suspiro.

– Por que você não me ligou, mandou mensagem, algo pra me avisar?

– Mas eu mandei várias mensagens quando cheguei.

Revirei os olhos.

– Mãe, você deveria ter me mandando antes, pra que eu pudesse ir te buscar no aeroporto ou algo do gênero...

– Felicity...

Olho para a entrada e vejo Oliver parado, a porta ainda está escancarada e ele está na soleira parecendo meio perdido.

– Ei, o que aconteceu? – perguntei com a voz mais baixa, tentando me acalmar. Eu ainda estava bastante nervosa.

– Nada, é que você esqueceu o seu celular no meu carro. – ele sorriu, enquanto avançava para dentro de meu apartamento e me entregava o aparelho.

– Não precisava ter se incomodado, poderia ter me entregado amanhã... – chequei meu celular e vi que ele não me dava sinal de vida – está sem bateria mesmo. – comentei.

– Não foi incômodo.

Tento ignorar os barulhos chamativos que minha mãe está fazendo para me chamar a atenção. Por um segundo eu gostaria de um lindo buraco cravado no meio da minha sala, onde eu poderia enfiar a minha cabeça e fingir que não estou passando por essa cena.

Mas infelizmente não há buracos no chão da minha sala.

Suspiro derrotada.

– Mãe, eu gostaria de te apresentar meu chefe, Oliver...

– Queen. – falou ela, já se aproximando e apertando a mão de Oliver – Oi, eu sou a Donna Smoak.

– Oi, muito prazer, Senhora Smoak. – Oliver a cumprimenta com um sorriso animado. Observo os dois por um momento e começo a me perguntar porque ainda não acordei desse pesadelo.

– Ah, por favor, me chame de Donna. – minha mãe respondeu, ficando vermelha.

Minha mãe estava ficando vermelha na frente do meu chefe! Deus, isso não podia piorar.

– Certo, acho que você já o incomodou o suficiente, mãe. – falei.

Oliver olhou para mim sem entender e estava prestes à se opor ao meu comentário, mas eu o encarei com o meu melhor olhar mortal e o desafiei a me contrariar.

Ele não o fez.

– Bom, eu preciso ir. – falou ele, indo em direção à saída.

– Ok, eu te acompanho.

– Foi um prazer, Donna. – Oliver falou, acenando e sorrindo.

– O prazer foi meu. Apareça quando quiser.

Isso não podia ficar mais embaraçoso.

– Obrigada pelo celular. – falei quando já estávamos na porta.

– Não foi nada. – sorriu ele – Então, até amanhã.

– Certo, até. – acenei enquanto Oliver ia em direção às escadas.

Fechei a porta soltando um suspiro de alívio.

– Uau, ele é ainda mais bonito ao vivo. – minha mãe comentou, como se fosse uma adolescente conhecendo um ídolo.

– Mãe! Ele é meu chefe!

– Eu sei, querida, mas ele continua sendo um homem. – falou ela, como se não fosse nada demais – e que homem!

Argh, desisto. Não há como fazer minha mãe parar de falar disso sem soar estranho, então resolvo mudar de assunto.

– Certo, isso não vem ao caso no momento. O que eu quero saber é por quê você não me avisou que estava vindo me ver, aliás, por quê você veio me ver?

Minha mãe suspirou, sentando-se no sofá. O vestido azul que ela vestia ficava ainda mais curto quando ela cruzava as pernas.

– Talvez porque eu estava com saudades da minha única filha, que se formou no ensino médio, foi para uma faculdade de computadores que eu nem sei pronunciar o nome e depois se mudou para uma cidade à milhares de quilômetros de mim. – falou ela – Eu só queria ver a minha bebê.

Revirei os olhos. Sim, eu era uma péssima filha.

– O problema não é você vir me visitar. – falei, sentando-me ao lado dela – É só que no momento eu ando trabalhando pra caramba. E também, você deveria ter me avisado alguns dias antes, eu quase joguei spray de pimenta em você.

– Desculpe. Eu só pensei que seria divertido fazer uma surpresa. E você me deu a cópia das chaves, então, quando cheguei e você não estava, eu simplesmente entrei. – sorriu ela – E fiz o jantar.– minha mãe apontou para a cozinha.

Foi só então que eu senti o cheiro de molho e frango. Minha mãe havia feito sua torta especial que eu amava.

Fui até a cozinha, olhei para a mesa posta para nós duas e senti meu coração pesar.

