Bellarke - Antes dos 100 escrita por Commander


Capítulo 3
Radioativo


Notas iniciais do capítulo

Espero q gostem :3



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Por mais que a água estivesse escura nas suas profundezas, Clarke conseguiu ver a mãos de Bellamy, enquanto eles iam cada vez mais fundo. Ele pensava rápido, era apenas questão de segundos até morrerem afogados ou que a cobra ficasse entediada e os devorasse. Bellamy a chutou diretamente entre os olhos e, aproveitando seu momento de atordoamento, os dois nadaram juntos até a superfície.

Dessa vez, mais rápido, chegaram.

Clarke ofereceu sua mão, visto que ele tinha a perna machucada. A cobra mergulhou de volta para as profundezas, deixando uma Clarke atordoada e um Bellamy ferido e ofegante.

– O que foi isso? - ele tentava controlar sua respiração, totalmente descompensada. Ficaram uns minutos em silêncio, Clarke mantinha seus braços cruzados e os joelhos pressionando o peito, bloqueando qualquer outro som. - Falando nisso, antes que eu me esqueça: Belas pernas, princesa.

– Shh. - ela pediu silêncio, por mais que estivesse corando de una forma sensacional e embaraçosa. - Deixe-me ver isso.

Clarke o virou delicadamente de bruços, para que pudesse ver o ferimento em sua perna esquerda. Bellamy parou de provocá-la, assim que percebeu que a preocupação era nítida no rosto da garota. Enquanto sua cabeça latejava de dor, Bellamy tentava se manter são, correndo os olhos pelo rosto de Clarke.

Talvez fosse as situações de quase-morte e risco, mas Bellamy não havia reparado em quanto a garota era bonita. O que mais puxava atenção nela eram os olhos. Azuis. Lindos.

– Superficial...Não tem sinal de veneno...Sem dentes ou garras... - a loira murmurou, sozinha, enquanto percorria os olhos por toda a volta do ferimento. Só lembrou que Bellamy existia depois de uns minutos. - Tudo bem. Por mais que esteja doendo, não é nada sério. Provavelmente você se arranhou em alguma rocha, uma alga, ou algo assim. Creio que a cobra não lhe trouxe muito mais que uma dor de cabeça. Ou de perna, no caso.

– Então quer dizer que eu enfrento uma cobra gigante só para ser ferido por uma plantinha ou uma pedra? - Bellamy suspirou. - Que péssima história para se contar aos filhos!

Clarke sorriu e se afastou por um momento, apenas para colocar sua calça. Bellamy a observou, seus olhos correndo por seu corpo, até pararem no pulso. Um tipo de pulseira o cobria. Provavelmente algum tipo de comunicador com a Arca.

E, se ela pudesse falar com a Arca? E quando eles chegarem? Vão chegar...Descobririam o que ele fez ao Jaha e Bellamy seria executado. Ele mordeu o lábio inferior, com força. Pelo que já conhecia de Clarke, ela nunca tiraria aquilo, se ele tentasse a convencer.

– Clarke. - Bellamy a chamou, e a garota se virou. - Essa pulseira...

– Ah. Legal, não é? - ela sorriu para o aparelho. - Ele passa minhas informações para a Arca, é um modo deles saberem que eu estou viva, que é seguro aqui embaixo. - ela fez uma pausa. - Olha só, me disseram para chegar ao Mount Weather, era uma antiga base militar. Continuaremos andando e a noite podemos voltar para a nave, tudo bem? Precisa de ajuda para andar?

Bellamy balançou a cabeça, pensativo.

E se ele tirasse isso do braço dela, enquanto ela dormia? Não... Quem mais teria interesse naquilo? Aliás, não tinha mais ninguém aqui além dele. Bellamy ainda tinha que se acostumar com isso...

– Então, vamos. - ela deu as costas.

Bellamy tirou sua arma das pedras.

Quando atirou em Jaha, obviamente escondeu a arma debaixo da camisa e embarcou. E, assim que chegaram em terra firme, ele preferiu não mostrá-la. Mas agora, se fosse preciso, ele iria agir. Empurrou a arma para as pedras novamente, marcando sua localização na mente.

Ele voltaria aqui. Bellamy não sabia se conseguiria matar Clarke desse jeito, ainda mais depois do episódio no lago, mas, se precisasse...Ele faria tudo para encontrar Octavia. De preferência, vivo.

Clarke ainda não sabia o que pensar sobre Bellamy.