Minha mãe era a mãe mais inconvencional do mundo. Era atendente em um bar em Las Vegas, vestia-se como uma mulher de 20 anos, muitas vezes era imprudente com o que falava (sim, foi daí que eu herdei minha língua solta) e sempre tentava me fazer usar mais maquiagem e roupas curtas, principalmente quando ela sabia do envolvimento de algum cara em qualquer nível da minha vida.

Mas ela também era a pessoa que eu mais amava. E apesar de ser formada em me fazer passar vergonha, eu também sentia muita saudade dela, e estava feliz por ela estar ali.

– Desculpe. – falei, abraçando-a. – Também senti saudades.

O resto da noite correu consideravelmente bem. Tomei um banho e aproveitei o jantar delicioso que minha mãe fez, enquanto eu fugia de suas perguntas sobre Oliver.

– Ele é solteiro?

– Tecnicamente.

– Ele já tentou dar em cima de você?

– Mãe...

– Não como assédio, querida, não é assédio se você concordar.

– Mãe!

Ela começava um interrogatório, eu escapava com perguntas sobre os dias em Las Vegas, mas então ela dava um jeito de voltar ao assunto anterior. Eu tinha que admitir que ela daria uma ótima policial.

– Vocês ficam muito bonitinhos juntos.

– Ok, já deu. – falei, levantando-me do sofá e desligando a TV – Chega de falar do meu chefe como se ele pudesse ser um possível namorado. Oliver não é esse tipo de cara. Ele é meu chefe, apenas e nada mais que isso. Aliás, ele nem faz o meu tipo.

Talvez eu estivesse indo bem em meu pequeno discurso, mas minha mãe era minha mãe, e ela sabia muito bem quando eu mentia.

Ela riu e revirou os olhos.

– Não é o seu tipo? Aquele tipo é o tipo de todas!

– Você está certa. – concordei, e minha mãe riu ainda mais – Mas nada vai acontecer entre nós, nunca. Porque eu não sou o tipo dele. Oliver jamais demonstrou interesse em mim. – confessei, me dando conta de que aquilo era verdade. Oliver era conhecido por ser um tremendo galinha, mas nunca sequer me lançou uma cantada idiota.

Finalmente consegui deixar minha mãe em silêncio.

– E eu acho melhor assim. – falei, forçando um sorriso para ela – Agora, vamos dormir porque eu ainda tenho que ir trabalhar amanhã.

***

Acordei alguns minutos antes de meu relógio despertar, com o barulho que meu notebook estava fazendo. Demorou um pouco para eu me dar conta de que o firewall tinha terminado sua busca.

Levantei-me apressadamente e fui direto para o aparelho. Na tela piscava o número de pistas encontradas: zero.

Não havia nada, nem sequer um comentário em alguma rede social, registro bancário, ficha na polícia, nada. O único lugar em que o nome Abdam Erlack aparecia, era na lista das empresas fantasmas que Oliver havia feito.

O humor de Oliver pareceu desmoronar quando eu lhe contei sobre os resultados da busca online. Evitei o assunto o quanto pude durante toda a manhã, o que não foi muito difícil pois ele passou metade dela em uma reunião privada com os acionistas da empresa.

– Estamos em um beco sem saída. Merda! – ele bateu com a mão na mesa, assustando-me.

– Ei, acalme-se. – falei.

Oliver ergueu os olhos e me encarou, a expressão dura amolecendo aos poucos.

– Desculpe. – falou, por fim – É só que... isso é frustrante. Parece que eu consigo sentir a sujeira que eles estão fazendo, mas não consigo encontrá-la. – confessou ele, baixando a cabeça novamente, como se estivesse aceitando a derrota.

Oliver parecia tão frustrado que eu não conseguia pensar em outra coisa, senão confortá-lo. Aproximei-me e coloquei minha mão em seu braço, acariciando muito levemente.

– Você não está sozinho. – falei enquanto ele levantava os olhos e revelava todo o sentimento de perda através deles – Nós vamos encontrar algo, não vamos descansar até desvendar isso. Prometo.

Oliver sorriu, um pequeno sorriso que deu brilho aos seus olhos e trouxe aquela sensação estranha porém já familiar, de volta ao meu peito.

– Obrigado. – falou ele.

Diggle pigarreou. Só então me lembrei que ele esteve ali o tempo todo. Afastei-me de Oliver, meu rosto parecia em chamas, e para piorar eu ria, como se isso não pudesse deixar as coisas ainda mais embaraçosas.

– Então, o que faremos agora? – Diggle pergunta.

– Continuaremos pesquisando até surgir o fio solto. – responde Oliver.

A conversa é interrompida pelo toque de meu celular.

– Ahn... desculpe, preciso atender. – digo, já saindo da sala.

– Onde você está? Já estou te esperando. – minha mãe fala.

– Desculpe, perdi a noção do tempo.

Eu havia combinado de almoçar com minha mãe e passear por algumas lojas durante o meu intervalo, e já estava 10 minutos atrasada.

Corri para a minha mesa, peguei minha bolsa e o casaco.

– Já estou descendo. – falei para ela e então desliguei.

Abri a porta da sala de Oliver, mas nem me dei ao trabalho de entrar.

– Ei, estou indo almoçar. – avisei.

– Agora? – pergunta ele.

Franzo as sobrancelhas, estranhando sua pergunta.

– Ahn... sim, na verdade eu já estou atrasada. – comento.

– Marcou com alguém?

Olho para Diggle, mas ele parece também não entender a curiosidade repentina de Oliver.

– Sim. Desculpe, tenho mesmo que ir.

– Estávamos no meio de algo... – insistiu, e então voltou atrás – mas tudo bem. Continuamos depois. – pigarreou ele enquanto adotava uma postura que me pareceu de indiferença.

Eu não estava entendendo nada. Então apenas acenei com a cabeça e saí.

– Ok, isso foi bem estranho... – falei para mim mesma já apertando o botão para chamar o elevador.

Tentei aproveitar o almoço com minha mãe, já que ela só ia ficar até domingo, tínhamos que aproveitar ao máximo nosso tempo juntas. Mas eu não conseguia parar de pensar na investigação.

Como aquela busca não tinha dado em nada?

– No que está pensando? – minha mãe perguntou, despertando-me.

– Hm? Ah, nada...

– Nem venha com essa. Você ficou distraída durante todo o almoço.

Suspirei.

– É só que... – ponderei se deveria contar aquilo para minha mãe. Se eu mentisse ela saberia, então optei por usar meias-verdades – Eu preciso saber mais sobre um cara que está interessado em fazer negócios com a empresa, mas eu não consegui descobrir absolutamente nada sobre ele. O nome não consta em lugar algum.

Ok, era uma péssima meia-verdade, mas minha mãe não pareceu se importar muito com os pequenos detalhes da minha história cheia de furos.

– E se o nome que ele te deu para a pesquisa não for o nome verdadeiro dele? – pergunta ela.

– Como assim?

– E se o nome que ele te deu for um anagrama? – minha mãe perguntou, toda animada, de repente ela começou a mexer em sua bolsa e tirou O Código Da Vinci de dentro dela – Eu estou lendo há uns dois dias, e tenho que dizer, querida, estou aprendendo tanta coisa interessante!

– Você está lendo Dan Brown? – perguntei incrédula. – Desde quando você gosta de ler?

– Sempre é bom iniciar novos hábitos. – falou ela, dando de ombros – Mas não é disso que eu estou falando. O que eu quero dizer é: no livro também há anagramas, eu achei isso bem interessante, então andei pesquisando pela internet e procurando anagramas para resolver. É bastante divertido, e...

– Mãe! – falei, trazendo-a de volta ao assunto principal.

Ela suspirou.

– Certo, me dê uma caneta.

– Pra quê?

– Apenas me passe uma caneta.

Procurei em minha bolsa e então entreguei-lhe uma caneta. Rapidamente minha mãe pegou um dos guardanapos e colocou a caneta e o papel na minha frente.

– Escreva o nome desse cara.

– Mas...

– Apenas escreva. – falou ela, usando sua voz autoritária.

Eu não via como isso fazia sentido, mas escrevi o nome no papel e dei à ela.

De repente minha mãe assumiu uma postura concentrada. Ela rabiscou para todos os lados no guardanapo enquanto eu apenas a observava. Depois de alguns minutos, ela devolveu-me a caneta e o papel cheio de esquemas, mas no final, com um nome diferente.

Adam Aberclak.

Quando voltei para o escritório, optei por não contar nada sobre a ideia que minha mãe deu, nem sobre o nome que ela conseguiu usando as mesmas palavras do nome que Oliver havia encontrado. Ao invés disso, reiniciei a busca, ainda que eu não tivesse esperança alguma de conseguir algo.

A surpresa foi muito grande quando em menos de 10 minutos, meu computador começou a apitar, informando que haviam resultados já encontrados com aquele nome.

– Mãe, você é uma genia! – falei para mim mesma enquanto olhava para a tela de meu computador.


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Notas finais do capítulo

Uma leitora pediu no privado qual era o meu twitter, então, pra todos vocês saberem, meu twitter é @bitchcomwifi.
Se algum de vocês seguirem, me avisem, ok?
É isso.
Próximo capítulo: terça-feira. Beijos e até lá!



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