O que ele era? Um ladrão? Um assassino? O que ele fez para entrar na nave? Como não o viram? Isso tudo era tão estranho. Bellamy podia ser meio misterioso, mas...Clarke não sabia se podia imaginá-lo matando alguém ou fazendo qualquer coisa que fosse fora da lei.

De repente, ela ouviu um rugido. Não exatamente um rugido, mas algo parecido, mais baixo. Como um ronronar bastante próximo.

– O que foi isso?! - ela percorreu os olhos pela mata a frente deles. - Você ouviu isso?

– Acho que devemos parar para descansar. - Bellamy franziu a testa. - Acho que o sol já está afetando sua mente. Está se sentindo bem, Clarke?

– Isso não é brincadeira, Bellamy. Tem alguma coisa... - ela se agachou. - Ali! Entre os arbustos.

Bellamy não conseguia ver nada, até que o animal avançou. Ele correu em direção a Clarke.

Clarke cruzou os braços sobre o rosto, na medida em que o animal preto ameaçava mordê-la. O que diabos era aquilo? Uma pantera? Clarke não sabia dizer, e nem queria descobrir, correu para longe, sentindo os passos ardilosos atrás dela.

Então, ela sentiu um impacto nas costas e foi lançada no chão. Quase imediatamente, as garras correram pelo seu corpo. Ela procurou por Bellamy, por que ele não viera ainda?

Clarke sentiu seu coração pesar, assim que viu Bellamy correr para longe. É claro que ele estava fugindo, é claro que ele não ia ajudá-la.

– Ah! – ela gemeu, sentindo suas costas pulsarem de dor. Ela manteve os olhos fechados e impulsionou seu joelho sobre a cabeça da criatura. Ainda de olhos fechados, ela tateou a grama até achar uma pedra.

Antes que ela o acertasse, o animal tomou o controle da situação novamente, fazendo-a ficar por baixo, entre suas garras.

Clarke tentou pensar em algo para fazer, algum lugar em que pudesse chutar, porém ela ouviu um estrondo e o corpo da fera desabou sobre ela. Um tiro?

Não, não era possível...Quem...?

– Levanta, princesa. – ela ouviu a voz de Bellamy e abriu os olhos. Ele possuía uma pistola em suas mãos e arrastou o corpo do animal para longe dela. – Temos que voltar para a nave, está anoitecendo.

Ela engoliu a vontade de mancar até o caminho, engoliu a dor, ignorou o sangue nas suas costas, e qualquer outro problema que estivesse em suas mãos. Bellamy não havia deixado-a sozinha, ele fora apenas buscar uma arma.

Aquilo a confortou de uma maneira esmagadora.

– Pelo menos temos comida. – Bellamy deixou corpo do animal no chão, e voltou á floresta. – Volto já, tente não morrer.

Bellamy mordeu o lábio, enquanto se afastava. Restara apenas uma bala no pente da pistola. Ele não cogitava matar Clarke, não depois de hoje. Se ele não se afastou dela hoje, e deixou que o animal terminasse essa “tarefa”...Como conseguiria matá-la? Não, isso não era uma opção.

Ele molhou um pano no rio e voltou para o seu “acampamento improvisado”.

– Tire a jaqueta. – Bellamy pediu a Clarke, que estava sentada sobre um tronco caído. A garota arregalou os olhos e ele sorriu. – Eu não vou fazer nada.

Ela desceu a sua jaqueta pelos ombros, deixando sua blusa ensanguentada exposta. Bellamy se sentou atrás dela, percorrendo o pano molhado pelas áreas afetadas. Uau. O que havia acontecido naquele pequeno tempo que ele voltou? Bellamy sentiu os músculos de Clarke tensos, assim que o sangue foi limpo.

– Não precisa de ponto, certo? – ela perguntou, quando ele se afastou.

– Não. Apenas arranhões. – o garoto balançou a cabeça e apontou para a sua própria perna, também lesionada. – Agora estamos iguais.

Clarke assentiu e andou até a nave, sentindo algo quente percorrer seu corpo. Ela estava em um planeta provavelmente escasso de recursos, sem nenhum sinal de humanos, apenas criaturas bizarras afetadas pela radiação, e as costas doloridas...Mas ainda se sentia segura, isso era tão insano.

– Hã...Bellamy? – ela chamou e o garoto se virou. Clarke sorriu, antes que entrasse na nave. – Obrigada.


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